Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
Hamlet, Chase Carey, Tamas Rohonyi e o Reino da Fórmula 1 PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 07 October 2020 18:45

Caros Amigos, a citação no título sobre a monarquia do país nórdico remete à Tragédia Hamlet de William Shakespeare a origem da famosa frase “há algo de podre no Reino da Dinamarca”. Escrita pelo maior teatrólogo da língua inglesa de todos os tempos por volta de 1600, a peça narra a história do Príncipe Hamlet, da Dinamarca, e sua tentativa de vingar a morte de seu pai, o Rei, assassinado pelo irmão, que, assim, casou-se com a Rainha e usurpou o trono.

 

É uma tragédia que com toda a genialidade do Mestre, explora temas como vingança, traição, corrupção e moralidade. É dessa mesma peça que se retira outra frase muito conhecida: “ser ou não ser, eis a questão…”

 

Após esta cena, ele passa a se comportar como um louco incapaz de compreender o que se passa ao seu redor, no intuito de meramente não ser eliminado e poder sobreviver, podendo assim se preparar para uma reação contra o principal algoz.

 

Entretanto, em nossa lamentavelmente pouca cultura, é (era, nem isso é mais, tamanho o processo de aculturamento da nossa população) comum ouvirmos esta frase ligada a coisas simplesmente consideradas erradas, mas sem que os que pronunciam tais palavras, não fazem a menor ideia do que estão dizendo.

 

Mas há, sim, algo de podre no reino, mas não da Dinamarca e sim nos bastidores das altas esferas esportivas e políticas quando se aborda a questão da Fórmula 1 no Brasil, o seu futuro (intrínseca e profundamente ligado ao seu passado recente) e as consequências das atitudes tomadas pelos grandes players deste negócio que movimenta centenas de milhões de dólares todos os anos e onde o esporte e a competição na pista é apenas uma pequena engrenagem.

 

No ano passado o Sr. Tamas Rohonyi deu ao nosso site uma entrevista esclarecedora e em respostas – algumas muito diretas, outras muito políticas – ele apostou suas fichas em um cenário onde a FOM e o Grupo Liberty Media não teria escolha: ou assina com Interlagos e a Interpub ou não teríamos Fórmula 1 após 2020 no Brasil, apostando – assim como este que vos escreve – na inviabilidade técnica, econômica e política da construção do surreal autódromo do Rio de Janeiro em Deodoro.

 

Contudo, na mesma entrevista (que teve mais de 400 mil leituras) Tamas Rohonyi foi bastante elogioso e até mesmo fidalgo com Chase Carey, chamando-o de “um grande homem de negócios” e confiante, acreditava na posição de homem de negócios do CEO do Grupo Liberty Media. Homens de negócios não se prendem (em teoria?) a fatos negativos do passado quando veem a possibilidade de relações vantajosas para o futuro.

 

Os novos donos da Fórmula 1 se depararam com uma situação bastante incômoda quando adquiriram o controle da categoria: Interlagos não pagava para FOM um mísero centavo e não pagaria até 2020, fruto de um acordo entre Tamas Rohonyi e o então mandatário, Bernie Ecclestone. Apenas Mônac não paga nada para a categoria! Abu Dabhi paga 72 milhões de dólares. A Russia paga 50 milhões. No ano passado, a Inglaterra renegociou seu contrato e passou a pagar 18 milhões.

 

Ao longo dos últimos dois anos assistimos uma disparada do valor do dólar e isso dificultou as negociações entre o promotor nacional e o dono dos direitos da Fórmula 1. Em paralelo, veio a pandemia e uma “desculpa perfeita” para que o GP de 2020 no Brasil fosse cancelado e assim, o contrato encerrado sem que a categoria “corresse de graça”. Sem mais contratos, a FOM estava totalmente libre para negociar.

 

No mês passado o CEO do Grupo Liberty Media enviou uma carta ao governo do Rio de Janeiro, informando o atual governador que, com acordos para organizar e promover a Fórmula 1 com a empresa do Sr. JR Pereira estão prontos para a execução e que tudo dependeria tão somente da construção do autódromo, o qual continua enfrentando todos os problemas de ordem legais, ambientais e financeiras.

 

Está evidente que o Sr. Tamas Rohonyi não contou todas as coisas que estavam e estiveram acontecendo nas relações com o Grupo Liberty Media para que a dona dos direitos da Fórmula 1 se dispusesse a fazer qualquer coisa para ver a categoria fora de Interlagos e com outro promotor nacional. Infelizmente, para nós, o Mr. Carey vai descobrir, da pior forma, que conseguiu fazer uma escolha pior.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

 

 

Last Updated ( Thursday, 08 October 2020 00:51 )