Na minha coluna do mês de abril passado, mostrei o quanto são incompetentes os empresários e os governantes do meu estado em conseguir fazer um autódromo decente em alguma cidade sob suas administrações. Isso irritou muita gente, mas ninguém me acusou de não ter falado a verdade. Depois de muita conversa e promessas (muitas mesmo) nesse início de abril foi anunciado em Chapecó, cidade do oeste no estado de Santa Catarina, que os governos municipal e estadual assinaram convênio para destinar recursos na construção do primeiro autódromo asfaltado do estado, famoso pelas suas grandes corridas em autódromos de terra. Em um terreno cedido pelo Automóvel Clube de Chapecó, onde já foi feito todo um trabalho de terraplanagem, o governo estadual se comprometeu a destinar R$ 20 milhões para as obras. Já a prefeitura municipal irá investir outros R$ 33,4 milhões, totalizando R$ 53,3 milhões. Para que mais um estado da região sul do pais tenha condições de entrar no calendário das competições do esporte a motor no nosso país, tão carente de autódromos com condições técnicas de receber as principais categorias do automobilismo e motociclismo. Com a presença do presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), Giovanni Guerra, o Governador do estado Jorginho Mello e o prefeito da cidade, João Rodrigues, o ato oficial de lançamento da segunda etapa (depois de já concluída a terraplenagem) foi prestigiado por Admir ‘Niki’ Chiesa, presidente da Federação de Automobilismo de Santa Catarina (FAUESC); Arlindo Signor, presidente da Federação Gaúcha de Automobilismo (FGA); os dirigentes da Vicar, Lincoln de Oliveira (controlador) e Fernando Julianelli (CEO); os pilotos Gabriel Bortoleto, da Fórmula 2, e campeão da Fórmula 3 no ano passado; e Cesar Ramos, da Stock Car. Em um terreno de 708 mil metros quadrados, localizado linha Cachoeira, entre Chapecó e o Goio-Ên, na SC-480, que liga Santa Catarina ao Rio Grande do Sul, distante 18,5 Km do aeroporto e a 20 km do centro da cidade. O traçado autódromo será homologado pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), Federação Internacional de Motociclismo (FIM) e Federação Internacional de Automobilismo (FIA) conforme o planejamento, tendo 80% da área livre e 20% de reserva legal. O traçado planejado terá a extensão de 4.057 metros para a pista, em sentido horário, num traçado de alta velocidade, com uma característica que nenhum autódromo tem no brasil: sete alternativas de traçados por conta de cinco interligações no traçado, com uma largura de pista variando entre 12 e 15 metros, contando com áreas de escape de até 80 metros nas curvas após os pontos de maior velocidade. Apesar do trabalho de terraplanagem. Boa parte do relevo foi preservado para fazer uso da topografia do terreno, ou seja, com o traçado tendo subidas e descidas com diferença máxima do nível de altura da pista de 23 metros. Entre as características do traçado principal, que deve ser capaz de receber a Stock Car, o TCR, a NASCAR Brasil e a Posche Cup, estão três retas, sendo a maior delas na largada, com 871 metros, além da reta oposta com 551 e uma segunda reta oposta com 424 metros, interligadas por 13 curvas, oito delas para a direita e cinco para a esquerda, com destaque para a de número 8, que será de alta velocidade e terá 517 metros, com raio aberto e constante. Na infraestrutura, serão instalados 37 boxes fora da área do traçado e uma torre de controle de corrida, com área total de 9.705 metros quadrados. O planejamento da construção da estrutura tem previsão de conclusão para 2025 (o que em se tratando de obras neste pais podemos colocar mais um ano nisso, vide as obras da interminável reforma do Autódromo Internacional de Brasília) e se levarmos em conta que a parte de terraplanagem teve início em setembro de 2023 e só foi concluída em meados de março deste ano. Em todo caso, mesmo que leve mais tempo, só o fato de termos um “autódromo de verdade”, com um traçado bem feito, opções de traçados e infraestrutura já será uma vitória para nós. Abraços, Mauricio Paiva Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |