E aê Galera... agora é comigo!
O final do ano está chegando e seguindo o que faz o meu camarada e colunista aqui do site, Alexandre Gargamel, decidi fazer, a partir deste ano, uma coluna dedicada a retrospectiva do ano com as categorias que fiz a cobertura. Muita gente fora do site pediu para eu fazer a seleção das pílulas do ano, mas essa eu deixo para vocês. Essa coisa de escolher “as melhores” sempre vai gerar polêmica e essa seria sobre minhas escolhas e não sobre o que escrevi. Vai ter sempre alguém insatisfeito com as escolhas então vamos fazer o seguinte: cada um escolhe as suas “melhores pílulas”, dá mais algumas risadas e todo mundo fica feliz. Agora que já cabe a foto do Ogro aqui do lado, vamos à retrospectiva. Vamos começar com o que não terminou: a temporada da Stock Car. Na pobreza de autódromos que é a República Sebastianista de Banânia, somada a vaidade sem tamanho dos promotores da categoria, das 12 etapas programadas tivemos 3 realizadas em Goiânia, 2 em Interlagos, 2 na pista de track day de Mogi-Guaçu. Tivemos duas corridas fora do país. Na Argentina, a categoria fez a preliminar dos 200 Km de Buenos Aires, corrida de longa duração da TC2000, principal categoria de turismo dos Hermanos. Na sequência correu em El Pinar, no Uruguai. A novidade foi a corrida de rua em Belo Horizonte, cercada de polêmicas com o corte de árvores no centro da cidade, na avenida em que os carros atingiam as maiores velocidades. Mas se for pra falar de polêmicas, a malandragem da Crown Racing e da TMG Racing adulterando os pneus Hankook na etapa do minicircuito do Velopark ainda está sendo alvo de discussão no STJD, com o tribunal punindo as equipes e estas recorrendo da decisão. Quando conheceremos – oficialmente – o campeão, sabe-se lá. A Justiça está em recesso, mas na minha modesta opinião, o título tem que ser confirmado em favor de Gabriel Casagrande. A categoria mostrou muito equilíbrio com suas 24 corridas (duas por etapa). Pontuar bem e com regularidade, considerando os descartes, foi fundamental para se manter entre os primeiros e com chances de título. Apenas 2 pilotos venceram 3 corridas (Felipe Baptista e Gaetano Di Mauro). 4 venceram 2 corridas (Gabriel Casagrande, Bobby Filho, Daniel Serra e Thiago Camilo), mostrando o equilíbrio do campeonato. As grandes novidades do ano serão a mudança do carro – motor inclusive – e a entrada (na verdade, o retorno) da Mitsubishi à categoria que em 2025 contará com uns camburões ‘txunados’, socados no chão, equipados com motores turbo de 2.1 litros, de 4 cilindros com nominais 500cv. Vai ser tanta mudança junta que o campeonato só vai começar em maio para dar tempo de fabricarem os carros e fazerem alguns testes de pista para fazerem a primeira corrida do ano no início do mês em local ainda não definido, nessas coisas que só acontecem na República Sebastianista de Banânia: estipularam datas e daí vão correr atrás de autódromos. A Stock ex-Light continuou com o grid pequeno, limitado a 13 carros, segundo a “explicação oficial”, o número de carros em condições de irem pra pista. Mas pelo número de pilotos em condições de realmente competir, disputar vitórias e títulos, tinha mais carro do que pilotos na categoria, apesar dos promotores mandarem os narradores e comentaristas falarem diversas vezes ao longo do ano. O campeonato, inicialmente, teria 7 etapas, com 3 corridas por etapa, sendo a última com inversão dos 8 primeiros da chegada da corrida 2, com estas disputadas em sequência. Como não tivemos a etapa de Santa Cruz do Sul, por falta de condições da pista, o que forçou a Stock Car mudar seu calendário (uma das várias vezes), ficamos com 6 etapas. Diferente do que vimos em termos de equilíbrio na Stock Car, na Stock ex-Light o Raio Gama fulminou a concorrência fazendo 15 pódios e vencendo 9 das 18 corridas e assim conquistar o título e o caminhão de dinheiro que a categoria entrega ao vencedor para ele poder tentar se estabelecer na Stock Car no ano seguinte. Durante uma rápida oscilação no meio do ano, Enzo Bedani chegou a se aproximar na pontuação e chegou com chances matemáticas até a última etapa, em Interlagos, ficando com o título de melhor novato. Sob a asa (ou as garras se preferirem) da VICAR, a Turismo Nacional, categoria que foi gourmetizada após a venda por seu promotor, Ângelo Correa, a partir deste ano passa a ser o primeiro degrau do “Road to Stock”, oferecendo prêmios em dinheiro para seus campeões. O campeão da Classe B vai subir com esse apoio para a Classe A e a premiação do campeão da Classe A (desde que o piloto tenha, no máximo 35 anos de idade) será suficiente para ele ir para a Stock ex-Light (que custa 4 vezes mais, no mínimo). Em 2024 essas premiações e os dois títulos ficaram na mesma casa: os pilotos da equipe Auto Racing levaram tudo! Ernani Kuhn foi o campeão da Classe A e João Cardoso da Classe B. Na última corrida do ano, nas 3 horas de Interlagos, segunda prova de endurance da temporada, os dois dividiram o carro, enfrentaram as variações do tempo com sol e chuva, pista seca ou molhada para vencerem também como os “overall”. Para 2025 a VICAR entrou em acordo com a organização do TCR e vai abrir a opção para o piloto vencedor da Turismo Nacional buscar uma carreira no exterior, começando pelo continente e, quem sabe, chegar ao TCR World Tour. De forma meio paralela, “si pero no mucho”, uma vez que tem o Rei Midas como promotor oficial e este é diretor executivo na VICAR, a usurpadora, categoria de corridas de caminhões gourmetizados do Brasil viu o Dr. Smith, que pilota bem, mas comenta mal, ganhar seu terceiro campeonato, ajudado pelo afastamento de seu maior concorrente e companheiro de equipe, o Cabra, bicampeão da categoria, que teve um ‘piripaco’ no coração e só volta a correr em 2025. Com outros pilotos de peso na equipe como o Campeão Retornado e o Beato Salu, o Véio da Kombi levou o título de equipes, superando os Mercedes do Corintiano Fake e seus pilotos. Em 2024 essas premiações e os dois títulos ficaram na mesma casa: os pilotos da equipe Auto Racing levaram tudo! Ernani Kuhn foi o campeão da Classe A e João Cardoso da Classe B. Na última corrida do ano, nas 3 horas de Interlagos, segunda prova de endurance da temporada, os dois dividiram o carro, enfrentaram as variações do tempo com sol e chuva, pista seca ou molhada para vencerem também como os “overall”. Para 2025 a VICAR entrou em acordo com a organização do TCR e vai abrir a opção para o piloto vencedor da Turismo Nacional buscar uma carreira no exterior, começando pelo continente e, quem sabe, chegar ao TCR World Tour. Saindo da esfera da VICAR, o Campeonato Brasileiro de Endurance foi outra vítima da falta de autódromos em condições decentes no país, sendo forçada a realizar metade de seu campeonato no Autódromo Internacional de Goiânia, com outras duas no Centro de Eventos Aleatórios de Interlagos e duas na pista de track day de Mogi-Guaçu. Como corrida de endurance tem aquela coisa da corrida do coelho contra a tartaruga, a velocidade na ponta nem sempre vai resultar em título e foi isso que vimos este ano. A dupla da equipe JMR, comandada por Juliano Moro, com o protótipo de fabricação nacional, o AJR, venceu 4 das 8 etapas do ano, mas acabou vendo o título ficar nas mãos da dupla formada por Alexandre Negrão e Marcos Gomes da equipe A.Mattheis, da fera Andreas Mattheis, que usa um protótipo Ligier LMP3 (tropicalizado) que rivalizou com o também protótipo nacional Sigma, numa disputa que foi equilibrada e decidida na penúltima volta da última etapa, quando Xandinho Negrão superou Lucas Foresti. Além dos protótipos, tivemos uma grande disputa na Classe GT3, com o Porsche da Equipe Stuttgart, pilotado por Ricardo Maurício, Marçal Muller e Marcel Visconde conseguiu se impor ante a esquadra de carros da Mercedes, extremamente equilibrada ao longo do ano e com um peso extra para a equipe de Marcel Visconde, que precisou enfrentar a longa reta de Goiânia, que em muito favorecia as Mercedes. Mesmo não vencendo a última corrida do ano, a performance no campeonato garantiu o título. Já na Classe GT4 a dupla formada por Jacques Quartiero e Alan Hellmeister não teve adversários ao longo do ano, chegando a vencer as 5 primeiras etapas e a partir daí, com mais uma vitória e administrando a vantagem, levou outro troféu de campeão para a equipe Stuttgart, que terminou por fazer uma dobradinha entre os carros de Gran Turismo. Para 2025 deveremos ter a volta da Classe P2, com carros protótipos tendo menos recursos técnicos (e consequentemente custo mais baixo), levando a expectativa para um grid de 30 carros. A categoria mais chique do Brasil, o paraíso dos pobrinhos, a Porsche Cup teve um ano de grandes disputas para quem assistiu pela TV ou quem foi ao autódromo (a categoria “abriu as portas” de sua antiga festinha privada, vendeu ingressos e levou bons públicos aos autódromos Em alguns casos, mais do que a Stock Car), independentemente de ter ou não pilotos com nomes de projeção nacional. Afinal, quem não gosta e ver um Porsche acelerando. Em um campeonato com duas Classes principais – a Carrera Cup e a GT3 Challenge – mas com um número sem número de “subclasses” que permite praticamente todos os participantes a levarem um troféu pra casa – não teve moleza na disputa do título geral de cada uma delas nas 6 etapas Sprint (corridas com duas baterias no final de semana com 25 minutos + 1 volta) ou nas corridas de endurance (3 etapas, sendo duas de 300 km e a final de 500 km em Interlagos), com corridas no Brasil, Portugal e Argentina. Na Classe Carrera Cup tivemos quatro protagonistas: Marçal Muller, Miguel Paludo, Christian Hahn e Werner Neugebauer venceram 10 das 12 corridas Sprint disputadas e os descartes para a última etapa foram cruciais para definição do título, com direito a drama na última corrida antes de Marçal Muller cruzar a linha de chegada. Na Classe GT3 Challenge a disputa esteve mais focada entre Miguel Mariotti e a Moleca Sensação, Antonella Bassani, que dividiram o alto do pódio em 10 das 12 corridas e terminaram o ano empatados em pontos, mas com Miguel Mariotti tendo menos pontos à descartar, ficou com o título. Numa concorrência desleal – a categoria é mais disputada, mais equilibrada, mais barata e menos divulgada – a Fórmula Truck, a verdadeira categoria de corridas de caminhões do país, sob a direção de Gilberto Hidalgo, em menos de 5 anos estabeleceu-se como um evento de grande porte, chegando a colocar 40 caminhões na pista em suas etapas e levando mais público – público caminhoneiro – nos autódromos, sempre superando a pseudo concorrente badalada e as vezes até a Stock Car em presença nos autódromos. Com seus caminhões divididos em duas Classes – os eletrônicos, com injeção eletrônica e os convencionais, usando bombas injetoras – na temporada de 2024 a organização decidiu dividir o evento em duas corridas de 35 minutos, com menos caminhões na pista e reduzindo o risco de acidentes e/ou quebras que provocassem bandeiras amarelas e consumisse o tempo de corrida com os caminhões em procissão atrás do Safety Truck. A fórmula deu certo e tivemos nas 9 etapas do campeonato excelentes corridas e o título do jovem Rafael Fleck (filho do grande Jorge Fleck) na Classe Injeção Eletrônica, superando o inoxidável Pedro Muffato, e com Marcio Rampon levando o título na Classe Bomba Injetora. Seguindo a linha dos não divulgados pela autointitulada “mídia especializada”, o verdadeiro campeonato de carros de turismo de baixa cilindrada e verdadeiro campeonato nacional, o Marcas Brasil Racing, feito pelos que não venderam a alma à VICAR proporcionou disputas sensacionais nas Classes Super e Elite ao longo das suas seis etapas do ano Goiânia – GO, Interlagos – SP, Londrina – PR, Curvelo – MG, Guaporé – RS e Cascavel – PR), cada etapa com quatro corridas de tirar o fôlego. A disputa deste ano foi tão equilibrada que os campeões só foram definidos na última bateria da última etapa em Cascavel – PR. A decisão na categoria Super, por exemplo, foi definida apenas na última volta. O campeão da categoria Super de 2023, Gustavo Magnabosco, enfrentou problemas em algumas etapas e precisou andar muito para se recuperar no final, fazendo da última bateria em Cascavel um momento de glória (quase estragado pela transmissão do evento, que precisa melhorar muito para 2025) e sagrar-se bicampeão. Na Classe Elite, Gabriel Imagawa foi o maior vencedor do ano, mas as coisas se complicaram na última etapa e ele foi vendo – junto com a chuva que caiu em Cascavel – o título escorregar entre os dedos, mas na última corrida, conseguiu salvar o campeonato. A categoria de entrada dos campeonatos nacionais de turismo com carros de baixa cilindrada, a Turismo 1.4 Brasil, foi protagonista de disputas espetaculares nas 5 etapas da temporada 2024. Cada etapa teve quatro corridas, totalizando 20 provas para que pudéssemos conhecer os campeões da temporada nas Classes A e B. Em três oportunidades a categoria realizou o evento em parceria com o Marcas Brasil Racing, com alguns pilotos correndo nos dois eventos. Na Classe A, Wilton Pena duelou todo o ano contra Wanderson Freitas e o campeonato só veio ser decidido na última etapa, uma festa sem tamanho no Autódromo Internacional de Tarumã, com todo direito, uma vez que a categoria nacional “nasceu” da categoria regional gaúcha. Na classe B a disputa foi mais tranquila, mas com a pontuação especial da última etapa, a dupla formada por Cleiton “Bus” Silva e Rafael Horta não podia vacilar... e não vacilaram, ampliando a vantagem e mostrando quem mandou no grid da Classe B. Apesar de ter acertado com a chefia do site de não fazer a cobertura da NASCAR Tapuia, relegando a mesma junto com outras categorias a um “encarte” na minha coluna que chamei de “O Ogro tá na Pista”, mas é preciso reconhecer o grande trabalho (de anos) do promotor, o ex-piloto Thiago Marques, que fez da categoria um campeonato atraente e capaz de formar pilotos – em quantidade e qualidade – de forma mais interessante, competitiva e menos onerosa do que a Stock ex-Light. Além das corridas extremamente disputadas ao longo do ano, com chegadas espetaculares tendo os carros separados por milésimos de segundo, mesmo em circuitos mistos, no final do ano, em parceria com os proprietários do Parque dos Pequizais, transformaram uma parte inútil do complexo em um circuito oval (ok, um “oval à brasileira”, mas um oval para fazer uma corrida do gênero no Brasil e, com a construção do autódromo de Chapecó, já está sendo feito “um ajeitado” para termos um oval “tipo clip de papel” como são alguns nos EUA, mas com “um jeitinho tropical, sem boxes e pitlane na área interna. Este ano os campeões foram vários (a categoria tem aquela política de dar troféu pra quase todo mundo). Vitor Genz PRO e Jorge Martelli na Classe Challenge. Sessão Rivotril. Seguindo meu mestre inspirador, está na hora de receitar as pílulas da semana. - Chegou hoje o meu presente de Natal! D. Patroa comprou pra mim o livro do Matuzaleme. No momento não vou misturar a leitura com a comilança do final do ano. Provavelmente o Prosdócimo, responsável pela edição, deve ter tido muito trabalho, mas provavelmente o resultado ficou bom. - Como não viajei na última semana e passei o natal com a família e os amigos, assisti na quinta-feira o programa “Pelas Pistas”, o podcast do Barbicha com o Tigrinho e o Filho do Chofer do Miliciano... no início deu raiva, mas depois deu pena. - Logo no início do programa, comentando sobre como eram as coberturas da Fórmula 1 e como o Barão Fittipaldi fazia a transmissão pela Rádio Jovem Pan, ele afirmou que o patriarca dos Fittipaldi fazia as narrações sozinho, sem comentarista... o “Meu Jesus Cristo” (a expressão com 3 palavras não era bem essa...) no meio da semana assustou a cidade inteira. Ele simplesmente esqueceu do Mestre Cláudio Carsughi! Só isso. E tem vários registros da participação do maior sábio do automobilismo aqui na República Sebastianista de Banânia na internet. - Quando ele entrou para falar da morte de José Carlos Pace ele lembrou do também Piloto Marivaldo Fernandes, mencionando que o velório aconteceu na sede do Automóvel Clube Paulista, que ele disse ser presidido na época “por um grande entusiasta do automobilismo”. Ele esqueceu somente de Emilio Zambello! - Quando começou a falar da chegada de Nelson Piquet na Fórmula 1 ele misturou as corridas de 1978 com o Lauda abandonando a carreira. Primeiro ele falou que Piquet havia classificado na frente de Lauda e Watson nas corridas na América do Norte (Piquet só correu no Canadá, não correu nos EUA), depois falou que o Lauda desistiu da carreira em 1980 (foi em 1979). - Quando foi falar sobre Gabriel Bortoleto, afirmou que o piloto brasileiro tinha quase 2 metros de altura (ele tem 1,84). Nessa altura os três entrevistadores já estavam com cara de constrangidos e para completar, disse que a equipe Invicta nunca tinha feito nada na categoria, quando em 2021 foi vice-campeã com Guanyu Zhou em 3° e Felipe Drugovich em 8°, em 2023 levou Jack Doohan ao 3° lugar no campeonato. - Galera, vamos ter sensibilidade com a exposição do Matuzaleme em situações como essa. Isso só aumenta a mais nova especulação sobre as transmissões da Fórmula 1 na Band em 2025. GagáBueno narrando e o Caprichoso comentando? O “meu Jesus Cristo” (a expressão com 3 palavras não era bem essa...) soou como um trovão de norte a sul, leste a oeste do país. Felicidades e velocidade. Feliz ano novo! Paulo Alencar Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.
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