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Hamilton vs. Verstappen – GP de Silverstone 2021: Analisando a análise PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 12 August 2021 20:06

A FIA que me desculpe, mas a CBA teria sido mais justa!

 

Antes de começar a escrever, vi, li, ouvi, (acho que até sonhei), com tanta polêmica sobre o acidente (???) entre Hamilton e Verstappen. (acidente = o imprevisto acontecendo).

 

Não tenho a pretensão que esta coluna faça alguém mudar de opinião, porém, talvez traga um melhor entendimento sobre o procedimento adotado pelos Comissários Desportivos daquela prova e uma explanação do que ocorreria caso o julgamento fosse realizado pelos comissários da CBA aqui no Brasil.

 

Interpretação da ocorrência ou avaliação técnica?

Aqui no Brasil, imagino que a maioria dos comentários que escutamos ou lemos, foi realizado através de interpretações, porém, lá na Torre de Direção de Provas, no “Race Control” da corrida, os Comissários têm acesso a várias imagens, telemetria, depoimentos, fatos que fazem com que eles possam julgar tecnicamente e com mais “justiça” do que nós, que temos apenas as imagens da TV e por vezes as informações dos próprios “juízes”, os Comissários Desportivos.

 

  Na seqüência de fotos, a imagem da câmera do carro de Lewis Hamilton e da Red Bull nos pneus (F1Pro/Herbergmentweb)

 

Então, vamos analisar pelo que vimos e ouvimos aqui, mas antes, vou comentar o subtítulo desta coluna, e dizer o porquê eu falo que a CBA seria mais justa na penalização:

 

Partindo do princípio de que o Hamilton foi considerado culpado na ocorrência, se fosse aqui no brasil ele seria excluído da prova. Está previsto no CDA, Código Desportivo do Automobilismo e é uma prática comum dos nossos Comissários, penalizar de acordo com o prejuízo causado, ou seja, se o Hamilton foi considerado culpado, e foi, pois recebeu uma pena de 10 segundos, então, sendo culpado, se fosse em um campeonato brasileiro, a  pena dele seria exclusão da prova, já que o acidente que ele causou tirou o adversário da corrida. Por isso eu disse que no Brasil a pena seria mais justa, a se considerar que o Hamilton foi realmente culpado na ocorrência. Notem que eu estou me referindo ao fato sempre como “ocorrência”, pois se fosse acidente, como o próprio nome diz, muito provavelmente não haveria culpado ou vítima, pois teria sido um acidente!

 

  Race control da CBA montado em Interlagos

 

... mas o Hamilton foi culpado mesmo?

 

Se formos nos basear pelas informações da internet, poderemos ter 3 interpretações diferentes, o Hamilton culpado, o Verstappen culpado ou acidente de corrida, onde não há culpados.

 

Porém, ao ver várias postagens feitas sobre esta ocorrência, sinto que devo desprezar algumas delas, pois são completamente “tendenciosas”, algumas de fãs, que torcem por seus ídolos a qualquer custo e outras com interesses diversos, que podem ser desde patrocinadores interessados em preservar suas marcas ou até de promotores com interesse pelo show. Então, vou tentar me concentrar nas informações oficiais, e uma delas, que me causou maior estranheza, nem foi sobre a ocorrência e sim pela forma que foi feito o julgamento. Segundo o Diretor de Provas da Fórmula 1, Michael Masi, o julgamento na F1 é feito apenas observando a ocorrência e não o resultado ou prejuízo causado. Algo que aqui no Brasil é bem diferente, como já foi dito acima, aqui os Comissários tentariam penalizar de uma forma em que o causador do “acidente” tenha pelo menos, o mesmo prejuízo desportivo que causou a “vítima” (acho muito mais justo que seja assim).

 

E, sobre a ocorrência efetivamente, o Hamilton foi culpado ou não?

 

Minha “interpretação” coincide com o julgamento dos Comissários da FIA, na verdade, a maioria das pessoas com quem conversei sobre a ocorrência, todos ligados ao automobilismo (oficiais de competição e pilotos), acreditam na culpa do Hamilton.

 

Para esclarecer melhor, e deixar claro que nossa avaliação foi completamente “interpretativa”, pois não tínhamos os mapas da telemetria para julgar tecnicamente, então, pela visão apenas das imagens, fizemos “um simulado” em duas etapas, o primeiro, como se tivéssemos que julgar de imediato, apenas com a primeira imagem vista pela TV, e a segunda, com a liberdade de observarmos as imagens várias vezes, inclusive em câmera lenta.

 

  Michael Masi, diretor de Corridas da FIA na Fórmula 1 (Foto: site Formula1.com)

 

No “imediato”, entre os cinco que estávamos assistindo a corrida ao vivo, teríamos no primeiro momento, 3 votos para o Hamilton culpado, 1 para o Verstappen culpado e 1 acreditando que foi “coisa de corrida”.

 

Quando observamos com todas as tecnologias que tínhamos, mas ainda sem a telemetria, tivemos uma mudança e ficou 4 acreditando na culpa do Hamilton e 1 achando que foi coisa de corrida.

 

Vejam que, apesar de 80% contra 20%, ainda assim temos divergências de interpretações, e isto se encaixa no que eu sempre falo: “as interpretações são feitas de acordo com o conhecimento e principalmente as experiências de cada um”, por isso, que também se faz uso de toda tecnologia existente para se tentar ser o mais justo possível.

 

A tecnologia da Fórmula 1 é tão avançada, que vi há pouco uma imagem com as sobreposições dos carros, tanto do Verstappen, quanto da Hamilton, demonstrando o caminho de cada carro em voltas anteriores. Desta forma, fica bem visível o carro que estava fazendo o caminho semelhante às voltas anteriores e o carro que estava fazendo um caminho diferente. É muito mais fácil avaliar assim e podemos deixar as interpretações de lado, já que elas geram tantas polêmicas.

 

Em resumo, na minha “interpretação”, os Comissários da Fórmula 1 acertaram no laudo, mas erraram na pena.

 

.... nos “bastidores”,

O que eu falo nos bastidores?

 

Quando estou com meus amigos, nos bate papos informais, eu digo o que realmente penso, motivado principalmente pela minha experiencia de mais de 40 anos de automobilismo, digo que o Hamilton sabia exatamente o que estava fazendo, deixou o carro “escapar” um pouco da trajetória para realmente não dar chance para o Max Verstappen ultrapassá-lo, pois se quisesse, teria feito uma trajetória na qual não aconteceria o toque!

 

Já o Verstappen, foi otimista demais ou ingênuo demais acreditando que o Hamilton seguraria o carro para não bater nele.

 

Todos nós sabemos do risco que se corre ao fazer uma ultrapassagem por fora numa curva!

 

É isso!

 

Sergio Berti

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.