E aê Galera... agora é comigo!
Minha primeira coluna do ano não tem a criatividade do meu camarada e colega colunista aqui do site, Alexandre Gargamel, que todos os anos nos presenteia com as Previsões de Pai Alex, o maior Babalorixá da zona Norte de São Paulo, mas tem profundidade, conteúdo e extensão. Se não entendeu, eu explico: Se por um lado estamos vendo categorias se fortalecendo no automobilismo da República Sebastianista de Banânia, continuamos com a carência de autódromos e não dá pra ficar fazendo oferendas a um ídolo com pés de barro. Agora que já cabe a foto do Ogro aqui do lado, vamos aos fatos (e os não-fatos). O ano de 2025 começa com o segundo autódromo mais importante do país interditado para obras. A MotoGP vai voltar a correr no Autódromo Internacional de Goiânia, retornando ao planalto central (a última passagem foi em 1989). A etapa só vai estar no calendário em 2026... isso se fizerem a reforma como a Federação Internacional de Motociclismo (FIM) determinar. Vão ter que mudar quase tudo: arquibancada, boxes, acessos, torres de comando, postos médicos e camarotes. Sem falar na pista, com as mudanças nas áreas de escape, a construção do “desvio da volta lenta” e provavelmente a colocação de um novo asfalto nos mais de 3.800 metros do traçado. Um investimento de quase 200 milhões, mas com uma expectativa de retorno 4 vezes maior. O autódromo vai ficar interditado por pelo menos 7 meses e como obra pública (com o dedo – quando não a mão – podre dos governantes) no meio, esse prazo pode ir mais além. Assim, as categorias do automobilismo e motociclismo locais e nacionais vão ter que se virar para correr em outros lugares. O problema é: onde? Com a venda do antigo Autódromo de Curitiba para um grupo de investimento imobiliário, aquela que era a melhor opção depois do Centro de Eventos Aleatórios de Interlagos desapareceu e os promotores estão tendo que se virar com as poucas opções que restaram. Entre as promessas, a única que virou realidade foi o Raceville, um super empreendimento para pobrinhos perto da cidade de Brotas, no interior de São Paulo que investiu pesado e fez mais do que uma pista de track day. Com 5 opções de traçado, indo de 1.880 metros a 4.500 metros, com 12 metros de largura de pista, vai ter seu “batismo de competição” com o Campeonato Brasileiro de Endurance. Se tudo correr bem, vamos ter mais um autódromo pra colocar no mapa.
Em 2021 o governador do estado do Mato Grosso, anunciou que o estado recebeu uma doação de área de 318 hectares (3.180 metros quadrados, ou seja, 3 interlagos) e que iria construir um autódromo padrão internacional, com entrega planejada para 2022. O governador foi reeleito, mas o autódromo não saiu do papel. O mirabolante (o advérbio não era bem esse...). O outdoor está lá. Já o autódromo... No início de 2024, o Deputado Estadual Reck Jr. (que foi piloto de velocidade na terra e teve uma passagem discreta pela Stock Car no início do século) declarou que as obras estavam avançadas e que em 2026 o autódromo será entregue.
O projeto do autódromo faz parte de um grande parque de eventos, com kartódromo, pista de terra, de motocross e eventos não esportivos. O layout do autódromo é impressionante, com várias opções de traçado, um oval de verdade e boas informações desencontradas, como a promessa de que a “pré-inauguração” do autódromo acontecerá em novembro de 2025 com a Stock Car (o calendário de datas, mas sem locais definidos, da VICAR tem uma data no dia 30 de novembro). Seria mais salutar (além de técnica e economicamente viável) se fazer um esforço concentrado – envolvendo VICAR, BRB, CBA – para trabalhar junto à prefeitura – que venceu a longa batalha jurídica – conseguindo a posse definitiva do Autódromo Internacional Orlando Moura, e finalmente recuperar o asfalto do traçado que é um dos mais seguros do país com seus 3.443 metros de extensão, com uma reta de 960 metros e 28 boxes, mas que atualmente só recebe corridas de caminhões e de categoria com baixa cilindrada. Outro autódromo que teve pomposo anúncio de sua construção, mas que até o momento patina no barro é o de Chapecó. O edital para a construção só foi lançado em meados de agosto de 2024. Esse edital diz respeito apenas a primeira fase do projeto, que é a pista. A segunda etapa, com os boxes e demais instalações viria em seguida. Previsão de conclusão das obras? Melhor perguntar para Pai Alex, o Babalorixá amigo do Gargamel, mesmo com o prefeito e seu secretário apostarem na inauguração em 2025 com a Stock Car. Em uma situação de certa forma semelhante (requer pouco trabalho para ficar em condições de receber corridas), o autódromo de Santa Cruz do Sul, no interior Gaúcho, foi “jogado contra o guard rail” quando, em 2022, passou por obras. Porém, segundo a denúncia do Ministério Público durante a Operação Controle, o trabalho, além de fraudado e superfaturado, foi executado com material inadequado, o que colocou em risco a segurança dos pilotos de etapa da Stock Car em novembro de 2022. De acordo com relato dos pilotos na época, o asfalto esfarelou durante a corrida. Desde então, o local tem recebido somente corridas de menor expressão, ficando sem as maiores categorias do país e estas sem um circuito fundamental nos calendários. Para 2025 a prefeitura prometeu retomar e concluir as obras necessárias e o Campeonato Brasileiro de Endurance já se comprometeu com uma data em seu calendário deste ano. Agora é esperar para ver se vai sair do papel e do campo das promessas. Epicentro dos maiores “malabarismos” (o advérbio não era bem esse...), o Distrito Federal continua com a fábula do Autódromo Internacional de Brasília. No início de dezembro o Governador do DF anunciou ele mesmo (olhem o nível do “envolvimento”...) o consórcio vencedor da licitação que ficará responsável pelas obras do Autódromo de Brasília. O resultado consta na edição do Diário Oficial do Distrito Federal. A empresa vencedora é o Consórcio Novo Autódromo, que ficará responsável pela “execução de serviços de engenharia em área gerida pelo BRB”. O valor do contrato ficou em R$ 41.564.408,51 (a precisão dos centavos é impressionante). Alguém aposta na conclusão da obra até o final de 2025? Mesmo sem estar no circuito dos grandes eventos, um autódromo é sempre um autódromo e o Autódromo Virgílio Távora no Ceará esteve para ser vendido em leilão (não foi o primeiro) no final do ano. O local, de aproximadamente 260 mil metros quadrados, na Avenida Ayrton Senna, no Centro, foi a leilão na manhã da segunda-feira (23/12/2024) com lance inicial de 61,2 milhões de reais. Pelo plano diretor do município de Eusébio, não poderia ser comprado para a construção de indústrias, com a existência de vários condomínios nas proximidades, a especulação é que a área poderia abrigar novos condomínios, até mesmo com prédios. Contudo, não foram feitas propostas pela área no leilão (fato que aconteceu no leilão de alguns anos atrás), com o nítido de interesse de baixar o valor pedido. Reformar o autódromo para tentar receber corridas importantes? Isso deve estar fora dos planos.
E na última sexta-feira a prefeitura do Rio de Janeiro deu mais um passo no caminho da reparação contra a destruição do Autódromo Internacional de Jacarepaguá para a construção do parque dos elefantes brancos, subutilizado desde o final dos jogos olímpicos e paralímpicos de 2016. Foi assinado o decreto para que o novo autódromo seja construído no que será o Parque de Guaratiba, espaço com o dobro da área do centro de eventos aleatórios de Interlagos e onde (pelo menos no papel até o momento) será reproduzido o traçado destruído em Jacarepaguá. Até sair da fase do papel a se tornar realidade, a previsão é de 2 anos (podemos dobrar esse tempo), que o prefeito fará questão de inaugurar. Sessão Rivotril. - Nosso farmacêutico de plantão está em merecidas férias e voltará em breve. Felicidades e velocidade, Paulo Alencar Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.
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