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Talvez seja a hora de parar, Valentino PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 12 April 2021 17:25

Olá fãs do esporte a motor,

 

O trabalho como terapeuta de atletas de altíssimo rendimento é um desafio mais do que diário para profissionais como eu e, entre esses desafios, o de encontrar o ‘timing’ para se fazer certas abordagens.

 

O profissional tem, normalmente, duas opções: esperar que a iniciativa parta do paciente, mesmo que ele veja qual a situação de desconforto que seu paciente está vivendo e já tenha “desenhada” uma estratégia de abordagem para quando o momento chegar, ou procurar induzir, estimular, o paciente a tomar esta direção e passar a fazer sua abordagem da questão.

 

Esta semana, após o tenebroso período da Páscoa e toda aquela propaganda massiva sobre chocolates, tive mais uma das regulares sessões quinzenais com Valentino Rossi. Quando as sessões eram normais, aqui em San Diego, quase sempre ele trazia um delicioso frisante que adorávamos lá em casa, além de serem sempre sessões bem tranquilas, até humoradas (eu amo aquele sotaque falando inglês).

 

 

 

Desta vez Valentino não estava muito falante, como normalmente o é. Estava mais introspectivo e isso acabou por permitir uma abordagem suave sobre futuro. Com apenas uma extensão do contrato de um ano com a Yamaha em vigor para a mudança deste ano para a Petronas, Valentino Rossi confirmou que vai decidir se vai correr em 2022 durante as férias de verão desta temporada.

 

Sem vencer uma corrida na Moto GP desde 2017 e apenas um pódio no início da temporada passada, quando terminou o campeonato na 15ª posição, ele abriu o coração e disse que precisava medir até onde iam suas forças para continuar a lutar pelos lugares no pódio ou voltar a vencer. Isso o impulsionaria a continuar por mais um ano. Só que o ano começou bem difícil para ele e seu companheiro de equipe na equipe satélite da Yamaha, Franco Morbidelli.

 

 

 

Durante a pré-temporada, Valentino esta se mostrando bastante confiante em ter um equipamento competitivo para o ano de 2021. No ano anteror, Fabio Quartararo, correndo nesta equipe, chegou a liderar o campeonato de pilotos e vencer corridas, mas depois que a temporada começou, as coisas não se mostraram tão positivas. As performances em corrida ficaram bem abaixo do esperado, enquanto a equipe principal vencia as duas corridas iniciais, cada uma com um dos pilotos.

 

Valentino é um profissional extremamente consciente. Ele sabe que, quando ele eventualmente parar depois de 26 anos de vida sobre duas rodas, algo vai mudar. Inclusive ele já tem essa direção para onde mudar: está decidido a correr com quatro rodas, mas ainda não definiu a categoria ou o estilo. Gran Turismo, Rally, Rally Cross, mas os monopostos estão fora de questão. Valentino gosta de lembrar dos testes com carros da Ferrari, mas acha que não tem espaço para ele em uma F1 como a de hoje.

 

 

 

Um outro projeto que já está em andamento há algum tempo é a marca VR46. A equipe montada nas categorias de acesso está alinhando pela primeira vez na categoria principal em 2021. Aparentemente sem pensar em mudar de lado no pit wall, Valentino acompanha com atenção os progressos de seu meio-irmão – Luca Marini – e de Enea Bastianini. Ambos estão estreando na categoria depois de bons resultados na Moto 2 e na Moto 3.

 

Valentino sabe bem que uma coisa é pilotar uma moto, outra é gerenciar uma equipe. É uma transição delicada e o caminho é longo, bem como o passo a ser dado também é importante do ponto de vista econômico, estamos diante de meses importantes. Hoje a parceria da VR46 é com a Ducati, mas Valentino tem uma relação muito forte com a Yamaha e isso pode ser comercialmente interessante. Nesse aspecto, Valentino é extremamente pragmático e cercou-se de uma equipe muito profissional para assessorá-lo.

 

 

 

Voltando à sua carreira, entre um ou outro suspiro – e ele não costuma fazer isso – reconhece que, parar ou não, está longe de ser uma decisão fácil, mas reconhece com resignação que tudo depende dos resultados que se seguirem ao longo das próximas corridas.

 

Valentino tem plena consciência de que sua vida vai mudar muito quando parar de pilotar no campeonato, mas ele não transparece estar muito preocupado. É aquela consciência e maturidade de quem teve uma longa, longa carreira e pode se considerar realizado (mas estaria mais se “fechasse a conta” com o 10° título).

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares