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Caruaru - PE PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 08 September 2010 10:31

 

A vista aérea do Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Caruaru já mostra quão desafiante e seletivo é o seu traçado.

 

História. 

 

O Autódromo Internacional Ayrton Senna – que recebeu este nome após o falecimento do piloto – foi inaugurado em 13 de dezembro de 1992, durante a gestão do prefeito João Lira Neto, veio preencher uma lacuna no automobilismo do estado, que ficou sem autódromo após a interrupção das atividades no autódromo da ilha Joana Bezerra, em Recife. 

 

 

Ao longo dos anos, desde a sua inauguração, algumas reformas foram feitas para melhorar a estrutura e a pista em si.

 

Obedecendo as normas da FIA, localizado numa área de 45.000 metros quadrados, todo murado, com a extensão 3.180 m e largura da pista variando entre 9 e 16 metros, sendo a reta oposta com 10 metros, possui 34 boxes, torre de cronometragem, posto médico, depósitos, banheiros, telefones públicos, estacionamento e espaço para lanchonetes, barracas de comidas e bebidas, além de heliporto, podendo ser usado para eventos de automobilismo e motociclismo, além de espaço eventos diversos. 

 

 

O caminho para Caruaru, partindo da cidade do Recife é tranquilo, uma boa estrada liga as duas cidades e ainda vai ficar melhor.

 

Sendo um autódromo público, seus cuidados passavam diretamente pelo maior ou menor interesse político e esportivo dos administradores da cidade e, com isso, o espaço sofreu com a falta de cuidados em alguns períodos. 

 

A partir de 1997, o autódromo de Caruaru passou a receber uma etapa de competição nacional: a Fórmula Truck. A vinda da categoria de projeção nacional era o maior evento do autódromo e a participação direta de Aurélio Batista Felix para manter o autódromo capaz de receber sua categoria, especialmente após os problemas ocorridos em 2002, que acabaram afastando a corrida no ano seguinte. 

 

 

Uma visão dos boxes, alguns individuais e um tanto apertados... da cobertura, tem-se uma boa visão da pista.

 

Desde então, houve um esforço maior de uma nova gestão, com mais uma série de reformas, incluindo o recapeamento da pista em 2004 além de ter sido ampliada a área de escape na entrada da reta e também na área de escape da curva 1. Foi efetuada pintura de toda a área de box, reforma de todo o sistema hidráulico, abertura de valas para a drenagem de água, construção dos muros que haviam caído e corte da grama. Nas reformas no ano de 2004, foram investidos cerca de R$ 400 mil pela Fórmula Truck. Caruaru deve muito a Aurélio Batista Felix. 

 

 

Na reta oposta, arquibancadas para 5 mil pessoas, e espaço para montar muitas mais. Tranquilamente pode se receber 40 mil.

 

Atualmente, com o mesmo grupo que trabalhou na construção do autódromo nos anos 90, o Autódromo Internacional Ayrton Senna, de Caruaru prepara-se para um novo ciclo de desafios e conquistas: Já está aprovado o orçamento para mais uma reforma no autódromo, visando colocá-lo em condições de receber as mais importantes categorias do país e do continente. 

 

Em 2010, antes mesmo das obras iniciarem, a Fórmula 3 sulamericana disputou uma das etapas por lá e, apesar dos protestos iniciais, relativos à distância, os chefes de equipe gostaram do que viram em relação aos cuidados com as instalações e em especial ao seletivo traçado. 

 

 

Os NdG receberam uma cópia do projeto de reforma com o seu orçamento detalhado e aprovado. Caruaru será um do melhores. 

 

O ambicioso plano de levar para o agreste pernambucano a Stock Cars, a GT3, o Racing Festival, a Copa Porsche, o brasileiro de motociclismo, além de manter a Fórmula Truck e a Fórmula 3 passam pelo alargamento da pista para 12 metros nos pontos mais estreitos, chegando a 18 metros no mais largo, pela construção de uma nova curva, ligando a curva 4 à reta oposta e dando opção de se correr nos dois sentidos, horário e anti-horário. Agora, chega de conversa e vamos por o pé na estrada. 

 

A rota do Agreste. 

 

Chegar até Caruaru é tranqüilo. A BR 232 foi totalmente duplicada entre estas cidades há alguns anos e tem um asfalto em boas condições. No passado, a temida serra das russas, obstáculo natural na subida para o platô onde fica a cidade, 552 metros acima do nível do mar, já não é mais problema, nem na inda e nem na volta. 

 

 

Enquanto a reforma não vem, Vemos os problemas de hoje. Serviços anteriores mal feitos, rachaduras e mato na pista.

 

Na chegada à cidade, vemos a primeira placa, antes de entrarmos no trevo da BR 104... que está em processo de duplicação e reformas. Uma solução para breve, mas um pequeno problema para nossa chegada... quase passamos da entrada do autódromo, cujo o acesso, saindo da rodovia, é de terra batida.  

 

Quando a obra de duplicação do anel viário de Caruaru estiver terminada, o acesso ao autódromo será simples, bem sinalizado e rápido. 

 

 

A curva 1... uma barreira de pneus praticamente "pró-forme" no final. Nunca um carro ou caminhão chegou tão longe.

 

Passado o portão, entramos na área do paddock onde já nos aguardava o diretor do autódromo, Sr. Pedro Manuel Silva, um simpático português de nascimento e caruaruense de coração - e sotaque - que fez questão absoluta de nos mostrar, pessoalmente, as instalações. 

 

Metro a metro. 

 

Fomos direto para a pista, partindo da posição do pole position e com o cuidado de não atrapalhar o treinamento de novos motociclistas da Polícia Militar, que tem no autódromo um espaço cedido pela prefeitura para formação e aperfeiçoamento dos seus profissionais. 

 

A curva 2, ainda em descida, possui uma área de escape a se perder de vista. A zebra interna mantem os pilotos no asfalto.

 

Antes de começarmos a volta, já vimos os primeiros problemas no asfalto. A consolidação do terreno e as rachaduras permitem o crescimento de mato na pista em maior quantidade do que em Viamão. Ali, não adianta apenas recapear. De um modo geral, o asfalto tem irregularidades em relação ao nível de abrasividade e também desgaste excessivo em alguns pontos do circuito.  

 

 

Na curva 3, os sinais de desgaste do asfalto, refeito em 2004. A subida para um ponto cego é desafiadora, e perigosa.

 

Estes últimos, problemas menores, que um correto recapeamento podem solucionar, mas a questão da compactação do solo, em especial se formos levar em conta o projeto de alargamento da pista, precisa ser muito bem feito para evitar as rachaduras como as encontradas na reta dos boxes. 

 

Va tomada da curva 4, mais uma vez a zebra interna impede o corte de caminho, na parte externa, mais rachaduras e mato.

 

Seguimos em frente e tomamos a direção da curva 1, uma curva em descida para a direita, apresentando logo um bom cartão de visitas do que os pilotos encontram pela frente: um traçado extremamente seletivo! A curva tem uma parte da área de escape asfaltada, o restante tem brita e vegetação... e um espaço enorme! É apenas no miolo que o Autódromo de Caruaru tem um guard rail, em todo o restante, as amplas áreas de escape dispensam este recurso de segurança. 

 

 

A curva do miolo, ponto de velocidade mais baixa, tem o único guard rail de toda a pista... ali tem zebra para apoiar a saída.

 

A curva 2 compõe um “S” invertido, ainda em descida e com uma enorme área de escape, levando à parte mais baixa na topografia do circuito e uma pequena reta até a curva 3, tomada à esquerda onde há, no final uma pequena subida que antecede a entrada do miolo e onde vai ser feito o ‘curvão’ para acesso à reta oposta. Enquanto a obra está no papel, entremos no miolo. 

 

 

A curva 7 também apresenta sinais de desgaste, quando for feita a reforma, serão duas opões para se chegar à reta oposta.

 

A curva para a esquerda é fechada e nós voltamos a ver os problemas de rachaduras com crescimento de vegetação no meio do asfalto. Ela leva ao ponto de velocidade mais baixa do circuito, a curva mais fechada, feita para a direita e que tem, na sua parte externa, um guard rail de 2 lâminas para quem escapar não ir na direção da curva 1. Neste ponto há uma passagem de segurança para carros de serviço cortarem caminho se necessário. 

 

A reta é estreita... só 10 metros de largura. Os caminhões da Truck fazem o show diante da torcida... no limite entre o cinza e o verde!

 

Saindo da parte lenta, vai-se acelerando para tomar a curva em subida, à esquerda, que leva para a reta oposta. A grande reta do circuito, com 960 metros tem ao seu lado direito a área destinada a montagem das arquibancadas tubulares. A entrada da reta tem, antes do muro, uma barreira de pneus sem amarração, apenas trançados e, pela frente, uma faixa de asfalto com apenas 10 metros de largura. 

 

 

A chicane no final da reta cria uma dificuldade extra para os pilotos antes de tomar a curva a esquerda... ali se passa da zebra!

 

No final da reta há uma chicane, proposital, para quebrar a velocidade antes da curva em quase 90º. Antes dela, um problema: drenagem. Caruaru passou por um período continuado de chuvas antes da nossa visita e alguns pontos como este na reta e um pouco menos na curva 4 do miolo mostraram ter havido acúmulo de água. Contudo, o problema da reta é mais crítico. 

 

A curva depos da reta tem uma zebra para apoiar os carros... e uma parte de asfalto depois dessa para quem passar da conta.

 

Depois da chicane, chega-se a curva mais veloz do circuito atual. Quase uma esquina e com o asfalto deixando à mostra o efeito de freadas, tracionadas e desgarradas dos pilotos. Com a “suavisação” da chicane, as freadas serão ainda mais fortes. Neste ponto, o muro fica mais próximo e talvez seja preciso fazer uma proteção de pneus. 

 

Mais uma vez aparece a característica de Caruaru. Zebra na parte interna para inibur quem queira "cortar caminho".

 

Logo em seguida, uma nova sequência de curvas, começando com uma esquerda, leva para a reta dos boxes. Esta primeira curva, que conta  com parte de sua área de escape asfaltada, apresenta o ponto de maior degradação do asfalto na pista. No final da área de escape, uma barreira de pneus empilhada, com seu interior preenchido com cascalho. Na curva feita atrás do paddock, temos também uma barreira de pneus, mesmo sendo esta feita em baixa velocidade e a área de escape sendo bem considerável. Na saída, uma das possíveis entradas dos boxes e é a que vem sendo utilizada nas provas realizadas em Caruaru. 

 

Na curva atrás dos boxes, em seu final, a entrada utilizada atualmente para os mesmos. A existente na reta foi abandonada.

 

A curva da vitória, que antecede à reta dos boxes é de contorno lento. Os sinais do alargamento da pista naquele local são evidenciados pelo crescimento de vegetação na emenda do asfalto. À sua direita, no início da reta, fica a outra entrada dos boxes que, por medida de segurança, não vem sendo utilizada. Assim completamos a volta no circuito Aurélio Batista Felix, uma justa homenagem a um dos maiores empreendedores do automobilismo brasileiro. 

 

Na curva da vitória, a evidenciada obra do alargamento da pista no local... demarcada pela rachadura e pelo mato na mesma.

 

Instalações simples, mas funcionais. 

 

Depois de uma volta no traçado do circuito, era hora de olhar com mais atenção para a infraestrutura oferecida, tanto a quem vai trabalhar, como a quem vai assistir um evento no autódromo de Caruaru. 

 

Detalhe do acesso aos boxes, antes da curva da vitória. Uma entrada tranquila e sem maiores percalços para os pilotos.

 

Os 34 boxes podem ser divididos em dois tipos: os boxes duplos e os individuais, sendo os últimos os mais antigos. Em termos de largura de espaço, eles são bons, contudo, a profundidade é pequena, como se fosse para apenas um carro, deixando pouco ou nenhum espaço para a infraestrutura das equipes, que precisaria montar uma estrutura extra pelo lado do paddock, reduzindo a área de tráfego deste. 

 

A antiga entrada e uma visão da reta e da faixa de rolamento dentro dos boxes. O asfalto ali pede socorro... e vai ter!

 

A faixa de rolagem dentro dos boxes, considerando o espaço para parada de um carro nos boxes, não é das mais largas, mas também não é a mais estreita que encontramos. Contudo, a área para os controles de prova por parte das equipes fica no mesmo nível desta, separa apenas por uma lâmina de guard rail. 

 

Na parte de suporte, tanto para os que trabalham bem como para os convidados e ingressos de pista e boxes, existem banheiros masculinos e femininos bem cuidados, contando, inclusive, com chuveiros.  

 

Os banheiros dos boxes são limpos e espaçsos. Detalhe para o banheiro preparado para pessoas com necessidades especiais.

 

A parte superior dos boxes pode ser toda aproveitada como espaço para montagem de tendas para convidados, patrocinadores e ingressos especiais. O posto médico é de bom tamanho e com espaço suficiente para a montagem de equipamentos necessários a um atendimento de urgência, ficando ao lado do heliponto. Caruaru conta com bons hospitais e mesmo por via terrestre, há como se fazer o deslocamento de um acidentado, rapidamente, a uma de suas unidades. 

 

A torre de controle fica no ponto mais alto do autódromo. Nem é tão alta, mas atende as necessidades de quem nela trabalha.

 

A torre de controle, de três andares, tem espaço suficiente para que os profissionais que nela trabalham (secretaria de prova, comissários e diretor de prova) fazerem seu trabalho sem problemas. A instalação da estrutura interna é feita prova a prova, mas a parte de suporte de energia e ar condicionado está funcional. Do terraço, acima da torre, tem-se uma visão completa do circuito, uma vantagem para as transmissões de TV. 

 

 

Do alto da torre de controle de prova, uma visão privilegiada, com 100% de visibilidade da pista. Perfeito para a televisão.

 

Na parte térrea, fica a sala de imprensa, que não é muito grande, mas que atendeu de forma aceitável à imprensa durante a realização da etapa da Fórmula 3 sulamericana.  

 

Além das reformas previstas, o espaço interno para ampliações e adequações para satisfazer os prerequisitos de outras categorias tem como ser bem aproveitado de forma a atender os anseios de todos. 

Na sala de imprensa, um espaço que pode ficar apertado se o sucesso de Caruaru for grande como querem seus administradores.

 

Tivemos que dar a volta no autódromo, por fora do muro, para irmos até a área das arquibancadas da reta oposta. O acesso também é estrada de terra, que – em caso de chuva – pode vir a ser bem desconfortável para o fã de corrida.  

 

No local, vimos 3 estruturas já montadas, sendo outras montadas de acordo com a necessidade do evento. Existe um banheiro no local, contudo, para um grande público, é necessário instalar banheiros químicos para atender a demanda. Esta área conta também com um bar, lanchonete e restaurante que funcionam em dias de corrida. Há ainda espaço para montagens de barracas e tendas de alimentação.

 

No posto médico, espaço suficiente para a instalação de equipamentos. Caruaru tem uma boa rede de hospitais.

 

Ao final da visita, conversamos com Pedro Manuel Silva, Diretor do Autódromo Internacional de Caruaru: 

 

NdG: O Autódromo Internacional de caruaru é um autódromo público, com a administração ligada à prefeitura e, consequentemente, sujeita às vontades políticas (eleições a cada 4 anos) que nem sempre tem a ver com as necessidades esportivas. Como fazer para se dar uma continuidade de gestão, de melhoria constante? 

 

P. Manuel: O autódromo de Caruaru é realmente um patrimônio da cidade e de seus moradores. Seu sustento, seu custeio é feito em cima das taxas de arrecadação dos eventos realizados em suas dependências e com a dedicação do Prefeito, o Dr. José Queiroz, que deseja, assim como todos nós, fazer com que o Autódromo Internacional de Caruaru, viva dias de glória como já viveu em outros anos, em outros mandatos do Prefeito José Queiroz. O atual Vice Governador do Estado, que foi prefeito da cidade por duas vezes, o Dr. João Lira, que sob sua gestão construiu o autódromo, nos dá todo o apoio necessário e esperamos que as gestões futuras, seja lá de quem for, continue este trabalho para que Caruaru seja um dos pólos de desenvolvimento do automobilismo no país e também de turismo e negócios na cidade. 

 

NdG: Então o Senhor e a gestão atual da cidade acham que o autódromo pode trazer mais do que apenas corridas? 

 

"Ter um autódromo bom e com grandes atrações será mais um fator de atração de turistas para Caruaru e o povo sabe disso".

