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O peso da responsabilidade nos momentos de decidir sob pressão PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 15 December 2021 21:55

Caros Amigos, Todo trabalho tem suas responsabilidades, independente do segmento. O dia a dia de trabalho pode ser estressante. Hoje em dia, o nível de cobrança está cada vez mais alto. A busca por resultados melhores aumenta a todo tempo e com um nível de exigência crescente, muitos profissionais acabam não mantendo um padrão de qualidade por não saberem lidar com a pressão.

 

Acrescente a esta condição o fato do seu trabalho estar sendo mostrado ao vivo, em tempo real, por todas as plataformas de comunicação dos dias de hoje, para todos os países do planeta! Esta é a situação que viveu a cada final de semana deste ano o Diretor de Provas da Fórmula 1, Michael Masi. Estimado leitor, pergunte-se e responda com toda sinceridade: como você iria lidar com esta condição de trabalho e todas as pressões, todas as cobranças e todos os julgamentos que o australiano teve que lidar?

 

As situações que um CEO de uma grande empresa precisa gerenciar todos os dias é algo – talvez – similar ao que foi exposto o Diretor de Corridas da Fórmula 1 neste ano, com a diferença de que ele não tem suas decisões expostas para todo mundo instantaneamente, tampouco tem, raras exceções, que tomar decisões que podem alterar tudo em sua volta em poucos segundos, sem um período de estudo e análise com seu staff direto e, diversas vezes, com avaliações em vários níveis.

 

É evidente que, se o profissional achar que ele não está se sentindo confortável para realizar um determinado trabalho, assumir uma determinada responsabilidade, ele tem a opção de declinar do cargo ou da oferta de uma determinada posição. Porque então o Sr. Michael Masi não o fez? Ele é indicado pela FIA, com anuência do Grupo Liberty Media. Porque então, diante dos episódios recentes que se avolumaram desde a corrida em São Paulo, não tomaram uma providência? Talvez tenham tomado... a diferença é que, ao contrário do que vemos nas transmissões da Fórmula 1 nos dias de hoje, com imagens da sala da direção de prova e da colocação dos diálogos de rádio entre as equipes e o diretor de prova, as conversas entre Jean Todt, Stefano Domenicali e Michael Masi – que certamente houveram – antes dos finais de semana das corridas, essas não foram transmitidas em tempo real pelas plataformas de mídia.

 

Ao longo desta semana que antecedeu a etapa de encerramento do campeonato em Yas Marina, certamente Michael Masi deve ter sido alertado para a necessidade de serem tomadas decisões rápidas, pouco ou nada questionáveis, preferencialmente evitando “truncar” a corrida. Foram escalados dois dos mais experientes – e rigorosos – comissários desportivos: Andrew Mallalieu e Alqasim Hamidaddin. Foram eles que decidiram pela consideração de que Lewis Hamilton não precisava ceder a posição para Max Verstappen quando foi empurrado para fora do limite de pista pelo piloto da Red Bull.

 

Apesar de ser a autoridade máxima em uma corrida, o Diretor de Prova tem na maior parte do tempo que seguir – mas não apenas – as decisões dos comissários desportivos. É dele, por exemplo, dar a palavra final sobre bandeiras amarelas, amarelas duplas e vermelhas, por exemplo e, quando Nicholas Latifi bateu no guard rail na volta 52 e ficou atravessado na pista, os fiscais de pista agitaram imediatamente as bandeiras amarelas e em seguida, veio a ordem de Michael Masi para que fossem agitadas as bandeiras amarelas em todo circuito e o Safety Car fosse para a pista.

 

Alguns episódios já haviam ocorrido em treinos e corridas disputados naquele final de semana e era sabido que as equipes de fiscais de pista e equipes de resgate não eram as mais ágeis do campeonato. Diante desta situação e da possível/provável pressão para que a corrida – e o campeonato – fosse decidido “na pista”, faltando 5 voltas para o final (Lewis Hamilton já havia a 53ª volta), porque Michael Masi não colocou bandeira vermelha e interrompeu a prova até que a pista fosse liberada?

 

Essa medida daria a todos a chance de voltar aos boxes, colocar pneus novos, macios, irem para a pista nas posições devidas e serem organizadas as ultrapassagens dos retardatários para realinhamento do pelotão. Algo que consumiria, talvez, duas voltas. Isso permitiria que tivéssemos três voltas com bandeira verde e os pilotos em igualdade de condições, dentro de algo que – hipoteticamente – não seria contestado pelos diretores das equipes envolvidos na disputa do campeonato, Toto Wolff e Christian Horner.

 

Reconheçamos que, qualquer um de nós, leitores, amadores, espectadores ou mesmo jornalistas e ex-pilotos, sem a atmosfera que cercava a sala do diretor de prova e comissários, opinar sobre o que aconteceu ou não, sobre o que deveria ser feito ou não, é infinitamente mais fácil. Eu pensei nesta possível bandeira vermelha na hora que vi o safety car ser acionado, mas não era eu quem estava com o peso da decisão ali naquela sala. Não era eu quem estava sob as pressões que Michael Masi estava. Entretanto, se esta tivesse sido a decisão do diretor de prova, possivelmente não estaríamos envolvidos em controvérsias como as que ainda estão sendo levantadas, protestos pós-corrida e a possível ida, com direito, da Mercedes à corte de apelação em Paris, sede da FIA, para impugnar o resultado da corrida, com base no que está escrito nos livros de regras da FIA.

 

Será lamentável que, independente do que for decidido – caso a Mercedes leve adiante sua intenção de formalizar o protesto na corte de apelações – o campeonato mais empolgante das últimas décadas já está marcado na história como uma disputa questionada judicialmente independente de vir a ser decidida ou não em um tribunal. Este é um fardo que irá permanecer sobre os ombros da FIA pelos os próximos anos e irá para mãos de um novo presidente da entidade, que será eleito na próxima sexta-feira, numa disputa entre o inglês Graham Stoker, atualmente secretário geral da FIA, e o representante dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed Ben Sulayem, tomar as medidas para que situações que vimos em outros momentos desta temporada e que culminaram com o final da corrida em Yas Marina não voltem a acontecer.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

  
Last Updated ( Thursday, 16 December 2021 10:28 )