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Um final de semana Campeão PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 16 November 2020 10:18

Olá leitores!

 

Um final de semana campeão! Sim, tivemos 4 decisões de título em um único final de semana, cada uma com seu atrativo, cada uma com sua história bonita para contar, cada uma especial à sua maneira. Foi um ótimo final de semana para ser fã do esporte a motor.

 

Na Turquia foi sacramentado o que já estava desenhado desde o começo da temporada: Lewis Hamilton igualou o recorde de Michael Schumacher ao conquistar seu 7º título na categoria, em um final de semana no qual se não brilhou nos treinos (acabou levando mais de 4 segundos de desvantagem para o pole position Lance Stroll) fez uma corrida excelente, favorecido pela decisão da Mercedes em não o chamar para a substituição dos desgastados pneus intermediários quando a pista começou a apresentar um trilho mais seco, mas ainda se encontrava molhada no trecho final. Aliás, a “organização” (entre aspas mesmo) da corrida foi pródiga em lambanças: a corrida estava confirmada há meses, mas resolveram recapear a pista há duas semanas. Resultado: o asfalto ainda não “curado” estava soltando óleo. Para completar a “obra prima”, antes do primeiro treino livre da sexta algum “jênio” (com jota mesmo) resolveu lavar a pista... que ficou com aderência digna de um rinque de patinação no gelo. Com as chuvas de sábado e da manhã de domingo, a pista estava com aderência BEM prejudicada. Como se não bastasse, começaram errando e terminaram errando: na hora do pódio inverteram as bandeiras do Pérez e do Vettel. E como desgraça pouca é bobagem, ainda tivemos os comissários da FIA querendo aparecer e ficar investigando “desrespeito aos limites de pista” em uma condição onde os pilotos não desrespeitavam os limites de pista para ganhar tempo, mas por falta de condições de aderência para fazer a trajetória correta. Difícil, muito difícil...

 

Tão difícil quanto foi a narração pela emissora oficial: eu costumo ser bem mais misericordioso com os narradores e comentaristas que o Shrek por saber que ali, ao vivo em frente ao microfone, o desafio quase nunca é fácil... mas dessa vez não deu. Foi talvez a pior narração de corrida da Fórmula Um feita pelo Cléber Machado. A figura do “narrador torcedor”, imortalizada pelo Galvão Bueno, até pode funcionar em jogos de futebol envolvendo seleções. No esporte a motor, a figura do “narrador torcedor” na melhor das hipóteses é abjeta. Será que é tão difícil assim torcer menos e acertar mais as informações? Quando o Galvão Bueno narrava eu nem desperdiçava meu tempo, tirava o som da TV e partia para ouvir a narração em alguma emissora de rádio. Como eu lembro que no começo dos anos 90 o Cléber Machado narrava relativamente bem a Fórmula 1, eu vinha acompanhando a narração dele... não farei mais isso. A partir da próxima etapa ele vai receber o mesmo tratamento dispensado ao Galvão, meus ouvidos não são retretes.

 

Vitória grandiosa de Lewis Hamilton, que teve que fazer uso da totalidade do seu grande talento para manter o carro na pista e ganhar posições tendo feito apenas uma troca de pneus (dos de chuva intensa da largada para os intermediários). O estado dos pneus ao chegar para o pódio dizia tudo, estavam no limite do limite. Méritos para o piloto e para a equipe, que fez a aposta certa com base no desempenho dos pilotos de outras equipes e no próprio feedback fornecido por Lewis. Seu lacaio Valtteri Bottas (14º) acabou se enroscando com outros pilotos, e a partir do momento em que teve pequeno dano na asa dianteira tudo começou a dar (mais) errado para ele. Uma corrida para esquecer.

 

Em 2º chegou Sérgio Pérez, também dentro da estratégia de fazer apenas uma parada e também com os pneus em condições lamentáveis, para o seu primeiro pódio do ano. Excelente resultado para o mexicano, que está em busca de um assento para o ano que vem. Seu companheiro e filho do dono Lance Stroll (9º) fez uma ótima corrida no começo, com os pneus de chuva intensa, aproveitando-se da brilhante pole position conquistada no sábado. Para azar dele, com os pneus intermediários o carro começou a perder rendimento e consequentemente foi ficando cada vez mais para trás. Estava profundamente decepcionado ao final da corrida, de maneira compreensível.

 

Em 3º e 4º lugares chegaram os pilotos da Ferrari, respectivamente Sebastian Vettel e Charles Leclerc. Vettel, que começou sua carreira na Fórmula 1 participando dos treinos livres pela Sauber nessa pista, fez uma largada absolutamente fantástica, saindo de 11º na largada para o 3º lugar ao completar a primeira volta. Após a troca dos pneus de chuva pelos intermediários acabou perdendo algumas posições, mas no final da prova estava muito rápido e conseguiu se aproveitar do erro do companheiro de equipe na última volta para conquistar seu primeiro pódio nessa temporada tão difícil para ele. Leclerc teve uma chance de ouro para conquistar o 2º lugar na corrida, mas foi traído pela baixa condição de aderência e não apenas não conseguiu ultrapassar Pérez como foi ultrapassado por Vettel. Não tem, entretanto, outros motivos para se queixar da corrida, na qual apresentou desempenho bastante sólido.

 

Em 5º lugar terminou Carlos Sainz Jr., outro que fez uma grande corrida, ganhando 10 posições da largada à bandeirada. Conseguiu desempenho consistente com ambos os pneus utilizados, e se não demonstrou a maestria paterna em condições de aderência muito prejudicada também não fez o papai passar vergonha (lembrando que é filho de um dos melhores pilotos de rali da história). Seu companheiro Lando Norris (8º) apresentou maiores dificuldades durante a prova, mas terminou a corrida satisfeito por ter feito o melhor que estava ao alcance dele e do acerto do carro por ele escolhido – tanto que ficou com a melhor volta da prova.

 

Em 6º e 7º chegaram os pilotos da Red Bull, respectivamente Max Verstappen e Alexander Albon, ambos sofrendo muito com a pista menos molhada e com os pneus intermediários. Não foi exatamente o melhor dos dias para a equipe dos energéticos...

 

Fechando a zona de pontuação tivemos Daniel Ricciardo, que teve uma corrida bastante difícil desde a largada, pelo que podemos considerar que esse solitário ponto que recebeu acabou sendo um prêmio de consolação. Seu companheiro Esteban Ocon veio logo atrás, em 11º, fazendo o melhor que deu após sofrer um pneu furado logo no começo da corrida. Um dia difícil para a futura Alpine.

 

Agora teremos 2 etapas no Bahrein e o encerramento em Abu Dhabi. Vamos ver se o Bottas consegue a proeza de perder o vice campeonato...

 

Na MotoGP tivemos mais uma corrida no Circuito Ricardo Tormo, desta vez recepcionando o GP de Valencia, etapa com emoções do começo ao final; aliás, a propósito, que final!!! O duelo pela liderança entre Franco Morbidelli (Yamaha) e Jack Miller (Ducati) na última volta foi das coisas mais bonitas dos últimos tempos, com Morbidelli cruzando a linha de chegada apenas 93 milésimos de segundo à frente do Miller. Completando o pódio tivemos Pol Espargaró (KTM), que tentou alcançar Miller mas não obteve êxito, preferindo garantir o 3º lugar a se arriscar a um tombo. Entretanto o nome a ser reverenciado é o de Joan Mir, que com uma corrida de antecipação garantiu o título de 2020 com um 7º lugar, correndo com o regulamento na cabeça e evitando qualquer risco desnecessário. Mérito total para ele, que com base na regularidade conseguiu somar pontos importantes enquanto adversários caíam e deixavam de pontuar, quebrando um hiato de 20 anos sem título da Suzuki na categoria máxima da Motovelocidade (em 2000 o campeão foi Kenny Roberts Jr., quando ainda corriam com as saudosas 500cc motor 2 tempos) no ano em que a marca completa um século de fundação.

 

E tivemos brasileiro campeão sim!!! Em uma 12 Horas de Sebring proibida para cardíacos, Hélio Castroneves e Ricky Taylor, nesta etapa acompanhados por Alexander Rossi, conseguiram superar problemas no intercooler do lado esquerdo do Acura DPi #7 – que apresentou mal funcionamento logo com 40 minutos de corrida e levou a uma parada para reparo de 25 minutos – para conseguir um 8º lugar que fez com que levassem o título da temporada 2020 com 1 ponto de vantagem sobre o Cadillac DPi #10 de Ryan Briscoe/Scott Dixon/Renger van der Zande (7º lugar), que também teve que ficar algum tempo fazendo reparos após um choque causado por uma colisão fruto de uma tentativa de ultrapassagem, digamos assim, mal calculada por parte do Mazda DPi #77 então pilotado por Oliver Jarvis. Curiosidade: apesar de 3 vitórias nas 500 Milhas de Indianapolis, esse foi o primeiro título conquistado por Helinho em 23 anos de automobilismo norte americano. Antes tarde do que nunca! A vitória na Geral ficou com o Mazda DPi #55 de Harry Tincknell/Ryan Hunter-Reay/Jonathan Bomarito, com o Acura DPi #6 de Dane Cameron/Juan Pablo Montoya/Simon Pagenaud em 2º e com o Mazda DPi #77 de Oliver Jarvis/Tristan Nuñez/Oliver Pla ocupando o degrau mais baixo do pódio. O Cadillac DPi #31 de Felipe Nasr/Pipo Derani/Gabby Chavez terminou em 6º lugar. Tivemos brasileiro no pódio na categoria GTLM, com o 3º lugar do BMW M8 GTE #24 pilotado por John Edwards/Augusto Farfus/Jesse Krohn. Essa posição, logo atrás dos dois Porsche 911 RSR da equipe oficial da fábrica alemã, fez com que o trio levasse o título do IMSA Michelin Endurance Cup, torneio dentro do IMSA Weathertech apenas com as provas de maior duração.

 

Outro campeonato que chegou ao fim foi o FIA WEC, onde após duas temporadas vencidas pelo Toyota #8 finalmente chegou a vez da tripulação do Toyota #7, composta por Mike Conway/Kamui Kobayashi/José Maria Lopez, conquistar o título de campeões mundiais. Título esse conquistado com a pole e a vitória nas 8 Horas do Bahrein, etapa final da conturbada (pela pandemia) temporada 2019/2020 da categoria. Esse resultado permitiu que sobrepujassem por 5 pontos o trio do Toyota #8 (Sébastien Buemi/Brendon Hartley/Kazuki Nakajima). Não, não vou falar do “pódio da LMP1” por um motivo simples: a Rebellion simplesmente não enviou seus carros para a última etapa, então tivemos apenas os dois Toyotas fechando as cortinas da categoria, que deverá ser substituída pelos Hypercar em 2021. Em compensação, a chegada da LMP2 foi emocionante, com o carro #37 da Jackie Chan Racing pilotado por Gabriel Aubry/Will Stevens/Ho-Pin Tung cruzando a linha de chegada apenas 1s894 à frente do carro #38 da equipe JOTA pilotado por António Félix da Costa/Anthony Davidson/Roberto González. Fechando o pódio chegou (quase 15 segundos atrás) o carro #29 da equipe holandesa, pilotado por Frits Van Eerd/Giedo Van der Garde/Nyck de Vries. O Alpine de Thomas Laurent/André Negrão/Pierre Ragues terminou em 5º (e penúltimo) lugar na categoria, resultado certamente abaixo das expectativas dos pilotos. Entre os  carros GT, resultado final parecido nas duas categorias, com dobradinha da Porsche 1º e 2º com Ferrari em 3º na LMGTE-Pro e com Porsche em 1º e 3º com Ferrari em 2º na LMGTE-Am. Na LMGTE-Pro o carro #51 da AF Corse (Ferrari 488 GTE Evo) pilotado por James Calado/Daniel Serra sofreu uma punição por “causar um acidente” em um lance que qualquer pessoa que acompanha corridas saberia que foi apenas um incidente de corrida, sem culpa de nenhuma das partes envolvidas. Ah, esses comissários...

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini