Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
O prêmio mandrake do Girls on Track PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 11 November 2021 22:31

Sempre que eu vejo essas coisas de grandes prêmios saindo do nada, tubarões empresariais oferecendo bondades e outras coisas do gênero, como todo bom mineiro eu fico logo desconfiado.

 

Eu falei isso quando o nosso então piloto na Fórmula 1, D. Macarroni, o ex-entregador de quentinhas, fazia aquela festa com estrelas do automobilismo pra correr de kart e anunciava que a renda da bilheteria ia para obras de caridade. Uma parte realmente ia: a das arquibancadas mais baratas! Os camarotes e áreas VIP, não!

 

Vou acabar me metendo em um assunto que normalmente quem fala é nosso colunista e boneco de ação, o Falcon, na coluna Radar, mas como ele não é chegado em uma polêmica, vou eu pegar esse trem, que vocês vão ver tem mais negócio do que muita “bondade” de gente boazinha e que tenta fazer figura de filantropo e de politicamente correto para quem não tem malícia.

 

No ano passado e neste ano, duas adolescentes brasileiras, pilotas de kart – Julia Ayoub e Antonella Bassani – participaram de um “programa de talentos” promovido pela Federação Internacional de Automobilismo (presidida pelo baixinho narigudo dos desenhos da Pantera Cor de Rosa), com apoio de seu antigo empregador – a Ferrari – através da “Academia de Jovens Pilotos”.

 

 

No ano passado, a vencedora foi a belga Maya Weug e, durante o processo de seleção, testes e avaliações das capacidades das pilotas, o mais atrativo dos prêmios era a participação da vencedora no Campeonato Italiano de Fórmula 4... mas ninguém viu o que estava escrito nas “linhas miúdas”, aquelas que aparecem em alguns comerciais de TV ou outdoors: por qual equipe?

 

A Ferrari tem uma parceria com a Prema, equipe que está em todas as categorias de base e nela são colocados os pilotos de seu programa de desenvolvimento. Já tivemos alguns pilotos neste programa, como Enzo Fittipaldi e Gianluca Petecof. Mesmo vencedores, ambos saíram do programa por não conseguirem “colocar dinheiro” na equipe, algo que – na teoria – quem tinha que fazer era a Ferrari e seus patrocinadores.

 

 

No último campeonato italiano de Fórmula 4 a Prema contou com 4 pilotos regulares na equipe e outros 3 participaram, eventualmente, de algumas etapas. No time dos 4 pilotos efetivos eram 3 pilotos e uma pilota... que não era a vencedora do Girls on Track, evento co-promovido pela Ferrari, como era de se esperar, der o prêmio pela conquista no evento promovido em 2020.

 

Ao invés da belga Maya Weug estava lá, vestindo o macacão vermelho “padrão” da equipe prema, a pilota Hamda Al Qubaisi, natural dos Emirados Árabes Unidos. Filha de Khaled Al Qubaisi, um dos grandes investidores do automobilismo na região e pai de duas filhas. Alem de Hamda (19 anos), a filha mais velha Amna (21 anos) correu este ano na Fórmula 3 asiática pela... Prema!

 

 

Durante a etapa final do W-Series, a categoria 100% feminina do automobilismo o “piloto-tradutor”, recentemente recontratado pelo “canal globêstico” como chama meu amigo e colunista aqui do site, Paulo Shrek Alencar, falou uma coisa (rara) com a qual eu concordei. O automobilismo exige fisicamente do atleta e o desgaste físico tem ficado evidente nos pilotos ao fim das corridas. Vemos isso na TV. Se há desgaste físico, não é justo colocar homem competindo contra mulher uma vez que o homem tem uma resistência física maior. Isso é fisiologia, não é machismo.

 

Ainda assim, pilotas como Danica Patrick e Bia Figueiredo disputaram e venceram corridas contra grids masculinos ao longo de suas carreiras. Este ano, correndo pela Prema na Fórmula 4 italiana, Hamda Al Qubaisi conquistou um pódio no campeonato (3° lugar na primeira corrida da rodada tripla de Misano) e pontuou em outras 3 corridas, num grid de mais de 30 carros. Terminou o campeonato em 17° lugar, com 24 pontos.

 

 

E a vencedora do Girls on Track? Onde foi parar? Maya Weug correu pela equipe Iron Lynx, com Leonardo Fornaroli e Pietro Armanni. Fornaroli foi o 5° colocado no campeonato, com 180 pontos e uma vitória, em Misano, e alguns pódios. Armanni marcou 8 pontos, com um 7° e um 9° lugares em Ímola. Maya Weug teve como melhor colocação um 11° em Valelunga e não marcou pontos. Ela teve um equipamento no nível do entregue a Leonardo Fornaroli ou a Hamda Al Qubaisi? E a gente sabe que equipamento faz uma enorme diferença e que resultados nestas categorias de acesso são vitais para se conseguir dar seguimento ou não eu uma carreira.

 

No Girls on track deste ano (comecei a escrever essa coluna antes do resultado da fase final) temos uma brasileira na Final: Julia Ayoub (Antonella Bassani caiu na semifinal, quando passaram de 8 para 4 candidatas). Ela ou outra que vier a ganhar a competição deste ano vai ter um carro na Prema ou vai ter que correr em uma equipe menor, sem condições de ser competitiva por falta de equipamento (ou de petrodólares)?

 

 

Eu fui um crítico da criação da categoria feminina, a W-Series, mas hoje eu vejo como necessária – e justa – a manutenção e a ampliação das categorias femininas no automobilismo. Isso ainda dá pra fazer. Bom seria fazer categorias (masculinas, femininas ou mistas) sem “paitrocínio”.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.