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Daniel Ricciardo vai voltar a sorrir PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 21 June 2020 23:19

Olá fãs do esporte a motor,

 

Quando essa coluna for publicada, estaremos com os olhos voltados para a Áustria, local escolhido para as duas primeiras corridas da Fórmula 1 neste louco ano de 2020 marcado por essa pandemia do coronavírus.

 

A agenda dessas últimas duas semanas antes da largada no Red Bull Ring ficou bem corrida com todos os meus pacientes tentando fazer até mesmo uma sessão extra. Como eu adoro o meu trabalho, faço com o maior prazer. O único problema do meu “Divã virtual” é que preciso me adaptar ao fuso horário de onde estão meus pacientes. Quando estamos no Brasil, normalmente associamos o Japão ao “outro lado do mundo” Se é dia no Brasil, é noite no Japão. Para mim, que estou em San Diego, Califórnia, tenho 9 a 10 horas de fuso para a Europa. É quase o outro lado do mundo e isso fez minhas noites serem bem longas.

 

Quem tem feito ótimas sessões neste período é o Daniel Ricciardo. Ele passou boa parte deste tempo na Austrália, perto de sua cidade natal, Perth, que tem um fuso horário quebrado. São 7 horas e meia para San Diego, mas no sentido contrário. Quando é terça-feira lá, ainda é segunda-feira aqui. Se eu não programar o timer do meu smartphone eu fico completamente perdida.

 

  2019 foi um ano difícil para Daniel Ricciardo e o simpático australiano não teve muitos motivos para sorrir.

 

Daniel está com a alma leve. Ele passou um ano muito difícil em 2019, com a Renault tendo “andado para trás” em relação ao que fez em 2018 e que estimulou-o a arriscar-se em sair da Red Bull, equipe que foi sua casa desde as categorias de base, onde depois de desbancar o tetracampeão Sebastian Vettel, não conseguiu (e quem conseguiria?) levar a equipe de volta a disputa do título, mesmo conquistando algumas vitórias.

 

Daniel é discreto, mas quando o assunto é sua antiga casa, percebe-se um tom amargo em sua voz. O sorriso perde o brilho usual, como se continuasse ali apenas para tentar disfarçar um desconforto, sentimento provocado por ter visto a equipe preteri-lo em função da estrela ascendente, Max Verstappen. De alguma maneira, Daniel percebeu que correria o risco de se tornar “um segundo Mark Webber”, aquele companheiro de equipe da jovem promessa que sempre seria criticado quando algo não corresse bem na equipe.

 

  Após um ano de Renault, Daniel buscou um meio de deixar a equipe francesa. As coisas não funcionaram em 2019.

 

A saída era uma atitude mais digna a se tomar e fazer isso enquanto estava por cima, com performances tão boas ou melhores que as de Max garantiriam um contrato maior e, quem sabe, uma equipe para mostrar sua capacidade diferenciada. O que Daniel não esperava era um projeto incapaz de repetir a boa performance do ano anterior e apresentar um crescimento para 2019. Ao contrário, foi um ano difícil para equipe e construtora, usando seu próprio motor, mas além de não corresponder ao poder da Ferrari e da Mercedes, foi superada pela Red Bull com os Honda e ficou atrás da sua equipe clientes, a McLaren.

 

As conversas para 2021 já estavam em andamento. Daniel já estava buscando possibilidades diante de um possível projeto mal sucedido da Renault para 2020 e a deterioração do ambiente de Sebastian na Ferrari criou uma verdadeira corrida por uma potencial vaga em Maranello. Daniel se considerava um candidato forte – e o era – a esta possível vaga, que acabou se confirmando em aberta, mas a opção da equipe italiana foi por Carlos Sainz, que abriu a vaga na McLaren, para onde Daniel decidiu ir.

 

  Ao lado do também divertido Lando Norris, Daniel Ricciardo pode fazer junto com o inglês a equipe mais divertida do grid.

 

Falar sobre McLaren provoca duas reações distintas em Daniel. Uma é a preocupação pelo recente corte de funcionários na estrutura da equipe, algo que pode comprometer o trabalho da equipe para o próximo ano, mas em contrapartida, a chegada em 2021 dos poderosos motores Mercedes pode empurrar a equipe de volta para um platamar que ela perdeu desde que perdeu os propulsores alemães.

 

Além disso todos sabem que Daniel é uma pessoa muito bem humorada e positiva. Algo que também é uma característica do seu companheiro de equipe, Lando Norris e, se não for estabelecida uma disputa como a ocorrida entre o então “piloto da casa” e o piloto que chega, apesar que que Daniel não tem nenhum dos traços comportamentais de Fernando Alonso e Lando é bem diferente de Lewis. Eu acredito – e Daniel também – que vai ser a equipe mais divertida do grid.

 

  A ida para a McLaren pode ser a última chance de Daniel Ricciardo encontrar condições para lutar por um título na F1.

 

Aos 30 anos de idade, essa pode ser a última aposta de Daniel para conquistar o título mundial que todo piloto deseja conquistar. A retomada da parceria da McLaren com a Mercedes tem, potencialmente, capacidade de fazer algo melhor do que foi a parceria com a Williams em 2014 e, quem sabe, vermos aquela cena que me causa arrepios de vê-lo beber champagne na sapatilha (credo!).

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares