 No próximo domingo, 20 de março, terá início o Campeonato Mundial de pilotos, com a disputa do Grande Prêmio de Bahrein, no circuito de Sakhir. Será também a largada para uma nova fase de mudanças radicais na Fórmula 1.
As profundas alterações nos regulamentos técnico e esportivo, resultaram em carros totalmente novos, com quase nenhuma relação com os modelos de 2021. Recriação do efeito solo, outras modificações no setor aerodinâmico, pneus de 13 para 18 polegadas, estabelecimento de um teto de gastos, são algumas das modificações impostas. 2021 foi uma temporada completamente atípica para as equipes. Projetistas, engenheiros e técnicos trabalharam no desenvolvimento corrida por corrida do projeto do ano passado, ao mesmo tempo em que criavam carros completamente diferentes, resultando em jornadas de trabalho extenuantes, que ainda não terminaram, e que poderão se estender ao longo deste ano. As novas regras impostas pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) visam criar um efeito aerodinâmico que permita carros andarem mais próximos uns dos outros sem que sofram com os efeitos ora da turbulência ora do vácuo, criados pelo competidor que segue na frente, que provocam perda se pressão do ar para o que vem atrás, resultando em dificuldades de dirigibilidade e ultrapassagem. O conceito é bom, teoricamente os projetos se tornariam mais simples. Agora já está comprovado que a implantação é complexa. Resumindo o que ocorreu nas duas etapas da pré-temporada, Montmeló e Sakhir, os novos carros ainda estão muito distantes uns dos outros. Todas as equipes, sem exceção, estão enfrentando sérias dificuldades para acertar seus carros, mesmo nos detalhes mais básicos. O efeito porpoising, ou seja carros fazendo movimentos verticais na reta por frações de segundo, com a ação do efeito solo, intercalada com a ausência dele, tem sido uma dor de cabeça encontrada pelas equipes. E será preciso encontrar soluções antes da primeira largada. Com o porpoising, os pilotos temem uma possível repentina perda de controle na freada do final da reta. A Mercedes surpreendeu a todos ao apresentar um carro com sidepods bem reduzidos e um suporte do retrovisor com apêndices aerodinâmicos, que já provocaram a discordância de Christian Horner, o homem forte da Red Bull. Tais modificações já passaram pela aprovação da FIA, portanto estariam de acordo com o regulamento. Os carros de Hamilton e Russell não parecem ter obtido ganhos com a novidade. O apaixonado por automobilismo quer ver as disputas nas pistas, não em reuniões fechadas ou tribunais. Horner e Wolff não podem aparecer tanto quanto Verstappen e Hamilton, como aconteceu em 2021. No fechamento dos testes em Sakhir, Max Verstappen (Red Bull) registrou o melhor tempo, com 1m31s720, seguido por Charles Leclerc (Ferrari) com 1m32s415, Fernando Alonso com 1m32s698, completando os que viraram dentro de 1 segundo. Vieram a seguir George Russell (Mercedes) com 1m32s759, Valteri Bottas (Alfa Romeo) com 1m32s985, Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) com 1m33s002, Sergio Perez (Red Bull) com 1m33s105, Miki Schumacher (Haas) com 1m33s151, Lando Norris (Mclaren) com 1m33s191 e Sebastian Vettel (Aston Martin) com 1m33s821, completando os dez primeiros colocados. Para se ter uma ideia Lewis Hamilton (Mercedes) registrou 1m36s217, o 17º tempo. O último colocado foi Kevin Magnussen (Haas) com 1m38s616. Essa diferença tempo de quase 7 segundos entre os carros mostra claramente a enorme distância técnica entre os eles. Para comparação: Verstappen fez o melhor tempo em Bahrein no ano passado virando em 1m28s997. Baseado nos resultados dos testes de pré-temporada e acreditando que nenhuma equipe escondeu o jogo, parece que as equipes Ferrari e Red Bull estão com desempenhos mais consistentes e que enfrentaram menos problemas que as demais. De qualquer forma, creio que será uma corrida confusa, com mais quebras que o normal e com algumas surpresas. A Fórmula 1 está de volta, para alegria dos apaixonados por velocidade. Luiz Carlos Lima Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |
