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Automobilismo, cultura e tradição PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 03 March 2021 20:35


Caros Amigos, Com as restrições ao deslocamento que eu já tinha, ampliado enormemente com a pandemia e com meus filhos tendo aulas online, assim como todos, fomos privados de muitas coisas.

 

Uma dessas coisas, algo que sempre tive prazer em fazer com eles – ao menos no sentido físico – eram os nossos “sábados culturais”, onde fazíamos programas que fugiam do consumismo do mundo contemporâneo, acabou nos sendo tirado... ao menos na forma convencional.

 

Ao longo dos últimos meses temos feito visitas virtuais aos grandes museus pelo mundo, acompanhando exposições de artistas contemporâneos e expandido nossos horizontes em todas as direções, por todos os continentes. É um exercício que recomendo aos meus estimados leitores. Façam isso com suas famílias. Mesmo que, inicialmente, alguns membros digam que “museus são chatos”, mesmo sem tê-los visitado.

 

Alguns anos atrás lembro-me de ter lido um artigo que constatou através de pesquisas o fato de mesmo sendo um país com diversidade cultural tão vasta, uma grande parte dos brasileiros não têm o costume de frequentar programas culturais, mesmo aos finais de semana. Este resultado seria fruto da falta de condições econômicas desta massa populacional e do custo que uma ida ao teatro ou uma entrada de museu custa e pesa no orçamento familiar.

 

Gostaria de convidar meus estimados leitores a abordar esta questão por um outro prisma. O automobilismo! O consumo cultural do automobilismo no Brasil é grande? É bom? Temos na cidade de Passo Fundo um museu do automobilismo brasileiro. Uma obra que é fruto da paixão de seu proprietário, Sr. Paulo Trevisan. Após uma visita virtual ao Museu Fangio, em Balcarce, Argentina, sem sairmos da nossa sala, que foi fruto de matéria em nosso site em 2009, quis mostrar aos meus filhos o museu brasileiro e, infelizmente, não foi possível: o site não está atualizado. Confesso minha tristeza e ficou clara a decepção dos meus filhos.

 

A pergunta imediata que eles fizeram foi: “porque não temos um museu do Senna”? Eu tive que dizer que, apesar disso, o instituto que tem o nome do piloto costuma fazer mostras sobre a vida e história do tricampeão, falecido tragicamente em Imola, no dia 1° de maio de 1994. Contudo, a pergunta dos meus filhos levou-me a pensar: quantos já não fizeram esta pergunta? E porque não há um “Museu Senna” ou um “Museu do Automobilismo Brasileiro” com o tamanho da história do nosso automobilismo no mundo?

 

Um grande museu, com carros históricos de F1, não apenas de Ayrton Senna, mas também de Chico Landi, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Wilson Fittipaldi, José Carlos Pace, Rubens Barrichello, Felipe Massa, os carros da Fórmula Indy de Emerson Fittipaldi, Raul Boesel, Maurício Gugelmin, Gil de Ferran, Helio Castro Neves, Tony Kanaan, os protótipos de Raul Boesel e Ricardo Zonta, campeões mundiais... poderia ser mesmo em Passo Fundo, com um apaixonado como Trevisan sendo o curador.

 

Enquanto o Museu Fangio tem milhares, milhões de acessos, reais e virtuais, nossa história vai caindo no esquecimento ou, pior, sendo distorcida como se tivesse apenas um personagem e um conjunto de coadjuvantes. Pior: alguns destes “coadjuvantes”, são ironizados e ridicularizados até hoje, como fizeram, vergonhosamente, com Rubens Barrichello ao longo de sua carreira na F1 e mesmo depois.

 

Nestas horas vemos que, mesmo em um país do nosso continente, onde também há pobreza, há cultura. Na Argentina as pessoas vão a museus, leem muito mais que os brasileiros, vão a teatros, produzem cinema de qualidade e, no automobilismo, conseguem atrair o interesse das montadoras lá instaladas para ter o automobilismo mais diversificado e competitivo do continente.

 

E no automobilismo eles estão indo mais além: a Toyota Gazoo Racing Argentina, Depois de uma brilhante temporada em 2020, vencendo os campeonatos do Super TC2000 e Top Race, pretende assumir novos desafios e um deles seria um projeto profundamente enraizado no sentimento dos amantes do automobilismo argentino: a “Missão Argentina” nas 24 horas de Nürburgring. Uma reedição do feito de 1969, quando Oreste Berta levou para uma maratona automobilística realizada no mítico autódromo alemão, com 84 horas de competição 3 carros Renault Torino e dominaram a maratona de velocidade e resistência com alguns dos maiores pilotos da história do país.

 

A ideia da Toyota argentina é levar para as 24 Horas de Nürburgring em 2021, que acontecerá entre os dias 3 e 6 de junho deste ano, como uma primeira experiência neste tipo de corrida e o claro objetivo é repetir o feito de cinco décadas passadas, com um carro preparado para isso e um grupo de pilotos já escolhido: Matías Rossi, Julián Santero, Franco Vivian... e Rubens Barrichello!

 

Sim, os nossos vizinhos não fazem piadas jocosas com nosso piloto. Pelo contrário, prestam a ele o devido respeito que ele sempre mereceu e, desta vez, a esquadra argentina não será 100% argentina, por respeito e cultura à velocidade. Se ainda não temos um museu do tamanho que o nosso automobilismo merece, seria bom começarmos a tratar com o devido respeito aqueles que o fazem.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

 

  
Last Updated ( Thursday, 04 March 2021 10:48 )