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Toques e Batidas: Parece Que os Comissários Agem Diferente nas Corridas de Turismo em Relação às Corridas de Monopostos, ou Fórmulas? PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 12 January 2021 10:39

Não só parece, como provavelmente agem!

 

Isso não é uma característica do Brasil, mas também percebi a mesma coisa na Argentina, quando fiz a Direção de Prova da Porsche e dividimos o mesmo evento com TC – Turismo Carreteira, notei que cada categoria vai adquirindo sua forma de trabalho, “sua personalidade”!

 

E isso é bom ou ruim?

 

Como tudo, sempre tem os dois lados. Para os Pilotos que participam do campeonato rotineiramente, é bom, pois já sabem quais os limites de cada toque ou atitude de pista. Já para os pilotos que fazem provas esporádicas, muitas vezes sentem uma grande diferença em relação a outros campeonatos que participam.

 

Lembro-me do Rubinho, quando participou pela primeira vez de uma prova da Stock Car, falou algo parecido com: “o pessoal bate demais aqui”! Então fiquei pensando: imagina se ele participasse de uma corrida de carros de turismo pequenos, como era a Fórmula Uno de antigamente? (Apesar do nome ser Fórmula Uno, os carros não eram fórmulas e sim carros de turismo).

 

  Rubinho Barrichello na sua chegada à Stock Car em 2012 – Foto da VICAR

 

É obvio que entre a Fórmula 1 e a Stock Car existe uma diferença muito grande, quando se pensa em toques e batidas. É muito diferente bater a 200 km/h ou 300 km/h, além disso, é uma característica de campeonatos de turismo, um certo “esbarrãozinho” ou “apoio” no carro ao lado, sem que isto seja considerado “falta”, é o que chamamos no jargão próprio de “coisa de corrida”!

 

Vamos tentar compreender estas diferenças de comportamento dos Comissários Desportivos e o porquê elas acontecem!

 

Primeiro vamos falar das diferenças físicas das categorias, e aí já é fácil perceber algumas coisas. Se pegarmos o kart e as categorias de fórmulas, teremos comissários que devem ser mais rigorosos aos toques, por uma questão de segurança, são veículos com rodas expostas e basta um “encavalamento” de rodas para fazer com que um dos carros seja lançado ao alto, como já vimos diversas vezes em provas de monopostos.

 

Vejam abaixo, a sequência de imagens de 2003, extraídas do Youtube, quando Ricardo Mauricio, correndo pelo Red Bull Team de Fórmula 3000 em Monza, perde o ponto de freada e “atropela” o piloto Rob Nguyen, tocando a roda dianteira de seu fórmula na roda traseira do Nguyen.

 

  Ricardo Maurício capotando em Monza F-3000 (Crash loop Red Bull Team)

 

Já nas categorias de carros de turismo, este tipo de acidente quase não ocorre, eu disse quase, pois se roda do carro de turismo ficar um pouco para fora da carroceria (isto é raro), pode acontecer algo semelhante ao fórmula, mas geralmente é muito mais seguro capotar com um carro de turismo do que com um monoposto, principalmente se considerarmos ate o ano de 2018, antes da introdução do HALO nos carros monopostos.

 

Vejam na sequência de imagens abaixo, que algo semelhante ao que aconteceu com o Ricardo Mauricio, também ocorreu com o Marcelo Franco, em 2013 numa corrida da Porsche GT3 Cup em Interlagos, onde as rodas dos Porsches ultrapassavam um pouco o limite da carroceria.

 

  Imagens extraídas do canal da Porsche no Youtube, link abaixo...

https://velocidade.org/carro-capota-varias-vezes-em-corrida-da-porsche-gt3-cup/

 

Já outras categorias, tais como Turismo Nacional, vários regionais de Turismo Estaduais, têm como característica uma tolerância um pouco maior aos toques, normalmente são carros bem semelhantes entre sí, que andam muito próximos e que têm neste formato, até um atrativo maior ao público. Como todos sabemos, o público gosta de toques e batidas, pois se não houvesse riscos, o esporte a motor teria muito menos interesse.

 

Então, se eu tiver que fazer um resumo sobre este tema, talvez resumiria assim:

 

- Cada categoria tem a sua particularidade, e ao longo dos anos, cada grupo de Comissários que acompanha as categorias, vai formando a “personalidade” de cada campeonato, ou seja, aquilo que é bom ou útil ao campeonato. E os procedimentos vão acontecendo de maneira a atender a expectativa de todos que participam do campeonato, pilotos, equipes, promotores, público, etc.

 

Sempre existirão limites e tolerâncias. Os limites de segurança jamais serão negligenciados, pois ninguém admitiria isso, nem Comissários, nem Pilotos, mas as tolerâncias serão exatamente de acordo com a característica dos veículos e do campeonato.

 

Sobre as atitudes dos Comissários? Talvez esta seja a parte mais difícil de compreendermos, pois existe a interpretação dos fatos e esta interpretação é que segue um pouco do que chamei lá em cima de, “personalidade de cada campeonato”.

 

Hoje em dia, a interpretação ficou muito menos especulativa e mais técnica pois em quase todas as corridas, existem muitas câmeras à disposição dos Comissários, até mesmo câmeras que o próprio piloto instala em seu carro, mesmo que não sejam obrigatórias, são muito bem aceitas pelos Comissários, para uma avaliação melhor do acidente, além disso, dificilmente os Comissários aplicarão uma pena sem ouvir os pilotos envolvidos, então por mais que possa parecer esquisito, ou o que muitos chamam de “2 pesos e 2 medidas”, dificilmente o Comissário agirá diferente do que já é um “padrão” da categoria, exceto pela falha humana ou o que é muito pior, a “malandragem humana”. Malandragem que pode vir de um comissário, um piloto ou até mesmo de um bandeirinha. Os seres humanos são capazes de coisas que ninguém duvida, mas aí já é um tema para nossa editora Catarina Soares colocar em seu divã.

 

É isso!

 

Sergio Berti