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A Concessão de Interlagos é Viavel? (3ª Parte Br Endurance e Imprensa) PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 26 April 2020 20:45

 

Na semana do GP Brasil de F1, foi aprovado o projeto de lei para a concessão do Autódromo de Interlagos para exploração pela iniciativa privada. Algumas semanas depois foi lançado o edital que regulamenta como deve proceder o vencedor da concorrência, onde há a obrigação da manutenção da pista atual nos padrões FIA 1, melhorias de segurança para a motovelocidade e manutenção do kartódromo, priorizando o local como uma praça desportiva. O vencedor poderá construir nas áreas ociosas edificações como galpões, hotel, shopping, etc. A concessão tem o período de 35 anos e o vencedor deverá pagar a prefeitura 1 bilhão de reais.

 

Ouvimos algumas pessoas como profissionais de imprensa e também pilotos durante a etapa do Brasileiro de Endurance em Curitiba no mês de dezembro passado sobre a possibilidade da mudança da gestão pública para a privada. Vejam o que eles disseram:

 

Chico Longo  – Piloto e proprietário de Equipe do Brasileiro de  Endurance.

Eu não sou muito envolvido com política, mas vejo que tudo que sai da gestão pública para a gestão privada tende a melhorar, ainda mais como o automobilismo, que é visto como uma coisa de elite, e não tem apoio algum do governo.

 

Interlagos é um templo do automobilismo brasileiro e deveremos ter um autódromo com muito mais condições do que temos hoje e na gestão do dia a dia, eles conseguindo fazer coisas que vemos em outros autódromo pelo mundo, vai ser um grande ganho para o nosso automobilismo.

 

Dentro do que o vencedor da concessão pensar em fazer, ele tem muitas possibilidades. O terreno é grande, mas não é simples para se aproveita-lo. Vai ser preciso um bom estudo e um bom projeto. Isso seria fazer em Interlagos o que já existe em outros autódromos no mundo, trazendo outras frentes de negócios, apesar da área não ser tão central, mas eu vejo possibilidades.

 

Eu espero que apareçam interessados dispostos a investir em um projeto desses e fazer de Interlagos um complexo multiuso como existem outros pelo mundo. Eu não fiz nenhum cálculo para ver se é viável ou não este investimento. Espero que seja.

 

Ney Faustini – Piloto e proprietário de Equipe do Brasileiro de Endurance.

Automobilismo no Brasil não é F1 ou Motociclismo ser a Moto GP. Ambos acontecem uma vez por ano. O esporte a motor de um país vive das suas categorias nacionais e regionais, que emprega milhares de profissionais. É preciso que se entenda isso. Pilotos e donos de equipe são apaixonados por isso e querem ter Interlagos vivo e bem para andar. Para muitos é nossa segunda casa.

 

A possibilidade de Interlagos ir para s mãos da iniciativa privada eu vejo com grande esperança e podendo acontecer de uma forma até mais prática e mais eficiente, com o dono ou o vencedor da concessão pensando bem onde vai colocar o seu dinheiro. Na última corrida que fiz em Interlagos, antes do final do ano, o box estava alagado de água depois de terem gasto uma fortuna em reforma para aumentar o pé direito em pouco mais de 50cm. O proprietário privado investiria isso?

 

Eu vejo com bons olhos esta possibilidade, ainda mais com a garantia da preservação da pista como está previsto. Mas é preciso que o vencedor do processo dê o devido espaço para o automobilismo local e nacional e não fique pensando apenas em fazer shows ao invés de corridas.

 

Fazer uso das áreas ociosas para investimento em empreendimentos é algo correto e natural. Eu já havia discutido sobre isso tempos atrás quando havia um projeto de venda do autódromo e eu falava que ter aparelhos paralelos seria uma forma de preservar o circuito.

 

O que eu não consigo opinar é se o valor do investimento é alto demais ou não. É algo que requer uma análise muito profunda. Mas como tem interessados, eles devem ter chagado a conclusão que tem como ganhar dinheiro neste investimento e 35 anos é bastante tempo para isso.

 

Pedro Queirolo – Piloto na equipe AJR no Brasileiro de Endurance.

Eu enxergo essa possibilidade com bons olhos, porque a partir do momento que a gestão privada passará a administrar o espaço nós poderemos ter um aproveitamento muito mais produtivo de Interlagos.

 

É uma área enorme, que possibilita se programar um conjunto de atividades, algumas até mesmo em paralelo, e a partir do momento que se passa a ter uma visão comercial do que seria o complexo de Interlagos, vai ter melhorias em todos os sentidos. Deve diminuir a burocracia para se ajustar os calendários, o modelo de gestão vai ser mais efetivo e vai visar o lucro e o resultado.

 

Há muito espaço ocioso em Interlagos e esta possibilidade que tem no edital de se fazer shopping, hotel, galpões, coisas que vão gerar retorno para os investidores, com atividade constante, com corridas todos os finais de semana, um hotel vai ter sempre ocupação, porque tem os treinos, tem também os eventos sem ser do automobilismo.

 

Eu não tenho como dizer se o valor do investimento é alto ou não por não ter todas as informações de custos da manutenção do autódromo e também do que vierem a construir, mas se tem empresas interessadas deve ser viável.

 

Xandy Negrão – Piloto e Proprietário de Equipe no Brasileiro de Endurance.

Eu acho ótimo! E o que eu vi do edital é que não é pra qualquer um, tem que entrar gente séria. É coisa séria pra gente séria. Como que vem se apresentando como interessado é gente com dinheiro e gente que pode fazer a coisa certa, eu acho que vai dar certo. O melhor disso é tirar o estado, o governo, a administração pública do negócio. Governo não tem que cuidar de autódromo.

 

Essa ideia do ter construções dentro do autódromo como essas do edital é que me deixam desconfiado. Quem é que vai querer comprar alguma coisa num lugar com o barulho dos carros na pista? Em Interlagos todo dia tem carros na pista, não é só no final de semana e um shopping ali dentro ia ter que lidar com isso. O que não pode é limitar os treinos. Isso não pode. Ou vão ter que fazer algo com isolamento acústico, num padrão alto. O cara ta na piscina do hotel e os carros na pista? Vai querer isso?

 

Outra coisa é como esse valor de um bilhão vai ser pago. Tem que ser a vista? Vai ser em parcelas anuais ao longo da concessão? Eu não sei como vai ser e aí fica, mas um grupo com saúde financeira pode fazer dinheiro com Interlagos.

 

Marcos Micheletti – Jornalista do Portal Terceiro Tempo.

Eu acho que é fundamental que tenhamos a clareza de todos os elementos nesta, digamos, transição do público para o privado. Interlagos nõ é apenas um local para atividade automobilística, é um patrimônio da cidade, do estado e do Brasil. Além disso, é um patrimônio da história do automobilismo mundial.

 

Eu estive na reunião com o governador João Doria, o Chase Carey da Liberty Media e pode ser algum saudosismo da minha parte, mas eu gostaria que alguns trechos do traçado original pudessem ser recuperados por quem vai assumir o autódromo. Nossa pista é uma pista pequena perto de outras por aí. Isso podia ser repensado Existem até alguns estudos, mas é importante que se respeite a história de Interlagos.

 

Talvez o maior desafio seja fechar a conta de um bilhão de reais para serem pagos à prefeitura pela concessão do autódromo. Imagino que eles, os futuros vencedores, vai ter que viabilizar. Eu creio que os interessados estão analisando isso e entendam ser possível. O estádio do Pacaembu esta passando por este processo e os novos administradores tem que criar formas de aumentar a arrecadação. Vai ser o mesmo com Interlagos.

 

Eles tem o desafio de fomentar atividades que gerem retorno, que ocupem o espaço todos os dias, se possível. Eu acho que há mercado para isso. Não é só o automobilismo que vai gerar esse retorno. Tem outras formas como uso da indústria automobilística, como até fora do mundo das rodas. Interlagos não é o autódromo da F1, é um gerador de empregos diretos e indiretos que as pessoas em geral desconhecem. Eu acredito que os vencedores da concessão tem noção disso e da importância de Interlagos continuar vivo.

 

Sergio Maurício – Narrador do Grupo Globo/Sportv.

Vejo essa mudança da melhor maneira possível! Estávamos sob risco de perder um verdadeiro templo do automobilismo mundial e isso acontecendo, teremos a preservação do nosso maior autódromo. Um pista que existe desde os anos 40 e que a partir dos anos 70 começou a receber a F1, que teve que se adaptar para voltar a receber uma F1 mais moderna e que vem se renovando desde então.

 

A vinda de uma empresa privada ou um grupo de investidores para assumir os investimentos que são feitos para manter Interlagos no padrão internacional que tem hoje, é algo que – sendo consumado – acredito eu que será bom para todos. Eles terão desafios, mas certamente sabem disso.

 

O aproveitamento das áreas que não são utilizadas no autódromo requer um estudo de engenharia e creio que todos os participantes da concorrência fizeram seus estudos neste sentido para entrar nesta disputa e com projeções de retorno sólidas. Eu não sou engenheiro nem arquiteto, mas projetos deste tipo vão melhorar a vida do entorno do autódromo, vai ajudar muita gente. Então, qualquer coisa que seja feito, mantendo a pista e o kartódromo, que venham para somar, vai ser bem vindo.

 

Ninguém faz negócio sem fazer uma projeção. Quem chegou a esse valor para pedir isso na concessão fez a sua e quem está mostrando interesse em fazer uma proposta para assumir o autódromo também fez a sua. Eu também não sou economista, mas quem fez deve saber o que está fazendo e vai fazer pra ter lucro. Ninguém vai fazer por diletantismo. Agora é torcer pra tudo dar certo.

 

Thiago Alves – Narrador do canal Fox Sports.

Vai depender muito de como será na prática essa concessão. Não estou totalmente a par de como serão as regras, mas tendo nas regras a obrigatoriedade de manter o autódromo na condição que ele tem hoje vai exigir do vencedor investimentos, cuidados e a manutenção do padrão atual para não só termos os eventos que temos hoje, mas também atrair novos eventos, de corrida e também outros.

 

Sendo 35 anos de concessão, o investidor tem que analisar bem o que ele vai construir. Se ele vai construir um hotel ou um shopping, precisa ver em quanto tempo este investimento se paga e começa a dar lucro para valer a pena. Tem que se levar em conta que, estando ao lado de um autódromo, vai ter barulho. Barulho para o hotel, para o shopping... agora, um museu, por exemplo, eu acho que seria interessante.

 

Quando as pessoas falam em um bilhão de reais, é um valor grande, sem dúvidas. Mas também é uma área grande, com muitas possibilidades e nisso pode se ter maneiras de gerar receita para pagar este investimento.

 

Wagner González – Assessor de Imprensa da FASP.

Se realmente acontecer, pode ser muito bom ou muito ruim. Vai ser muito bom se colocarem à frente da administração pessoas com conhecimento e amor pelo automobilismo. E com conhecimento de explorar bem um autódromo. Vai ser muito ruim se isso for mais uma jogada política para alimentar caixa 2 ou se o vencedor for algum grupo sem conhecimento de causa e que enxergue o automobilismo como um produto igual a uma barraca de pastel na feira.

 

 

Ainda é muito cedo para prevermos ou especularmos sobre o que vai acontecer, mas todos do automobilismo esperamos que venha a ser uma coisa para positiva e que preserve a história do primeiro autódromo construído no Brasil, que está completando 80 anos este ano, que todos que vivem e gostam do automobilismo ganhem com isso.

 

Tem uma coisa no edital que fala sobre se poder construir estruturas dentro do autódromo e eu não sei se tem condições técnicas para se construir dentro do terreno coisas como um hotel ou um shopping center, por exemplo. Dentro da área tem nascentes de água, resquícios de mata nativa, uma série de obstáculos que, em princípio comprometeriam a execução de obras assim dentro do autódromo. Mas como na política temos mágicos de primeira grandeza, vai saber o que vão fazer!

 

De repente vão fazer algo na lateral do autódromo, que é um lugar onde vemos várias oficinas mecânicas, garagens, mas que até onde me lembro, tem muito terreno grillado, que foram invadidos décadas atrás. Eu acho muito cedo tirar alguma conclusão do que vai acontecer neste sentido.

 

 

Ainda tem a questão do investimento, que vai precisar de um projeto muito bem feito, que tenha qualidade, que ofereça atrações, coisas que valerão o que custar, é possível que haja interessados e que estes consigam ganhar dinheiro com isso. É certo que ninguém vai entrar num projeto destes só por entrar.