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Entrevista: Augusto Farfus Jr. PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 30 March 2010 15:52

 

O paranaense Augusto Farfus Jr. é o que se pode chamar de um prodígio do esporte. Desde criança. Destacou-se no kartismo e, ao invés de fazer a transição para os monopostos no Brasil, foi direto para a Europa, correndo na Fórmula Renault e depois na Fórmula 3000.  

 

Este ano, Augusto disputará sua sétima temporada no Campeonato Mundial de Carros de Turismo, categoria FIA, onde a disputa é pra lá de acirrada. 

 

Durante os testes privados da equipe BMW no Autódromo Internacional de Curitiba, cobertos com exclusividade pelo nosso site, o piloto conversou com a equipe dos Nobres do Grid. 

 

NdG: Augusto, você é um dos grandes pilotos nascidos aqui no Paraná e que conseguiram destaque mundial. Já são tantos nomes de sucesso que nos obriga a perguntar: será que existe algo de especial aqui na região? 

 

 

"Quando eu comecei no kart, as coisas eram muito difíceis por aqui e a gente tinha que ir para São Paulo. Agora melhorou muito". 

 

Augusto Farfus: A água! (gargalhadas gerais) Falando sério agora, há sim uma tradição no estado mas a gente tem que, a uma certa altura, sair do Paraná e ir para o centro que é o mais desenvolvido até hoje que é São Paulo e, chegando lá, tem que se esforçar muito porque os melhores estão lá e aí, acho que é isso... vem o destaque de alguns de nós. Hoje a estrutura do automobilismo aqui no Paraná está bem melhor, mas na minha época era bem precária e não tinha outra alternativa que não fosse sair e se matar para ganhar em São Paulo. 

 

NdG: Por falar em coisa da região, você começou a sua vida de velocidade aqui no Paraná, mas de uma forma que pouca gente conhece, com motos e em provas de velocidade na terra. Seu desejo de viver como corredor vem desde quando? Mesmo de antes da primeira corrida de motos? 

 

Augusto Farfus: Na verdade nem foi “correndo”, foi mais “brincando” de motociclismo na terra. Daí, descobri que tinha corrida disso e pedi para o meu pai me levar e corri uma prova, corri outra, corri o campeonato inteiro... e fui campeão paranaense sem nem saber a pontuação direito... foi assim que tudo começou. 

 

NdG: Das motos na terra você foi para o kart. Porque não o motociclismo? Aonde e em que pesou a decisão de “usar mais rodas”? 

 

Augusto Farfus: Naquela turma da moto, tinha um menino que corria de moto e de kart. Aí, eu pedi para o meu pai para andar em um. Andei, gostei e não quis mais saber de moto! Risos. Eu ainda tenho a minha “motinha” em casa, mas depois da primeira volta no kart eu vi que era aquilo ali que ia me motivar, me apaixonar. Talvez se eu não tivesse experimentado o kart eu tivesse continuado. 

 

NdG: Você teve no kart o trampolim para sua carreira no exterior, disputando diversas provas fora do Brasil. Como foi que se deu este processo? 

 

 

"Quando sentei num kart pela primeira vez, vi que era o que eu queria fazer na vida e abandonei a 'motinha' que ainda guardo". 

 

Augusto Farfus: Eu corria de kart em São Paulo, naquela luta toda, contra muita gente boa, o Massa estava lá, inclusive e aí a sorte sorriu prá mim. A sorte sempre aparece para quem trabalha.  

 

NdG: Explica melhor essa...  

 

Augusto Farfus: A série G veio para o Brasil para se estabelecer e queria um piloto de referência e eu consegui ser este piloto. Eles disputavam campeonatos na Europa e me convidaram para fazer uma prova, depois outra, depois o campeonato inteiro... 

 

NdG: A estória da “motinha” que ser repete na sua vida... (risos) mas desta vez você já sabia como eram os pontos, certo? 

 

Augusto Farfus: (Risos) É verdade... nunca tinha visto desta forma. Ah, claro... já sabia os pontos sim (risos). E assim, na verdade, a estréia na Europa foi no kart. 

 

NdG: Após os anos de kart, você seguiu um caminho na Europa que não era o mais utilizado pelos brasileiros. Ao invés de tentar correr na Inglaterra, foi para a Itália. Qual era a diferença na época entre se ir para um ou outro país? 

 

 

"Se tivesse um budget maior, teria ido para a Inglaterra, como não tinha, a opção viável para correr na Europa era a Itália". 

 

Augusto Farfus: Grana! Eu não fui para Inglaterra por custo mesmo. A libra era muito mais valorizada que o dólar, que o real então a lira (antiga moeda italiana, antes da adoção do Euro). A diferença de custo entre um país e outro era grande e o que eu tinha dava para correr bem na Itália. Não adianta ir para um lugar, duro, e andar numa equipe ruim, no fundo do pelotão. 

 

NdG: Depois do sucesso na Fórmula Renault, veio o sucesso na Fórmula 3000. Os chefes de equipe, os managers da Fórmula 1 acompanhavam de que forma a evolução dos pilotos da F3000 européia, que não tinha o mesmo apelo da F3000 internacional? Você chegou a conversar com algum dirigente ou dono de equipe da F1 nesta época ou era mais aquela coisa do “manager” querendo descobrir um piloto bom e “crescer na carreira” junto com ele? 

 

Augusto Farfus: Essa do manager você definiu bem. Até se via um ou outro funcionário de equipe, mas eram mais os managers mesmo e, claro, para te levarem a um lugar melhor, maior, se caia sempre naquela de ter que levar patrocínio e todo chefe de equipe hoje em dia e naquela época mesmo sempre levava muito isso em conta. 

 

NdG: Sendo campeão da Fórmula 3000, que era o último passo antes da Fórmula 1, quais possibilidades seriam as possíveis para se dar seguimento a uma carreira na Europa, quais portas podiam ser abertas com o que você tinha em mãos? 

 

 

"A mercedes me ofereceu uma vaga como piloto semioficial, a Alfa Romeo me ofereceu uma vaga de piloto oficial... fiquei na Alfa!" 

 

Augusto Farfus: Até recentemente eu cheguei a estar perto da Fórmula 1. Dois anos atrás conversei com o pessoal da Sauber, que era BMW, este inverno mesmo, conversei com algumas das novatas, mas no final, acabei sempre ficando por aqui nos carros de turismo. 

 

NdG: Você testou carros da DTM e do WTCC. Quais as diferenças técnicas você sentiu entre um e outro carro? Qual a categoria mostrou-se – pelo menos na época – mais exigente? 

 

Augusto Farfus: Olha, o DTM é um carro que não tem comparação. Não dá pra comparar o que são os dois carros, as duas categorias. O DTM é um carro muito mais rápido. Na verdade, ele está mais para um protótipo enquanto o carro do WTCC é basicamente um carro de rua. O que me fez optar pelo WTCC foi que eu tive um convite da Alfa Romeo para ser piloto oficial da fábrica já no primeiro ano e na DTM o que me ofereceram na Mercedes foi um contrato para ser piloto semioficial no primeiro ano e aí ser avaliado para ver o que seria no ano seguinte. Foi aí que se baseou a decisão de ir para o WTCC. Ter a chance de vencer logo de cara.  

 

NdG: O WTCC envolve diversos fabricantes e, claro, diversos interesses comerciais uma vez que é uma vitrine mundial dos produtos. Qual é a relação comercial que os pilotos se vêem envolvidos ao participar do WTCC? 

 

Augusto Farfus: No meu caso e dos demais, com a BMW, nós participamos de praticamente todos os lançamentos de produtos da marca. Eu tive o prazer de fazer o lançamento da M3 na África do Sul, em 2007, quando o carro foi lançado. É claro que a competição é uma vitrine, mas tem todo um departamento, toda uma área de marketing e que tem um calendário de eventos que é, muitas vezes, muito mais extenso do que o calendário de corridas. Tem dias que a gente faz o “taxi”, que é levar passageiros conosco em circuitos, test drives e diversas outras atividades, dentro e fora das pistas, para promover a marca. 

 

NdG: Você que já está indo para o seu sétimo ano na categoria, como você vê o regulamento da mesma? Como é que equipes, dirigentes e pilotos trabalham e se ajudam (se é que se ajudam) na busca de tornar o regulamento Justo e equilibrado para todas as marcas envolvidas? Os pilotos são ouvidos? 

"Existem 3 campeonatos mundiais de automobilismo: A Fórmula 1, o WRC que é o mundial de Rally e o WTCC que é o de turismo".

 

Augusto Farfus: A nível de pilotos, dentro da mesma fábrica, todos procuram se ajudar. Há uma integração muito boa entre todos. Entre as montadoras, elas também se ajudam, especialmente em momentos de crise como esta recente, mas no sentido de cortar custo e baratear o campeonato. A questão do regulamento, dos detalhes técnicos, há – na BMW – um corpo técnico que participa das reuniões da FIA e que trata destes pontos. Os pilotos não entram nesta discussão. Dentro da equipe até opinamos mas não a nível de decisão de regulamento na FIA. 

 

NdG: Nós pudemos estar acompanhando aqui os testes pretemporada. Durante a temporada são permitidos testes privados ou, como na Fórmula 1, depois que começa o campeonato não se pode mais testar? 

 

Augusto Farfus: Nas pistas do campeonato não, mas continuam-se os treinos porque o trabalho de desenvolvimento não pode parar. NdG: E qual parte do carro é a mais trabalhada? Augusto Farfus: Sem dúvidas é o motor. O carro do WTCC não tem praticamente nenhuma ajuda aerodinâmica, potência fala muito, quase tudo. O outro ponto muito trabalhado é a geometria – de suspensão – que pode fazer com que o carro aproveite mais do motor, faz com que o carro seja mais estável em curva... 

 

NdG: Exceto pelos mega acidentes dos ovais americanos, a quantidade de acidentes, toques e outros incidentes no WTCC é bem maior do que nas outras categorias com alguma similaridade, nas provas em circuitos mistos. Na sua opinião, que acirra tanto a disputa do WTCC em relação as outras categorias de turismo? No ano passado nem o safety car escapou... 

 

Augusto Farfus: Antes de mais nada, a disputa no WTCC é uma disputa por um título mundial, não nacional como no DTM, na Stock no Brasil ou na NASCAR. Nossos carros são mais resistentes a toques do que os carros do DTM e da Stock, por exemplo e o nível técnico é altíssimo e esta coisa do se tocar faz parte do jogo. 

 

NdG: Esta competição excessiva teria a ver com o desejo de algum ou alguns pilotos quererem usar o WTCC como vitrine para irem para uma outra categoria? 

 

 

"As vezes o calendário de compromissos fora das pistas é mais extenso que os do campeonato e isso faz parte da nossa vida". 

 

Augusto Farfus: Todo mundo procura sempre, claro, uma condição de trabalho melhor, uma equipe melhor, um salário melhor ou mesmo uma categoria melhor. Isso é do ser humano. E a gente não pode esquecer que temos 3 campeonatos mundiais de automobilismo: o da Fórmula 1, o WRC do rally e o WTCC no turismo. Se formos falar de carros de turismo, o WTCC é o ápice da categoria. 

 

NdG: Você acompanha pela TV ou pela internet outras categorias de carro de turismo como a Stock Cars aqui no Brasil, o DTM ou a Nascar nos EUA? 

 

Augusto Farfus: A Fórmula 1 eu até acompanho mais... mas mais os resultados do que as corridas mesmo. As vezes os calendários não batem e a gente está trabalhando no mesmo dia, na mesma hora, mas em outro lugar. As outras nem tanto, usoa internet para saber o que está acontecendo. 

 

NdG: No ano passado diversas agências de notícias davam como certa a saída da BMW do WTCC e até um possível ingresso no DTM. Houve algo neste sentido? Ou em outro caminho por conta de uma ligação com a saída da montadora da Fórmula 1? 

 

Augusto Farfus: A BMW pensou seriamente em deixar o campeonato. A opção DTM foi cogitada, mas não havia tempo para se fazer um projeto e estas decisões são coisas que passam bem longe dos pilotos, são decisões de diretoria e nós somos, na realidade, apenas empregados da empresa, no caso a BMW. Então, decidido pela diretoria, a equipe oficial deixou de ter cinco carros e passou a ter só dois, comigo e com o Andy e – graças a Deus – essa “bateu na trave” e nós continuamos aqui. 

 

NdG: A montadora campeã do ano passado, a SEAT, deixou a categoria como equipe, se colocando apenas como suporte para equipes privadas. Até onde a categoria perde com isso e até onde isso pode ser uma vantagem para você e a BMW? 

 

 

"Espero ser competitivo ainda por muitos anos e continuar vencendo. A Stock no Brasil? Quem sabe um dia, mas não a curto prazo". 

 

Augusto Farfus: Olha, isso é uma jogada técnica deles (Nota NdG: Augusto não pode falar o nome do outro construtor), uma jogada muito esperta mas que não vai mudar nada. Eles vão estar lá com seis carros turbodiesel, com o (Gabriele) Tarquini, com o Tom Coronel, com o Tiago Monteiro... eles mudaram alguns nomes mas a equipe é a mesma, o nível técnico é altíssimo, o suporte que a fábrica vai dar ainda será alto e é por isso que a gente está aqui treinando, suando a camisa. 

 

NdG: Você passa muito tempo fora do Brasil, uma vez que este campeonato percorre diversos continentes. A Stock Car aqui no Brasil pode ser vista como algo para um futuro? 

 

Augusto Farfus: Quem sabe...Eu pretendo continuar competindo até enquanto eu tiver prazer em competir, em guiar, enquanto for competitivo e não descarto possibilidades. Se a Stock aqui no Brasil for algo que surgir em um futuro para mim, quem sabe? A Stock é uma categoria reconhecida, respeitada, tem grandes pilotos, é muito forte... mas por enquanto eu fico onde estou.

 

NdG: Augusto, muito obrigado por tudo, nossa entrevista termina aqui e agora está na hora do presente... porque todo entrevistado dos Nobres do Grid ganham um presente... 

 

Augusto Farfus: Opa, Presente? Legal! 

 

NdG: Sim, nós fazemos artigos para venda e a renda é depositada na conta do Luiz Pereira Bueno, o maior piloto da história deste país e que provavelmente você não conhece. 

 

Augusto Farfus: Já ouvi falar, mas nunca o vi, nem sei como ele é. Talvez meu pai saiba mais sobre ele. Vou entrar no site hoje e conhecer um pouco mais.

 

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Last Updated ( Sunday, 10 October 2010 10:37 )