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Os desafios de Fernando Alonso PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 10 February 2020 22:43

Olá Fãs no esporte a motor,

 

Depois de merecidas férias do consultório e também aqui no site, retomei minhas atividades no final de janeiro. Foi um fôlego necessário para dar uma focada no meu doutorado aqui nos Estados Unidos, algo que certamente vai render um grande retorno pessoal e profissional.

 

Quando um terapeuta tira férias ele não “abandona” seus pacientes. Ele estará sempre acessível para conversas como acontece no período em que ele não está de férias. Apenas não acontecerão as sessões no consultório, salvo o caso de alguma intercorrência grave. Nestes casos, o senso de responsabilidade do terapeuta fala mais alto e ele sairá em auxílio ao seu paciente.

 

Apesar de estar de férias, a paixão pelo automobilismo sempre falará bem alto em mim e neste mês de janeiro acompanhei de perto (o mais que pude) do enorme desafio que Fernando Alonso – meu paciente de longa data, desde seus tempos de Ferrari – enfrentou nas areias escaldantes do deserto na Arábia Saudita, na edição de 2020 do Rally Dakar. Conversávamos todos os dias por telefone e ele estava radiante.

 

   Em mais um desafio que ele propôs a si mesmo, Fernando Alonso disputou o Dakar de 2020, na Arábia Saudita.

 

Um dos grandes prazeres de qualquer terapeuta é ver um paciente seu reagindo a desafios que lhes são impostos de forma positiva e prazerosa. Quando vi a foto de Fernando debaixo do carro fazendo um reparo logo no início da competição confesso que fiquei impressionada, mas a forma como ele relatou aquilo e como reagiu junto com seu navegador foi uma vitória. Um crescimento pessoal sem tamanho para um homem maduro, vencedor e que não precisa provar nada para ninguém, dentro ou fora do esporte a motor.

 

Mais impressionante que aquilo só a sua reação comigo ao telefone depois de ter rolado com o carro uma duna de areia abaixo, onde quebrou o parabrisas e mesmo assim continuou correndo até completar o percurso. Ele disse que o susto foi grande, mas depois de ver as imagens, conseguiu até dar uma risada da situação. Quando eu vi, não ri nem um pouco!

 

Fernando foi um dos primeiros pacientes a retomar as sessões comigo em San Diego. Estava com uma fisionomia ótima e entre as coisas que ele disse – e foi muito interessante – foi que ele muito ouviu falar sobre o Dakar era que a competição era contra as adversidades, não os adversários, mas apenas ali, naquelas praticamente duas semanas na Arábia Saudita que ele realmente conseguiu compreender aquilo.

 

   Em uma situação comum no Dakar, mas muito diferente do mundo dos autódromo, Fernando teve que consertar o seu carro.

 

Rindo, ele disse que a coisa mais difícil de assimilar com naturalidade no rally era pilotar o carro com as rodas fora do chão. Cada salto tem que se buscar entender como o carro vai tocar o solo novamente e como vai reagir. Ele falou que no rally que fez na Namíbia antes do Dakar, ele fazia saltos on de o carro saia 30 ou 40 centímetros do solo e aquilo era estranho. No Dakar, ele precisou “voar metros” e aquilo foi ficando natural.

 

Completando 39 anos no próximo mês de julho, está claro na mente de Fernando que ele busca se tornar o – talvez – piloto mais versátil da história do automobilismo. Vencer uma edição do Dakar, mesmo que daqui há alguns anos, faz parte deste objetivo, assim como  voltar a Indianápolis em condições de disputar a vitoria como foi em 2017, algo bem diferente do que aconteceu no ano passado.

 

   Depois do susto e de rolar uma duna abaixo, Fernando, à noite no acampamento, chegou a rir da situação que passou.

 

Na semana passada Fernando voltou ao meu consultório para mais uma sessão, já com o veredito da Honda que recusou sua participação na competição utilizando seus motores, que equipam os carro do time de Michael Andretti. Apesar de fazer todo um “mea culpa” e desculpar-se publicamente pelas coisas que falou enquanto piloto da McLaren na Fórmula 1 em relação aos motores japoneses, os orientais não foram capazes de esquecer ou relevar coisas como aquele “GP2 engine” pronunciado pelo rádio no GP do Japão após uma ultrapassagem.

 

A solução foi buscar uma outra equipe parceira, desta feita equipada com motores Chevrolet, e que não fosse um time com “pouca milhagem” como aconteceu no ano passado com a Carlin. Em 2020, a parceria da McLaren é com a Schmidt Peterson, que se não é uma super equipe como a Andretti, não costuma fazer feio nas provas em circuitos ovais. Embora Fernando saiba que seus companheiros de time são dois pilotos muito jovens, um deles – Oliver Askew – recém saído da Indy Lights.

 

   Depois do fracasso em 2019, Fernando, Zak Brown e Gil De Ferran repetem a parceria para as 500 Milhas de Indianápolis.

 

Fernando confessou estar curioso para ver como vai ser pilotar o novo carro da categoria, diferente do carro que pilotou em 2017, ale, de ser outro modelo, o carro vem equipado com o “aeroscreen”, algo que chegou a ser estudado na Fórmula 1, mas que a categoria terminou optando pelo “halo”. Fernando disse que não chegou a testar o projeto que a Red Bull havia desenvolvido, mas lembra que Sebastian (Vettel) disse ter sentido tonturas e ânsia de vômito em um teste realizado em Silverstone. Com uma cara estranha, ele disse: vamos ver como vai ser.

 

Fernando, como todos sabem, tem uma personalidade difícil e uma “coisa mal resolvida”, pelo menos para ele, com a Fórmula 1. Mesmo já estando com 39 anos no final do ano, ele ainda se vê capaz de voltar a categoria e, tendo um carro bom, vencer corridas e disputar o campeonato. Para ele, após as 500 Milhas será o momento de voltar o foco para encontrar uma forma de voltar à categoria, mas confessa que é algo a se refletir. Sem um carro que lhe permita lutar por vitórias, seria perda de tempo e esforço.

 

   Fernando sabe que não é simples, mas não esconde seu desejo de voltar à Fórmula 1 e tentar um terceiro título.

 

No fundo Fernando sabe que este seria um desafio maior que todos os outros e, lá no fundo, algo que nunca revelou, sabe que sua carreira na Fórmula 1 foi prejudicada por suas atitudes, especialmente as tomadas fora da pista. Isso não o diminui em sua capacidade e habilidade como piloto, mas poderia ter sido algo muito mais positivo em sua vida se seus rompantes não causassem tanto prejuízo.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares