 Caros Amigos, Quando completamos 10 anos de casados, eu e minha esposa nos demos de presente uma segunda lua de mel e – com a saúde financeira mais consolidada – fomos longe: passamos 9 dias no Japão!
Além das experiências e paisagens inesquecíveis, a maravilhosa cultura e sabedoria oriental foi uma verdadeira aula de civilização para nós, ocidentais deslocados que tentavam – em vão – se misturar aos formigueiros humanos nas ruas de Tókio, Kobe e Nagoya. Nos lugares onde circulamos algumas coisas chamavam a nossa atenção e contrastavam com a nossa cultura nacional. Nos locais públicos, por maior que fosse a aglomeração de pessoas, o volume da voz das pessoas que conversavam era extremamente baixo, muito longe da algazarra quase italiana que vemos em nossas ruas, restaurantes e outros lugares. O respeito e a educação entre as pessoas, especialmente para com as pessoas mais velhas é um exemplo para todos em qualquer lugar. Entretanto, uma das coisas que nos chamaram atenção foi ver pessoas com máscaras nos rostos. Procuramos entender o motivo daquelas pessoas estarem assim em vagões dos metrôs e trens, nas ruas... a resposta foi contundente: em geral eram pessoas resfriadas ou com alguma outra doença e que faziam o uso da máscara para não espalharem os vírus. Esta semana tivemos duas notícias em direções completamente opostas: No início da semana, o governador de São Paulo, João Dória, anunciou que o GP São Paulo (sim, não mais GP Brasil) de Fórmula 1 deverá ter 100% do volume e ingressos vendidos para a corrida, programada para acontecer no dia 7 de novembro, mas que o governo está tentando alterar a data para o domingo seguinte, aproveitando o fato do dia 15 de novembro ser feriado nacional e isso poder alavancar o fluxo de turistas à capital do estado. O contraponto (na verdade contrasenso) no anúncio foi o “cumprimento dos protocolos sanitários”, completamente ignorado nas palavras do governador, que projetou a vacinação de toda a população paulista com duas doses até o final de outubro, desconsiderando o afluxo de pessoas vindas de outros estados. Se a preocupação na mudança da data é atrair turistas, com o evento da Fórmula 1 sendo transferido para a véspera de um feriado nacional, falar sobre a vacinação local e algo – no mínimo – incoerente (como se pudéssemos esperar coerência vinda da classe política brasileira). Na contramão, após a realização dos jogos olímpicos e que ainda realizará os jogos paralímpicos, sem público e que mesmo assim, viu um crescimento na curva de contágio do coronavírus na sua capital, o governo japonês, em acordo com os promotores da corrida, decidiram anunciar o cancelamento da GP do Japão de Fórmula 1 em vista do aumento de casos nas últimas semanas. Segundo o governo, que classifica a proporção atual de registros da doença como sendo algo sem precedentes, o assustador número com mais de 1600 pessoas infectadas com o coronavírus e internadas em estado grave, o maior número desde o começo da pandemia. Em abril, o Japão chegou a alcançar a marca recorde diária de 3,2 mil casos; hoje, essa taxa chegou aos 20 mil infectados por dia – sendo 4,5 mil só em Tóquio, capital e sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. O país registra ao todo mais de 1,2 milhão de casos e 15 mil mortes. O Japão tem uma população de 126 milhões de habitantes. Algo como 60% da população brasileira em uma extensão de terra enormemente menor. Nesta quarta-feira, dia em que fecho nossa coluna semanal, o Brasil teve 41.714 casos registrados (um número proporcionalmente semelhante se considerarmos a população dos dois países) e 1.064 óbitos (u número negativo muito maior do nosso lado). E enquanto os governantes japoneses, em conjunto com os promotores da corrida decidiram por seu cancelamento, no Brasil, os governante e promotores querem a realização da corrida, com lotação completa do autódromo e em uma véspera de feriado. Falta cultura, falta bom senso, falta sabedoria e sobram contravalores que fariam os japoneses arregalar os olhos. Um abraço e até a próxima, Fernando Paiva |
