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Os senhores da razão PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 12 August 2020 20:47

Caros Amigos, muitos de nós já lemos ou ouvimos a expressão “senhor(es) da razão”. Há quem constitua algumas ideias como apoio explicativo dos afetos, dos fatos e mesmo do mundo, mas admite que outros possam compreender diversamente as mesmas questões. Há, contudo, quem não aceite – e nem saiba – que o seu pensamento seja apenas um dentre tantos outros possíveis.

 

Estas pessoas estão convencidas de que a sua compreensão não é nada mais, nada menos do que a verdade.  Assim, elas não têm uma opinião, elas ditam certezas. Em geral, nós achamos que estas pessoas são chatas. Elas são chatas, mas também são bem mais e pior do que isto. Elas são perigosas.

 

Há algumas semanas eu designei para o goiano Paulo Alencar para assumir a coluna “Papo Reto”, que tem o foco voltado para as categorias nacionais do automobilismo, e pedi que ele ampliasse o leque de assuntos, abordando outras categorias além da Stock Car e da Copa Truck, o que ele vem fazendo, especialmente nas duas últimas semanas, onde o Brasileiro de Endurance, o GT Sprint Race e o Mercedes Challenge tiveram seu espaço, mesmo com o fato das duas últimas não serem categorias nacionais, mas tem o planejamento de calendário para realizar provas em mais de um estado.

 

Na noite do domingo, o colunista me mandou uns vídeos e um comentário que fizeram com que eu deixasse de lado a Fórmula 1, a incerteza sobre o futuro do GP Brasil em Interlagos para convidar meus estimados leitores a tentar entender o que acontece no automobilismo nacional, onde vi na enquete que estamos fazendo sobre o mandato do presidente da CBA, que se encerra no final do ano, onde muitos jornalistas cobraram a existência de uma categoria de monopostos para os pilotos brasileiros ganharem experiência aqui antes de irem para a o exterior.

 

Seria ótimo termos uma categoria assim, mas criar e manter uma categoria assim (ou qualquer outra) não é responsabilidade da CBA e surpreende-me ver profissionais que trabalham no esporte a motor há décadas desconhecer o estatuto da entidade. Em tempo, é importante lembrar que nesses quatro anos a CBA fomentou e colaborou com o estabelecimento de categorias nacionais como o Brasileiro de Endurance, o Turismo 1600 Nacional, o Brasileiro de Velocidade na Terra, além de ter colocado o kart na televisão, com o Campeonato Brasileiro e a Copa Brasil sendo transmitidos ao vivo.

 

Os vídeos enviados mostraram trechos de corridas de quatro categorias “de Fórmula” realizadas no último final de semana em Interlagos, na abertura do campeonato regional. Em uma delas, a “Super Fórmula”, um grid de três carros (sim, três), com os carros que décadas atrás eram os Fórmula 3, hoje sem o status da categoria padrão FIA. Uma outra, chamada “Fórmula Delta”, tinha 8 carros, mas o vídeo enviado só mostrava quatro carros na disputa. Um projeto do engenheiro José Minelli, que tem um histórico respeitável, mas que também foge aos chassis e motores padrão FIA e, por fim, um grid com carros muito parecidos de duas categorias distintas que um dia foram uma só: a Fórmula Vee e a Fórmula 1600.

 

Todas essas categorias, cada uma com seu respectivo promotor, cada uma defendendo seu “espaço”, mas improdutivas no que deveriam ser: categorias escola para preparar pilotos saídos do kart que queiram tentar uma carreira no exterior. Mesmo a corrida com grid cheio, haviam menos de 10 pilotos com menos de 21 anos de idade. Os promotores, os donos dos carros, os engenheiros e consultores estão ganhando seu dinheiro, honestamente, mas ninguém pode chamar isso que vi de “escola”.

 

Fui buscar no (desatualizado) site da Fórmula Vee, que ainda tem os dados da temporada de 2019 e vi que haviam cinco (isso... cinco) pilotos com menos de 21 anos. Um deles, João Maia, iria correr o campeonato argentino de Fórmula 4, que trouxe 12 carros com homologação FIA, mas devido ao coronavírus, o campeonato está suspenso. Na corrida dos “três carros”, um deles estava nas mãos da catarinense Bruna Tomaselli, que disputaria a W-Series na Europa depois de alguns anos nos Estados Unidos, enquanto na Fórmula Delta, o vencedor das duas provas (ao menos na pista) foi um garoto com 17 anos, neto de um dos grandes nomes do turismo nacional, Rogério dos Santos.

 

Se todos esses empresários trabalhassem juntos e investissem em um projeto comum, poderíamos trazer os carros homologados da Fórmula 4 para o Brasil e ter a categoria em nosso continente. Se trabalhassem em parceria com os argentinos, ter um campeonato sulamericano com um grid de mais de 20 carros. Ao invés disso, cada qual é o “senhor da razão”, crendo que a “sua Fórmula” é a fórmula certa, enquanto isso os nossos pilotos vão buscar outros caminhos.

 

Um abraço e até a próxima,

 

 

Fernando Paiva

 


Last Updated ( Thursday, 13 August 2020 00:25 )