Olá leitores! Como estão? Espero que todos bem. O Maurício “Taz” dedicou sua coluna desse mês fazendo uma excelente análise da nova história da carochinha, ops, nova pista que foi anunciada na República Sebastianista da Banânia, lá em Santa Catarina, estado pródigo em ótimas pistas de terra que – em se desenvolvendo como anunciado – terá enfim seu primeiro autódromo asfaltado. Por que história da carochinha? Porque aqui nesse país eu só acredito em “novo palco para o automobilismo nacional” quando está inaugurado e com carro acelerando sobre o asfalto. Mas supondo que efetivamente a pista saia do papel, um detalhe me incomodou profundamente: com uma reta de 769 metros e outra de 495 metros, a probabilidade de se conseguir pegar o vácuo do carro da frente e efetuar a ultrapassagem será... pequena. Bem pequena. Provavelmente uma repetição do Potenza, onde a corrida da Truck se transformou num desfile a alta velocidade por absoluta falta de ponto de ultrapassagem. Avisando antes de iniciar as obras, quem sabe se conseguem fazer alguma coisa que não seja a repetição de mais do mesmo. Já basta Santa Cruz do Sul, que fizeram uma reta e depois foi aquele negócio de “quantas curvas será que eu consigo enfiar nesse espaço do terreno?”, fazendo uma das pistas mais chatas do país Eu REALMENTE queria entender a raiva, o ódio, o asco que tapuias possuem em relação às retas em uma pista de corrida. Nem Freud, Jung e Lacan juntos conseguem explicar isso. Mas enfim, vamos ao que interessa, corridas. Vamos começar com a Fórmula Um, que foi até a soporífera pista de Barcelona para uma corrida acima da média da pista – ou seja, os melhores momentos da corrida não foram apenas a largada e a bandeirada final. Teve mais uns dois ou três momentos dignos de nota perdidos lá no meio, incluindo a ridícula forma que Sainz Jr. inventou para atender à solicitação de inversão de posição. E ao final da corrida os dois envolvidos ainda ficaram reclamando um do outro. Muito curiosa essa sessão reclamação ao final, afinal de contas envolveu dois pilotos que, em seus melhores e mais brilhantes momentos, um merece nota 6,65 (Leclerc) e outro nota 6,25 (Sainz Jr), ou seja, muita chiadeira para pouco resultado na pista. Norris fez uma volta maravilhosa na classificação, garantindo a pole position, mas na hora do “vamos ver”, largou com a preocupação de fechar o caminho de Max ao invés de se preocupar em fazer a melhor largada possível. Isso abriu caminho para Russell largar melhor que os dois à sua frente e, por fora, passar os pilotos da primeira fila logo na primeira curva. Como punição por não se preocupar consigo mas com o outro e largar mal (só o narrador oficial achou que ele largou bem, precisa prestar mais atenção nos monitores da transmissão e menos nas redes sociais), Norris perdeu não só a primeira como a segunda posição, já que Max não se furtou de deixar o atrapalhado inglês para trás na primeira curva. Já na segunda volta Max passou Russell e daí para frente foi administrar o resultado e garantir sua 61ª vitória da carreira. Na base da estratégia e do grande desempenho do carro da McLaren, Norris chegou ao 2º posto, com Lewis Hamilton fazendo uma grande corrida de recuperação e conquistando seu primeiro pódio no ano ao chegar na 3ª posição. Russell teve de se conformar com a 4ª posição, à frente da dupla B1 e B2 da Ferrari em 5º e 6º lugares, respectivamente. Foram seguidos por Piastri em 7º, Pérez em 8º e com a surpresa da dupla da Alpine pontuando, com Gasly e 9º e Ocon em 10º. A NASCAR realizou mais uma etapa, dessa vez na pista de Loudon, e foi uma corrida “dois-em-um”: os primeiros 2/3 da corrida foram feitos com pista seca, depois veio a chuva e felizmente a direção de prova não encerrou a corrida ali; esperaram a chuva amainar e colocaram os carros de volta na pista com os pneus de chuva desenvolvidos para ovais curtos. Um cenário desafiador, onde não bastava ser um piloto rápido com boa aderência no seco, mas precisava saber lidar com a aderência reduzida do piso. Na parte seca da corrida, o primeiro segmento foi vencido por Christopher Bell e o segundo por Denny Hamlin. Após o reinício para as últimas 82 voltas, os especialistas de seco acabaram perdendo terreno e os mais hábeis ganharam terreno. Quem não se abalou foi Bell, que liderou 149 das 305 voltas e conseguiu mais uma vitória em uma das pistas na qual ele obtém melhor desempenho. Foi seguido pela dupla da Stewart-Haas, Chase Briscoe em 2º e Josh Berry em 3º, dois pilotos que estavam abaixo da 20ª posição no seco e ganharam bastante terreno com a aderência prejudicada. Kyle Larson também conseguiu andar bem no molhado, e terminou a corrida em 4º, à frente do Chris Buescher, que também estava brigando no fim do pelotão e cresceu de desempenho com os pneus de chuva, encerrando o Top-5. E a Indycar fez sua última corrida antes da adoção dos motores híbridos em um de seus mais espetaculares palcos, a bela e desafiadora pista de Laguna Seca. Laguna Seca é a prova que você pode fazer uma pista seletiva e técnica tendo mais de um único ponto de ultrapassagem, como é a prática adotada nas pistas tapuias. E pela segunda vez em 3 anos a vitória ficou nas mãos do ótimo Alex Palou, que liderou 48 das 95 voltas da corrida. Cruzou a bandeirada com quase 2 segundos de vantagem sobre Colton Herta, que terminou em 2º, e mais de 4 segundos sobre o 3º colocado, Alexander Rossi. As ótimas condições climáticas levaram a diferentes estratégias de pneus, e o vencedor chegou a discutir com a equipe se a estratégia utilizada seria efetivamente a correta. Como de costume na Chip Ganassi Racing, era. Pietro Fittipaldi terminou em 14º, seguindo em seu caminho de aprendizado na difícil categoria. Quem ainda não aproveitou as festas juninas, por favor, levante do sofá e vá. Até a próxima! Alexandre Bianchini Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.
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