 

P. Manuel: O automobilismo tem o potencial de atrair o turista de outras regiões, de outros estados e isso gera outros alavancadores de negócios. A Fórmula Truck trás 40 mil pessoas ao autódromo, a Fórmula 3 trouxe mais de 20 mil e muita gente vem de fora, hospeda-se nos hotéis da cidade, faz compras, come nos restaurantes. Quanto melhor for o nosso autódromo, quanto mais atrações vierem para cá, melhor para o município e melhor para o autódromo. 

 

NdG: O senhor falou que o autódromo sobrevive das taxas de arrecadação dos eventos e da dedicação do prefeito. As taxas de arrecadação, por si só, custeiam a manutenção, as reformas, as melhorias do autódromo e as exigências que os organizadores de categoria fazem ou o município tem que destinar uma parte do seu orçamento para acertar esta conta? 

 

P. Manuel: O que ocorre aqui é o que ocorre no país inteiro. Eu conheço outros autódromos no Brasil e conheço as necessidades de todos. Hoje, no país, só quem tem vivido com os seus meios são os autódromos de São Paulo, o de Curitiba e o Velopark, evidentemente. Fora isso, não tem como. É muito difícil para qualquer município, como é para Caruaru, que tem que cuidar de sua população, que precisa de escola, creche, habitação, saneamento, hospitais, segurança pública... enfim de se manter e melhorar as condições de vida de seus moradores, ainda ter que cuidar de um autódromo, investir tanto dinheiro quanto é necessário para manter um autódromo. A Prefeitura de Caruaru investe sim, parte de seu orçamento na conservação do autódromo, complementando a arrecadação conseguida com as taxas de utilização. Nosso autódromo não é o melhor e nem talvez um dos melhores do Brasil, mas está longe de ser o pior ou um dos piores.  

 

NdG: Caruaru, Pernambuco, fica – de certa forma – distante dos demais autódromos do país, a exceção de Fortaleza. Até onde isso é um problema e até onde é uma “alegação de problema” por parte dos organizadores? 

 

 

"Infelizmente não é só a distância geográfica. A maioria das pessoas no sul e sudeste do Brasil não sabe o que é o nordeste".

 

P. Manuel: Nós temos que ter consciência de que esta distância existe e de que é de fato um problema, principalmente porque o automobilismo brasileiro de velocidade em asfalto gira em torno basicamente de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. São praticamente três mil quilômetros separando Caruaru de São Paulo.  

 

NdG: E como fazer, o que fazer, para mudar esta perspectiva? 

 

P. Manuel: Trabalho! Precisamos transformar Caruaru em uma praça de eventos atraente para os organizadores, fazer com que eles queiram vir para cá e isso vai começar a ser alavancado com a reforma que o autódromo vai passar e que vai começar ainda este ano. 

 

NdG: O que o senhor pode nos falar sobre esta reforma? Já há planos, orçamento, verba liberada? Em que nível este projeto se encontra? 

 

P. Manuel: Já está tudo certo. Estamos prontos para a execução. Um trabalho conjunto do Governo do Estado, através do Governador Dr. Eduardo Campos, do Prefeito Dr. José Queiroz e do Deputado Federal Dr. Wolney Queiroz, que é filho da cidade, conseguiram a liberação de uma verba de três milhões de reais junto ao governo do estado e do município para a reforma, melhoria e a adequação do Autódromo Internacional de Caruaru. Com isso vamos nos colocar em condições de oferecer um espaço mais atraente, melhor aparelhado e capaz de atrair outras categorias a Caruaru. 

 

NdG: o senhor pode nos dar algum detalhe do projeto, na área técnica, custo total, etc? 

 

 

"O projeto de reforma do autódromo, que ficará pronto, no mais tardar, em janeiro de 2011, fará de Caruaru um dos melhores do país".

 

P. Manuel: Eu lhe dou uma cópia do projeto, da planilha de custo! (Nota NdG: Nos foi entregue todo o projeto, com o desenho da pista, suas alterações e a planilha de custo). Queremos com esta reforma trazer 6 ou 7 eventos nacionais e internacionais para Caruaru, incluindo ou somando-se uma etapa do brasileiro de motovelocidade. Acreditamos que teremos o apoio irrestrito da CBA, da FPA e dos governos estadual e municipal para isso. Além da pista, também teremos espaço para competições fora dela, de AutoCross e MotoCross. Temos quase 5 hectares de área, toda murada. Queremos fazer de Caruaru um parque de eventos voltados para o automobilismo. 

 

NdG: E o automobilismo local... como está o calendário aqui com os eventos do estado? 

 

P. Manuel: Pernambuco já teve um automobilismo muito forte, mas hoje não é mais a realidade. Não por falta de vontade, mas por uma questão de custos. O piloto e, em sua grande maioria, um amador. Ele não vive de automobilismo. Ele coloca dinheiro do seu bolso e/ou dos patrocinadores para correr e este dinheiro está cada vez mais difícil de se disponibilizar.  

 

NdG: Como é que a comunidade, a opinião pública, vê este investimento no autódromo? Ela concorda? Não há questionamentos do tipo: vão investir 3 milhões no autódromo ao invés de fazer casas, hospital, obras de saneamento, etc. Existe apoio da população a manutenção e agora, a este projeto de reforma do autódromo? 

 

P. Manuel: Nós temos uma grande sorte. A comunidade caruaruense, aquele que se envolve com as coisas do município, com a política – não com a politicagem – que é algo que todo cidadão de alguma forma, uns mais outros menos, se envolvem, compreende que este é um pequeno investimento e que pode gerar um grande retorno. Vou dar um exemplo. Temos a F. Truck há 13 anos em Caruaru. Toda vez que uma categoria como a F. Truck vem para cá, vem turista, vem gente para gastar dinheiro em Caruaru. Este ano tivemos a F3 sulamericana e, com a reforma, queremos ter aqui outras categorias que vai fazer deste fluxo de capital entrando na economia do município algo constante. Além disso, trazer um evento nacional para cá é expor o município como um todo na mídia nacional e até internacional.  Então, a reação da população tem sido altamente positiva. 

 

NdG: O senhor, pelo visto, é conhecedor dos projetos da administração municipal em relação ao que pode, deve ou tem que ser feito no tocante ao entorno e a adequação do município para receber um novo tipo de turista e um afluxo de pessoas por conta da futura movimentação do autódromo. O que o senhor poderia nos falar sobre este assunto? O que podemos esperar de Caruaru? Já vimos a obra da duplicação da BR 104. O que mais teremos? 

 

 

"Queremos ter correndo aqui pelo menos seis atrações nacionais e sulamericanas no automobilismo e o brasileiro de motovelocidade".

 

P. Manuel: Caruaru por si só é um pólo comercial e industrial muito forte. As cidades de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Ituiutaba compõem o segundo maior pólo de confecção do Brasil. Aqui ocorre, toda semana a famosa feira da “Sulanca”, uma feira ao ar livre com cerca de 25 mil pessoas comercializando e com uma visitação acima de 150 mil pessoas de diversos pontos do país que vem até Caruaru. Ou seja, temos vocação e estrutura para grandes eventos, como é o são João daqui, uma festa que dura 30 dias, é a maior festa do mundo. Nos últimos dois anos, não apenas pelas perspectivas do autódromo, mas também pelo crescimento do pólo de negócios, a cidade está recebendo quatro novos hotéis, com 800 leitos a mais. Um deles será aqui, perto do autódromo e perto dos pólos de educação superior (UFPE e UFRPE) O projeto de recapeamento asfáltico da cidade, em andamento, tem 70 Km de extensão. 

 

NdG: Falemos um pouco das atividades, digamos, intramuros: como está a taxa de utilização do autódromo hoje? Com o que ele é ocupado em termos de atividades regionais? 

 

P. Manuel: O autódromo tem atualmente dois cursos mensais de motovelocidade, temos temos o campeonato pernambucano de turismo, temos o campeonato pernambucano de motovelocidade, temos o campeonato pernambucano de arrancada e uma etapa do campeonato do nordeste de arrancada e programada uma etapa do brasileiro. Ale, disso, temos as competições de “jipe cross” e MotoCross, além da planejada pista para autocross. 

 

NdG: no período que antecede um evento aqui no autódromo, quais são os procedimento que a administração toma antes da realização, antes de “entregá-lo ao promotor do evento”? 

