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A necessidade do combustível financeiro PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 26 May 2021 21:19

Caros Amigos, em meus momentos de socialização, sempre tem um amigo ou outro que vem falar de automobilismo e um tema que sempre volta a ser motivo de conversa é o fato de cada vez mais termos pilotos pagantes e estes pagando cada vez mais para chegar à Fórmula 1.

 

Eu costumo abordar este aspecto por dois pontos que são análogos e ao mesmo tempo distintos. o primeiro é: até onde este assunto viria aos nossos diálogos se entre os beneficiados do “combustível financeiro” fossem Felipe Nasr (que deixou a categoria por falta deste recurso) e/ou Sérgio Sette Câmara (hoje na Fórmula E, que também não teve como “comprar um lugar” na principal categoria do automobilismo mundial)?

 

O segundo, e que muitos não fazem ideia de até onde isso é antigo, passa pelo fato de que “pilotos pagantes” sempre existiram na Fórmula 1 e que isso não é coisa recente. Wilson Fittipaldi Jr. foi piloto pagante na Brabham de Bernie Ecclestone quando foi companheiro do argentino Carlos Reutemann. Nos anos 70 havia uma equipe – a BRM – que tinha o patrocínio da mesma marca de cigarros que estampava suas cores na McLaren desde a chegada de Emerson Fittipaldi em 1974, e que alinhava diversos carros no grid, sempre com um ou dois pilotos fixos e os demais pagantes, que corriam ou algumas provas ou mesmo toda a temporada.

 

Para nós, brasileiros, ir correr na Europa sempre custou dinheiro e nunca foi barato, guardados os valores de cada época. Nelson Piquet e Ayrton Senna tiveram patrocinadores brasileiros no início de suas carreiras nas categorias de base e no caso de Ayrton Senna, ao longo de sua carreira, estampava no macacão e usava o boné de um banco brasileiro. Esses patrocínios, para estes e tantos outros pilotos ao longo dos anos 70/80/90 fizeram diferença e criaram oportunidades.

 

A Petrobras foi a última grande patrocinadora brasileira no automobilismo nacional. Em 2019, o atual presidente da república cancelou o contrato da petrolífera nacional com a McLaren e o programa de desenvolvimento de combustíveis diferenciados, mas também atingiu as categorias de base no Brasil, com o fim do patrocínio da seletiva brasileira de kart que levava o nome da petrolífera.

 

Algumas semanas atrás, escrevi neste nosso espaço semanal sobre a falta de um grande patrocinador nacional para investir na carreira do brilhante kartista Rafael Câmara e citei como fez e faz falta o patrocínio, ainda nas categorias de acesso, para nossos bons valores. Enzo Fittipaldi havia desistido da FIA F3, voltou na semana que antecedia a abertura do campeonato para a equipe Charouz que precisava fechar com mais dois pilotos (o outro foi o norte americano Logan Sargeant) para completar o time na temporada. Igor Fraga, que derrotou na pista, em condições semelhantes de equipamentos, o mexicano Pato O’Ward (hoje estrela ascendente na F. Indy) e Liam Lawson (um dos líderes do campeonato da FIA F2) ficou a pé em 2021 e está restrito aos campeonatos de automobilismo virtual.

 

E também mencionei o caso Gianluca Petecof, que depois de vencer o campeonato da F. Regional Europeia, ficou sem patrocínio para correr na FIA F3 pela equipe Prema, seu lugar de direito como campeão pela mesma equipe em 2020, e apostou alto indo para a FIA F2 pela equipe Campos (a mais fraca do grid). A aposta tinha “prazo de validade e uma condicionante”: o piloto brasileiro precisava trazer patrocínios para a equipe e tinha prazo para isso. Ter ido para a pista em Mônaco foi quase um bônus e a participação em Baku, no Azerbaijão, no início de junho é financeiramente improvável.

 

É sabido que a situação financeira no Brasil é difícil, com os entraves causados pela pandemia, os distúrbios financeiros, éticos e políticos, especialmente na última década, a atual cotação do dólar, mas será que no país não existem 30 empresas nacionais, bancos, exportadores de commodities para formarem 3 grupos de 10 empresas cada e investirem em uma quota de 300 mil dólares por empresa para, com um patrocínio de 3 milhões de dólares nossos pilotos tivessem um suporte para as Fórmulas 3 e 2, ou quem sabe, dois pilotos receberem a quota completa e outros 2 receberem esta quota para disputarem a FIA F4 e a F. Regional?

 

Será que não existe um empresário, promotor ou profissional no meio do automobilismo capaz de liderar um projeto como esse no Brasil? Um ex-piloto como, por exemplo, Felipe Massa, teria igual credibilidade. Que a falta de combustível financeiro não levará nossos pilotos para frente, não é difícil de entender, mas é preciso que se faça algo para a mudança do atual cenário.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva