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Perdendo o trem da história mais uma vez PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 30 December 2020 20:55

Caros Amigos, No século XIX, com a expansão das estradas de ferro pelo mundo, o deputado mineiro Bernardo Pereira de Vasconcelos redigiu o projeto de lei para a construção de estradas de ferro no Império do Brasil, o que ocorreu na ocasião da regência do padre Diogo Antônio Feijó. Então, o trem já chega ao Brasil como um projeto de mineiro para interligar a capital imperial, Rio de Janeiro, com Minas Gerais e Bahia no sentido norte e com o Rio Grande do Sul, passando por São Paulo, no sentido sul.

 

Apesar de ter demorado para que os projetos de construção de ferrovias se efetivassem, logo que a Estrada de Ferro Dom Pedro II, posteriormente Central do Brasil, começou a ser construída os cafeicultores da Zona da Mata Mineira avançaram no sentido de ter as suas companhias ferroviárias: estradas de ferro Leopoldina e União Mineira.

 

Nós, os mineiros, temos uma ligação muito grande com as essências ferroviárias do nosso país. Depois de instaladas as devidas ferrovias, com suas estações, os mineiros “nunca perdiam o trem” devido ao fato de que o atraso dos comboios era quase uma regra geral. Entretanto, não só os mineiros como os brasileiros em geral se especializaram em “perder o trem da história”. Uma expressão que não só faz parte da música de Milton Nascimento, Canção do novo mundo, mas traduz  o fato de quando se deixa de fazer a coisa certa a ser feita... e o brasileiro tornou-se um especialista nisso.

 

Há anos (eu e outros colunistas do site já abordamos este tema, cada um com sua ótica, mas todos congruindo para um mesmo ponto) que vez por outra já abordei a falta que faz uma sólida categoria de fórmula no Brasil (ou mesmo na América do Sul). Diferente do que acontece na Argentina, onde os promotores conseguem ter o envolvimento das montadoras, que tem uma Fórmula Renault com um grid de mais de 20 carros, aqui no Brasil os promotores de categoria de fórmula não conseguem se unir e cada um insiste em uma fórmula, nenhuma que consiga se sustentar ou atrair pilotos oriundos do kart como tivemos nos anos 70/80/90 e início dos anos 2000, quando também tivemos a Fórmula Renault no Brasil.

 

Desde 2013, quando a FIA criou o programa de ascensão para os pilotos de fórmula chegar à Fórmula 1, estipulando modelos de campeonato, chassis, motores e pneus para que houvesse uma padronização, a começar da F4, os brasileiros não conseguiram levar adiante um projeto sério e concreto para termos essa categoria de fórmula no país, insistindo em carros ultrapassados e projetos que eu chamarei de artasanais. Com isso, mais uma vez, fomos superados pelos argentinos, que no ano passado, levaram para Buenos Aires 12 carros da categoria. Com um projeto sério e um campeonato definido, recebendo homologação FIA, os nossos vizinhos só não tiveram o campeonato devido à covid19, mas para 2021, vai ter carro na pista, vai ter campeonato e o promotor da categoria deu uma aula de competência aos promotores brasileiros.

 

Em 2021 teremos o campeonato sulamericano de turismo, nos mesmos moldes da categoria mundial, que reúne quase uma dezena de montadoras. O campeonato era 8 etapas, com três corridas em cada uma delas. O promotor argentino da F4 negociou com os promotores da categoria de turismo (o brasileiro Mauricio Slaviero, ex-diretor da VICAR é um deles) e colocou seu campeonato como parte da programação de 7 das 8 etapas, transformando o campeonato em um sulamericano, com corridas no Brasil, Uruguai e Argentina.

 

Caso os brasileiros sejam observadores e realmente promotores de automobilismo, podem negociar com o promotor da F4 argentina para trazer mais carros (o modelo da categoria de 2021 deve mudar, adotando o halo) e comporem um grid com – quem sabe – 24 carros e oferecendo uma nova opção a pilotos do continente e de fora dele para dar o primeiro passo no caminho da F1. Entretanto, eu creio que, uma vez mais, iremos perder o trem da história.

 

Um abraço e até a próxima, desejando um feliz 2021,

 

Fernando Paiva

 

 

 

  
Last Updated ( Thursday, 31 December 2020 00:03 )