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Interlagos e as confusões da F1: de Bernie a Doria PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 13 February 2021 19:24

Acho que todo mundo aqui já ouviu algo do tipo: “de médico e louco todo mundo tem um pouco”, ou “de gênio e louco todo mundo tem um pouco” ou mesmo “de comerciante e louco todo mundo tem um pouco”.

 

Não importa com quem o que seja comparado, o “louco” está sempre lá! Mineiramente falando, quem nunca pegou o trem errado e saltou antes mesmo de chegar na estação seguinte que atire o primeiro naco de torresmo!

 

Na vida, vez por outra a gente dá de cara com umas loucuras e quando falamos de F1, não conheci ninguém mais gênio e mais louco do que o bom velhinho, o Bernie Ecclestone. Esse homem fez de um circo mambembe de corredores de carros um espetáculo mundial, que girava bilhões de dólares. Profissionalizou tudo (e ganhou muito dinheiro com isso). Vendeu o negócio pelo menos 3 vezes e continuou mandando... até quebrar a cara na última, quando Dom Bigode das Américas deu-lhe uma pernada.

 

Mas se de genial o bom velhinho foi capaz de fazer a F1 virar uma mina de ouro, não foi sendo “um bom velhinho” que ele ficou bilionário. Além de se colocar sempre nos holofotes da imprensa – especialmente depois da internet – ele fazia de cada momento um flash (para lembrar daquela novela que não me lembro o nome). Já quis fazer “chuva artificial no meio das corridas”, criar “atalhos nos circuitos para gerar ultrapassagens”, mas mesmo sem bigode para colocar o fio de garantia no negócio, era um negociador duro e fazia valer suas vontades.

 

  No final dos anos 80 Interlagos passou por uma mutilação chamada de reforma que inutilizou o traçado original. 

 

Um bom (péssimo na verdade) exemplo disso foi a destruição de Interlagos – com a cumplicidade de um certo defunto – no final dos anos 80, quando a Fórmula Indy estava em crescimento e uma de suas estrelas era o brasileiro Emerson Fittipaldi. A obra inviabilizou o uso so anel externo e uma corrida no “oval de Interlagos”, como este foi palco por anos dos 500 Km e outras corridas ali disputadas.

 

Nos contratos que se seguiram a partir de 1990, a Fórmula 1, através da FOM, impedia o uso de Interlagos para corridas internacionais sem sua aprovação. Agora, com o novo contrato entre Liberty Media, Prefeitura da Cidade de São Paulo e a promotora do evento no Brasil, a MC Brazil Motorsports, esse “poder de veto” passou para as mãos da promotora local (que tem sede em Abu Dhabi), e não mais da FOM, representante da Liberty Media.

 

O contrato (sem noção) determina que pelos próximos cinco anos qualquer prova que tenha mais de cinco pilotos com licença de competição estrangeira só poderá ser disputada no autódromo com a autorização prévia da nova empresa promotora da corrida, a MC Brazil Motorsport Ltda. Essa cláusula seria um problema para aquele modelo (que não sabemos se vai voltar depois do fim da pandemia) das corridas de duplas, quando a Stock Car recebia vários pilotos estrangeiros. Outra categoria que pode ter isso como problema é a Porsche GT3 Cup, que faz corridas de endurance com a partilha do carro por dois ou 3 pilotos.

 

 O contrato e sua cláusula (absurda) pode atrapalhar o autódromo de receber categorias internacionais.

 

O problema agora está nas mãos de meu xará, Mauricio Slaviero, com o sulamericano de turismo, o TCR, que tem duas corridas agendadas para Interlagos para maio e junho. Além disso o campeonato tem como categoria suporte, tem a F4 argentina, que está ganhando status de categoria continental, além de criar – por antecipação – um problema para um retorno do WEC ao Brasil, não bastasse a fracassada tentativa do ano passado.

 

É nisso que dá não ter alguém que saiba o que é automobilismo numa reunião para tratar de um assunto como esse. Desde que tiraram Chico Rosa da administração do autódromo, removeram a única pessoa que “respirava gasolina” na administração. Agora está aí o problema e a tal empresa detentora do contrato se finge de morta e não se posiciona diante do problema criado.

 

E a corrida da F1 no Brasil já tem dois problemas para enfrentar nesse começo de ano: o contrato entre a Prefeitura e a MC Brazil Motorsports foi suspenso desde o início de janeiro por determinação judicial. O juiz da 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital, Emilio Migliano Neto, entendeu que não haver transparência, até o momento, na divulgação dos gastos públicos com o evento de F-1. A cidade não pagava nenhuma taxa para ter a corrida e com o atual contrato pagará, ao longo de cinco temporadas, 100 milhões de reais.

 

 Entre as trupicadas do poder público e derrapadas da iniciativa privada, até a F1 este ano pode estar ameaçada. 

 

Além desta ação judicial, está na edição de 5 de janeiro do Diário Oficial do Município que a Prefeitura realizou repasses que totalizam 17,7 milhões de reais para a Fórmula 1. O investimento está descrito no documento como “aquisição dos direitos para realizar o evento GP de São Paulo de Fórmula 1”. Só falta agora esse trem descarrilar antes do dia 7 de novembro e, com ou sem pandemia, ficarmos mais um ano sem F1 no Brasil.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva