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Um olhar sobre 2010. PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 07 December 2010 01:19

 

 

 

Um ano onde 5 pilotos lutaram pelo título até a penultima etapa e onde 4 deles chegaram a última etapa com chances de título. Foi o ano mais equilibrado da história? Não creio. Entretanto, foi um dos campeonatos mais equilibrados de todos os tempos. Muitas variantes técnicas, erros de alguns pilotos e o há muito esperado fim do reabastecimento, tivemos a sensação de um ano mais agitado em 2010 do que haviam sido as temporadas anteriores. As estatís-ticas apontam que esse foi o ano com mais ultrapassagens desde 1991. De fato, sem o reabastecimento, os pilotos foram forçados a buscarem mais posições na pista. Conse-quentemente, mais erros de pilotagem surgiram, e acabamos por ver algumas corridas de recuperação sensacionais.

 

Nesse ano também tivemos poucas decisões discutíveis dos comissários, embora alguns GPs tenham sido claramente decididos por eles. Valência talvez tenha sido o caso mais claro. Outro ponto negativo foi a durabilidade dos pneus Bridgestone. A regra que obrigava os pilotos a trocarem de pneus durante as corridas nos impediu de vermos mais variações de estratégias. A exceção foi o GP do Canadá, onde os pneus duravam poucas voltas e a prova foi um festival de pit stops. Porém em algumas ocasiões os pneus duravam tanto que era possível fazer a corrida inteira com eles. Como foi o caso de Sebastian Vettel, que em Monza só trocou pneus na última volta da prova. 

 

Ao fim das contas, ganhou o piloto mais rápido, com mais vitórias e com o melhor carro da temporada. Sebastian Vettel se tornou o mais jovem campeão do mundo em Abu Dhabi. Mas o que poderia ter sido um ano tranquilo para o jovem alemão acabou sendo um drama só resolvido nas voltas finais da última etapa do ano. A Red Bull teve em seu RB6 o melhor conjunto da temporada. Entretanto a equipe sofreu com problemas mecânicos que tiraram vitórias certas e também sofreu com seus problemas de comando e a rivalidade interna de seus pilotos. O acidente na Turquia, as posteriores declarações de Webber sobre a diferença de tratamento no time e os erros de Vettel puseram o favoritismo da Red Bull em cheque. Para piorarem as coisas, Fernando Alonso se recuperou espetacularmente e tudo parecia perdido. Mas 3 vitórias nas últimas 4 corridas definiram o resultado em favor de Sebastian. 

 

Os cinco pilotos que lutaram pelo título de 2010.

 

Alonso e a Ferrari acabaram derrotados. Não foi um bom ano para a “Scuderia”, especialmente em termos de imagem. A Ferrari esse ano hipotecou todo o prestígio obtido ano passado durante a guerra contra a FIA e Max Mosley, quando em várias pesquisas de opinião e de imagem, foi verificado que a equipe italiana era considerada mais importante que o próprio campeonato mundial de F1. Coincidência ou não, a partir daí, a equipe de Maranello praticamente passou a atuar a seu bel prazer, não se importando se estava transgredindo as regras ou não.

 

Ainda no começo do ano, a escuderia colocou Fernando Alonso para testar um F60 híbrido (carro de 2009) no autódromo de Paul Ricard, sob o pretexto de filmagens. Logo em Xangai, Alonso queimou a largada da prova e jogou Massa para fora na entrada dos boxes. Antes do GP da Espanha, a FIA liberou a Ferrari a mexer nos seus motores pois eles quebravam demais. Em Monaco, Alonso reclamou de Lucas Di Grassi porque esse não lhe cedia passagem, depois, a Ferrari praticamente jogou o livro de regras na cara da FIA ao exigir uma punição a Michael Schumacher, quando este ultrapassou Alonso na última relargada da corrida. Após Montreal, a Ferrari novamente fez testes proibidos sob o pretexto de filmagens. Em Valência, Alonso e a equipe saíram a público pra dizer que a corrida foi manipulada. Em Silverstone, Alonso passou Kubica por fora da pista e quando a FIA o obrigou a devolver a posição, tanto o piloto quanto a equipe se fizeram de surdos. Em Hockenheim houve o famigerado caso do jogo de equipe. Em Cingapura, o time usou de uma brecha no regulamento para usar um 9º motor para Felipe Massa e por fim houve a reclamação de Alonso sobre Petrov em Abu Dhabi.

 

 

                                                      Vettel e a Red Bull foram dominantes. Mas o título só foi definido na última prova.

 

Todas essas atitudes de piloto e equipe acabaram gerando um sentimento de antipatia pela escuderia italiana como há muito não se via e a disputa entre Alonso contra os pilotos da Red Bull acabou ganhando ares maniqueístas, com parte da mídia elegendo Alonso como o vilão da F1, algo aliás que foi tema de matéria na mídia inglesa.

 

Polêmicas a parte, a impressão que se tem é que a Ferrari ainda está sofrendo nessa nova realidade da F1, onde os testes são proibidos e os recursos já não são mais ilimitados. A equipe italiana novamente mostrou certa lentidão em trazer evoluções para o seu F10. Notem que a Ferrari, assim como em anos anteriores saiu na frente nos testes de pré temporada, começou o ano com boa impressão, mas logo em seguida começou a ficar para trás. Pior do que isso, enquanto outros times obtiam vantagem com soluções ousadas como o F-Duct ou o escapamento acoplado ao difusor, a escuderia perdia muito tempo tentando desenvolver suas soluções. É bem verdade que quando os italianos acertaram suas pendências, viraram sérios contendores ao título. Mas novamente o tempo de resposta dos italianos foi lento. Não bastassem essas deficiências técnicas, também no campo estratégico a escuderia cometeu alguns erros. O erro de marcar Webber e ignorar Petrov e Rosberg em Abu Dhabi foi apenas um deles. Mas em provas como Istambul ou em Melbourne a Ferrari já tinha cometido alguns erros táticos.

 

Fernando Alonso, em minha opinião, mesmo com todas essas falhas de conduta e carater foi o piloto do ano. É bem verdade que ele errou muito no princípio da temporada. Mas suas vitórias em Monza, Cingapura e Coréia e a sua reação após Silverstone (estava 47 pontos atrás do líder) como um todo foram espetaculares. Sua corrida em Sepang, correndo com um câmbio defeituoso e ainda assim passando quem aparecesse pela frente foi sensacional. Curiosamente, Alonso foi o piloto com mais ultrapassagens em 2010 (40 ao todo, e não está na lista a ultrapassagem sobre Massa em Hockenheim). Rapidamente Fernando se tornou o líder natural da escuderia italiana. Algo do qual eles sentiam falta desde a saída de Michael Schumacher. 

 

                                                                                     Alonso: o piloto que dividiu paixões em 2010.

 

No mesmo rol da Ferrari, parece que faltou algo mais para a McLaren em 2010. A equipe começou o ano com um carro que não estava a altura da Red Bull ou da Ferrari, mas que com Button, soube capitalizar muito bem os chuvosos GPs de Melbourne e Xangai. Nesse meio tempo, Lewis Hamilton sofria alguns revezes, como por exemplo em Melbourne ou na Espanha. Só que em determinado momento, a McLaren deu pinta de que poderia chegar lá. Hamilton e Button fizeram duas dobradinhas seguidas e a equipe liderava ambos os campeonatos. Porém chega a ser até curioso que ao mesmo tempo em que a Ferrari voltou a evoluir, a McLaren se perdeu no caminho. Primeiro, ela viu que o seu F-Duct foi copiado e até mesmo aprimorado por outros times (o sistema da Force India acabou se tornando a referência), depois, a equipe se perdeu quando surgiram os escapamentos acoplados aos difusores e por fim, a equipe não conseguiu desenvolver um aerofólio dianteiro flexível como fizeram Red Bull e Ferrari. Após brilharecos em Monza e Spa, a equipe inglesa só recuperou sua boa forma em Abu Dhabi. Outrora conhecida como a equipe que mais rápido trazia evoluções para seus carros, a McLaren pecou nesse aspecto em 2010.

 

Há uma coincidência na evolução da Ferrari e na estagnação da McLaren: a saída do líder de desenvolvimento Pat Fry da McLaren, que foi exatamente para a Ferrari a meio da temporada. A McLaren sentiu o baque da perda de seu líder técnico e só mostrou sinais de recuperação muito tarde no ano. É o segundo ano seguido em que a escuderia britânica sofre com pacotes instáveis. Se do ponto de vista de relações públicas a McLaren melhorou muito nos últimos anos, deixando de ser uma equipe sisuda para ser uma equipe aberta ao público (esse talvez seja o maior símbolo da transição Ron Dennis - Martin Withmarsh no comando do time), do ponto de vista técnico, a equipe prateada novamente deixou a desejar. 

 

                                                          McLaren: o english team começou bem, mas se perdeu ao longo do ano.

 

E Michael Schumacher? O retorno do heptacampeão era uma das grandes expectativas da temporada. No princípio, todos esperavam que o alemão demorasse 3 ou 4 provas para pegar o ritmo e disputar as primeiras posições. Na realidade, o retorno do alemão dividiu opiniões: seus fãs esperavam que ele logo desse uma surra na molecada. Seus detratores esperavam que ele tomasse uma verdadeira surra de seu parceiro de equipe e que sua “real capacidade” viesse a tona agora. No fim das contas, a temporada do alemão acabou sendo decepcionante. Mas foi longe de ser o fiasco que alguns apontaram. A grande maioria dos analistas esqueceu que Michael estava voltando após 3 anos de parada, tem 41 anos e não competia em um carro com slicks desde 1997. Para piorar, o W01 era um carro cuja construção era totalmente oposta ao estilo de pilotagem do alemão.

 

De todo modo, Michael teve um ano de altos e baixos. Em alguns momentos houveram exibições para se esquecer, como em Xangai, Cingapura ou Abu Dhabi. Em outras provas, exibições convincentes, com alguns lampejos dos velhos dias, como em Istambul, Barcelona, Yeongam e Susuka. O alemão ganha o benefício da dúvida para 2011. 

 

                                                                            Schumacher: ano de altos e baixos no seu retorno.

 

Os pilotos que surpreenderam esse ano foram Nico Rosberg e Robert Kubica. O alemão, que todos esperavam ser um mero coadjuvante de Michael Schumacher acabou batendo o alemão mais famoso com quase o dobro de pontos e 3 pódios. Já o polonês acabou o ano com o moral elevado. No começo da temporada, todos esperavam que a Renault iria sofrer e que possívelmente esse seria o último ano da montadora na F1. Entretanto Kubica surpreendeu, fazendo algumas atuações excepcionais.

 

Das equipes intermediárias, destaque para Adrian Sutil e Kamui Kobayashi foram os destaques. Kobayashi foi o destaque pelas suas ultrapassagens. Embora, dado curioso, ele tenha feito menos ultrapassagens ao longo do ano que seu companheiro Pedro De La Rosa. Já Sutil, enquanto teve um carro competitivo, esteve inclusive a frente de Michael Schumacher na classificação.

 

                                                                               Kubica: uma das surpresas da temporada.

 

Com relação as nanicas, pouco a se dizer. Muito se fala que a Hispania deu vexame. Com um carro que tinha o mesmo pacote aerodinâmico para correr em Monaco ou Monza. Mas se olharmos em retrospecto, Virgin e Lotus fizeram papelão tão grande ou maior. A Virgin sofreu com a total falta de investimentos de Richard Branson e com um projeto que feito via CFD, obviamente não poderia trazer maiores frutos. Já a Lotus padeceu com um piloto claramente desmotivado (Trulli) e com problemas de crescimento da estrutura técnica. Para que fique claro que todas as equipes fizeram feio, e não apenas a Hispania, fica o dado que a distância que separou o pior carro de Lotus e Virgin do melhor carro da Hispania foi exatamente a mesma no GP de Monaco e no GP de Abu Dhabi (1,5 segundos). Considerando que Virgin e Lotus fizeram atualizações massivas depois do GP de Monaco até o fim do ano, eles deveriam estar muito mais a frente da Hispania no fim da temporada. Espera se que a Virgin (agora comprada pela Marussia) e a Lotus em parceria com a Renault possam melhorar. Já com relação a Hispania, se espera apenas que ela alinhe os carros no grid de 2011. 

 

                                                      Carro ruim, falta de dinheiro, pilotos fracos. Não podia ser pior a vida da Hispania.

 

Os brasileiros tiveram um ano pra se esquecer. Bruno Senna teve um equipamento extremamente fraco. Ainda assim, pesou muito o fato de em algumas ocasiões ele ter levado tempo de Chandok e Klien. Parece que apesar de ter um bom aporte financeiro, Bruno terá dificuldades para obter vaga em 2011. Lucas di Grassi teve um ano discreto, sendo frequentemente batido por Timo Glock. Entretanto, a cúpula do time gostou do trabalho do brasileiro e a renovação de contrato depende somente de combustível financeiro.

 

Rubens Barrichello pode ser considerado o brasileiro com melhor desempenho em 2010. Num carro e numa equipe em crise técnica, Rubens foi claramente o líder do desenvolvimento do time de Grove e a equipe ficou fascinada pelo conhecimento técnico do brasileiro. Ocasionalmente ele foi batido por Hulkenberg, porém nada que tenha feito o time pensar duas vezes antes de renovar o seu contrato. Indo para sua 19ª temporada, Rubens mostra que ainda tem lenha para queimar.

 

E Felipe Massa teve seu pior ano desde que chegou a Ferrari. No começo, se esperava que o brasileiro fosse oferecer dura ameaça a Fernando Alonso. Essa esperança era baseada no retrospecto de Felipe contra o também badalado Kimi Raikkonen. Nas primeiras provas, Massa até que se saiu bem, chegando mesmo a liderar o campeonato após o GP da Malásia. Entretanto no GP da China aconteceu o ponto definitivo de sua temporada na Ferrari. Foi quando Alonso o passou na entrada dos boxes. A partir daí, Felipe claramente se abateu e começou a ser claramente batido por Alonso. Houve sim dificuldades com os pneus. Mas Felipe se abateu claramente com isso, cometendo alguns erros primários de pilotagem, como em Silverstone, ou em Montreal. Mas o golpe definitivo foi mesmo em Hockenheim. Exatamente 1 ano após o seu acidente na Hungria. Daí em diante, Felipe se limitou a comparecer nos finais de semana de corrida e completar as corridas. 

 

                                                                                    Pilotos Brasileiros: um ano para esquecer.

 

O desenvolvimento dos carros foi acelerado. De acordo com a Renault, seu time evoluiu exatamente 2 segundos entre o começo e o final da temporada. E foi mais ou menos isso que vimos esse ano com outros times. Procurem uma foto do Ferrari F10 na pré temporada, e comparem com o carro que correu em Abu Dhabi. Ao longo do ano F-Duct, escpamentos acoplados ao difusor, aerofólios flexíveis entre outros ítens foram desenvolvidos. Isso sem contar o desenvolvimento aerodinâmico normal.

 

Disputas dentro e fora das pistas, equilibrio entre equipes e corridas mais realistas. Essa foi a marca de 2010. Um ano para ser lembrado por muito tempo. Fica a expectativa que para 2011 tenhamos um ano com competição semelhante.

 

Até a próxima,

 

 

Arlindo Silva 

 

 

 

Last Updated ( Tuesday, 07 December 2010 01:57 )