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Written by Administrator   
Friday, 09 October 2020 23:44

Hamilton penalizado e “pontuado” na licença de Piloto.

Hamilton “despontuado” e equipe Mercedes multada.

Foi Justo? Foi Legal?  

Mais uma coluna da série “tentando explicar o inexplicável”...

 

Grande Prêmio da Rússia em Sochi, em setembro de 2020, uma punição não muito comum foi aplicada à Louis Hamilton, 10 segundos de time-pênalti e 2 pontos na licença de piloto, por ter treinado largada em local não permitido, enquanto se encaminhava para a formação do grid de largada.

 

Se observarmos o regulamento da Fórmula 1 e seus adendos, as penalizações foram completamente legais, pois além do regulamento desportivo da categoria, que é apresentado antes do início do campeonato, o Diretor de Prova, também apresenta em cada corrida o RPP (Regulamento Particular da Prova) e alguns comunicados, que na Fórmula 1 chamam de “notas do evento” com informações exclusivas sobre aquela prova. Dentro deste comunicado, constam várias informações e uma delas é a informação do local onde os pilotos podem treinar a largada ao saírem dos boxes.

 

Vejam na foto abaixo como é feito em Interlagos, uma faixa branca, pintada transversalmente na saída de box, imitando uma marcação de grid. Qualquer piloto pode treinar sua largada, em qualquer momento que esteja saindo de box.

 

 Área para treino de largada em Interlagos (Foto de José Cordeiro – site do autódromo de Interlagos)

 

O local é escolhido com alguns critérios básicos: acessível a todos, não atrapalhar ninguém e ser seguro.

 

Mas porque o Hamilton foi punido, se ele fez em local seguro e não atrapalhou ninguém? Foi punido, porque fez em desacordo com o que havia sido estabelecido em “notas do evento ou no RPP. E foi punido em 10 segundos porque fez 2 vezes, 5 segundos para cada ação.

 

Lembro-me que há muitos anos, não havia nenhuma regulamentação sobre treinar largada e eu vi muitas vezes, pilotos parando em vários pontos da pista para treinar, inclusive, já vi alguns pararem no próprio grid de largada para treinarem, então, por conta disso, se criou um local específico para estes treinamentos, que normalmente é na saída de box onde em um ponto seguro e que não atrapalhe ninguém.

 

Sobre a punição: É correto que o Hamilton, além da punição, ainda receba pontos na licença? Sim, é correto porque está previsto no regulamento.

 

Foi justo, retirar os pontos atribuídos à sua licença e transformá-los em multa para a equipe Mercedes? Acredito que sim.

 

Foi legal (de legalidade)? Acredito que não.

 

 Lewis Hamilton, "orientado" pela equipe, treinou largada em locais proibidos. (Foto: site fórmula1.com)

Agora começa a sessão “tentando explicar o inexplicável”.  Assim como aconteceu quando Vettel queimou a largada no GP do Japão em outubro de 2019 e não foi penalizado, com a alegação de que existe uma tolerância, desta vez retiraram a pontuação aplicada à licença do Hamilton, ou melhor, trocaram os pontos por uma multa  de U$25.000,00 para a equipe Mercedes, com a alegação de que o Hamilton apenas obedeceu uma ordem da equipe.

 

Tempos modernos, talvez, diferentemente do CDA, o regulamento da F1 tenha se atualizado, mas até onde eu conheço e me lembro, o Piloto é responsável por qualquer atitude sua, de sua equipe e ainda de seus convidados (como ainda consta no CDA) e se qualquer um desses elementos fizer algo que desrespeite o regulamento, então o piloto deverá ser penalizado (talvez injusto, mas legal). Sobre a queima de largada, lembro-me que em 1995 o Rubinho Barrichello, correndo de Jordan, foi penalizado por queima de largada no GP da Inglaterra, por ter movimentado o seu carro antes de apagarem as luzes de largada.

 

Na verdade, o que  ocorreu é que após acenderem-se as luzes, o Rubinho ao engatar  a primeira marcha, seu carro deu um “pulinho” para frente, quem for desta época de carros com câmbio manual e embreagem no pé, lembra de como era comum o carro dar este pulinho para frente quando se engatava a 1ª marcha, mas segundo a explicação dos comissários da  época, é que o que determinava a queima, era o sensor de largada que “denunciava” qualquer movimento do veículo desde o acender das luzes de largada até o seu apagar, e o sensor de largada do carro do Rubinho deu o alerta de queima, então não tinha o que fazer, mesmo tendo sido observado que ele não levara nenhuma vantagem com este movimento.

 

 Vettel se movimenta um pouco antes das luzes se apagarem (Imagem: reprodução do Canal +)

Sobre a pontuação na licença, o nosso CDA (Código Esportivo do Automobilismo), que é feito a partir do CDI (Código Desportivo do Automobilismo), também tem um artigo sobre pontuação na licença, porém com uma tolerância maior na quantidade de pontos e uma penalização teoricamente mais pesada. Enquanto Na Fórmula 1, ao atingir 12 pontos, o piloto é suspenso em uma corrida, no Brasil, o CDA admite até 22 pontos, mas a suspensão é por 90 dias. Este formato, com certeza foi feito pensando nas características dos campeonatos brasileiros, até porque existem vários pilotos que não fazem um campeonato completo, fazem várias corridas em campeonatos diversos, então, deve-se ter optado por uma penalização em dias e não em provas.

 

Voltando ao tema inicial, sobre a penalização e pontuação do Hamilton, eu acredito que o que os Comissários fizeram foi o justo, mas talvez ilegal. Na verdade, cada vez mais estas coisas estão acontecendo nas corridas, os Comissários estão tentando “corrigir” aquilo que o regulamento não é muito claro, de uma forma que a corrida seja mais justa, porém por não estar escrito no regulamento, ou ainda , estar escrito, mas não ser tão claro, existe o risco dos Comissários aplicarem a resolução e ela ser “derrubada” em qualquer Tribunal Desportivo.

 

 Comissários da CBA em uma prova da Porsche GT3 Carrera Cup

 

Lembrando que os Comissários apenas interpretam “fatos ocorridos” e jamais tentam avaliar “intenções dos pilotos”.

 

É isso!

 

Abraço,

 

Sergio Berti 
Last Updated ( Thursday, 22 October 2020 16:21 )