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O limite entre a emoção e a (in)segurança PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 21 April 2021 20:57

Caros Amigos, Quando nos sentamos para assistir uma corrida de automóveis ou de motos, a nossa expectativa, independente de para quem vai nossa torcida, é vivermos emoções intensas, com um grande espetáculo e muitas disputas.

 

Lembro-me de ter lido certa vez, eu uma das suas inúmeras entrevistas e declarações polêmicas, o tricampeão mundial de Fórmula 1, Nelson Piquet, afirmou que “o público gosta de ver o circo pegar fogo, aquelas porradas que batem um monte de carros, não gosta de corrida sem isso”.

 

O final de semana em Ímola, com corridas da Fórmula Regional Europeia – onde correram dois brasileiros, Eduardo Barrichello e Gabriel Bortoleto – e da Fórmula 1 foram pontuadas por diversas bandeiras amarelas e uma interrupção da corrida – no caso na Fórmula 1 com o acidente entre Valtteri Bottas e George Russell – do jeito que Nelson Piquet disse que “o público gosta”.

 

O autódromo Enzo e Dino Ferrari costumava ser uma boa pista para treinos e testes de novos componentes de muitas equipes antes do trágico acidente que vitimou Ayrton Senna. Depois disso, apesar da Fórmula 1 ter continuado a correr lá até 2006, em 1995 a pista tinha sido modificada, com a Curva Tamburello recebendo uma chicane. Alguns anos atrás, foi feita uma grande reforma, mudando a configuração dos boxes e criando um trecho veloz antes da se chegar à chicane da Tamburello. Entretanto, com o aumento das velocidades na categoria e com os critérios normativos adotados pela FIA, o circuito italiano perdeu o chamado “grau FIA 1” e este é uma exigência para que hajam corridas de Fórmula 1.

 

Eu, particularmente, sou um severo crítico do chamado “jeitinho brasileiro” para conseguir criar uma situação vantajosa que atenda determinada demanda, mas a aprovação do circuito Enzo e Dino Ferrari para Recber a atual Fórmula 1, se comparados aos padrões de segurança exigidos em outros circuitos pelo mundo para que esta graduação seja obtida, foi algo que podemos chamar – educadamente – de questionável.

 

Particularmente, gosto das áreas de escape com caixas de brita, aquelas que o piloto sabe que, caso ele passe dos limites, erre, ele vai ser duramente punido, podendo ser obrigado a abandonar a corrida, inclusive. Contudo, para o dinamismo da corrida, é preciso que as equipes de resgate e retirada dos carros sejam rápidas para, em caso de carro preso nelas e sendo acionado o Safety Car, o tempo perdido seja o menor possível. Mas, com isso, ainda surge uma outra variante que pode ser interessante para a emoção nas corridas, que é a entrada do carro de segurança.

 

A questão central desta nossa conversa esta semana, estimado leitor, é a possibilidade – que no caso transformou-se em fato – de um acidente ocorrendo em uma pista onde, independente do material usado nas áreas de escape das curvas, muitas dessas áreas são fisicamente pequenas e por conseguinte, um risco adicional dada as altas velocidades em curva dos atuais carros.

 

O acidente entre Valtteri Bottas e George Russell aconteceu em uma reta, com 13,5 metros de largura e ladeada por duas áreas com cobertura vegetal (grama) de cerca de dois metros em cada um dos lados. Considerando-se ser aquele o ponto de maior velocidade do circuito, onde os carros chegavam a quase 330 Km/h, este “gargalo”, somadas as condições ambientais, amplificou as consequências do acidente. As imagens na televisão, mostrando a pista coberta de destroços, impressionaria aos menos familiarizados, uma vez que a quase totalidade destes era das placas de publicidade, geralmente feitas de isopor e material plástico, mas a colisão dos carros e por quantos metros eles se deslocaram até parar no muro de concreto da curva Tamburello deixou evidente o grau de insegurança daquele ponto em particular.

 

Spa Francorchamps, um circuito no qual todos gostamos de ver corridas e que muitos chamam de “circuito raiz”, tratou de preparar suas áreas de escape para as exigências de segurança que a Fórmula 1 exige. Talvez precisasse mais, como naquele ponto onde Antionie Hulbert acidentou-se e faleceu, bem como trocar parte do asfalto por brita em outras áreas de escape, para intimidar os pilotos a não cometer erros.

 

Fazer uso dos “jeitinhos”, seja qual a nacionalidade destes, é algo que não poderia ser considerado num evento com o nível de profissionalismo da Fórmula 1. Corridas em Ímola ou em Mugello, como ocorrido no ano passado, não podem ser feitas nestes lugares.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva