Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
As retas e (as muitas) curvas dos autódromos mineiros PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 11 February 2022 18:26

Na divulgação dos calendários do automobilismo nacional, que nosso colunista grande, Paulo ‘Shrek’ Alencar, sempre comenta (não perco uma coluna do Ogro), logo percebi que meu estado, Minas Gerais foi excluído dos calendários das principais categorias do país.

 

Minas Gerais conta com dois autódromos que – em teoria – tem condições de receber qualquer categoria do automobilismo brasileiro: o ‘Circuito dos Pequizais’ em Curvelo e o ‘Viagra’ em Lima Duarte, perto de Juiz de Fora, que no ano passado recebeu uma etapa do “evento Truck”, com a Copa Truck, a GT Sprint Race e a Copa HB20.

 

Faz parte do adágio popular que “de boas intenções o inferno está cheio” e a gente tem que aplaudir qualquer um que resolva fazer do seu bolso um investimento milionário de construir um autódromo do zero, homologar tudo na federação do estado, na CBA – isso sem falar na parte da construção, com licenças ambientais, projetos nas prefeituras, etc – para só então conseguir correr atrás de recuperar o investimento, locando o espaço pra qualquer coisa: corridas, campeonato de ‘tunning’, track days, raves, encontros evangélicos... vai valer tudo!

 

 A ideia do autódromo de Curvelo era boa, mas na prática acabou não cumprindo seu propósito, mesmo com uma reforma. 

 

Vamos nos concentrar apenas nas corridas, que é o nosso trem aqui no Nobres do Grid. Meu colega aqui no site, o grande jornalista Alexandre ‘Gargamel’ Bianchini é um crítico feroz dos “circuitos técnicos”, aqueles desprovidos de retas, praticamente sem pontos de ultrapassagens e que transformam corridas em procissões. Eu concordo com ele. Corrida tem que ser emocionante, fazer a temperatura subir ao invés de fazer a gente bocejar.

 

Eu fui para a corrida da Stock Car na “inauguração oficial” do ‘Circuito dos Pequizais’. A maior emoção que a gente sentia era a expectativa de alguém sair da pista e bater de frente em uma árvore! O trecho de maior velocidade terminava em uma curva onde fizeram um muro de tijolos para segurar os carros e impedi-los de rolar uma ribanceira. Acabaram por fazer um “desvio”, encurtando a pista de 4400 metros para pouco mais de 3300, mas isso não foi o suficiente para segurar a presença das principais categorias do automobilismo nacional.

 

A Stock Car correu dois anos em Curvelo. Depois da corrida de 2016, fizeram uma reforma e a categoria voltou apenas uma vez.

 

Além da falta de retas com metragem (com 750 metros e entre duas curvas travadas) considerável – padrão aquela “pista de track day em Mogi-Guaçu”, como chama o Alexandre ‘Gargamel’ Bianchini – a região tinha também como agravante a falta de infraestrutura para receber a categoria principal e as categorias satélite. Não tinha como hospedar tanta gente e o acesso ao circuito – que fica fora da área urbana do município – era insuficiente para atender a demanda de público e profissionais, com imensos engarrafamentos.

 

Veio então o projeto do Potenza, em Lima Duarte, entre a área urbana do município e a cidade de Juiz de Fora, que tem estrutura para hospedar um grupo de profissionais grande para trabalhar em um autódromo. Com algum atraso o circuito ficou pronto e recebeu no ano passado o evento com a Copa Truck, a GT Sprint Race e a Copa HB20. Eram mais de 80 veículos de competição reunidos e – tudo funcionando bem – poderia abrir a porta para a Stock Car no ano seguinte.

 

O circuito Potenza é geograficamente melhor localizado, mas carece de um problema comum com Curvelo: a falta de uma reta boa. 

 

Não se pode dizer que as coisas não funcionaram bem. Não é culpa do Sr. Johnny Bonilla e de sua equipe, que projetaram e construíram o autódromo, se os pilotos não conseguiam entender como contornar a curva 1, logo após a – curtíssima – reta dos boxes ou não atropelar as zebras das chicanes. Mas ter a maior reta do circuito com 645 metros é pra descarrilar o trem! Consegui assistir a corrida dos caminhões na TV, que foi boa e teve ultrapassagens no final desta “mini reta” e muita gente indo para o barro na saída da curva 1.

 

O problema é que os autódromos mineiros não devem ter um “padrinho forte” para colocá-los (e mantê-los) nos calendários das principais categorias nacionais. Eu tinha muita esperança no Potenza, mas faltou reta e sobraram curvas! Quem sabe não dá pra fazer um “puxadinho” de uns 150 metros (200 seria perfeito) naquela reta. Daí, quem sabe, a Stock Car apareceria para correr por lá.

 

A Copa Truck (junto com a GT Sprint Race e a Copa HB20) foi ao Potenza... e não mais voltou. A Stock Car, nem isso. 

 

Quando eu era adolescente, eu preferia as curvas do que as retas. Claudia Raia, Magda Cotrofe, Solange Frazão... essas curvas enchiam o imaginário da gente, mas para um autódromo, tem que haver um equilíbrio entre retas e curvas, do contrário, vira “circuito técnico”.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.