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Safety Car na Fórmula 1 e no Brasil, qual a diferença? A polêmica de Abu Dhabi PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 15 December 2021 21:27

Como todos sabem o CDA – Código Desportivo do Automobilismo, é totalmente baseado no CDI – Código Desportivo Internacional, porém com algumas características próprias e ainda respeitando algumas regras inseridas diretamente nos Regulamentos Desportivos de cada categoria (desde que estas regras não comprometam a segurança ou desportividade).

 

Sobre o procedimento de Safety Car, o que ocorreu nesta última prova de Fórmula 1 em Abu Dhabi, se fosse no Brasil, seria diferente a relargada, porém, não tenho conhecimento se a F1 tem alguma regra específica em seu regulamento desportivo para as intervenções de Safety Car.

 

No Brasil, nós teríamos relargado do jeito que estava, pois só fazemos “correções” das posições se o piloto atrás do safety car não for o líder, neste caso, autorizamos as ultrapassagens até que o líder se posicione atrás do safety car, mesmo que tenhamos atrás do líder, retardatários entre ele e o 2º colocado.

 

A entrada do carro de segurança teve uma influência crucial no resultado da corrida e do campeonato (Reprodução: youtube). 

 

Ainda que a Fórmula 1 tenha um regulamento próprio para estas situações de safety car, acredito que justo seria “organizar” todo o pelotão, inclusive os retardatários que poderiam estar em outras posições (ex.: entre o 10º e o 11º) e não somente os retardatários entre o líder e o 2º colocado.

 

Vejam abaixo, um resumo do que diz o nosso CDA em relação ao safety car:

CDA – Código Desportivo do Automobilismo 2021

SEÇÃO IV – DO “SAFETY-CAR”

Art. 98 – O Safety-car é o veículo utilizado para a neutralização da prova e seu acionamento deverá ocorrer em conformidade com os seguintes procedimentos e condições:

I - A decisão de seu acionamento será exclusiva do diretor de prova.

II - Será utilizado em face de recomendação de um dos chefes dos postos de sinalização, devido a uma obstrução parcial da pista ou da existência de perigo tal que necessite de resgate, não suficientemente protegido pela bandeira amarela.

VI - O Safety-car, com as luzes de alerta ligadas, deverá ingressar na pista imediatamente, qualquer que seja o ponto em que o veículo líder da prova se encontrar.

VIII - Todos os veículos de competição deverão se posicionar em fila indiana após o Safety car, andando na sua velocidade.

IX - Qualquer ultrapassagem será proibida, a menos que um veículo seja sinalizado e autorizado pelo Safety-car para tal procedimento.

X - Quando o diretor de prova lhe der a ordem, o observador a bordo do Safety-car autorizará a ultrapassagem de todos os veículos que se encontrarem entre o líder da prova e o Safety car.

XI - Esses veículos continuarão a andar em velocidade reduzida, sem se ultrapassarem, até que alcancem à fila de veículos que estiver atrás do Safety-car.

XV - O Safety-car deverá ser utilizado até que o líder seja o primeiro veículo atrás dele e os demais estejam alinhados na pista, formando um comboio. XVI - Quando o diretor de prova decidir pelo fim da intervenção do Safety-car, este deverá ter suas luzes de alerta apagadas e retornar aos boxes ou local determinado pelo Diretor de Prova.

XVII - Isso significará o sinal para a retirada das bandeiras amarelas e as placas, dos postos de sinalização, desde que o último veículo da fila indiana tenha transposto cada um deles.

XVIII - Quando o Safety-car for retirado do circuito, uma bandeira verde deverá ser agitada no PSDP e em todos os demais postos de sinalização, as ultrapassagens estão permitidas mesmo antes do cruzamento da linha de largada/chegada.

XIX - Cada volta coberta durante a intervenção do Safety-car será computada para a prova, salvo disposição contrária constante no regulamento da categoria.

 

Pesquisando nos Regulamentos Desportivos da FIA, os reinícios do safety car são abrangidos pelo Artigo 48.

A Mercedes, apoiada pelo respeitado advogado Paul Harris, protestou contra o fim da corrida em duas acusações - Artigos 48.12 e Artigo 48.8.

 

Em mais de um momento, Verstappen colocou o carro ao lado do de Hamilton, sem problemas para os comissários (Reprodução: youtube). 

 

O artigo 48 em seu item .8 tem a ver com a forma como Verstappen ficou ao lado de Hamilton quando ele assumiu o controle da corrida quando o safety car entrou.

É prerrogativa de Hamilton controlar o ritmo neste momento como ele achar melhor, mas a Mercedes questionou o fato de Verstappen ficar ao lado.

 

O regulamento afirma que:

Nenhum piloto pode ultrapassar outro carro na pista, incluindo o safety car, até que passe a linha pela primeira vez depois que o safety car retornar aos boxes.

Na prática, essa regra significa que até que o safety car tenha entrado nos boxes e os pilotos ultrapassem uma linha na pista perto da entrada do box, as ultrapassagens não são permitidas.

 

Na sala de controle, o Diretor de Prova e os comissários tem como selecionar e analisar todas as imagens (Reprodução: youtube). 

 

Enquanto os comissários sentiram que Verstappen passou Hamilton, momentaneamente, aconteceu quando ambos estavam “acelerando e freando” durante a fase de reinicialização.

O protesto também foi lançado porque Verstappen não estava à frente na linha de reinício do safety car.

 

Embora o protesto do Artigo 48.8 sempre estivesse destinado ao fracasso, o protesto da Mercedes sob o 48.12 das regras de reinicialização do safety car foi muito mais forte.

A necessidade de permitir que carros lapidados se soltem não é imutável, e Masi estava dentro de seus direitos como diretor de corrida de dispensar a exigência.

 

A regra de reinicialização do safety car para o Artigo 48.12 declara:

Se o Diretor de Prova considerar seguro fazê-lo, e a mensagem “CARROS RETARDATÁRIOS AGORA PODEM SUPERAR” foi enviada a todos os competidores através do sistema de mensagens oficial, quaisquer carros que tenham sido lapidados pelo líder serão obrigados a passar pelo carros na volta principal e o carro de segurança.

 

Na penúltima volta, foi dada a liberação para os retardatários entre Hamilton e Verstappen passarem o SC (Reprodução: youtube). 

 

Isso significa que os carros que estão pelo menos uma volta abaixo podem se desenrolar, voltando para a primeira volta da corrida.

A Mercedes acredita que isso significa que “todos” os carros rodados devem ultrapassar o safety car, com a Red Bull argumentando que a palavra “qualquer” no regulamento “não significa todos”.

 

Onde tudo começa:

 

Tendo dito anteriormente que os carros rodados não poderiam ultrapassar, Masi permitiu que Lando Norris, Fernando Alonso, Esteban Ocon, Charles Leclerc e Sebastian Vettel dessem voltas sozinhos.

Ou, na opinião da Mercedes, saia do caminho de um banzai na última volta entre Hamilton e Verstappen.

 

Bandeira verde para a última volta da corrida em Yas Marina: Porque Ricciardo não passou os líderes? (Reprodução: youtube) 

 

O Artigo 48.12 também afirma:

 

Assim que o carro da última volta ultrapassar o líder, o safety car voltará aos boxes no final da volta seguinte.

A convocação para que os cinco pilotos dessem voltas sozinhos veio no final da volta 57, portanto, seguindo as regras de reinicialização do safety car, ele deveria ter sido retirado no final da volta 58.

Esta teria sido a última volta da corrida, onde as ultrapassagens são proibidas.

O protesto de Mercedes aqui também foi lançado pelos comissários.

A equipe indicou sua intenção de recorrer ao Tribunal Internacional de Apelação.

Até a publicação desta coluna o recurso não havia sido apresentado.

 

É isso!

 

Sergio Berti

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. 
Last Updated ( Thursday, 16 December 2021 00:16 )