 

P. Manuel: Quando assinamos o contrato com um promotor, entregamos o autódromo em perfeitas condições de uso. É feita uma vistoria para comprovar isso e, ao final, uma nova vistoria é feita para que o promotor mostre estar devolvendo o autódromo nas mesmas condições. Se algo não estiver assim, ele tem que reparar ou custear a reparação. O autódromo é entregue, limpo, pintado, capinado, com água, energia elétrica... tudo funcionando. 

 

NdG: Vimos as arquibancadas na reta oposta e espaço para a montagem de outras. O público quando vem ao autódromo, hoje, encontra que facilidades?  

 

P. Manuel: Do lado soa boxes, o paddock e a cobertura dos boxes comportam 3 mil pessoas. Temos 3 banheiros masculinos, 3 femininos e um para pessoas com necessidades especiais. No lado da reta oposta, temos as arquibancadas montadas com capacidade para 5 mil pessoas e uma área onde tem um hipódromo, para realização de corridas de cavalo, provas de velocidade, com um banheiro masculino e um feminino, um bar e restaurante que abre quando há eventos. Quando há um evento, o promotor, de acordo com suas necessidades, instala outras facilidades como banheiros químicos, barracas com lanches, mais arquibancadas... o promotor do evento tem para si a arrecadação, portanto, ele deve fazer por onde ter o maior retorno possível. 

 

NdG: O senhor falou do projeto de reforma do autódromo, para o qual verba já está aprovada. O senhor poderia nos dizer do que consiste a reforma? 

 

"Quando ficou sabendo que viria para Caruaru, o Bassani ficou uma fera. Depois que viu o que temos, disse que era um tesão"!

 

P. Manuel: O projeto do autódromo, que nós estamos disponibilizando para ser publicado pelo site dos Nobres do Grid, assim como a planilha de custo. Não temos segredo algum com relação a isso. A verba, como disse, já está aprovada. A ordem de serviço deve ser assinada agora em setembro e a partir daí virão os técnicos que farão o trabalho de mapeamento e topografia para que o projeto saia do papel para o campo. Todo o trabalho deve levar um prazo de 90 a 120 dias, entre outubro e janeiro e estarmos prontos para o início do calendário nacional a partir de março, com a reinauguração sendo feita com um evento nacional. Terminada a reforma, o Autódromo ficará com as seguintes características: Dois traçados distintos, sendo um de baixa e média velocidade, com 3.180 metros, com o cotovelo e sem a chicane e um outro de média e alta, com 3.100 metros, sem a chicane e com a curva de alta, tendo ambos os traçados acesso a pista  de arrancada, Ele continuará sendo um dos únicos no Brasil, onde é permitido correr no sentido horário e anti-horário, bem como, um dos únicos que não possuiu muro de proteção ou gruard rails, ficando apenas o do miolo, num trecho de baixa velocidade. O traçado mais longo contará com o mesmo número de curvas (11), já o novo traçado, de média e alta, contará com apenas nove. A pista ficará com a largura oscilando entre 12 e 18 metros ao longo do seu percurso. Além disso, uma série de reformas serão feitas na parte estrutural da pista, boxes, arquibancadas, banheiros, deslocamento de muros e do lago que temos no perímetro do autódromo. Após a conclusão, teremos nosso equipamento, entre os melhores do Brasil, fazendo com que o mesmo se torne um dos maiores centros turísticos de Pernambuco, como de toda a região Nordeste. 

 

NdG: Além da distancia geográfica, existe uma – digamos – “distância esportiva social” em relação a se fazer determinados tipos de eventos como o automobilismo fora do centro-sul do país? O que se pode fazer para mudar isso? 

 

P. Manuel: Esta distância existe e não é só no esporte. É em todos os setores do país. A maioria dos brasileiros que vivem no centro-sul do país não sabe qual é a realidade do nordeste nem a maravilha que é o nordeste. Para não criar celeuma, eu vou relatar um fato ligado ao automobilismo. O Eduardo Bassani, dono da Bassani Racing, equipe da F3 sulamericana quando soube que eu fui a São Paulo e consegui fechar a vinda da categoria para Caruaru ele ficou “extremamente revoltado”. Ele me disse isso com outras palavras e confessou até ter chutado as cadeiras quando soube que teria que correr aqui. Que no nordeste era um absurdo, que era muito longe, que era uma “terra de ninguém”. Depois de estar aqui, de ter conhecido a realidade, ele veio falar comigo e disse ter ligado para diversas pessoas no sul do país para dizer tudo de bom e de positivo que ele viu aqui, não só da cidade, da região e do povo, mas do autódromo em si. Ele disse que nosso autódromo era “um tesão”! Os pilotos ficaram loucos... e olha que nossa pista precisa de muitas melhorias. O governo do estado e nós temos feito o possível para divulgar o nordeste e Pernambuco. Na abertura da Stock Car no ano passado, nós conseguimos colocar um stand de 20m2 na entrada da área vip dos boxes, com comidas típicas, forró pé de serra, gente dançando forró... fizemos uma festa regional nossa. Tudo isso graças aos meus amigos Carlos Col e Cleyton Pinteiro que permitiram que pudéssemos fazer esta divulgação. Foi engraçado ver o prefeito de Salvador, que sedia uma etapa da Stock perguntar: “porque que Caruaru está aqui e Salvador, não”? e Carlos Col responder: “Porque eles pensaram isso e Salvador, não”! Ele pediu o espaço e eu cedi por eles quererem divulgar Caruaru e quererem levar uma etapa da Stock para lá.  

 

NdG: Na volta que demos juntos no autódromo, vimos que as áreas de escape são imensas, que as curvas tem uma tomada perfeita, uma boa inclinação... o que foi que os pilotos da F3 disseram sobre a pista em relação à segurança? Os pilotos da Truck dizem o que neste sentido? 

 

P. Manuel: nas duas categorias, os pilotos disseram que trata-se de um dos mais seguros do país. Aqui em Caruaru nunca houve um acidente de batida em muro, guard rail o único muro que tem no autódromo é esse da reta dos boxes, que foi construído por Aurélio Batista Felix, uma pessoa por quem Caruaru tem um imenso carinho e agradecimento tanto que a pista e a sala de imprensa têm o nome dele, uma homenagem que fizemos para quem tanto fez por nós aqui. Os pilotos também dizem que Caruaru tem uma pista-escola. Que quem anda aqui, anda em qualquer lugar do Brasil. 

 

NdG: as barreiras de pneus aqui em Caruaru ainda são do tipo “pneus trançados”. Após a reforma vai ser feito algum ponto de proteção com o atual padrão FIA, com pneus aparafusados assimetricamente? 

 

 

"Não basta trazer apenas os eventos nacionais, temos que fortalecer o automobilismo da região com um campeonato regional".

 

P. Manuel: Bem, quando o autódromo foi feito este padrão era aceitável, hoje não é mais e não vamos fazer tudo de acordo com o que reza o regulamento internacional. Com os pneus presos e já estamos arrecadando junto a diversas empreses de transporte recolhendo pneus usados para podermos fazer as novas barreiras como devem ser. 

 

NdG: Os planos a curto e médio prazo já estão bem definidos... e o que a administração pensa “a longo prazo”? Dá para pensar a longo prazo?  

 

P. Manuel: Dá... mas o que se conquistar neste curto e médio prazo há que ser mantido e, a longo prazo, podemos projetar uma participação maior do nordeste no cenário automobilístico nacional. Fortaleza está trabalhando para melhorar o Virgílio Távora, eu soube que a Bahia estaria planejando construir um autódromo, mas eu não tenho confirmação disso  e que Sergipe, lá sim, também quer fazer o mesmo. Eu quero ver um automobilismo forte na região, quanto mais pistas tiver aqui, melhor para nós, uma categoria vir apenas para Caruaru sai caro. Se vier fazer duas ou três etapas, o custo é diluído. Todos ganham. Caso saiam estes autódromos novos, vai se criar perspectivas para que possamos também, regionalizar o automobilismo, criando campeonatos fortes na região. O presidente Cleyton Pinteiro já esteve em Aracaju e em Salvador e parece que a coisa vai sair do papel. Então, se a gente conseguir ter 4 autódromos aqui, não tem como não fazer um regional! Além do que, vai viabilizar ainda mais a vinda das categorias para a região pois, ao invés de viajar, três, quatro mil quilômetros para fazer uma corrida, eles poderão fazer várias e isso vai dividir os custos e vai fortalecer o automobilismo local, além de realmente “nacionalizar o esporte”.  

 

 

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Last Updated ( Monday, 15 November 2010 03:54 )