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Lando Norris de mente aberta PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 11 June 2022 23:20

Olá fãs do esporte a motor,

 

Depois de muito resistir fui obrigada a rever os meus conceitos sobre o perfil dos meus clientes. Eu sempre evitei pacientes muito jovens, com menos de 25 anos de idade, mas diante desta nova – e brilhante – geração de pilotos que hoje estão na Fórmula 1, fui abrindo espaço para os que me procuravam, mesmo porque, eles vinham com indicação de clientes antigos como Sebastian, Lewis e Fernando, mesmo dos que já não fazem mais terapia comigo como Nico e Felipe.

 

Esta geração, além de ter muito talento, tem uma mente muito aberta e está sendo um delicioso desafio para mim como profissional lidar com eles. Isso faz parte de um processo que há anos ficou conhecido como “inteligência emocional”. Neste processo de ampliação de estudos com relação ao comportamento humano e na quebra de paradigmas comportamentais, falar abertamente sobre saúde mental tem sido algo muito difundido no meio esportivo.

 

 

Depois de Sebastian Vettel falar sobre isso pela primeira vez há alguns anos, recentemente tem sido Lando Norris, piloto da equipe McLaren e meu paciente desde o início do ano, quem vem trazendo ao público questões sobre a saúde mental dos pilotos, especialmente dos mais jovens, que tem chegado muito cedo à Fórmula 1 e que já chegam com um alto grau de cobrança sobre seus ombros.

 

O conceito de saúde mental é definido como “um estado de bem-estar em que um indivíduo percebe suas próprias habilidades, pode lidar com o estresse normal da vida, pode trabalhar de forma produtiva e é capaz de dar uma contribuição para sua comunidade”. A OMS enfatiza que a saúde mental é “mais do que apenas a ausência de transtornos mentais ou deficiências”, mas também o cuidado contínuo do bem-estar e da felicidade.

 

 

Vale lembrar que uma saúde mental comprometida afeta os relacionamentos, a qualidade de vida, as atividades do dia a dia e até a saúde física, bem como é importante não desprezar o tato de que o inverso também é válido: conexões interpessoais, doenças físicas, más condições de trabalho e outros problemas podem contribuir para perturbações na saúde mental e até para o desenvolvimento de transtornos.

 

Lando nunca escondeu ter ficado deprimido a maior parte do tempo" e se preocupar com seu futuro na F1 durante sua temporada de estreia no esporte, quando o piloto da McLaren se abriu sobre as dificuldades de saúde mental que enfrentou. Depois de chegar na principal categoria do automobilismo mundial com apenas 19 anos, em 2019, tornando-se o piloto britânico mais jovem de todos os tempos. Ele rapidamente se tornou uma estrela dentro e fora das pistas, mostrando velocidade imediata e ao mesmo tempo se mostrando uma figura extremamente popular no paddock e com os fãs com sua personalidade jovial e divertida.

 

 

Essa era a “casca”, aquilo que todos viam, mas poucos e mais próximos viam as muitas coisas nos bastidores que as pessoas não conheciam ao descrever sobre a pressão constante e o preço cobrado. Se um piloto muito jovem, que todos apostam no sucesso e acreditam tem um um dois finais de semana ruim, não apenas ele, mas quantos não começam a pensar que “ele não é bom o suficiente para estar ali” e coisas assim começam a desgastar você.

 

Lando travou uma luta intensa com ele mesmo e conseguiu superar a primeira onda da arrebentação. Isso deu-lhe forças para que se tornasse uma voz-chave para falar sobre questões de saúde mental, que em um ambiente esportivo já eram vistas por muitos como um assunto tabu que poderia expor a fraqueza a outros competidores e que este é é um assunto sobre o qual as pessoas não gostam de falar. De forma decidida ele acha que isso tem que mudar!

 

 

No entanto, a situação não é sombria, pois Norris admitiu que está vendo mais pessoas começarem a se abrir sobre o assunto, apesar de críticas a este processo de “humanização do esporte”, que chegou a receber críticas do Presidente da Federação Internacional de Automobilismo, Mohammed, Bin Sulayem, oriundo de uma cultura onde as mulheres são “subservientes por força da lei” e que, até poucos anos atrás, não podiam dirigir.

 

Em sua visão, ter tomado a atitude de expor-se como ser humano lhe proporcionou um grande feedback por parte dos seus fãs que o encorajaram por sua coragem devido sua abertura. De repente, as pessoas passaram escrever mensagens dizendo que tinham se sentido confortáveis e confiantes por minha causa e que agora podiam conversar melhor com a família e os amigos. Lando tem certeza que quanto mais aberto e honesto você for nas redes sociais, maior a probabilidade de alcançar e ajudar as pessoas.

 

 

Levei quase seis meses para convencê-lo a partilhar suas experiências com meus amados leitores e usando as palavras dele, de que “quanto mais fãs eu alcançar com isso, melhor” Lando vai dividir estas e mais coisas de seu mundo – dentro e fora das pistas – conosco.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares