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Não subestimem Lewis Hamilton PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 12 April 2022 18:17

 

Olá fãs do automobilismo,

 

Depois de disputadas três etapas do campeonato mundial de Fórmula 1 e muitas sessões, antes e depois da corrida na Austrália, mas nos últimos dias só se fala do desabafo de Lewis Hamilton.

 

Lewis é meu paciente desde 2012, quando eu ainda morava no Brasil, em Cuiabá. Ele vinha de forma muito discreta, duas vezes por semana (não usava essas roupas que vem vestindo nos últimos anos).

 

Para a psicologia esportiva, o desempenho de um atleta de alto rendimento é afetado por diversos fatores que podem ou não ter ligação com o esporte. O lado emocional, afetivo e até mesmo a maneira como eles se relacionam com a equipe ou outras pessoas do seu convívio interferem no resultado final nas competições. Por isso, a psicologia esportiva busca trabalhar aspectos da saúde mental e o bem estar dos atletas, para assim eles obterem suas melhores performances.

 

Não é incomum entre os esportistas, mesmo os chamados atletas de auto rendimento, a dificuldade em lidar com a pressão interna e externa dentro do seu campo de atuação, mesmo quando – aparentemente – tudo está correndo bem e dentro do planejado. Eu chamo essa relação entre rendimento esportivo e a pressão psicológica de “Fator Ícaro”, baseado na mitologia grega, do jovem que voou com asas e foi perto demais do sol, o que derreteu a cera que prendia as penas e ele despencou do céu.

 

 

Lewis é uma verdadeira fortaleza humana, mas mesmo assim, ele é um ser humano e como ser humano está sujeito às pressões e a instabilidades. Quem acompanha minha coluna sabe bem como foram os anos de 2014 a 2016 com o ambiente que se instalou dentro da equipe Mercedes onde os dois pilotos eram meus pacientes e eu precisei lidar com situações de altos e baixos de ambos semana após semana. Até o Toto pediu ajuda para conseguir estabilizar o ambiente na equipe em dado momento.

 

Sendo o maior vencedor de corridas da história, tendo o mesmo número de títulos conquistados de Michael Schumacher (por causa da absurda sequência de fatos ocorridos na etapa final em Abu Dhabi, que daria a Lewis um inédito oitavo título), maior numero de pole positions, Lewis não está imune às pressões e muitas pessoas ficaram estarrecidas quando ele declarou que tem lutado mental e emocionalmente por muito tempo, que continuar é um esforço constante, mas tem que continuar lutando, tendo muito a fazer e alcançar.

 

 

Uma colocação deste tipo pode demonstrar um cansaço mental por parte dele para quem não o conhece. Mesmo estando sob pressão e com muitos olhos sobre sua trajetória desde o tempo do kart, Lewis ao falar isso – diferente o que andou sendo noticiado na imprensa de uma forma geral – não acusa sinais de esgotamento mental. Pelo contrário, é parte do processo que comentei em minha coluna três meses atrás. É uma reconstrução, que está passando por um momento difícil devido aos problemas do carro neste início de temporada.

 

Estive online com Lewis assim que ele chegou na Austrália (Morando em San Diego a diferença de fuso me favorece) antes da corrida no reformado traçado de Albert Park. Ele não estava muito animado com as perspectivas, mas acreditava em uma melhora no carro quando retornarem para a Europa. Ele foi enfático ao dizer que trata-se do campeonato mais longo da história e que ele mostrou ser capaz de reverter situações adversas, como fez no ano passado. Alguém duvida?

 

Ao longo destes últimos 12 meses vimos a multicampeã olímpica Simone Biles “ruir” psicologicamente durante as olimpíadas de Tóquio. Em suas declarações, após comunicar a desistência de participar dos jogos, ela expôs o grau de pressão que estava sentindo. No início deste ano, após o torneio de tênis da Austrália, onde conquistou seu terceiro título, a tenista local e número 1 do ranking mundial, Ash Barty, comunicou que estava abandonando as competições, esgotada das pressões físicas e emocionais.

 

 

Como Lewis disse algumas vezes (e não apenas no início do mês), “nós podemos fazer qualquer coisa que colocarmos em nossas mentes”. Portanto, os fatalistas que aguardem: o campeão vai voltar.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares