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A F1 está sendo politicamente correta? PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 09 March 2022 20:55

Caros Amigos, Há alguns anos a expressão “politicamente correto” foi banalizada e distorcida no Brasil. O que há de errado em se pensar, agir, falar ou se posicionar expondo seu ponto de vista sem ofender, estereotipar e/ou marginalizar algo, alguém ou um grupo?

 

Quando uma pessoa – física ou jurídica – toma uma posição ou assume um discurso com este teor, parece ser mais ofensivo do que assumir uma postura xenófoba e/ou excludente.

 

Evidentemente, o país dos conceitos distorcidos e onde seguir regras, ter bom senso e respeitar o próximo rotulam o cidadão como bobo, idiota, otário – e mais recentemente – comunista, agir de maneira correta é algo intangível.

 

A Federação Internacional de Automobilismo baniu Russia e Belarus e em comunicado, condenou peremptoriamente a invasão russa ao território ucraniano, bem como o apoio da visinha Belarus no conflito. O GP da Russia foi retirado do calendário (não havendo ainda a designação de um local substituto) e eu uma decisão de caráter inédito no esporte a motor, baniu qualquer símbolo dos dois países das competições por ela chanceladas.

 

O banimento do símbolo de um país não é novidade no esporte, muitas das vezes por motivos outros. Há algum tempo a própria Russia vem sendo proibida de ostentar sua bandeira nas competições olímpicas e seus atletas a competirem sem usar a bandeira nacional de seu país, mas apenas símbolos dos comitês olímpicos ou como já tivemos no passado, a própria bandeira do Comitê Olímpico Internacional – COI – com suas 5 argolas em fundo branco.

 

Entretanto, a FIA foi além e, além de banir os símbolos nacionais desses dois países, em uma decisão historicamente inédita, passou a exigir dos pilotos a assinatura de um documento chamado “Compromisso do Piloto”, exigindo a concordância com dez tópicos, entre eles o veto às manifestações com símbolos nacionais, o aceite a possíveis proibições de participações em eventos e uma “mordaça” à quaisquer declarações ou comentários, obrigando os pilotos a não tomar quaisquer ações ou se comportar de forma que seja prejudicial aos interesses da FIA (algo que a entidade não deixa claro quais critérios usará), de qualquer competição e/ou do automobilismo em geral. Em particular, não expressar nenhum apoio (direto ou indireto) às atividades russas e/ou bielorrussas em relação à Ucrânia.

 

O ineditismo da ação gerou um igual ineditismo na reação. Além do rompimento de Nikita Mazepin – e do seu poderoso patrocinador familiar – com a recisão do contrato com a Uralkali outros pilotos russos se recusaram a assinar o documento e estão fora das competiçõs para este ano, às vésperas do início das temporadas, como Alexander Smolyar, na Fórmula 3, Daniil Kvyat e Roman Rustinov no Mundial de Endurance.

 

Considero importante lembrar que nem sempre a Federação Internacional de Automobilismo foi tão politicamente correta assim. Nos anos 70 e 80, enquanto a África do Sul era proibida de disputar as eliminatórias e – consequentemente – a Copa do Mundo, de participar das olimpíadas, entre outros eventos esportivos, a Fórmula 1 disputou regularmente corridas de seu campeonato no circuito de Kayalami.

 

Para esta temporada a FIA também decidiu “acabar” com o movimento antiracista “We Race As One”, desencadeado pela postura corajosa de Lewis Hamilton ante os atos racistas ocorridos nos Estado Unidos, que levaram, inclusive, a equipe a adotar a cor preta em seus carros nos dois últimos anos.

 

Além das novidades nos carros da Fórmula 1 em 2022, co WRC com motores híbridos e de mais um passo no projeto dos Hypercars no WEC, o mandato de Mohammed Bin Sulayem começa bastante complicado, e sem falar no caso Masi.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva