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O início, meio e fim de tudo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 03 June 2020 20:34

Caros Amigos, a vida nos mostra, de praticamente todos os seus aspectos, que tudo aquilo que nos cerca tem início, meio e fim. Aquela coisa de que nada dura para sempre – ou pelo menos não persiste sem grandes processos de transformação em seu caminho – está registrado na história em uma forma geral. No mundo dos negócios, isso é ainda mais evidente.

 

Em diversos meios do chamado “mundo corporativo”, marcas, produtos, logotipos, estilos de vida e consumo tiveram um início, um auge e um fim. Será que, 30 anos atrás, alguém imaginaria que a Kodak, gigante mundial das câmeras fotográficas, filmes e outros produtos teria que se reinventar para tentar sobreviver... e não conseguir?

 

Precursora das câmeras digitais (a primeira foi lançada em 1991), perdeu o rumo da evolução e em 2012 pediu falência ao não apenas falhar em acompanhar a rápida evolução da tecnologia envolvida na fotografia digital, deixando de ser uma gigante praticamente imbatível. A Kodak sobreviveu e saiu da falência, mas deixou de ser a gigante do mercado fotográfico e hoje, pouco ou nada fala-se ou sabe-se dela.

 

Nós, os apaixonados por automobilismo, como reagiríamos caso víssemos a Ferrari passar por um processo semelhante ao que a Kodak passou? Por não sermos aficcionados ou profissionais do meio fotográfico, provavelmente não tenhamos aquele sentimento saudosista dos tempos dos “filmes de 1000 asas” como vemos muitos falarem que a boa Fórmula 1 era aquela dos tempos de Senna, Prost, Piquet e Mansell, o que muitos dos meus estimados leitores já ouviram, leram ou até mesmo falaram diversas vezes.

 

Nos anos 60, na Fórmula 1, de uma forma um pouco “melhor”, talvez, do que o que acontecia nos Estados Unidos com a preparação de carros para as 500 Milhas de Indianápolis, começaram a surgir empreendedores que foram construindo estruturas – não muito grandes, é verdade – ou mesmo pilotos da categoria que viram-se capazes de construir seus carros de competição. Entre os não-pilotos estava Colin Chapman, criador da Lotus, que venceu campeonatos e em muitos momentos revolucionou a categoria com projetos e ideias das quais se falam até hoje.

 

Entre os pilotos da categoria, tivemos Sir. Jack Brabham – o único piloto na história da Fórmula 1 a vencer corridas oficiais e sagrar-se campeão mundial com um carro construído por ele – criador da escuderia que carregou seu nome, mesmo depois de ter sido vendida para Bernie Ecclestone, e Bruce McLaren, criador da equipe que foi por anos uma das dominadoras da categoria, mas que ele não sobreviveu a um acidente em um teste em seu carro do campeonato norte-americano de protótipos (CanAm), para ver as conquistas na Fórmula 1, desde Emerson Fittipaldi.

 

No final dos anos 60, Ken Tyrrell, mecânico-chefe da equipe Matra criou sua equipe, tendo como piloto e praticamente braço direito o escocês Jackie Stewart. Assim como John Surtees criou sua equipe e esteve nas pistas até meados dos anos 70. Nos anos 70, Guy Ligier também criou sua equipe, que conquistou vitórias e com Jacques Laffite chegou a lutar pelo título mundial. Mas entre os donos de equipe dos anos 70, nenhum conseguiu o sucesso conquistado por Frank Williams, que de locador de carros da March, passou a construir seus modelos na segunda metade dos anos 70 e chegou ao primeiro dos seus títulos em 1980. Os proprietários destas equipes foram chamados por parte da mídia e dos aficcionados de “garageiros”.

 

Destas equipes que tiveram origem “nas garagens” de idealistas, a McLaren e a Williams se tornaram grandes conglomerados, investindo em áreas de tecnologia e ultrapassando os limites das pistas e dos autódromos. O automobilismo, evidentemente, sempre foi uma grande ferramenta de marketing para esses negócios que se estabeleceram por capacidade de suas equipes de profissionais, mas o “nome McLaren” e o “nome Williams” sempre serão atrelados ao sucesso que essas equipes fizeram na Fórmula 1.

 

Ler a notícia de que Zak Brown, seu diretor executivo, informou que o grupo irá dispensar 1.200 funcionários dos 4 mil que fazem parte da equipe mostra as duras dificuldades financeiras que o grupo inteiro está atravessando. Depois de 12 títulos mundiais de pilotos e 8 de construtores. Dentro da equipe de F1 serão 60 cortes nos 570 integrantes. Sem grandes patrocinadores há anos, a equipe tem vivido dos investimentos das empresas que nasceram dela: a McLaren Applied Tecnnologies, produtora das centrais eletrônicas de todos os carros de F1, e a McLaren Automotive, construtora dos desejados modelos esportivos de alta performance.

 

Sem a mesma musculatura, apesar da sua empresa de tecnologia ter faturado 100 milhões de libras em 2019, a equipe Williams, vencedora de 9 títulos de pilotos e 16 títulos de construtores, vem há anos vivendo de pilotos pagantes, patrocínios pequenos e um retorno ao fundo do pelotão como foram os primeiros anos de trabalho de seu criador, Frank Williams.

 

A sua CEO, Claire, filha de Frank, foi – sem trocadilhos – franca e direta. A equipe precisa de fôlego. Paixão há de sobra e depois de muitos anos de erros de contratação de pessoal, de decisões técnicas erradas, para 2020 a equipe fez uma boa pré-temporada e o carro parece promissor, capaz de sair da última fila e dar, principalmente a George Russell, chances de brigar por posições ao menos intermediárias. Entretanto, tenho certeza que foi duro para os fãs mais antigos da Fórmula 1 ouvir da boca de Claire que a equipe poderia ser vendida.

 

Posso ser um saudosista e um emotivo fã, mas não gostaria de ver o fim dessas duas equipes de “origens garageiras”. Que essas perspectivas possam mudar.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva