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As lentas obras no autódromo de Brasília PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 11 May 2022 22:49

Quem conhece um pouquinho de história do Brasil sabe bem que obras públicas sempre duram mais tempo do que o anunciado quando da divulgação do seus lançamento e custam sempre muito mais do que o anunciado em seus orçamentos.

 

Exemplos disso não faltam, como a usina hidroelétrica de Itaipu (onde o Brasil entrou com a tecnologia, o concreto, o projeto e o Paraguai com a água e a outra margem do rio), a ponte Ro Niterói, a interminável ferrovia Norte-Sul, que vem desde o governo de José Sarney... a lista é interminável!

 

E agora temos mais uma obra para colocar nessa lista: a da reforma do autódromo de Brasília. Recebi na semana passada um release pelas das nossas editoras com a confirmação de algo que já vinha levantando junto aos meus contatos com amigos e colegas de profissão na capital federal: as obras estão atrasadas! E não é pouco atraso. Foi devido a este atraso que a VICAR, promotora da Stock Car transferiu a rodada dupla da Stock Car dos dias 02 e 03 de julho para o Velopark, em Nova Santa Rita-RS, bem como a Stock Series (ex-light). A Fórmula 4 que iria correr em Brasília ainda não tem data e local definido.

 

Autódromo de Brasília antes do início das obras. Uma imagem de degradação e abandono.

 

Vamos recapitular: Emperrada há mais de 7 (sete) anos, com um imbróglio envolvendo o Tribunal de Contas, a Terracap (empresa responsável pelas obras no chamado Plano Piloto da capital federal), um fortíssimo lobby que há décadas tenta avançar o chamado “setor hoteleiro” (Brasília é dividida por setores) sobre a área do chamado “setor esportivo”, onde fica o autódromo, o elefante branco da copa de 2014 que custou quase dois bilhões de reais e que recebe meia dúzia de jogos de futebol por ano e o ginásio poliesportivo, a reforma que começou com um contrato – e um custo – surreais parou em 2014 e assim ficou.

 

Foi com pompa e ampla divulgação que trombetearam o retorno do Autódromo Internacional Nelson Piquet em Brasília ao calendário do automobilismo nacional, podendo – finalmente – voltar a receber o ronco de motores. No final de 2021 o planejamento do GDF e da empresa promotora e organizadora da categoria anunciaram que a temporada 2022 da mais estrelada categoria do automobilismo nacional iria encerrar o calendário na capital federal. Na verdade, este era o plano para o final de 2021, porém, a reforma do autódromo não ficou pronta e fizeram uma maratona de corridas em Interlagos, numa data que estava reservada para o campeonato paulista (isso deve ter custado caro aos cofres da VICAR), com algumas corridas do regional sendo disputadas pela noite a dentro.

 

As obras para a reforma chegaram a ter início em 2014, mas foram paralizadas após uma série de ações judiciais.

 

Depois de fechar um acordo comercial de patrocínio com o Banco Regional de Brasília (BRB), a VICAR, gestora da Stock Car, anunciou que três etapas serão realizadas no Distrito Federal. Duas corridas no final de semana dos dias 02 e 03 de julho, além da grande Super Final BRB em 20 de novembro de 2022. A Stock Car Series – segundo nível -, a Fórmula 4 e a Turismo Nacional também ocorrerão nessas datas no traçado de 5.475,58 metros. Isso é, se a obra terminar!

 

Quando do anúncio do projeto, O BRB engajou-se no processo para assumir a gestão do autódromo, que pertence à Agência de Desenvolvimento (Terracap). Neste projeto, foi estabelecida uma parceria na reforma da pista com o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF). As coisas começam a se enrolar já nesse ponto: fazer asfalto de estrada não é a mesma coisa de fazer asfalto de autódromo e temos diversos exemplos de coisas que deram errado como Goiânia, Campo Grande, Londrina...

 

O BRB estabeleceu parceria com o Governo do Distrito Federal, é atualmente patrocinador da VICAR e está à frente da reforma.

 

Segundo o anúncio feito, a intenção do BRB é transformar o local em uma arena multiuso e que a pista do autódromo tenha mais do que carros de alta performance circulando. No novo formato do autódromo, o espaço terá vez para ciclistas, caminhadas e corridas, kartódromo, concessionárias de veículos, pista off-road, centro médico e a manutenção do Cine Drive-in. A ideia de pouco mexer no traçado, apenas adequando às normas de segurança. No plano há a intenção de, inicialmente, homologar a pista com grau 3 na FIA e, em seguida, conseguir os itens para o grau 2, o que poderia, por exemplo, trazer o WEC de volta ao país (desde que tenha alguém que cumpra com as clausulas de contrato do promotor).

 

Voltando à realidade, além do adiamento da Stock Car e suas categorias satélite, o problema do atraso nas obras pode – e vai – acabar criando problema para outras categorias. A Porsche Cup, a Copa Truck, a GT Sprint Race, a Copa HB20 e a Turismo Nacional tem planos de correr em Brasília no segundo semestre de 2022. Com o fim das atividades e a destruição do Autódromo de Pinhais, na grande Curitiba, as coisas podem se complicar para o final de temporada do automobilismo nacional (ainda com a ajuda da Copa do Mundo do Catar, que começa dia 20 de novembro) por falta de datas, horários e a concorrência do futebol em sua maior competição.

 

As máquinas voltaram a trabalhar no autódromo, mas o ritmo das obras é lento e preocupante para quem quer ver corridas em 2022. 

Na base do "agora vai", nesta semana o BRB anunciou que vai administrar o autódromo... para os que lerem esta coluna e acharem que estou sendo pessimista, desculpem. Estou sendo apenas realista ante o que está acontecendo. Como disse lá no início, temos um histórico nada positivo nessas – e outras – coisas.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. 

  
Last Updated ( Sunday, 15 May 2022 21:51 )