Pacheco! Os leitores mais velhos vão lembrar dele. Era um personagem que foi criado para simbolizar o torcedor brasileiro para a copa de 1982 (eu era bebê de colo). Era aquele torcedor apaixonado, que se vestia de verde e amarelo, empunhava a bandeira, chorava com o hino, etc. O termo “Pacheco” para rotular o torcedor brasileiro ficou, mesmo depois da derrota da copa e nos dias de hoje, pelo que pesquisei pra fazer esta coluna, o ser de nacionalidade brasileira que mais se aproxima da figura do Pacheco da copa de 1982 é o Galvão Bueno. Essa conversa toda de Pacheco e “Pachequismo” eu trago para retratar as coisas que saíram publicadas na “imprensa especializada” nacional após o fim do contrato da equipe Haas com o papai ricaço e seu pobre filhinho rico, Nikita Mazepin. Foi um tal de anunciar Pietro Fittipaldi como “novo companheiro de Mick Schumacher” na equipe... na primeira que li, comentei com Fernando, meu primo: esse trem não sai da estação! O único jornalista que escreveu com sensatez foi Américo Teixeira Jr. o assessor de imprensa de Helio Castroneves (é duro de engolir essa grafia com tudo junto). Ele foi categórico ao afirmar que a única garantia que Pietro Fittipaldi tinha – e tem na Haas é a de “piloto reserva”. Isso implica em fazer testes nos simuladores, fazer treinos (talvez) nas sessões da pré-temporada, mas não daria nenhuma garantia de que ele assumiria o lugar de titular na equipe. Há três anos na equipe Haas, Pietro Fittipaldi tem uma consição estável, mas certamente não muito cômoda. Ele quer competir. Apesar de ter ficado em último lugar na disputa do campeonato de construtores em 2021, a abertura de uma vaga de piloto titular na Haas foi como jogar uma carcaça de animal em um rio cheio de piranhas. A lista de gente para morder a presa iria desde o “Bombril” Niko Hulkenberg até os pilotos que disputaram a Fórmula 2 no ano passado e que já tem os 40 pontos da superlicença, como o campeão da categoria, Oscar Piastri. Entre os dois, pelo menos meia dúzia de candidatos, alguns com consideráveis malas de dinheiro. A confirmação de Pietro Fittipaldi como piloto na segunda sessão pré-temporada foi como jogar um balde de gasolina na fogueira já acesa. Os “Pachecos” da nossa imprensa especializada entraram em uma cartase delirante de que “agora vai! O Brasil está de volta à Fórmula 1”, mesmo com os evidentes sinais de cautela que o chefe da equipe, Guenther Steiner, andou dando nas vezes que alguém colocou um microfone na sua frente. E mesmo que, em nenhum momento, ele tenha dito que Pietro Fittipaldi seria o piloto titular da equipe sequer para a corrida de abertura da temporada no Bahrain, a trupe dos Pachecos estava à beira da histeria. No primeiro dia dos testes no Bahrain, Pietro Fittipaldi andou muito e virou mais rápido que o titular, Mick Schumacher. O choque de realidade – para os Pachecos – veio apenas quando foi divulgada a nota pela equipe Haas do retorno de Kevin Magnussen à equipe. Enquanto o “pobre brasileirinho” testava o carro da equipe no primeiro dia de treinos pré-temporada no Bahrain, o piloto dinamarquês dava entrevistas se dizendo feliz e surpreso pelo convite para retornar ao time, mesmo sem trazer um patrocinador de peso. Kevin Magnussen está na categoria desde 2014, tendo sido piloto da McLaren e da Renault. Foi piloto titular da equipe Haas de 2017 a 2020, quando a direção da equipe decidiu mudar tudo e dispensou a ele e Romain Grosjean para receber o herdeiro da família Schumacher – Mick – e as dezenas de milhões de dólares da família Mazepin. Enquanto correu pela Haas, oscilou entre altos e baixos, tendo seu melhor desempenho em 2018, quando pontuou em 11 das 21 corridas e terminou na nona colocação do campeonato. Com um histórico de quatro temporadas na equipe norte americana e 119 GPs disputados, Magnussen volta para liderar a equipe. A escolha de Magnussen obedece uma certa lógica, algo que a equipe não fez em 2021 ao colocar dois pilotos recém saídos da Fórmula 2 como titulares da equipe. Partindo do princípio que nenhum deles era um gênio (e ambos passam muito longe disso), trazer para a equipe alguém que tem uma boa quilometragem na categoria, que conhece o funcionamento da equipe e que tem uma boa relação com seus membros (ele perdeu o lugar no time para os dólares, não por incompetência). Apesar de não ter sido cogitado ao longo dos dias que antecederam seu anúncio, não podemos chamar de “uma grande surpresa” sua contratação. Foi um ato de reconhecimento. Ao longo de 2021 Kevin Magnussen se manteve em atividade, passando por outros campeonatos, como a IMSA (categoria de endurance dos Estados Unidos), na qual venceu uma prova ano passado, pelo Mundial de Endurance (WEC) e chegou a disputar uma corrida na Fórmula Indy, substituindo Felix Rosenqvist, andando bem até o carro quebrar. Este ano ele testou pela Chip Ganassi e era um nome forte para se estabelecer na categoria norte americana no curto prazo. Ao contrário do que foi 2021, a Haas pasa a ter um piloto com "milhagem" e servir de referência para o jovem Mick Schumacher. Agora os “Pachecos”, desidratados de tanto chorar e (quem dera) envergonhados pelo mico profissional pago, estão tendo que fazer o “veja bem”, para tentar justificar o que escreveram. Abraços, Mauricio Paiva Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |