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Automobilismo em Santa Catarina PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 10 August 2011 07:33

 

 

Praticamente toda esta geração que acompanha automobilismo pela televisão e – de uns 15 anos pra cá – pela internet, costuma associar corridas de carros com autódromos e, geralmente, asfalto. Federações como a de São Paulo, com seus milhares de associados ou do Paraná e do Rio Grande do Sul, com seus vários autódromos, estão sempre em evidência, pelas disputas de provas nacionais.

 

Contudo, encravado entre estes estados está Santa Catarina e uma tradição de “automobilismo diferente”. Uma história que data dos tempos em que as carreteras gauchas “subiam o país”, cortando as estradas nos “Raids” dos anos 40/50 e que estimularam Clemente Rovere, Raulino Miranda, Iberê Correa, Raul Lepper e tantos outros a desafiar os pilotos dos estados vizinhos.

 

Como a maioria das estradas que cruzavam o estado catarinense não eram asfaltadas, os pilotos locais foram obrigados a desenvolver a técnica da “guiada na terra”, que tem grandes diferenças em relação aos pisos betuminados ou concretados.

 

Esta tradição das corridas na terra cresceu de forma exponencial com o passar dos anos e com o início do asfaltamento das estradas, os pilotos locais começaram buscar alternativas para a realização de suas corridas. Asfalto? Pra que asfalto? O “barato” dos pilotos catarinenses era correr na terra, fazer derrapagens controladas, levantar a poeira.

 

 

Uma das primeiras corridas no estado, em Lages, no início dos anos 60, com as carreteras voando pela rua Correia Pinto. 

 

Assim começaram a surgir algumas pistas para a realização das provas que, apenas nos anos 60 passaram a ter uma coordenação centralizada, com os Automóveis Clube que começavam a nascer nas cidades, fundados pelos próprios pilotos, fazendo isso eles mesmos, antes da criação da Federação Catarinense de Automobilismo, que só veio a ser fundada nos anos 70.

 

Como haviam corridas de carros nas ruas de diversas cidades do Brasil desde os anos 30, os circuitos urbanos também tiveram um grande espaço no início da história do automobilismo catarinense, fosse com provas realizadas com pilotos locais ou apenas do estado, bem como algumas ficaram famosas, com participações de pilotos de vários estados do país nos anos 60, com as 12 horas de Lages.

 

 

Nas 12 horas de Lages, em 1966, pilotos de vários estados vieram para SC. Na foto acima, Clito Zappelini controla a derrapagem.

 

Contudo, eventos de rua eram e sempre serão perigosos. Alguns prefeitos eram contrários à realização destes e um conflito se estabelecia, como foi o caso emblemático de Joaçaba, que tinha um dos grupos de pilotos mais atuantes, sendo inclusive a sede do Automóvel Clube do estado e por ter enviado pessoas para São Paulo para consultar os Automóveis Clubes de lá para “aprender como funcionava um AC”.

 

Foi Nery Fuganti o mentor da construção do autódromo da cidade, depois dos problemas para realizar a 2ª edição da prova na cidade. Era o ano de 1964 quando foi fundado o AC de Joaçaba e a área do aeroporto foi a escolhida, numa empreitada que envolveu todos os seguimentos da sociedade local. Em menos de 2 semanas estava estabelecido o circuito de 3.350 metros que hoje recebe o nome do engenheiro Ângelo de Carli, que fez todo o trabalho topográfico da pista.

 

 

 Um registro histórico: fotos do início da construção da pista de São Bento do Sul, uma das pistas em atividade no estado.

 

Histórias como estas foram se repetindo de leste a oeste do estado e as pistas foram surgindo. Joinville, Lontras, Joaçaba, São Bento do Sul, Chapecó, Ascurra, Lages, São Carlos, Santa Cecília, Mafra... Santa Catarina poderia fazer um campeonato brasileiro de velocidade na terra, apenas dentro do estado, com cerca de oito ou dez etapas sem repetir uma pista sequer, caso quisesse (e a CBA também)!

 

A Federação Catarinense de Automobilismo deu lugar à Federação de Automobilismo Do Estado de Santa Catarina – FAUESC. A “federação dos Catarinas” possui uma bela (internamente muito espaçosa) e própria em Florianópolis, no bairro do Estreito, do lado do continente, tomando um andar inteiro de um edifício comercial. Com sala de reuniões, secretaria, troféus, fotos de alguns eventos e um “crime”: Um dos expresidentes tratou de jogar fora “toda a velharia” e com ela a história do automobilismo no estado!

 

 

4 horas de Chapeco, 1967. Osvaldo Raul contorna a esquina da R. Guaporé com a Av. G. Vargas, seguido por Celso Tissiani.

 

As pessoas que fazem o automobilismo catarinense hoje são daquela turma de abnegados de décadas (esperamos que haja gente disposta a assumir e tocar o bom trabalho deles para frente. Segundo os dados da FAUESC, de 2010, havia mais de 2.300 (isso mesmo, dois mil e trezentos!) pilotos inscritos, dos quais, quase 500 em plena atividade. O estado conta com mais de uma dezena de kartódromos, alguns deles com padrão internacional... e vem mais por aí.

 

O campeonato de velocidade na terra arrasta multidões (completamente diferente do que vemos nos regionais em Interlagos, Jacarepaguá, Curitiba, Brasília...) e no estilo da terra de se acompanhar corrida: Todo mundo acampa em volta do circuito e entre uma cuia de chimarrão e uma lasca da costela assada no fogo de chão, vão vibrando assistindo o poeirão! (como poeta sou um bom representante comercial).

 

 

Era comum pilotos de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Em Joinville, Walter Hahn Jr. pilotou um Chrysler em 1968. 

 

No campeonato de velocidade (que tem a Copa Santa Catarina e outros torneios paralelos) na terra são seis categorias:

 

Turismo 1.600 SuperTurismo 1.600

LightTurismo Clássico (Divididos em A e B, mas que largam juntos)

Stock Car

Fusca e Gaiola

Mini Fórmula Tubular (Divididos em A e B, mas que largam juntos)

 

 

Assim como ocorria em diversas cidades pelo país, DKWs, Gordinis e outros carros de rua eram preparados e aceleravam forte. 

 

O regulamento técnico é bem escrito e busca dar oportunidades a todos (tendo mais ou menos dinheiro... se bem que quem tem mais, costuma andar na frente) que esquecem as benesses do asfalto e partem para os “terródromos”.

 

Além das provas em traçados fixos, é preciso abrir um espaço do tamanho da grandeza da tradição do Rally no estado. Alguns dos mais importantes e maiores vencedores dos campeonatos nacionais do offroad de uma forma geral (Rallies, Raids e Enduros) são catarinenses. Esta é uma tradição de décadas e que hoje tem, largando nas provas alguns filhos dos pilotos que corriam no passado.

 

 

Esta é para "matar de inveja" o pessoal da GT3, da F3, do Racing Festival... A vista aérea em Lontras mostra o sucesso catarinense. 

 

O seguimento de arrancadas também tem um grande apelo popular no estado. As provas tem como palco principal o “sambódromo local”, a passarela Nego Quirido (com i mesmo), que costuma levar mais gente que o próprio carnaval para assistir os carros das diversas categorias, preparados, arrancando nas provas de 201 metros.

 

Diferente do que acontece na maioria dos estados, a programação local nas redes de televisão tem uma grande fatia da grade e, dado ao envolvimento e receptividade do público, não existe um programa de televisão no formato semanal para falar sobre carros e corridas... existem TRÊS!

 

 

Nas corridas na terra, a emoção é garantida. Na curva do lago, em Joaçaba, Roberto Pruner puxando o pelotão na Stock Car.

 

O “Velocidade”, o “Competição” e o “Sport Machine”, sem competir uns com os outros, fazem um belo trabalho de informação e disseminação do que está acontecendo e do que vai acontecer nas pistas do estado. Assim, ter 4 mil pessoas abancadas nas encostas e áreas externas da pista para assistir provas como as 100 Milhas de São Bento do Sul não é uma exceção, é mais que normal.

 

Contudo, o mundo do automobilismo catarinense não é perfeito. O presidente eleito da FAUESC, Jairo dos Anjos Albuquerque, está “licenciado” (em mais um caso de “desvios de conduta” que vem pontuando a recente história dos dirigentes do automobilismo em alguns estados), estando o comando da federação com o 1º vice, Almir Petris.

 

 

Mesmo com sucesso na terra, o automobilismo catarinense queria um autódromo internacional, com apoio do governador na época. 

 

A cerca de três anos foram dados os primeiros passos para a construção de um autódromo de padrão internacional, asfaltado, na cidade de Canelinha, distante cerca de 45 Km de Florianópolis, que fica próxima a Tijucas, uma cidade que margeia a BR101... e os passos parecem estar “trançados” de um tempo para cá.

 

 

A placa na cidade de Canelinha anunciava o projeto que colocaria Santa Catarina no mapa dos grandes eventos sobre rodas... 

 

O ambicioso projeto de se instalar um autódromo internacional no estado contou com o apoio do então governador do estado,Luiz Henrique da Silveira, que acompanhou as apresentações e chegou a visitar as obras, que teve até “cerimônia de lançamento da pedra inaugural”. O projeto envolvia o desenvolvimento da região, com instalações de hotéis e outras “facilidades”.

 

 

Mas o local escolhido não pareceu ser a melhor das opções. O acesso até Canelinha é complicado e até o local, mais ainda. 

 

Poucos meses atrás conseguimos fotos e uma descrição de como andam as coisas por lá... O acesso existe, até a BR 101. Para se chegar até Canelinha é preciso passar por Tijucas e o trânsito é complicado. Depois de sair da cidade, até chegarmos ao local do autódromo, uma estrada de mão dupla, sem acostamento e em mau estado.

 

Depois, mais de 1 km de barro até o local das obras onde encontramos duas placas: uma dizendo “pista fechada” e a outra informando que o local é uma “mina de argila” e que a empresa exploradora tem concessão de lavra desde 1994.

 

 

Em março de 2011, no local onde estavam ocorrendo as obras, uma placa anunciava a pista fechada, outra, a atividade atual. 

 

Na federação, a informação foi de que “estão buscando um novo aporte de recursos” para retomar a obra. Contudo, as fotos tiradas em maio de 2011 mostram que o local está – automobilisticamente falando – abandonado. Quanto a execução e/ou retomada das obras... a esperança é a última que morre, certo?

 

Se o futuro de Canelinha parece incerto (ou inexistente), a iniciativa privada de um dos maiores grupos empreendedores do estado está caminhando a passos largos para os lados do município de Penha.

 

 

Se nem com apoio governamental Canelinha torna-se realidade, em Penha, o Grupo Beto Carreiro investe pesado no esporte. 

 

Num passado não muito distante dois grandes empreendedores deste país tiveram uma séria conversa sobre negócios e automobilismo: Beto Carreiro e Aurélio Batista Felix! O criador do maior parque temático do país e o criador do maior evento de automobilismo do país começaram a articular um plano para a construção de um autódromo ao lado do parque temático. Dizem algumas pessoas mais próximas que o circuito teria – visto do alto – o formato de um chapéu, uma das marcas de Beto Carreiro.

 

 

Com um projeto assinado por Hermann Tilke e tocado por outro alemão, Heinz Scheuren, o grupo sonha alto no seu investimento. 

 

Em um intervalo de 1 ano, os dois vieram a falecer e a idéia parecia ter sido de uma vez esquecida... contudo, os herdeiros do grupo Beto Carreiro voltaram à carga e foram mais além: investiram pesado em um mega projeto onde serão construídos um kartódromo de padrão internacional, uma arena de MotoCross (já existe um espaço para espetáculos que fazem parte da programação do parque, mas este seria maior) e um autódromo padrão “A” da FIA, o que o daria ao país mais um autódromo capaz de receber a F1.

 

Os planos imediatos, segundo Heinz Scheuren, engenheiro responsável pelo andamento do projeto, é um palco em condições de deixar o Brasil como candidato a uma etapa do mundial de motovelocidade. Quanto à F1, ter um autódromo apto a receber a maior categoria do mundo não significa que a mesma vá sair de São Paulo, mas o projeto do complexo é assinado por Hermann Tilke, o que é um grande apelo. As obras estão a todo vapor uma vez que o primeiro evento serão as 500 Milhas de Kart que deixarão a Granja Viana para o novo complexo. O autódromo vai demorar um pouco mais para ser entregue.

 

 

Em março de 2011, as maquinas já trabalhavam para preparar a primeira parte do projeto, o kartódromo que receberá as 500 milhas. 

 

Como sempre fazemos, procuramos o presidente em exercício da FAUESC, Sr. Almir Petris para saber das perspectivas do automobilismo no estado: 

 

Almir Batisti Petris é empresário na região de Rio do Sul, interior do estado. Aos 50 anos, com 30 anos de envolvimento direto com o automobilismo, desde os tempos como piloto de Rally e provas de velocidade até assumir, em 2001, a presidência do Automóvel Clube de Lontras . Eleito vice presidente há duas gestões da FAUESC, no segundo mandado assumiu a presidência após o afastamento do presidente Jairo dos Anjos. Com mais 1 ano e meio de mandato pela frente, idéias claras sobre a realidade do automobilismo catarinense e brasileiro, Almir nos atendeu por telefone. 

 

NdG: O automobilismo catarinense firmou-se, desde o início de sua história, como um dos mais importantes, e hoje o mais importante, centro de automobilismo na terra do país. Porque “na terra”? 

 

Almir Petris: O automobilismo é um esporte que provoca altas doses de adrenalina tanto em quem assiste como em quem participa, seja ele no asfalto ou na terra. A diferença é que na terra o controle do carro é mais difícil. O piloto para andar forte tem que ser mais arrojado, o público fica mais perto e tudo isso contribui para que a adrenalina seja ainda maior. O piloto que sai da terra para o asfalto sente uma grande diferença. O jeito que se faz automobilismo aqui é realmente diferente e é um jeito que dá certo. Nós levamos oito a dez mil pessoas ao autódromo num final de semana. Que categorias no Brasil, no automobilismo no asfalto conseguem fazer isso?  

 

NdG: Apesar deste sucesso e da presença do público, fazer automobilismo não é uma tarefa fácil. Quais são as maiores dificuldades que tanto a federação quanto os pilotos enfrentam para o desenvolvimento do automobilismo em Santa Catarina? 

 

Almir Petris: A nossa maior dificuldade é o tempo! Como nosso calendário é de eventos de velocidade na terra, o mau tempo, no caso as chuvas, são um problema. Por vezes somos obrigados adiar os eventos, transferir datas e isso causa transtornos porque os pilotos se programam para estar em uma cidade para uma prova e quando temos que adiar isso afeta a vida das pessoas. O piloto faz um investimento na preparação do seu carro, nós fazemos um investimento na preparação do local da prova e quando o tempo não colabora todo aquele investimento é em vão. Quando conseguimos uma previsão de tempo antecipada, confiável e tudo corre bem aí sim conseguimos evitar despesas extras. O presidente da CBA nos disse recentemente que nós somos uns heróis por fazer tudo o que fazemos aqui. Este tipo de reconhecimento é muito gratificante. 

 

NdG: Como acompanhamos muito mais os eventos de pista, com asfalto, o conhecimento sobre velocidade na terra é muito parco para o público fora de Santa Catarina. O senhor poderia explicar para nossos leitores e para nós também sobre quão complicado é o problema da chuva nos autódromo de velocidade na terra? 

 

 

O prédio onde está a sede da FAUESC, no bairro de Estreito, na capital catarinense. O local tem fácil acesso para os federados. 

 

Almir Petris: Na semana que antecede uma corrida num autódromo de terra, três ou quatro dias antes do início das atividades, a pista passa por um processo de preparação onde toda a terra é arada, toda virada e molhada, muito molhada, durante um ou dois dias e depois disso é recompactada. Este processo deixa a pista muito dura e muito lisa. Qualquer umidade, não precisa nem chover, basta uma neblina forte, que venha umedecer aquela superfície, já não tem mais como se fazer a corrida. Os carros simplesmente não param na pista. Nestes casos a gente vai com os carros de rua, carros de passeio para secar a pista. Mas se for chuva, aí não tem como. A pista tem que estar extremamente seca. 

 

NdG: No seu entender, o que explica o grande sucesso dos eventos de automobilismo de Santa Catarina e isso vai muito além dos circuitos de velocidade na terra. O Rally tem uma grande tradição no estado, existem excelentes kartódromos... Qual é a receita, de é que tem uma? 

 

Almir Petris: Essa é uma cultura de décadas. É todo um trabalho que vem sendo feito, gestão após gestão, tanto pela federação como pelos clubes que envolve muita dedicação de todos e que hoje podemos mostrar um bom trabalho, com mais de 600 pilotos com suas carteiras ativas, com competições bem organizadas, com participação do público e com muito trabalho para que possamos fazer o automobilismo catarinense cada vem melhor.  

 

 

O prédio não é luxuoso, mas ao passarmos pela porta da sala 303, tivemos uma bela surpresa e uma grande felicidade. 

 

NdG: Santa Catarina tem alguns dos melhores kartódromos do país, realiza competições e eventos de alto nível, mas já há alguns anos não temos um piloto catarinense conseguindo destaque nacional ou vindo a dar prosseguimento numa carreira nacional ou internacional. O que vem acontecendo com o kartismo no estado? 

 

Almir Petris: Nos últimos 5 anos o kartismo foi reamente o ponto mais fraco do automobilismo aqui no estado. Não é o caso de se culpar os clubes ou mesmo a federação. O que estamos fazendo com relação a isso: criamos uma comissão dentro da FAUESC apenas para cuidar do kart. O Rocha e o João Luis estão à frente deste trabalho e eles estão procurando meios de dar uma mexida no kartismo do estado. Temos uma pista em Chapecó que vai estar funcionando já no ano que vem e que vai ser mais um local de primeiro nível para se fazer provas aqui no estado e com o trabalho que está sendo feito esperamos conseguir atrair mais pessoas para o kartismo, que é a escola, é onde tudo começa. Esperamos ter em breve pilotos disputando provas no cenário nacional. 

 

NdG: Em Florianópolis, no sambódromo, são feitas as provas de arrancada. É um seguimento que tem mostrado força no país inteiro. Além de Florianópolis, onde mais se faz arrancadas no estado? 

 

Almir Petris: Em Florianópolis fazemos provas tanto de 201 metros como de 402 metros e o comparecimento do público é sempre muito bom. Fazemos também arrancada em Arroio do Silva e em Criciúma. É algo novo por lá, mas que já tem mostrado muita receptividade por parte do público.  

 

NdG: Apesar de todo o sucesso do automobilismo na terra em Santa Catarina, há alguns anos foi apresentado um projeto de um autódromo asfaltado, seria um Autódromo Internacional, que chegou a começar a ser construído em Canelinha. Infelizmente as obras pararam. Qual é a real situação do projeto? Ainda há futuro ali? 

 

 

As dependências da FAUESC são espaçosas, bem cuidadas e os funcionários que lá trabalham nos receberam muito bem. 

 

Almir Petris: Quem deu início ao projeto lá em Canelinha foi o Jairo [dos Anjos, presidente afastado da FAUESC], era um projeto muito interessante, foi um trabalho muito bem feito, estava andando bem, a parte de terra do traçado em terra já estava praticamente pronto. Contudo, surgiu um problema com o proprietário do terreno, que entrou numa questão de família e o trabalho acabou sento interrompido. Segundo o Jairo, ainda há chance de se resolver a questão e retomar as obras. Independente disso, continuamos procurando um bom terreno para que num futuro próximo termos um autódromo de asfalto ou até mesmo mais de um. O Rio Grande do Sul e o Paraná tem isso e em relação a eles, mesmo com toda a força do nosso automobilismo na terra, nós estamos atrasados. Além disso, existe o projeto do autódromo lá no Beto Carrero, em Penha, onde já estivemos com o presidente da CBA e acreditamos que em mais dois ou três anos, teremos um autódromo de asfalto no estado. 

 

NdG: O senhor esteve lá em Penha, nós também estiemos lá e conversamos com o responsável pela obra. Como sabemos, trata-se de uma iniciativa privada, sem envolvimento direto da FAUESC ou de órgãos públicos. O que o senhor viu e como o senhor vê uma iniciativa como esta? 

 

Almir Petris: o Grupo Beto Carreiro é um grande grupo, mas o investimento também é muito grande. Nós acreditamos no sucesso do projeto, sim. Claro que sendo um autódromo particular vai ser uma coisa mais restrita, a gestão não vai ser como seria em Canelinha, mas tem uma grande vantagem de eles terem como trazer grandes patrocínios. A localização e o acesso são muito bons, a localização é boa e as possibilidades de sucesso do autódromo como empreendimento são muito boas. 

 

NdG: O senhor levantou a questão do envolvimento do Sr. Jairo dos Anjos no processo do autódromo de Canelinha. Como sabemos, o presidente eleito da FAUESC afastou-se do cargo com uma série de “questões mal respondidas” sobre gestão de recursos, sendo assim, mais um presidente de federação envolvido com problemas nesta área. Qual é a real situação em torno deste afastamento?  

 

 

Jairo dos Anjos: no meio do segundo mandato afastou-se da presidência abrindo espaço para Petris. Contudo, não foi tão simples... 

 

Almir Petris: Quando o Jairo [dos Anjos] foi eleito para o segundo mandato, cerca de dois anos e meio atrás, ele já não queria sair candidato. Eu fui o vice, novamente e ele praticamente só aceitou com a condição de que, no meio do mandato, ele sairia e eu assumiria. Ou seja, o afastamento dele foi algo de livre e espontânea vontade. Ele mesmo preferiu fazer assim devido ao desgaste, ao cansaço. Daqui mais um ano e meio tem eleição e ele pode vir a ser candidato novamente, ou eu continuar. A questão de Canelinha, do contrato, o problema foi mais uma questão de família, de contrato. É coisa entre os proprietário do terreno. 

 

NdG: Quantos clubes são filiados a FAUESC hoje? Almir Petris: Somando todo mundo, Rally, velocidade na terra, jipes, arrancada... devemos ter mais de 20 clubes filiados e hoje mais de 600 pilotos com a carteira renovada na FAUESC em 2011. NdG: Um piloto para ser federado em Santa Catarina ele pode fazer esta filiação diretamente com a FAUESC ou ele tem que ir através de um clube? 

 

Almir Petris: O piloto pode fazer sua carteira de piloto diretamente com a federação. O clube é que, para poder realizar algum evento, de forma legal, precisa estar filiado à FAUESC. 

 

NdG: A FAUESC dá ao piloto federado alguma vantagem, algum benefício, tipo, emissão de carteira de motorista internacional, por exemplo? 

 

Almir Petris: O piloto para se federar tem apenas a carteira para poder correr, mas o que nós garantimos é que ele tem um local para correr com todos os controles de segurança que um evento federado dá ao associado, ao federado. Além disso, temos um contratos e contatos de patrocínios que dão aos pilotos a chance de comprar materiais como pneus, por exemplo, a um custo mais baixo do que se ele fosse comprar numa loja, por exemplo. A gente consegue também materiais para sorteio, como pastilhas de freios... estamos sempre buscando alguma coisa. 

 

NdG: Em termos de projetos para o automobilismo catarinense, o que nós, que acompanhamos, o público em geral e principalmente os pilotos podem espstar da FAUESC para os próximos anos? 

 

 

Na sama de reuniões da FAUESC, a foto de todos os presidentes que por lá passaram. Pena que um jogou fora os arquivos! 

 

Almir Petris: O nosso grande projeto era realmente a conclusão do projeto de um autódromo asfaltado. Infelizmente não vai ser possível, mas temos aí as boas perspectivas com o autódromo do Beto Carreiro. Independente dele, esperamos encontrar uma outra alternativa. Além disso, o outro grande projeto é o investimento no kart, na formação de pilotos com um trabalho bem direcionado para poder dar bons frutos. Queremos por a gurizada para fazer carteirinha, para vir para pista, para vir para o esporte e não ir para os caminhos da droga, do crime, da bebedeira. 

 

NdG: Como o senhor vê a situação do automobilismo brasileiro como um todo e suas perspectivas? 

 

Almir Petris: Eu vejo com bons olhos e vejo um bom futuro pela frente. Recentemente estivemos todos no Rio de Janeiro e estivemos com o Jean Todt, o presidente da FIA, e ele apresentou algo muito interessante e que vai além das pistas. Hoje nos vemos o número absurdo de pessoas que morrem no trânsito, nas estradas e no caso do Brasil é algo alarmante. É muito acidente, é muita gente morta, muito mutilado... tem muita coisa errada no nosso país. Poucas passarelas. A gente que mostrar a importância da segurança nas estradas, nas ruas... é importante que se faça um projeto que atinja o público em geral, que atinja a população como um todo e isso vem sendo discutido no meio das federações para que possamos fazer algo neste sentido.

 

 

Agradecimentos: Aos membros da FAUESC; ao Francis Henrique Trennepohl, do Blog "Poeira na Veia" pelas fotos; ao Sr. Heinz Scheuren, por receber o "Chefe" e ao mesmo pelas fotos em Penha e Canelinha. 

Last Updated ( Friday, 26 August 2011 00:38 )