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Lewis Hamilton não foge à luta PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 13 July 2021 23:04

Olá fãs do esporte a motor,

 

A Fórmula 1 viveu “um momento NASCAR”, com três corridas em finais de semana consecutivos como no ano passado, quando começou a temporada apenas em julho. Isso nunca havia acontecido antes e, com os planos de aumentar o número de corridas no calendário, pode vir a se tornar regra ao invés de exceção.

 

O que já virou regra (ou quase) foram as sessões virtuais com meus pacientes que moram ou correm fora dos Estados Unidos. Os que moram aqui, com o controle da pandemia e a vacinação em massa, a partir deste mês eu voltei a fazer consultas presenciais, desde que o paciente tenha tomado as duas doses da vacina como eu. Bubba Wallace, James Hinchcliffe, Jimmie Johnson, Romain Grosjean (não vou colocar a lista inteira) já vieram a San Diego nos últimos dias e agora eu estou sendo desafiada a mesclar e organizar com a Constanza, minha secretária, a agenda para as sessões presenciais e virtuais. Eu amo o que faço!

 

Entre as consultas desta semana eu acabei trocando de planos e adiando o partilhamento de uma consulta presencial por uma virtual em função dos assuntos falados terem sido, além de muito interessantes, envolverem duas situações que o esporte a motor está vivenciando nas últimas semanas que até o meu orientador de tese do Doutorado que estou fazendo vir me perguntar sobre o assunto.

 

 Após três vitórias de Max Verstappen e uma Red Bull mais rápida que a Mercedes, Lewis Hamilton saiu incomodado da Áustria.

 

Depois de três finais de semana imersos no ambiente de suas equipes, todos os meus pacientes correram para o meu Divã antes do GP da Inglaterra e eu não poderia deixar de partilhar a sessão que tive com Lewis na quarta-feira após a segunda corrida na Áustria e a sua terceira derrota consecutiva para Max Verstappen (que um dia eu ainda colocarei nesse Divã, nem que seja amarrado! Hahaha).

 

Desde o início do ano uma das temáticas abordadas em nossas sessões vinha sendo a motivação para continuar na Fórmula 1 e Lewis, depois de renovado seu compromisso – mesmo que por um ano – com a Mercedes, sentiu-se desafiado com as mudanças que o regulamento sofrerá para 2022, com a configuração dos carros, os novos pneus de 18 polegadas de diâmetro da roda e ele deixou isso claro ao se oferecer para fazer os testes com os novos pneus. Eu sei bem que ele não gosta de ir para a pista fazer este tipo de trabalho, mas isso já foi um sinal do que haveria por vir.

 

 Apesar da atual mudança de forças na categoria, há nos que Lewis vem se tornando uma pessoa mais tranquila na vida.

 

Lewis se diverte com as especulações que a mídia faz sobre seu futuro e suas possíveis decisões profissionais. Acha os jornalistas muito criativos e até me inclui nisso quando vê a forma como redijo minhas colunas sobre as sessões dele e com os outros pilotos (que nível de leitores tem nosso site, não?) e mais ainda como eles tentam redirecionar as coisas depois que um fato muda toda a linha de raciocínio. Rindo, ele diz que é como um gato age e reage ao ver o Roscoe (seu cão), com passos inseguros temendo um ataque ao passo que Roscoe os ignora completamente.

 

Poucos – ou nenhum deles – perceberam que aquele era um sinal na direção contrária nas especulações de que Lewis encerraria a carreira no final da temporada de 2021. Menos de seis meses após encerrar uma novela que se arrastou por todo intervalo sem corridas após 2020, ele e a Mercedes firmaram um contrato de dois anos, até o final da temporada de 2023. Ou seja, dois anos correndo sob o novo regulamento e sobre o qual a equipe tem concentrado esforços para continuar sendo um time vencedor.

 

 Quem achava que esta seria sua última temporada na F1, errou redondamente. Lewis continua focado em vitórias e títulos.

 

Além do desafio, existe um sentimento de gratidão com a Mercedes – que ao final do novo contrato, terá sido estabelecido um recorde de permanência de um piloto em uma mesma equipe na Fórmula 1, com 11 anos – para onde foi levado por Niki Lauda e lá conquistou 6 dos 7 títulos mundiais que possui, além da maioria de suas poles e vitórias. Somando-se a questão de que o processo de negociação de contrato para 2021 foi demasiado longo – e desgastante – para as duas partes, ter esta quês tão definida ainda na metade de 2021 deixaria Lewis ainda mais e melhor focado no que faz de melhor: pilotar.

 

A relação entre Lewis e Toto Wolff, seu chefe, mudou ao longo dos últimos anos, especialmente depois da saída de Nico Rosberg da equipe e da categoria e ainda mais depois da morte de Niki Lauda. Um grau de cumplicidade se estabeleceu e este laço, que muitos pensavam ter se rompido depois da tensa negociação de renovação de contrato entre 2020 e 2021, ficou ainda mais forte. Este também foi um fator que pesou para que o novo contrato fosse assinado ainda em julho.

 

 A relação com Toto Wolff ganhou um outro platamar nos últimos anos e este novo contrato assinado deixou isso bem claro.

 

Evidente que outros pontos vieram à pauta na nossa última sessão e o fato de ter sido superado Max Verstappen da Red Bull nas últimas corridas preocupa, mas Lewis não vê as três vitórias da equipe rival como uma entrada da Mercedes – e dele – em uma espiral negativa. Na verdade, ele sente-se mais estimulado do que nunca em enfrentar esta situação de “ser o homem a ser batido e ter alguém, em outra equipe, em condições de realmente faze-lo”. Para ele é diferente do que foi em algumas situações do passado onde enfrentou rivais da mesma equipe. O equipamento era o mesmo e se tem o conhecimento do que este equipamento pode entregar ou não.

 

 Lewis Hamilton tem em Valtteri Bottas um bom companheiro de equipe e um ambiente mais tranquilo do que tinha com Nico Rosberg.

 

Lewis teve na Mercedes Nico Rosberg como companheiro de equipe e desde 2017 tem Valtteri Bottas, a quem respeita muito e considera uma grande pessoa e um grande piloto. Ele deixou claro que não vai interceder ou interferir em qualquer decisão da Mercedes sobre quem vai ser seu companheiro de equipe na temporada de 2022 (e eu me arrependo muito de não ter feito um print da minha cara quando ele falou isso... hahaha).

 

Valtteri é um bom piloto, sem dúvidas, mas é um companheiro de equipe que Lewis já conhece bem e sabe como superá-lo. Algo que seria diferente caso chegasse um novo piloto na equipe e George Russell está aí, tendo grandes performances com um carro limitado e que, não fossem os erros – inacreditáveis e incompreensíveis – da equipe no Bahrain no ano passado, poderia ter ganho a corrida em que substituiu Lewis, acometido de Covid19.

 

 George Russell é - a princípio - o próximo titular na equipe Mercedes, só não se sabe se em 2022. É uma questão de tempo.

 

Experiente e analítico, Lewis tem observado bastante esta nova geração de pilotos que está procurando seu espaço na Fórmula 1. Charles Leclerc, Carlos Sainz, Pierre Gasly, George Russell, Lando Norris e – evidentemente – Max Verstappen não são promessas e sim a realidade. Não são o futuro, mas o presente da categoria. Continuar andando na frente destes pilotos é um dos grandes estímulos que Lewis tem para continuar pilotando e vencendo. Eu falei sobre um verso do hino nacional brasileiro e ele se identificou, deixando bem claro que a vez deles está chegando... mas ainda não chegou!

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares