Olá leitores! Final de semana campeão, com títulos, com belas corridas, faltou pouco para ser quase perfeito (afinal, lembremos, a perfeição não existe). Tivemos a última etapa dos campeonatos do WEC e da NASCAR, a penúltima etapa do Mundial de Motovelocidade e um verdadeiro jogo de xadrez na altitude da Cidade do México, em uma corrida surpreendentemente boa para os padrões recentes da categoria. Começando com o WEC, que decidiu seus campeões na prova 8 Horas do Bahrein. Na Hypercar, a vitória da corrida ficou com o Toyota #8 de Sébastien Buemi, Brendon Hartley e Kazuki Nakajima, mas o título de pilotos foi para o trio do carro que terminou em 2º lugar, o Toyota #7 de Mike Conway, Kamui Kobayashi e “Pechito” López, que terminaram a corrida com 6 voltas de vantagem para o 3º colocado na geral, o Alpine #36 de Nicolas Lapierre, André Negrão e Mathieu Vaxivière, que tiveram que fazer uma corrida de recuperação após perder 4 voltas nos boxes consertando o câmbio que apresentou problemas. Com esse resultado, o brasileiro e seus companheiros de carro #36 terminaram em 3º no campeonato da Hypercar. Na LMP2, a disputa era entre os pilotos das equipes Jota e WRT, com os pilotos da Jota necessitando de um resultado melhor que os da WRT. Pois bem, só que a vitória da categoria na última corrida do ano ficou justamente com o carro #31 da WRT, assegurando o título para o trio Robin Frijns, Ferdinand Von Habsburg e Charles Milesi com 20 pontos de vantagem sobre o trio do carro #28 (Tom Blomqvist, Sean Gelael e Stoffel Vandoorne), que terminou a corrida em 3º lugar. O degrau intermediário do pódio ficou com o carro #38 da Jota, pilotado por António Félix da Costa, Anthony Davidson e Roberto González, que terminaram em 3º na pontuação final do campeonato. Uma despedida digna para Davidson, que anunciou que está se aposentando como piloto profissional. Na GTE-Pro a disputa pelo título esquentou... o título estava entre o Ferrari #51 da AF Corse, pilotado por James Calado e Alessandro Pier Guidi, e o Porsche #92 de Michael Christensen/Kévin Estre/Neel Jani, e aconteceu um toque entre eles. Como o carro #92 rodou, o carro #51 teve que devolver a posição, isso foi feito... entretanto como o carro #92 teve que parar para um “splash-and-go” pra completar a prova e não parar por pane seca, quem venceu a disputa entre ambos foi o #51. A equipe oficial da Porsche achou que deveria fazer um protesto formal à FIA para solicitar nova punição ao Ferrari #51 (que já tinha sido punido, vamos deixar claro) e por enquanto o título da dupla Calado/Guidi está pendente de confirmação no tribunal de apelações da FIA. Nessa corrida, em 3º no pódio da categoria chegou o Ferrari #52 de Miguel Molina e Daniel Serra. Serrinha e Molina acabaram o campeonato na 4ª colocação entre os pilotos, prejudicados pelo mau resultado das 24 Horas de Le Mans, evento com pontuação em dobro. Na GTE-Am vitória da AF Corse, Nicklas Nielsen/François Perrodo/Alessio Rovera venceram na categoria e carimbaram a conquista do título, com grande vantagem sobre o trio vice-campeão Felipe Fraga/Ben Keating/Dylan Pereira, que tiveram que abandonar a corrida após pouco mais de 6 horas de corrida por conta de danos na suspensão. Quem também não se deu muito bem na prova foi o trio Augusto Farfus/Marcos Gomes/Paul dalla Lana, apenas 11º lugar na categoria, também prejudicados por levar a pior em contatos com outros carros em disputas de posição. O Mundial de Motovelocidade foi até a bela pista de Portimão, no Algarve, para disputar a penúltima etapa do ano, com o campeonato da categoria principal decidido, mas com os outros títulos em aberto. Na Moto3 a decisão foi influenciada por um fator externo: Pedro Acosta e Dennis Foggia disputavam a liderança, quando Darryn Binder não apenas errou na freada da curva 3 como errou em grande estilo, derrubando Foggia (que acabou levando com ele Sérgio García) e decidindo ali o título, já que com a vitória Acosta não teria mais como ser alcançado na pontuação na última corrida do ano. A propósito, deixo bem claro que fui totalmente contra a atitude do pessoal da Leopard Racing de impedir a entrada de Binder na garagem da equipe quando ele foi tentar pedir desculpas pela... burrada, digamos assim. Foggia deveria ter tido a chance de descer o braço no Binder, mesmo correndo o risco de sofrer punição da FIM posteriormente. A punição da FIM é passageira, mas o dente quebrado pelo soco no rosto o Binder levaria para o resto da vida para se lembrar de não fazer mais... bobagem. Com a vitória, Acosta se tornou o primeiro estreante a ser campeão na categoria de acesso do Mundial de Motovelocidade desde Loris Capirossi... e isso não é pouca coisa. Acosta comemorou no pódio acompanhado por Andrea Migno na 2ª posição e por Nicollò Antonelli na 3ª posição. Na Moto2 a disputa pelo título ficou para semana que vem, na última etapa da temporada: Remy Gardner fez a parte dele, vencendo a corrida, porém seu principal rival teria que chegar do 3º lugar para baixo para o título ser decidido nesse domingo... e Raul Fernandez terminou na 2ª posição. Não que Gardner precise se esforçar muito em Valência, afinal a vantagem sobre Fernandez é de 23 pontos e a vitória rende 25 pontos... chegando de 13º pra cima, Gardner é campeão. Foram acompanhados no pódio por Sam Lowes, que no fim até tentou passar Fernandez mas ficou apenas na tentativa mesmo, tendo de se contentar com o 3º lugar. Na MotoGP, título já garantido, a disputa é pelo vice campeonato de pilotos e pelo título de Construtores... ou era: com a vitória de Francesco Bagnaia e o 3º lugar de Jack Miller, a Ducati garantiu o título de construtores. A dupla da Ducati foi acompanhada no pódio por Joán Mir (Suzuki), que ainda mantém chances matemáticas de ser vice-campeão, mas precisa contar com o azar (ou tombo...) de Bagnaia. E após garantir o título, essa foi a primeira corrida do ano em que Quartararo não pontuou... e convenhamos, agora ele pode cair sem problemas. Fórmula Um teve uma corrida absolutamente atípica no México, haja vista que não tivemos a incômoda e inoportuna interferência dos comissários de pista no resultado ou no desenrolar da corrida, algo muito raro de acontecer nos últimos tempos. Uma vitória magistral, maiúscula, de Max Verstappen, fazendo por merecer o refrão da música que os holandeses fizeram para ele o chamando de “Super Max”. Largou bem, não o suficiente para se aproveitar do vácuo na longa reta de largada e passar os carros da Mercedes logo ali, mas o suficiente para ter a chance de frear pra lá de Deus-me-livre na primeira curva, efetuar a ultrapassagem por fora, assumir a ponta e lá permanecer até a bandeirada, com exceção do momento de parada obrigatória para troca de pneus. Para alegria da torcida local, Sérgio Pérez não apenas subiu ao pódio no fim da corrida ao terminar em 3º lugar como liderou algumas poucas voltas entre Max parar para troca de pneus e ele mesmo parar. Talvez a Red Bull tenha errado com a estratégia do Pérez, poderia ter chamado ele pra troca de pneus logo após Hamilton (que chegou em 2º, mas parecia que tinha perdido um parente muito querido no pódio, tamanha a expressão de tristeza no pódio), mas de qualquer forma acabou sendo um grande resultado para “Checo” perante sua torcida e seu pai (que se encontrava nos boxes da equipe e comemorou muito com o filho após a bandeirada). Excelente resultado para Pierre Gasly, 4º colocado à frente da dupla da Ferrari, que cruzaram a bandeirada em 5º (Leclerc) e 6º (Sainz Jr.) lugares. Vettel foi grandioso com a Aston Martin e conseguiu um grande 7º lugar, seguido por um impressionante Kimi Räikkönen levando seu Alfa Romeo aos pontos novamente com um 8º lugar. Alonso ao final da corrida estava feliz com o 9º lugar conquistado, e Lando Norris até fez uma boa corrida terminando em 10º lugar, haja vista que largou em 18º. Triste para Ricciardo, que acabou envolvido no acidente logo após a primeira curva com o Bottas e perdeu pressão aerodinâmica no carro – algo desagradável na maioria das pistas, mas bem pior acima dos 2000 metros de altitude, pelo que o 12º lugar pode não ser o desejado, mas, levando em conta as condições em que fez a corrida inteira, esteve longe de ser ruim. Semana que vem, corrida no Brasil, com uma sprint race no sábado... não tenho certeza se Interlagos é o lugar pra fazer esse tipo de experiência, mas enfim, vida que segue. E na noite de domingo tivemos a coroação do melhor trabalho feito durante o ano: Kyle Larson conquistou sua 10ª vitória nessa temporada de 36 corridas e mais do que merecidamente se sagrou campeão da Cup Series nesse ano. Passou uma parte considerável da corrida tentando o melhor ajuste para o carro, o que acabou conseguindo mais perto da bandeirada final. Foi uma batalha dura nas voltas finais contra Martin Truex Jr., que tinha muita vontade de conquistar seu segundo título na categoria, mas Larson acabou prevalecendo. Após a bandeirada, lembrando dos momentos difíceis pelos quais passou em 2020, as lágrimas de felicidade vieram enquanto agradecia ao trabalho primoroso da sua equipe, notadamente o pessoal envolvido nos pit-stops, que foi soberbo nesse domingo. Em contrapartida, a decepção de Truex Jr. com o 2º lugar obtido, com menos de meio segundo de desvantagem para o vencedor era visível. Menos mal que ele terminou o campeonato e a corrida à frente do mais fraco dos 4 pilotos que disputavam o título, Denny Hamlin, que mostrou que tinha chances de obter um bom resultado apenas em longos trechos sem bandeiras amarelas, e não chegou a liderar nenhuma das 312 voltas da corrida (Larson liderou 107, o 5º colocado Chase Elliott – que tentou bravamente mas não conseguiu defender o título conquistado ano passado – liderou 94 e Truex Jr. liderou 72). Em 4º lugar, se intrometendo entre os pilotos que disputavam o título, chegou Ryan Blaney, mais uma vez sendo o melhor piloto da Penske e também da Ford na corrida. Essa temporada 2021 da Cup Series certamente deixará saudades. Até a próxima! Alexandre Bianchini Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |