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A Renault quer sarna pra se coçar PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 14 July 2020 23:58

Desde criança eu ouvia da minha avó quando eu estava nas minhas aprontações que eu vivia arranjando sarna pra me coçar. Tem certas horas que eu nem pareço ser mineiro, que todo mundo diz que é quieto, calado e desconfiado.

 

Raciocine: se não dá para agir como mineiro, discreto, disfarçar, assoviar olhando o teto de um céu nublado, não se mexa.  Caso não pretenda estar por perto quando a onça for beber água, pegue um conselho — ou três advertências em promoção, esconda tudo quanto é achismo e interjeições tresloucadas debaixo da cama antiga e teimosa que jurou de pé junto jamais abandonar seu quarto. Porque pra bom entendedor metade de meia palavra basta.

 

Em um tempo complicado como esse agora do coronavírus, o pessoal da Renault arranjou a maior sarna do mundo pra se coçar: contrataram D. Choronso das Lamúrias para ser seu piloto nos próximos dois anos. Sendo que o primeiro, em 2021, ele vai ter que correr com esse carrinho meia boca que o garoto propaganda da Corega, com aquela perereca de 40 dentes em cada arcada, está tentando tirar leite de pedra.

 

  No segundo final de semana de GP da Áustria Fernando Alonso apareceu dando entrevista já com a camisa da equipe Renault.

 

Desde que deixou de ser a “Nega Genii” (Lotus Preta de araque) e se assumiu novamente como equipe de fábrica, a Renault não conseguiu se impor como uma equipe forte, mesmo sendo a equipe de uma grande montadora e tendo um orçamento gordo como certos queijos que fazem por lá. Daí a lógica de que “estava faltando piloto” falou mais alto que o motor que empurra o carro e depois de algumas apostas em pilotos “bons”, mas não “diferenciados”, contrataram o Ricardão Corega, que não faz milagre e não ia fazer um carro ruim andar.

 

Agora a Renault decidiu por apostar no espanhol, que fará sua terceira passagem pela equipe onde foi bicampeão do mundo 15 anos atrás. Se houvesse um assento superior disponível, o Lamúrias teria assinado com outra equipe... e olha que ele se ofereceu. Tentou a Mercedes, tentou a Red Bull, até a Ferrari ele andou tentando dar suas chegadas (mas ali ele nunca mais vai por os pés). Era Renault ou nada!

 

  Em 2005 e 2006, ao lado do controverso (para dizer o mínimo) manager, Flavio Briatore, Fernando Alonso foi bicampeão mundial.

 

Ninguém questiona a capacidade do Choronso. Segundo os “experts” ele tinha uma visão e entendimento técnico superior, o que lhe permitiu, em termos de desempenho geral, distinguir com muita precisão as formas de ajustar o carro junta com os engenheiros e ele conseguia passar essas informações para encontrar as melhores soluções possíveis. Muitos engenheiros que trabalharam com Alonso e Michael Schumacher, por exemplo, compararam o espanhol ao Michael Queixão Schumacher.

 

Só tem uma coisa que não tenho como concordar com os que elogiam o Lamúrias: de que ele é “extremamente inteligente”. Se ele fosse assim, não teria tomado um pé na bunda do Ron Dennis e teria contornado melhor a saia justa com o Neguin na McLaren em 2007, quando poderia ter sido tricampeão. Brigou com o “cria da casa”, sacaneou o moleque na Hungria, quando atrasou a saída dos boxes para o Neguin não marcar tempo no treino e teve que voltar pra Renault em 2008 com o rabo entre as pernas depois de ter tentado chantagear o seu chefe, ao ameaçar expor evidências contundentes sobre os dados ilegais da Ferrari adquiridos pela McLaren, que levaram a equipe inglesa a pagar uma multa de 100 milhões de dólares.

 

  Em 2007, na McLaren, conseguiu todo o tipo de confusão e acabou perdendo a chance do tricampeonato (e o lugar na equipe).

 

Nos dois anos que ficou na Renault, junto com o seu Manager, o D. Corleone dos Paddocks, Flavio Briatore, que só faltava o bigodinho pra fazer um remake no lugar do Marlon Brando, foi capaz de ganhar corridas, mas com falcatruas e que ferraram a carreira do Piquezinho. Enquanto isso, rolava a campanha para tirar um piloto da Ferrari para ele ir pra lá. Primeiro tentaram tirar o Macarroni, mas quem acabou saindo foi o Gorila do iate de Mônaco.

 

Na Ferrari o Lamúrias teve dois momentos. O primeiro em 2010, mas acabou sendo vítima de uma daquelas típicas trapalhadas estratégicas da equipe italiana, quando decidiram marcar o carro errado da Red Bull e o espanhol passou a corrida preso atrás do russo Vitally Petrov, terminando apenas em sétimo na corrida e vendo o então Baby Vettel ser campeão do mundo.

 

  Na Ferrari, criou mais problemas do que possibilidades e mesmo com dois vice campeonatos, saiu da equipe 1 ano antes do previsto.

 

Depois foi em 2012, quando tinha tudo para finalmente ganhar seu terceiro campeonato, não conseguiu parar o Baby Vettel novamente, que mesmo fazendo besteira na corrida final em Interlagos, fez pontos suficientes para segurar o título enquanto o Lamúrias não conseguiu atacar Jenson Button, o gente boa, e tomar a ponta pra ser campeão. Depois disso foi só desgraça, envenenando o ambiente naturalmente já conturbado da Ferrari e saindo um ano antes de terminar seu contrato.

 

A passagem – de volta – pela McLaren não poderia ser pior. Com o argumento de que eles voltariam a se unir à Honda para reviver os dias de glória de Senna e Prost, o espanhol assinou por três anos. Foi um desastre desde o início. O motor Honda não possuía potência e confiabilidade, o chassi da McLaren estava com pouco equilíbrio e sutileza. Era estar de volta as posições dos tempos de Minardi. Não demorou pra começarem as lamúrias do Lamúrias, mas quando ele falou no GP do Japão que o motor era de GP2, os samurais da Honda decidiram cortar a cabeça do espanhol... a ponto de que em suas incursões na Fórmula Indy, a montadora japonesa recusar o piloto em carros equipados com seus motores.

 

 "GP2 Engine! GP2 Engine!" De volta à McLaren, equipada com motores Honda, o espanhol comprou briga com a montadora ao vivo.

 

Eu já combinei com o pessoal do site da gente fazer um bolão: quantos GPs vão se passar para o Lamúrias azedar o clima na Renault?

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva