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Acidentes Parecem Iguais, mas São Apenas Semelhantes! Pela TV é Fácil Criticar... Agora, Vai Lá Decidir!!! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 07 September 2020 23:17

Nesta coluna irei falar sobre dois assuntos de provas recentes, da Stock Car e da Fórmula 1.

 

Sobre a Stock Car, falaremos dos incidentes entre Pedro Cardoso x Cacá Bueno na prova número 2 em Interlagos e Pedro Cardoso x Matias Rossi na prova número 3, a Corrida do Milhão.

 

Na Fórmula 1 tivemos uma punição inédita ao Hamilton por entrada nos boxes durante a intervenção do safety car. Também comentarei sobre se realmente era necessário aquele safety car, já que o carro da Haas estava bem protegido pelos guard-rails ?

 

Começando pela Stock Car. Fui questionado por alguns amigos se era justa a punição que Pedro Cardoso recebeu no sábado, na prova 2, e a “não punição” do domingo, na prova 3 ? Alguns amigos até brincaram sobre se a rivalidade entre Argentinos e Brasileiros havia influenciado, já que o piloto Matias Rossi é argentino.

 

Antes de falar sobre as punições, vou falar um pouco sobre esta “rivalidade”, que na verdade só existe para o público, mas não existe para os automobilistas, tanto do Brasil quanto da Argentina. Fato é que quando realizamos as etapas da Porsche na Argentina, somos extremamente bem recebidos e também os recebemos muito bem aqui no Brasil. Para complementar este bom relacionamento, nós temos na CBA, uma Comissária Desportiva que é argentina e inclusive já foi Piloto por lá, a Violeta Pernice, que trabalhou nesta etapa da Stock Car.

 

 

Revendo as imagens, percebe-se que Pedro Cardoso muda a trajetória para cima do carro de Cacá Bueno (reprodução Sportv)

Sobre as ocorrências, apesar de se assemelharem, não são iguais. Isto é muito comum nos questionamentos feitos aos Comissários, as pessoas e alguns próprios pilotos, citam ocorrências de outras corridas como sendo “iguais”, mas é muito difícil que sejam iguais, nó máximo são semelhantes. No caso de Pedro Cardoso x Cacá Bueno, os Comissários, após analises das imagens, optaram por uma penalização ao Pedro de 15 posições no grid de largada da próxima corrida. Como eu não estava na Torre nesta prova, fui observar o acidente através de gravação e se alguém quiser conferir, basta entrar no canal Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=A_5Ev0TAIyY&t=2313s&ab_channel=LPVWBRASILAV) e verificar no minuto 36”50 que o Pedro Cardoso, quando freia no final da reta oposta, balança o carro a acaba fechando para cima do Cacá Bueno, causando um prejuízo ao piloto do carro número zero. Então, nada mais justo que uma penalização.

Pedro Cardoso, após por pneus slick, freia no final da reta e desiquilibra tocando o carro de Cacá Bueno.

Já no acidente da Corrida do Milhão no domingo, entre Pedro Cardoso e Matias Rossi, “provavelmente”, a interpretação dos Comissários foi que o Pedro Cardoso manteve sua trajetória na entrada da curva “S” do miolo em Interlagos e o Matias Rossi foi quem mudou um pouco sua trajetória, tocando no Pedro Cardoso. Se foi isso, teoricamente, quem deveria ser punido, era o Matias Rossi, mas os Comissários devem ter avaliado que o Matias já teve o seu prejuízo na rodada e não o penalizaram. Notem que eu disse no início da frase “provavelmente”, pois pode ser também que eles tenham interpretado que foi “coisa de corrida”, ou seja, ninguém merecia penalização.

As imagens deste acidente também podem ser observadas no canal Youtube da (https://www.youtube.com/watch?v=8iGO_bCoUWI&ab_channel=LPVWBRASILAV)

 

Acidente entre Matias Rossi e Pedro Cardoso na entrada do “S” do miolo de Interlagos. Aparentemente Matias Rossi fecha a curva.

 

Agora vamos falar de Fórmula 1, GP de Monza de 2020.

 

Inicialmente vou falar das atitudes do Diretor de Provas Michael Masi, eu que também sou Diretor de Provas, me peguei criticando o fato dele ter entrado com o Safety Car em um momento que achei completamente desnecessário, também achei um exagero a bandeira vermelha pelo acidente do Leclerc. Depois falaremos sobre a penalização de Hamilton.

 

Primeiro quero me penitenciar por ter expressado minha opinião sobre a atitude do Diretor de Provas, pois, por mais experiencia que eu possa ter, só ele, que está lá no race control, é que pode avaliar os motivos de suas atitudes. Eu sei o que é sofrer a pressão de uma corrida, com relação aos promotores, patrocinadores, mídias, pilotos e equipes. Não deve ser fácil, e talvez, mesmo que isso não justifique as interferências do Diretor de Provas, com certeza explica!

 

Agora vou justificar a minha visão da corrida. Quando a Haas do Magnussen parou, estava em local completamente seguro, protegida pelo guard-rail e na minha opinião, no máximo deveria ser puxada um pouco para trás, para ficar completamente protegida. Notem na foto, que ela parou em um ponto onde temos uma “agulha” no guard-rail e que era muito fácil ela ser puxada para dentro da agulha ou apenas um pouco para trás, ficando completamente protegida. Mas o Diretor de Prova optou por empurrá-la para frente, levando-a para dentro do pit lane. Neste caso se justifica o safety car, já que tínhamos fiscais a pé (e desprotegidos) em algum ponto da pista.

 

  Kevin Magnussen para o carro em uma posição perigosa perto da entrada dos boxes (Reprodução Formula1 TV)

 

Por conta deste safety car, tivemos a penalização do Hamilton e do Giovinazzi que oportunamente, entraram para trocar pneus.

 

Agora vamos às explicações e entendimentos: Eu nunca vi na minha vida uma entrada de box fechada por conta de um safety car. Para falar a verdade, nunca vi uma entrada de box fechada por qualquer motivo. O que eu conhecia era a regra que consta no CDA e no CDI, que manda fechar a saída de box, enquanto o safety car e o pelotão que o segue estiver passando pelo grid de largada, reabrindo assim que o último carro do pelotão passar pela linha transversal que delimita a saída de box. Não se fecha uma entrada de box, até porque, se algum piloto estiver com problema no carro, um pneu furado por exemplo, ele não poderá ficar na pista, tem que entrar no box.

 

O que eu imagino que tenha acontecido, é um regulamento específico da F1 com a inserção deste procedimento. Ainda assim, é fato que não se fecha a entrada de box fisicamente. Talvez a regra da F1 seja semelhante ao que temos na Stock Car, que não fecha a entrada de box, mas durante a intervenção do safety car proíbe que os pilotos façam alguns procedimentos, que são obrigatórios durante a prova (ex.: trocar pneus), mas o box continua aberto para qualquer outro tipo de manutenção, só não podem os pits obrigatórios.

 

Imagino que isto seja um procedimento padrão na F1 e que eu não estou atualizado, já que o Hamilton quando foi reclamar aos Comissários sobre a sua penalização, não manifestou nenhuma surpresa sobre o fato do pit lane estar “fechado”, reclamou apenas de não ter visto as bandeiras. Mas aceitou o fato, assim que os Comissários lhe mostraram que as bandeiras e placas estavam visíveis no momento que entrou nos boxes. Vejam as imagens abaixo:

 

 Lewis Hamilton viu a sinalização antes da entrada dos boxes, que estava fechado pela direção de prova (Imagens extraídas do site da F1)

 

Também achei um pouco exagerada a interrupção da prova com bandeira vermelha após o acidente do Leclerc. No meu entendimento, assim que a TV mostrou que estava tudo bem com o Piloto da Ferrari, todo o procedimento de resgate e retirada do carro batido, poderia ter sido feito com a neutralização em safety car. Mesmo que demorasse um pouco a relargada para que se arrumassem as barreiras de pneus. Mas como eu disse no título.... “é fácil criticar quando se está em casa, vendo tudo pela TV, agora vai lá na Torre e você tem que decidir, sabendo que suas decisões têm implicações em todos os setores do evento e não apenas da corrida?

 

É isso!

 

Sergio Berti

 

P.S. - Após ter terminado de escrever esta coluna, recebi algumas imagens do Welton Santon, um oficial de resgate que trabalha comigo nas provas da Porsche.

 

Ele é muito observador e me disse que o safety car deve ter sido acionado pelo fato do carro da Haas ter soltado óleo pela pista. Fui observar e notei que o Santon tinha razão.

 

Desta forma, faço questão de reconhecer a perfeita atitude do Diretor de Provas da Fórmula 1, o australiano Michael Masi que neutralizou a prova de forma correta. Ele não neutralizou por conta do carro parado e aproveitou para limpar a pista, foi exatamente ao contrário, ele neutralizou para limpar o óleo da pista e aproveitou para tirar o carro quebrado!  

 

  Limpeza de pista para remoção do óleo derramado na pista pelo carro de Magnussen (Imagens da Formula 1 TV).

 

Eu poderia ter modificado minha coluna antes de sua publicação, mas acho interessante esta inclusão após eu ter interpretado de forma errada, pois isto só confirma o que eu disse no texto: “só quem está na Torre sabe as responsabilidades que tem e as atitudes que deve tomar”!

 

É isso realmente!

 

Abraços,

 

Sergio Berti