E aê Galera... agora é comigo!

Minha querida Goiânia, capital do meu estado natal, é a capital do automobilismo brasileiro. É no nosso autódromo, que quase virou condomínio de luxo num passado não muito distante, que tem acontecido as melhores corridas do Brasil há algum tempo.

Nesse final de semana não foi diferente, com a presença da Copa Truck, da Copa HB20 e da GT Sprint Race que fizeram sete corridas, todas com transmissão pela internet e/ou pela televisão – aberta ou por assinatura – e como faziam parte do mesmo evento, sem horários conflitantes.

A Copa Truck demorou pra começar, mas veio cheia de novidades para 2021. A princípio novidades boas, mas disso a gente fala depois. As mudanças vão mudar a cara da competição e, se o trabalho de equalização dos caminhões, feito numa “pré-temporada” em fevereiro e março, foi realmente eficiente, todos só tem a ganhar.

De cara, uma coisa que foi preciso ser criada no início da categoria após a debandada da Fórmula Truck é que aquele formato com várias “Copas” não vai mais existir. A partir de 2021 passamos a ter um campeonato com somatória de pontos, como acontece nos demais campeonatos nacionais. Ao término da penúltima etapa da temporada, os pilotos deverão descartar os 3 piores resultados e definir com que pontuação irão para a etapa final (ainda agendada para o AIC, em Pinhais, mas com a Covid, melhor esperar). As corridas continuarão no formato de duas baterias – a primeira com 25 minutos e a segunda com 20 minutos – sendo que entre as duas, sem paradas, será feita a inversão dos 8 primeiros colocados da bateria inicial para formação do grid da segunda bateria.

Para evitar o festival de motores quebrados e turbinas estouradas dos anos anteriores, o novo regulamento inseriu a adoção de válvulas do tipo pop-off reduzindo a pressão do turbo de 4,5 para 2,8 bar. Isso – em teoria – aumentaria resistência do brutos e a quantidade de caminhões na segunda corrida, sem os caminhões se desmanchando como esculturas de gelo sob o calor das disputas. Mas para “andarem mais rápido, trocaram o fornecedor de pneus, da Pirelli para a Goodyear, e estão lixando novamente os pneus (pelo menos os dianteiros).

Seguindo o modelo de algumas categorias, com subcategorias inseridas, a promotora, D. Vanda (com V), mas que na verdade é tudo do Carlos Col, criou a “Super Truck”, um campeonato para os pilotos cuja experiência em caminhões se resuma apenas à Copa Truck e com, no máximo, 3 participações pontuais em campeonatos de caminhões anteriores (leia-se Fórmula Truck). Vai haver um pódio e uma pontuação separada para eles, mas eles também estarão no pódio da classificação geral. Os pilotos participam no mesmo grid dos demais e os caminhões possuem as mesmas especificações de potência e recursos.

Por falar em recursos (e isso sempre me lembra os “comissacos”), a Copa Truck trouxe de volta, mas com outra empresa e – aparentemente – outro sistema, uma forma de fazer o controle de fumaça, que será determinado por sensores e não mais pela observação visual dos “comissacos”. Isso aí, como falarei a seguir, ainda vai dar muito o que falar (a expressão idiomática não era bem essa...). O regulamento também padronizou as válvulas e trocou os “burrinhos” de freio por pastilhas da mesma fornecedora da Stock Car, a Fras-Le.

 A largada da corrida 1 mostrou o equilíbrio entre os 3 primeiros, de montadoras diferentes num 3wide. (Reprodução Youtube)

A princípio a equalização deu certo, com os 3 primeiros no treino de formação no grid sendo de três marcas diferentes (temos 5 marcas de fábrica e dois “independentes” no grid) e a pole do Dr. Smith, que se viaja perdido no espaço quando ataca de comentarista, de macacão e capacete ao volante do bruto, manda bem pra caramba (o adjetivo não era bem esse...).

As corridas foram bem disputadas sob o sol do planalto central. Na primeira, Dr. Smith e Beto Monteiro fizeram uma grande disputa, com os caminhões emparelhados por diversas vezes na reta dos boxes, até que na 8ª volta, o piloto da RM9 com seu VW tomou a ponta, mas não abriu vantagem, parecendo estar apenas controlando a mesma e poupando o caminhão para a corrida 2. Ganhou... mas não levou! O bicampeão da Copa Truck foi punido por uma série de advertências por excesso de fumaça. Dr. Smith herdou a vitória, com Giuliano Losacco e André Marques completando o pódio. A informação só saiu depois da corrida 2.

Na corrida 2, com os 8 primeiros em posições invertidas, ao ser dada a largada, dois dos primeiros foram engolidos ainda na reta pelos que vinham atrás. Só quem não foi superado foi Roberval Andrade com seu Mercedes. Assim como Beto Monteiro, Roberval recebeu a quadriculada em primeiro, mas logo veio o anúncio da desclassificação por excesso de fumaça. André Marques herdou o topo do pódio, num 1-2-3 da sua equipe, com Wellinglton Cirino e Giuliano Losacco.

 A largada da corrida 2 foi na base do "sai da frente que eu tô passando. Apesar disso, ninguém bateu. (Reprodução Youtube) 

A equipe do piloto do caminhão #77 vai para Interlagos, a próxima etapa no final de junho, com os 3 primeiros lugares na classificação, com o patrão na liderança (36 pontos), dois a mais que Cirino e quatro a mais que Losacco, líder da pontuação da “Super Truck”.

A Copa HB20 também estava em Goiânia, fazendo sua segunda etapa do ano. 38 carros foram para a disputa e na corrida 1, no sábado, confirmando o favoritismo após largar na pole position, Kleber Eletric venceu de ponta a ponta na categoria Pro e na geral. O piloto ainda concluiu a tarde perfeita com a melhor volta da prova, faturando também o Troféu Brazzo Volta Mais Rápida na corrida 1. Na categoria Elite, Edgar Colamarino largou na pole da categoria, mas no meio do pelotão, não conseguiu escapar ileso da confusão na primeira volta. Lucas Bornemann, 4° da Elite, assumiu a ponta, segurou a pressão de Daniel Nino até as últimas voltas, quando conseguiu ultrapassar Fernando Junior (Pro) e garantir a ponta no final. Na Super, a pole (segunda dela esse ano) Thaline Chicoski foi punida por queima de largada. Enzo Gianfratti manteve bom ritmo de prova e venceu pela terceira vez consecutiva na temporada. Mesmo pagando um drive through, a piloto do carro rosa #23 tirou o atraso e chegou em 4°. Olho nessa fera!

 Com 38 carros largando, não faltaram disputas na segunda etapa da Copa HB20 em Goiânia. (Reprodução Youtube)

No domingo, a corrida 2, depois de 15 voltas, a vitória da categoria Pro foi para Rafael Reis depois de mais uma corrida com muita disputa entre os primeiros colocados, com Alberto Catucci e Gustavo Magnabosco, mas o catarinense acabou sendo desclassificado e, no combinado dos resultados, Bruno Testa ainda lidera o campeonato com 70 pontos. Na categoria Elite o vencedor foi Daniel Nino, que resistiu aos ataques de Juba Giareta e Edgar Colamarino e ampliou a liderança na categoria, agora com 83 pontos. Na catehoria Suler, Enzo Gianfratti continuou vencendo e abriu mais distância na liderança da categoria com 90 pontos. A HB20 volta à pista em Interlagos, no final de junho.

A GT Sprint Race fez a primeira das três provas do formato Special Edition em Goiânia. Este formato é uma rodada tripla onde podem ser inscritos até três pilotos em cada carro, com cada um deles assumindo o volante em uma das provas.

A primeira corrida foi na tarde de sábado e os vencedores da corrida, disputada sob uma temperatura bastante elevada no em Goiânia exigiu muito de carros e pilotos porque a temperatura dentro da pista também foi alta. Nathan Brito foi o vencsdor na categoria PRO, Pedro Costa foi o vencedor da PROAM e Walter Lester venceu na categoria AM.

A segunda corrida foi disputada na manhã do domingo e em uma disputa emocionante ao longo das 14 voltas, com várias alternâncias de liderança, Alex Seid levou a melhor no duelo com Nathan Brito. Alex Seid, campeão da PROAM no ano passado e que faz a primeira temporada pela PRO, pulou do terceiro lugar para a ponta ainda na primeira volta. A partir daí, ele e Nathan Brito, filho do piloto Valdeno Brito, passaram a fazer praticamente um duelo à parte pela liderança. Os dois trocaram posições várias vezes, mas no final deu Alex por 407 milésimos de segundo, garantindo a primeira vitória no geral e na categoria. Pedro Aizza, o mais novo do grid, com apenas 16 anos, foi outro grande nome do dia. O piloto largou em 12º e acabou a prova com o terceiro posto no pódio geral e primeiro lugar na categoria PROAM. Na categoria AM, Walter Lester continuou vencendo seus adversários e, mesmo sob pressão durante boa parte da corrida, manteve a tranquilidade para vencer.

 Na primeira das 3 etapas da "Special Edition" da GT Sprint Race em Goiânia, com chegadas de arrepiar. (Reprodução Youtube)

Às 12:30, com transmissão ao vivo no canal Bandsports, tivemos uma corrida sensacional. Logo na largada, Thiago Camilo, que saiu em terceiro, assumiu a ponta e abriu vantagem em relação aos adversários. Nathan Brito e Pedro Costa passaram a disputar a vice-liderança. Na sexta volta, porém, Gabriel Casagrande, que  tinha saído na  17ª posição, entrou na disputa. Ele e Nathan foram atrás de Camilo e encostaram no líder na 11ª volta. Os 3 trocaram algumas vezes de posição e no final, ficaram separados por 617 milésimos. A vantagem de Camilo para Casagrande foi de apenas 113 milésimos de segundo. Na categoria PROAM, a vitória ficou com Raphael Teixeira, 49 milésimos à frente de Pedro Aizza. Na AM, o primeiro lugar foi de Cassio Cortes, esse com uma folga tranquila para Walter Lester. A GT Sprint Race tem compromisso marcado em Interlagos, no final de junho.

Sessão Rivotril.

Seguindo meu mestre inspirador, está na hora de receitar as pílulas da semana.

- Apesar da redução da pressão no turbo dos caminhões, a quantidade de quebras e abandonos continuou alto na etapa da abertura da Copa Truck. 17 caminhões terminaram a corrida 1, com 8 abandonos e um que não largou e apenas 12 a corrida 2, com 7 não largando.

- Em cada uma das corridas, tivemos três caminhões desclassificados por “excesso de fumaça”. Colocaram esse tal “sensor” no escapamento, mas para quem viu as corridas, quem viu esse “excesso de fumaça” nos caminhões de Beto Monteiro e Roberval Andrade, vencedores das corridas 1 e 2? Querem acabar com a fumaça? Instala “kit gás” nos brutos! Com caminhão à gás não vai ter fumaça. Ou então, esculhamba (o advérbio não era bem esse...) tudo de uma vez e faz uma corrida de caminhão elétrico!

 Se é pra falar de "excesso de fumaça", vamos falar sobre o assunto de maneira séria e sem margem pra dúvidas. (Imagem F1TV) 

- Será que até o final da temporada o filho do Palhaço Arrelia vai conseguir parar de chamar a Copa Truck de Fórmula Truck?

- Alô pessoal da Band: parem de imitar o que não prestava nos canais globêsticos (a segunda vogal não era bem essa...). Abrir a transmissão em cima da hora da largada e não fazer as entrevistas e pódio depois da corrida? Fala sério?

- Band, se a transmissão da programação esportiva dominical começa com a Fórmula 1, comecem a transmissão no estúdio diretamente com o Caprichoso e Cia? Poupem-nos do filho do Palhaço Arrelia e da Chapolim Colorada. A audiência agradece.

- Meus sentimentos ao Goleiro de Pebolim pelo falecimento de seu pai e parabéns pelo profissionalismo em voltar para a transmissão da corrida no domingo.

- Eu gosto do Celsinho ‘lá vão eles’, mas tá na hora de alguém na Band cair na real e deixar o apresentador nas apresentações. A narração dele com os comentários do Prosdócimo em uma corida da F2 foi no melhor estilo “perdidos no espaço” que a gente via nos canais globêsticos (a segunda vogal não era bem essa...) do ano passado. No sábado, a dupla Ivan (o grande ou o terrível?) com comentários do Mr. Burns foi a melhor da F2 este ano. Se liguem nas paradas!

- Ignorei solenemente os canais globêsticos (a segunda vogal não era bem essa...) neste final de semana. Sigam o Ogro!

Felicidades e velocidade,

Paulo Alencar