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O renascer de Jorge Lorenzo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 10 May 2020 13:59

Olá fãs do esporte a motor,

 

A grande maioria dos meus pacientes é de atletas de alta performance e, entre estes, a grande maioria é de profissionais do esporte a motor, praticamente a totalidade formada por pilotos, o que para mim é uma delícia. Meu pai era piloto e eu cresci vendo ele correr.

 

Um dos momentos mais difíceis na vida de um piloto é a hora de parar. Isso envolve vários fatores: a hora de parar não é apenas uma decisão mental e individual. Ela passa por também pelo aspecto físico, quando o corpo não obedece mais a mente na velocidade necessária e o piloto torna-se “lento” ou começa a cometer erros que não costumava cometer. Por fim, há também o aspecto externo, quando razões comerciais, decisões administrativas ou algo onde a capacidade do piloto não é o ponto em questão.

 

Alguns dos meus atuais clientes são pilotos que deixaram a carreira, ou ao menos não correm mais em temporadas regulares de qualquer categoria. Eles optaram – sabiamente – em manter um trabalho de acompanhamento terapêutico. Afinal, a hora de parar ou a parada em determinada hora, é um momento importante na vida de uma pessoa que passa por um processo de transição de sua vida e muitas pessoas não costumam fazer este processo sem algumas “turbulências”.

 

  Depois de anunciar a aposentadoria, poucas semanas depois Jorge Lorenzo assinou contrato como piloto de testes da Yamaha. 

 

No final do ano passado, todos no mundo da velocidade foram surpreendidos pela decisão (confesso que de certa forma também fui) de Jorge Lorenzo em antecipar o final de seu contrato com a equipe Honda e anunciar o encerramento da carreira. Mas numa dessas reviravoltas de novelas mexicanas (aqui em San Diego temos muitos canais de TV voltados para este público) algumas semanas depois ele e a equipe Yamaha, onde Jorge conquistou seus três títulos de campeão mundial da Moto GP, para que este retornasse à equipe como piloto de testes.

 

Jorge foi um dos meus pacientes que mesmo depois de ter anunciado que estaria deixando as pistas disse que queria continuar fazendo sessões comigo. Fizemos uma programação quinzenal e que, desde os problemas na Espanha devido ao coronavírus, nossas sessões passaram a ser no que chamo de “meu Divã online”, mas mesmo assim, nossas conversas – assim como tem sido com meus outros pacientes – tem sido excelentes.

 

  Antes da paralisação das atividades de pista, Jorge Lorenzo voltou a pilotar uma moto da Yamaha em Sepang, na pré-temporada.

 

Aos 32 anos, Jorge fez sua estreia na nova função na Yamaha entre 2 e 4 de fevereiro, no shakedown da Yamaha, na Malásia, em Sepang. O planejamento depois desse primeiro contato seria o de participação em testes coletivos e atividades privadas da equipe em 2020. O problema é que tudo mudou devido ao coronavírus e as atividades de pista pararam. A primeira etapa do campeonato teve as corridas da Moto 3 e da Moto 2. Sem a categoria principal.

 

Como já tratamos este assunto em colunas anteriores, Jorge sempre teve uma referência não assumida em Valentino Rossi e seu desejo em superar o piloto italiano em seus feitos era evidente. Como piloto da Yamaha as coisa pareciam seguir nesta direção até o retorno de Valentino para a equipe. As coisas deixaram de ser como Jorge queria e Valentino chegou a mais um título, “roubando a equipe” para ele.

 

  Buscando uma virada na sua carreira, Jorge Lorenzo assinou contrato com a Ducati, mas em 2 anos as coisas não correram bem.

 

Jorge deixou a Yamaha e tentou – duas vezes, por dois caminhos – fazer algo que Valentino não fez: primeiro tentou ser campeão com a Ducati, a marca italiana que, para os italianos, ver Valentino vencer com uma moto italiana era o sonho de 10 em 10 fãs italianos da motovelocidade e isso não aconteceu, Jorge conseguir fazer algo que Valentino não fez seria uma grande vitória pessoal, mas isso não aconteceu.

 

Depois ele tentou conseguir, na Honda, algo semelhante ao que fez novamente Valentino, chegando na equipe dominadora da categoria como segundo piloto, sem confrontar – aos olhos de todos – o campeão, buscando estabelecer uma base e então crescer e tomar a equipe. Mais uma vez ele não conseguiu e isso o levou a tomar a decisão do ano passado. E o que Jorge estaria pensando agora?

 

  Depois da Ducati, Jorge Lorenzo tentou na Honda ser uma ameaça para Marc Marquez e voltar ao topo. Também não conseguiu.

 

Há uma possibilidade de termos Jorge de volta ao grid em 2021. Neste tempo de inatividade uma nova perspectiva se abriu em relação a equipe satélite da Yamaha, a Petronas Yamaha SRT, onde está – ainda em 2020 – Fabio Quartararo, mas com este praticamente definido para seguir rumo ao time de fábrica em 2021. Há um lugar – oferecido – para Valentino na equipe satélite e pode ter uma outra vaga para Jorge.

 

As estatísticas das suas conquistas com a Yamaha ao longo de nove anos em conjunto falam por si. Jorge não é somente “um piloto de Moto GP”. Ele é um Campeão da Moto GP. Um tricampeão e um piloto muito experiente, que pode ser de grande utilidade para a Yamaha reencontrar o caminho perdido nos últimos anos.

 

  Com uma chance de se reencontrar dentro das pistas, Jorge Lorenzo vislumbra possibilidades em sua volta à Yamaha.

 

Jorge está atento aos movimentos e seus admiradores estão esperançosos para vê-lo novamente fincando bandeiras nas caixas de brita.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares