Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
A efemeridade da vida humana PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 25 November 2020 20:14

Caros Amigos, Há uma dessas narrativas que se confundem entre a lenda e a história que eu gosto muito: o fato se passaria no antigo império romano, quando um general retornava à cidade depois de mais uma vitoriosa batalha. A cada retorno, ele e suas tropas eram sempre recebidos com festa pelos cidadãos do império.

 

Nesses momentos, conta a narrativa, que enquanto o feito do general era celebrado com entusiasmo pelo povo, havia ao seu lado um subordinado que repetia insistentemente uma mensagem em seu ouvido: “Respice post te. Hominem te esse memento. Memento mori”. Esta frase diz algo como: “Olhe ao seu redor. Não esqueça que você é apenas um homem e que, um dia você também vai morrer”.

 

Estou escrevendo esta coluna ao por do sol de uma triste quarta-feira. Um dos maiores gênios do esporte nos deixou neste dia: Diego Armando Maradona. Sim, esta é uma coluna de um seguimento do esporte a motor, onde nem sempre dialogo com meus estimados leitores sobre os fatos nas pistas. Muitas vezes, atenho-me ao que acontece nos bastidores. Mas tenho certeza que nesses mais de 400 textos essa é a primeira vez que falo sobre um futebolista... e Maradona era muito mais que isso.

 

Sempre ouvi dizer que é preciso aproveitar tudo que a vida te dá, pois ela passa bem rápido. Que é preciso dizer tudo o que há para dizer, e fazer tudo o que há para fazer hoje, pois o amanhã pode não existir. Talvez Diego Armando Maradona tenha feito isso, independente de qualquer questionamento sobre o que seria certo ou errado, aceitável ou não socialmente. Mas a pergunta que nunca cala é: precisava ser “tão cedo”?

 

A verdade é que nunca sabemos o que nos aguarda no dia seguinte, na hora seguinte, no segundo seguinte. E quem escreve isso é uma pessoa que renasceu após um terrível acidente e que há anos vive a vida um dia por vez, em uma cadeira de rodas, mas sem perder o foco nos seus objetivos, buscando viver o mais intensamente possível cada momento desta efêmera passagem neste mundo que nós chamamos de vida.

 

Mas a vida nos desafia a cada momento e a cada momento estamos sujeitos a uma mudança de direção em nossas vidas. Se o carro que atingiu meu carro tivesse batido em outro ângulo, em outro ponto, eu podia estar de pé... ou morto. Todos deveríamos buscar formas melhores de viver. Talvez melhores do que efetivamente vivemos. Principalmente porque a vida é efêmera e parece que nos damos conta disso, apenas quando somos surpreendidos pela notícia da morte de alguém.

 

Maldita árvore que cruzou o caminho da Lotus de Jim Clark naquele final de semana em Hockenheim, um autódromo muito mais seguro que o inferno verde de Nurburgring. Maldito braço de suspensão, que tinha tantas direções para apontar e apontou justa e tragicamente na direção do capacete de Ayrton Senna. Maldita ideia teve Michael Schumacher quando saiu da pista de descida da montanha para aumentar o desafio de sua descida e encontrou aquela maldita pedra sob a neve.

 

Uma fração de segundo faz a diferença entre a vida e a morte, entre a existência e a eternidade. Vivamos a vida com intensidade e com sensibilidade. Com bondade e atitude. A vida é, talvez, o que tenhamos de mais efêmero em nossa existência neste mundo e como bem disse o assessor do General, somos apenas seres humanos e que, em dado momento, deixaremos a vida como nós a conhecemos.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva