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A ignorância política prejudicando o esporte PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 03 December 2019 23:24

Olá Amigos,

 

No ano que deveria ser motivo para grandes celebrações e muito orgulho para todos os cearenses, nordestinos e em especial automobilistas e motociclistas, quando o Autódromo Internacional Virgílio Távora, localizado no município do Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza, está completando meio século de existência e muita história, a caneta pesada e inconsequente da administração estadual está condenando a sua existência como praça do esporte a motor, bem como a continuidade do automobilismo e motociclismo do estado do Ceará, o mais forte das regiões Norte e Nordeste.

 

A proposta do governador Camilo Santana tramitou em regime de urgência, ontem, na Assembleia Legislativa, sendo aprovada em votação que terminou com 26 deputados estaduais a favor e três contra. Em meados de setembro foi lançado o edital para a venda do autódromo e, diferente do que vemos hoje em São Paulo, onde o plano da prefeitura também era a venda do autódromo, mas que mudou para um projeto de concessão para investidores, que poderão ganhar dinheiro e ao mesmo tempo, serão obrigados a manter a pista em condições de uso para a Fórmula 1, o governo cearense e seus deputados estaduais votaram por simplesmente vender a área de 281.107,47 metros quadrados.

 

No edital onde as regras das propostas, meios de pagamento e compromissos entre comprador e vendedor, o valor mínimo estipulado foi o de 50.566.993,96. ou seja, menos de 1 centavo por metro quadrado. E o autódromo era o único dos nove imóveis que o governo cearense colocou a venda que tem uso constante. Para 2019, 40 dos 52 finais de semana do ano o autódromo teria alguma atividade e por estes dias de uso o governo recebia 15 mil reais sem ter que se preocupar com nenhum custo, uma vez que a FCA, Federação Cearense de Automobilismo, administra a praça de esportes, mantém os funcionários e paga suas contas. O governo recebia 600 mil reais por ano sem mover uma palha.

 

   A assembleia legislativa do estado do Ceará decidiu vender um local - o autódromo - que dá retorno financeiro ao estado.

 

Mesmo com esse valor irrisório que o governo cearense pediu pela área do autódromo para que a mesma fosse alvo da especulação imobiliária que é crescente na região, na data para a abertura das propostas de compra do IPPOO I, EXPOECE (outros dois bens, a saber, o Instituto Penal Professor Paulo Olavo Oliveira e o Parque de Exposição Governador Cesar Cals) e do Autódromo foi na terça-feira, dia 15 de outubro, sendo que a concorrência do tipo “maior oferta” foi considerada “deserta”. Não apareceu um interessado sequer, nenhum envelope com propostas foi entregue.

 

Três dias depois, na sexta-feira, 18 de outubro, a Assembleia Legislativa aprovou nova legislação para facilitar o processo de venda dos equipamentos públicos. Caso ocorra novamente o desinteresse nas fases de concorrência ou leilão público, a nova oferta poderá ser feita por venda direta. Se for assim, quem levar dois pacotes de bolo de goma vai comprar o que quiser. Um patrimônio da população cearense vai ser entregue de mão beijada.

 

   Apesar do valor irrisório pela área do autódromo, no primeiro leilão a área não recebeu propostas da especulação imobiliária.

 

Diante dessa situação, a Câmara de Vereadores da cidade de Eusébio, onde fica o autódromo, aprovou nesta segunda-feira, 18 de novembro, um requerimento ao governador Camilo Santana (PT), com cópia ao prefeito Acilon Gonçalves, solicitando a municipalização do Autódromo Internacional Virgílio Távora, em uma votação que teve apenas um voto contra entre os 15 vereadores do município.

 

O vereador Chico do Posto, único a votar contra, disse que era melhor o Autódromo ficar sob a administração do Governo, referindo-se ao fato de que a municipalização iria piorar o já degradado estado do autódromo, pois os equipamentos sob a administração municipal estão abandonados. Ele citou como exemplo o estádio Raimundo da Cunha e o estádio do Santo Antônio.

 

   A câmara municipal da cidade de Eusébio, onde fica o autódromo, deseja municipalizar o local de eventos, que dá retorno.

 

Se ao invés de entregar 600 mil reais para o governo do estado, dinheiro que, com certeza, não retorna para o autódromo for totalmente investido na manutenção, reformas e melhorias do equipamento cearense, quem sabe, em algum tempo e com uma parceria com empresários locais como aconteceu na Cidade do México, que a partir de 2020 irão bancar o GP de Fórmula 1 no autódromo Hermanos Rodrigues, é possível sonhar com a volta da Copa Truck e até mesmo com uma etapa da Stock Car em nossa região, sem ser em um circuito de rua. Vai faltar terreno pra montar arquibancada para o público.

 

A data do próximo leilão onde o Autódromo Internacional Virgílio Távora será novamente oferecido pelo processo de envelopes com propostas ainda não foi definida, mas certamente, em vista da ganância e da falta de visão dos deputados estaduais e do governador, os valores da futura e, infelizmente, praticamente inevitável venda do autódromo sejam vergonhosamente baixos, atendendo os conchavos com os lobbies da especulação imobiliária.

 

   O automobilismo cearense é o mais forte da região Norte e Nordeste, gerando empregos diretos e indiretos.

 

Por mais improvável que possa vir a ser, temos que torcer para que o governo estadual aceite o requerimento do município de Eusébio para que este passe a ser o responsável pelo autódromo... do contrário, assim como estamos prestes a ver o autódromo de Curitiba virar um condomínio, o Virgílio Távora pode ter o mesmo destino.

 

Abraços a todos,

 

Reinaldo Cunha 
Last Updated ( Wednesday, 04 December 2019 12:34 )