Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
Uma Fórmula pra chamar de sua PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 11 July 2021 22:23

Na minha geração e até na dos meus pais, a dupla Roberto e Erasmo Carlos fazia um sucesso enorme. Eu sou da época da Cavalgada e outros sucessos e de um tempo que a dupla já não fazia tantas coisa juntas, mas quem foi jovem na segunda metade dos anos 60 assistia o programa da jovem guarda. Apesar de Roberto Carlos ter feito mais sucesso e a carreira desvinculada mais bem sucedida, eu sempre fui fã do ‘Tremendão’, com aquele jeito “cachorrão da noitada”... apesar de baixinho eu me identificava. 

 

Este ano o ‘Tremendão’ está completando 80 anos e minha mulher, que também gosta das músicas dele fez uma play list com as composições mais – como diria – “a cara do cara”, tipo aquela pra Roberta Close (os mais velhos sabem de quem estou falando), e uma que eu cantava pra ela e canto até hoje, que é “Mesmo que seja eu”. E sou eu mesmo há mais de 20 anos, entre namoro noivado e casamento.

 

Na semana passada meu primo, Fernando, passou para mim um assunto que ele disse ter mais a ver com meu perfil de coluna (vamos ver se os leitores concordam): porque não formamos mais pilotos para correr na Europa? Bem, fui fazer uma pesquisa e pedi ajuda para nosso especialista no assunto, Genilson Santos. A resposta não foi nada boa.

 

Este ano o Brasil não tem nenhum piloto correndo nas principais categorias da FIA Fórmula 4 na Europa (Itália, Alemanha, França e Espanha). Temos o filho adolescente do Emerson Fittipaldi – Emmo Jr – correndo na Fórmula 4 da Dinamarca, que fui assistir uma corrida antes de escrever e a prova parecia ser num desses percursos de mini buggy que a gente andava nas feiras e festas.

 

 Em 2018 tínhamos representantes na F4 italiana. Liderando, Gianluca Petecof, seguido por Enzo Fittipaldi.

 

Na Inglaterra tem um piloto do Rio de Janeiro – Roberto Faria – correndo na Fórmula 3, que já foi a principal categoria de acesso à Fórmula 1, e que vem muito bem como pude ver no youtube. E nos Estados Unidos, temos um piloto de São Paulo – Gabriel Fonseca – que vem conseguindo marcar pontos na FIA Fórmula 4 estabelecida nas Américas. Não vou incluir nesta lista o piloto pernambucano – Kiko Porto – que corre nas categorias de Base da Fórmula Indy, que é um outro caminho.

 

Um degrau acima, temos Gabriel Bortoleto e Eduardo Barrichello correndo na Fórmula Regional Europeia. Na FIA Fórmula 3 temos Enzo Fittipaldi e Caio Collet e na FIA Fórmula 2 temos Felipe Drugovich e Guilherme Samaia. São seis pilotos em três categorias diferentes, mas nesta mesma conta podemos colocar os pilotos que não conseguiram patrocínio para continuar competindo, casos dos vencedores Igor Fraga e Gianluca Petecof ou, como fez Pedro Piquet expôs de forma dura e crua a realidade financeira para se chegar à Fórmula 1.

 

Aqui no Brasil, onde tudo é culpa da CBA, falta uma categoria de Fórmula que consiga ser uma catapulta para se mandar pilotos para o exterior como foram a Fórmula Vê e Super Vê, Fórmula Ford, Fórmula Chevrolet e Fórmula Renault entre os anos 70 e o início dos anos 2000 ou como se deteriorou a Fórmula 3 nacional, sem conseguir acompanhar as evoluções dos carros da categoria em outros países.

 

 Nos anos 70 a Fórmula Super Vê esta escola no Brasil. Em 1976, Nelson Piquet foi campeão e seguiu para a F3 europeia.

 

Mas como o Brasil é pródigo em ideias e empreendedores, temos várias categorias de Fórmula... que, como a música do ‘Tremendão’, seus donos as tem para chamar de sua (ou alugar para quem se interessar). Fui pesquisar e vi que, os carros e Fórmula no Brasil começaram a surgir nos anos 60, com a Fórmula Jr. Depois surgiu a categoria Fórmula Vê, que teve os irmãos Fittipaldi como um dos construtores na segunda metade dos anos 60.

 

Atualmente temos uma grande quantidade de categorias de Fórmula no Brasil, todas prometendo preparar os seus pilotos para correrem em categorias mais fortes. Se isso é ou fosse realmente verdade, porque não temos pilotos saindo do Brasil com nas décadas anteriores onde, ao invés de várias categorias, tínhamos uma ou duas? Será que ninguém vê que a coisa não funciona?

 

Em São Paulo temos uma “reedição” da Fórmula Vê, um formato de categoria com carros de construção simples e e barata, sem aerofólios e com pneus de carros de rua, existente em vários países e que um cidadão – pelas minhas informações vindas de Interlagos não muito abonadoras – “trouxe de volta”, mas que após uma grande arrancada de sucesso, com um grid cheio, um “racha” entre o dono da categoria e um grupo de pilotos “criou uma categoria dissidente”: a F1600.

 

 Hoje temos categorias como a F1600 e a FVee no campeonato regional de São Paulo, mas estamos longe do que havia no passado.

 

Atualmente a “categoria dissidente” tem um grid de 25 carros (em média), enquanto a “categoria original” – que atualmente está arrendada para um grupo chamado FPromo – teve 10 carros na última corrida, mas é comum as duas largarem juntas nos eventos em Interlagos, por similaridade e para ser possível colocar mais categorias para correr nos eventos da FASP.

 

Ainda existem duas categorias que são “filhas do mesmo pai”: a Fórmula Inter e a Fórmula Delta. Ambas tiveram a mão do construtor João Minelli em seus projetos, sendo a última a que o projetista e construtor está mais envolvido. Ambas tem o mesmo objetivo das duas categorias anteriores, mas os carros são mais complexos, com aerofólios na frente e atrás, mais recursos para o piloto mexer e no caso da Fórmula Delta, os carros possuem o “halo”. As duas categorias tem grids pequenos, com algo em torno de 10 carros por etapa.

 

 A Fórmula Delta, com carros que já possuem o 'halo', tem um grid pequeno e não consegue atrair muitos pilotos.

 

Isso ainda é bem melhor do que a “Superfórmula Brasil”, categoria que também participa do regional paulista com os antigos carros da Fórmula 3 e que tem em Darcio dos Santos seu organizador. Os grids não chegam a 5 carros por evento uma vez que o outro grande proprietário de equipe a Fórmula 3, Augusto Cesário, optou por não se envolver no projeto. Eventualmente, Darcio dos Santos ainda faz sessões de treinos privados para pilotos interessados.

 

Além de São Paulo, temos no Rio Grande do Sul a Fórmula Jr. Vendo o caso das categorias em São Paulo e o retorno para seus promotores – que compensa, mesmo com grids pequenos – a dupla Cláudio Fontoura e Neco Fornari relançaram em 2021 a Fórmula Jr. 1.4. Em um estado que tem 4 autódromos (5 se contarmos o fronteiriço Rivera, no Uruguai), com um aluguel e carro – por etapa – prometido para R$ 5.600,00. O site da FGA não registra nenhuma corrida disputada.

 

 Durante algum tempo tivemos os antigos carros da F. Jr. fazendo o regional gaúcho. tentaram voltar em 2021, mas ainda não correram.

 

Como diria, parafraseando a música do ‘Tremendão’, todos esses promotores fizeram seus castelos, sonhando vencer o dragão das concorrentes, mas ao acordar, descobrem serem pequenos no silêncio de sua solidão e se desesperam por não conseguir se fazer grande, mas insistem em fazer uma ‘Fórmula’ pra chamar de sua ao invés de, se agissem com mais inteligência e menos vaidade, poderiam juntar esforços e fazerem uma FIA Fórmula 4 sulamericana. Os novos carros, com ‘halo’ estão sendo lançados agora em 2021. O momento é agora!

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. 

  
Last Updated ( Sunday, 11 July 2021 22:55 )