Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
A dura realidade no caminho da Fórmula 1 é mais dura para elas PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 13 April 2022 20:04

Caros Amigos, nesta semana alguns poucos privilegiados brasileiros tiveram a oportunidade de estar em um auditório em São Paulo em um evento voltado para inovação digital onde deu uma palestra com o tema “De azarão a líder: como prosperar contra todas as probabilidades e se tornar um ícone global”.

 

Este título tem uma distorção: Lewis Hamilton nunca foi um “azarão”. Dono de um talento ímpar, foi “descoberto” por Ron Dennis, o ex-proprietário da McLaren, aos 11 anos de idade e teve o suporte da equipe em todos os anos posteriores, do kart à Fórmula 1, passando por boas equipes em todas as categorias de base.

 

Evidentemente que em cada passo que deu na carreira, do kartismo à maior de todas as categorias, Lewis sempre foi olhado de forma diferente. Independente de seu talento, sua pele – negra – nunca foi algo comum no automobilismo. Na verdade, negros ao volante são uma ínfima minoria, mesmo depois de todo o sucesso dos sete títulos do piloto inglês.

 

Barreiras sociais, geográficas e étnicas não são particulares ao automobilismo. Elas existem em outros esportes e aqueles que conseguem superá-las mostram muito mais do que talento e tenacidade. São diferenciados em mais de um sentido e em casos particulares como o automobilismo, ainda há uma cruel particularidade para a criação de uma outra barreira: a sexual! O esporte a motor é um dos poucos – talvez seja o único – onde homens e mulheres competem uns contra os outros sem separação de sexo e com o condicionamento físico exigido cada vez maior, não podemos negar a fisiologia e reconhecer as diferenças.

 

Mulheres já conseguiram despontar entre este masculinizado meio esportivo. De Helen Nice, pilota francesa dos anos 30, na Nobre do Grid Graziela Fernandes, Em Lella Lombardi, a única mulher a conseguir pontuar na Fórmula 1, em Danica Patrick, que venceu o GP de Montegi na Fórmula Indy, Em Suzane Carvalho e Bia Figueiredo, que venceram em categorias continentais como a Fórmula 3 e a Indy Lights, mas elas são tão exceções quanto Lewis Hamilton, mas nenhuma conseguiu um feito tão grande quanto Jutta Kleinschmidt, vencadora do Dakar em 2001.

 

No final da década passada, uma iniciativa da Federação Internacional de Automobilismo e da Campeã de Rally – outra exceção – Michelle Mouton criaram a W Series, uma categoria de monopostos voltada para estimular o surgimento de mulheres capazes de competir de igual para igual com os homens nas categorias de monopostos da FIA. Até o momento foram dois campeonatos disputados (não tivemos a competição em 2020 devido à pandemia do Covid 19) e uma mesma vencedora, a inglesa Jamie Chadwick.

 

Mesmo mostrando boas performances em outras competições de monopostos e depois de conquistar o campeonato de 2021 da W Series, a ambição da pilota era conseguir disputar o campeonato da FIA Fórmula 3, trabalhando com a chefe da W Series, Catherine Bond Muir, e a presidente da FIA Women in Motorsport Commission, Deborah Mayer, para diversificar o elenco masculino da série, o promotor da categoria, Bruno Michel, que também é o promotor da Fórmula 2, no projeto de garantir que as mulheres cheguem a estas categorias. Apesar do trabalho, do empenho, do inegável talento, a inglesa não conseguiu um lugar no grid.

 

Há dois anos a Ferrari e sua academia de jovens pilotos também fez um programa para promover oportunidades para jovens do sexo feminino terem chance de chegar ao caminho que leva para a Fórmula 1 junto com a FIA: o Girls on Track, programa do qual participaram as brasileiras Antonella Bassani e Julia Ayoub. Em seus dois anos, eles levaram a holandesa Maya Weug e em 2021 criaram a categoria para kartistas. As vencedoras foram a espanhola Laura Camps Torras para os monopostos e Maria Germano Neto para o kart.

 

Entretanto, todo esse trabalho não produzirá resultados efetivos se essas jovens não tiverem uma estrutura competitiva para que, aliada ao talento natural que possuem, possam se projetar nas categorias de base e chegar à Fórmula 1.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 
Last Updated ( Thursday, 14 April 2022 09:32 )