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Brasília - DF PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 13 November 2011 19:06

 


 

 

A cidade de Brasília foi construída num período em que o Brasil parecia “despertar do berço esplêndido” que está na letra do hino nacional. Foi o período em que a indústria automobilística começava a se instalar no país... as largas avenidas eram quase que um “autódromo natural”... e as corridas não demoraram muito a acontecer.

 

No início dos anos 70, os anos do “milagre brasileiro”, coincidiu com a conquista do nosso primeiro título mundial e o “Brasil Grande” procurava se consolidar. No automobilismo, a construção de um autódromo com infraestrutura para receber a Fórmula 1 na capital federal era o passo maior de uma política bancada pelo governo.

 

 

Em 1974, o Autódromo Internacional de Brasília foi inaugurado com uma prova extra campeonato de F1, com vitória brasileira!  

 

O inicio das obras se deu em 1972, com sua inauguração ocorrendo no maior estilo – com uma prova, extracampeonato, de Fórmula 1. Prova vencida por Emerson Fittipaldi... mas que foi a única passagem da categoria por lá... aliás, a única passagem de uma categoria de renome mundial pelo palco que, se cuidado como deveria, poderia ser perfeitamente considerado o melhor autódromo do país.

 

Brasília é uma cidade peculiar... e dentre suas peculiaridades, o fato da cidade ser “dividida por setores” acaba facilitando em muito o acesso ao autódromo, que fica próximo ao setor hoteleiro, permitindo que os mais dispostos possam seguir a pé para suas dependências.

 

 

Chegar ao autódromo de Brasília é muito fácil. Basta seguir para o 'setor poliesportivo' e observar as placas nas avenidas. 

 

Para quem mora na cidade ou nas proximidades, o acesso é bem sinalizado e estacionar (para quem vai de carro) não é problema: como o setor poliesportivo concentra diversas instalações, entre elas o estádio Mané Garrincha – no momento em reforma para a copa do mundo – possui um estacionamento enorme. Na parte da frente do autódromo, há ainda uma outra área para quem for de carro estacionar.

 

O autódromo em si possui dois acessos principais: o portão A fica na parte da frente, dando acesso às arquibancadas fixas, localizadas em frente a reta dos boxes. Para chegar a este portão, o espectador pode seguir tanto pelos acessos para as quadras do setor norte da cidade tanto como passando pelo eixo que cruza a cidade no sentido leste-oeste.

 

 

Quem segue para o autódromo pelo mesmo acesso que vai para o estádio de futebol, tem acesso ao maior dos dois estacionamentos 

 

Quem vai para o autódromo a trabalho ou como “VIP” de algum evento, o acesso é pelo portão B, onde ficou claro que não há espaço para todos estacionarem... pelo menos não há um espaço reservado para tal e o canteiro no acesso depois da passagem pelo viaduto. Além do antigo kartódromo (que hoje abriga apenas competições de kart indoor), à esquerda, o acesso às instalações já apontam o primeiro problema do autódromo: parece que voltamos no tempo... à 1974!

 

 

Para quem vai trabalhar (o se divertir no kart indoor que um dia foi o palco das competições), o caminho é o portão B. 

 

Chegando nas instalações internas, encontramos um pátio externo onde hoje poderia ser usado como área para estacionamento dos carros de serviço das equipes, além de parte dos caminhões entre a reta oposta à reta dos boxes (do lado esquerdo) e o paddock (do lado direito), separado por um conjunto de salas. Em uma destas salas funciona a Federação de Automobilismo do distrito Federal. Nas demais, deveriam funcionar outros órgãos, como a Federação de Motociclismo, mas as mesmas estavam vazias.

 

 

 

O espaço onde estão o estacionamento interno e o paddock é bem amplo, mas poderia ser melhor aproveitado. Uma reforma ia bem.  

 

O paddock do autódromo da capital do país tem alguns contrastes – digamos – interessantes: o restaurante e bar, que funciona quando ocorrem eventos, é grande, confortável e bem aparelhado, contando com uma cozinha industrial, diversas mesas e um cardápio variado. O mesmo fica próximo ao local onde algumas categorias montam o pódio... localizado sobre o minúsculo posto médico, instalado bem próximo ao posto de abastecimento. Certamente a disposição das instalações seria diferente.

 

Mesmo com quase 40 anos, o paddock é bem amplo para os padrões atuais, comparando-se com os demais autódromos brasileiros. Na parte de trás dos boxes há uma parte coberta, que em eventos menores podendo ser usados como estacionamento coberto para alguns carros. Na verdade, além dos boxes existe uma garagem que costuma ser utilizada como instalação de apoio quando ocorrem mais de um evento simultâneo como é o caso da Stock Cars. Adjacente a esta garagem fica a área destinada ao parque fechado.

 

 

 

O sistema administrativo ao qual o autódromo está atrelado é um problema para fazê-lo funcionar. Ele não fica com o que arrecada. 

 

Ao invés de uma torre, o Autódromo de Brasília tem três! Quando foram feitas, certamente atendiam as necessidades e as exigências. Uma delas é a torre de controle de prova, onde ficam Diretor de Prova e Comissários. Em outra, o espaço era destinado à sala de imprensa (dependendo do tamanho do evento, não é possível abrigar todos os profissionais e uma das salas que normalmente ficam vazias é usada para tal fim). A terceira torre é destinada a organizadores de eventos.

 

 

Se for para se fazer reformas, uma delas seria modificar a concepção de torre de controle e sala de imprensa. O que há é pouco... 

 

As torres são baixas para as exigências atuais e para as dimensões do autódromo. Pelo menos mais dois andares seriam necessários para que o diretor de provas tivesse uma ampla visão de todo o perímetro. Mesmo da cobertura, fica difícil ver a pista na parte oposta à reta dos boxes, principalmente o final da reta do Colégio Militar e a curva 2.

 

 

... pouco e deficiente! A torre de controle é baixa, apertada e com diversos pontos cegos, o que compromete o trabalho dos comissários. 

 

Os boxes também sofrem com a falta de reforma. Se para a época suas dimensões eram boas, para os dias de hoje eles atendem a apenas um carro cada. Contudo, o maior problema está na manutenção, que tem deixado a desejar. As portas necessitam reparos e a instalação elétrica certamente precisa ser refeita.

 

A parte superior é toda plana e coberta, facilitando a montagem dos  camarotes para os patrocinadores dos eventos. Conta até com uma pequena estrutura de bar, que certamente atende apenas aos pequenos eventos locais. É um verdadeiro contraste com a enorme área do pit lane.

 

 

 

A parte superior dos boxes até serve para atender os convidados que vão para as áreas VIP. Para quem trabalha, os problemas abundam!  

 

O espaço conjunto, do paddock, mais os boxes e o pit lane, tem um potencial considerável para um reaproveitamento em caso de reforma, podendo vir a tornar-se um excelente espaço, muito maior do que o que existe em Interlagos. Mas além disto, outros serviços precisariam ser feitos: a tela da mureta dos boxes também está muito comprometida. Assim como toda a cidade, alguns aspectos como o local de largada, segue as linhas arrojadas da cidade.

 

 

Comparando com Interlagos, Brasília tem muito mais áreas para atender as necessidades de uma prova... mas a distribuição é ruim. 

 

Do outro lado da reta dos boxes encontramos as arquibancadas fixas, quatro lances, sendo um deles coberto. O acesso das arquibancadas se dá pelo portão A, mas assim como as demais instalações que vimos, há muito o que se fazer para o público também: As arquibancadas descobertas não tem nenhuma infraestrutura como banheiros e bares. A arquibancada coberta conta com cadeiras, mas o espaço destinado aos bares e principalmente os banheiros precisam ser recuperados.

 

 

 

O autódromo tem uma estrutura fixa para 8 mil pessoas, sendo 1.500 numa arquibancada coberta. Contudo, as deficiências são grandes. 

 

Indo para a pista, encontramos retas largas e uma constatação impressionante: o asfalto, feito entre 1973 e 1974 é o mesmo desde então. Colocado há mais de 35 anos, o mesmo está extremamente abrasivo, sendo um desafio enorme para pilotos e equipes que participam de corridas em Brasília... e a reta dos boxes ainda trás uma dificuldade extra – ao menos para as provas em largadas paradas: a reta é em decida e os pilotos tem que segurar seus  carros no freio. A reta não é muito longa, logo se chegando a curva 1.

 

 

A pista de Brasília é larga, a reta é larga, mas o asfalto abrasivo é um desafio a mais para pilotos e equipes de qualquer categoria. 

 

A curva 1, apesar de ser uma curva de praticamente 90 graus, é contornada a uma velocidade considerável ! Talvez pelo fato da reta dos boxes não ser muito longa e pela área de escape – atualmente com revestimento de asfalto – que certamente permite uma recuperação em caso de saída de pista.

 

 

 

A curva 1 teve sua área de escape reformada, onde foi colocado uma parte em asfalto. Contudo, seria bom aumentá-la. 

 

A barreira de pneus estava passando por uma pequena reforma, mas observamos que mesmo sendo dupla e relativamente distante da pista, encostada ao guard rail e este ao barranco, o bom contorno da mesma não apenas evitará o acidente como é primordial para que se consiga entrar o mais forte possível para a reta do colégio militar.

 

A reta do colégio militar é a mais longa do circuito, com seus 750 metros. Na primeira parte, a única melhoria feita no asfalto desde 1974: para serem feitas as arrancadas, uma camada de asfalto foi aplicada , corrigindo as imperfeições e deixando os primeiros quatrocentos e dois metros extremamente lisos.

 

 

Quando se entra na reta, há uma mudança de aderência devido ao recapeamento de 500m no início feito pelo pessoal da arrancada. 

 

A reta passa por baixo do viaduto de acesso à parte interna da pista, boxes e paddock e a curva suave do elevado causa até uma visão um tanto claustrofóbica para quem entra na reta pela primeira vez. Pensar em um caminhão da F. Truck passando ali. É claro que passa e passa com sobras, mesmo na parte externa, pelo acostamento, há altura suficiente.

 

Terminado os primeiros metros, com o asfalto colocado para as arrancadas, o piso volta ao normal, com sua grande abrasividade e aproxima-se da freada mais dura do circuito, numa curva com boa inclinação, que é a curva 2.

 

 

 

A curva 2 é uma das mais perigosas do circuito. Depois da reta mais longa, a área de escape é pequena, e apenas com brita. 

 

É na curva 2 que os carros chegam com maior velocidade em todo o circuito... e naquele ponto, a área de escape é menor – e bem menor – que na curva 1, alem do que, não há cobertura de asfalto na mesma. Contudo, a caixa de brita é bem funda e “fofa”. A barreira de pneus no local precisa ser refeita em diversos pontos e este é, sem dúvidas, o ponto pais perigoso do circuito.

 

A parte interna da curva é muito grande. No caso, uma reforma que refizesse a curva “mais por dentro, antecipando sua tomada, tornaria a mesma muito mais segura. Na parte final da curva, a área de escape diminui drasticamente. Duas coisas chamam atenção: Uma é o sistema de drenagem, junto à zebra interna, que é bastante alta. Outra é a “pista auxiliar” que margeia o circuito. Atualmente estas pistas ficam por trás dos guard rails.

 

 

Algumas das zebras de saída de curva proporcionam um bom apoio para a retomada de velocidade dos carros após o contorno. 

 

Na saída da curva 2, que tem uma boa zebra de apoio, e passa-se sob o segundo viaduto de acesso interno, que hoje leva ao ‘cine drive in’. Logo em seguida, uma rápida curva à esquerda e o detalhe de um dos postos de sinalização onde o bandeirinha escalado precisa ser muito corajoso uma vez que o mesmo está bem próximo a linha de saída de tangência da curva.

 

 

Ficou evidente que, em pontos onde os carros saem da pista, as barreiras de pneus são relativamente frágeis ou estão perto demais?  

 

Seguindo para a curva 3, temos a bifurcação entre a entrada para o misto. A curva para quem segue pelo anel externo é muito suave, mas isso não justifica a barreira de pneus desmontada como encontramos. Para quem vai percorrer o circuito completo, com os 5,4 Km, há bastante espaço em caso de uma escapada, mas a freada forte para se contornar a curva para a direita certamente inibe os abusos.

 

 

Para as provas que usam o anel externo, o percurso fica em pouco menos de três Km de extensão, e em alta velocidade. 

 

Para as provas que usam o anel externo, tem-se a quarta reta do autódromo, onde vê-se à direita a demarcação para a para a entrada dos boxes. Para as provas no circuito completo, a saída da curva de entrada do miolo tem uma zebra alta de apoio que pode ser um auxílio ou um problema, dependendo de como o piloto chegar nela.

 

 

Para as categorias que utilizam o circuito completo, com seus quase 5,5 Km, os pilotos enfrentam mais um leque de problemas. 

 

Seguindo pelo miolo, uma sequência de curvas em leve descida para a esquerda leva para a curva que muitos pilotos consideram a mais traiçoeira de todo o traçado... tanto que ela recebeu o nome de “curva da bruxa”. A sequência até se chegar na bruxa é de aceleração, mesmo sendo em curva. A distância para o guard rail antes de chegar na “bruxa” é boa... o problema é quando se chega nela.

 

 

 

A descida suave, em aceleração, que leva para a chamada 'curva da bruxa', a outra curva crítica - como a 2 - do autódromo. 

 

A área de escape é de brita... bem funda e, como no caso da curva 2, tem na parte externa da curva a “faixa de rolamento” aparece e a barreira simples de pneus, colada ao guard rail, e que provavelmente tem sua amarração envelhecida e precisando de reforço coloca em xeque o uso do circuito misto por categorias que possuem carros muito velozes evitam usar este traçado.

 

 

 

O maior problema da 'curva da bruxa' é a sua pequena área de escape, mesmo tendo uma caixa de brita muito fofa e profunda.  

 

A saída da “curva da bruxa” a zebra alta de apoio permite uma entrada mais veloz na reta que fica oposta à reta dos boxes e que leva para a chamada “curva oposta”, uma curva lenta para a esquerda, feita com duas pernas e que inicia a parte mais lenta do circuito. A área de escape não exige muito espaço nem uma caixa de brita muito grande. O guard rail fica bem distante, considerando-se a velocidade de contorno da mesma.

 

 

 

 

Depois da 'curva da bruxa' vem o trecho de velocidade mais baixa do circuito, com as curvas oposta e do placar. 

 

Após a curva oposta, seguimos para a curva do placar, uma grande construção que podemos ver e que há muito tempo deixou de ser utilizado. Neste ponto vimos um desgaste mais acentuado do asfalto, especialmente em suas emendas. É a curva mais lenta do circuito completo e a área de escape é compatível com a curva, mesmo sem caixa de brita.

 

 

 

Na curva do placar, encontramos o ponto de maior desgaste dos asfalto no circuito, mesmo sendo esta a curva mais lenta da pista. 

 

A retomada após a curva do placar leva o piloto a encher novamente o motor para contornar uma rápida curva à direita, com bastante espaço em caso de uma escapada e que tem – à sua esquerda – o heliponto do autódromo, o que em caso de uma emergência médica obriga a interrupção de qualquer evento para que a ambulância chegue até ele.

 

 

 

Saindo da curva do placar, em subida, os competidores voltam a acelerar para o contorno de uma rápida à direita, sem sustos. 

 

Após esta rápida curva para a direita, chega-se à curva da vitória, que junta novamente os dos traçados (o anel externo “fecha” naquele ponto). Em caso do contorno via anel externo, a curva tem que suportar a velocidade dos carros vindo lançados e em descida para entrar na reta dos boxes.

 

 

 

Assim como a curva 2, a curva da vitória também possui uma área de escape com caixa de brita menor do que deveria ter. 

 

A área de escape é composta por uma caixa de brita bem profunda, mas para a velocidade que os carros atingem no anel externa, um tanto quando reduzida, com sua barreira de pneus encostada no barranco que também, serve de arquibancada natural.

 

Quem vem do traçado do circuito misto virá para curva com menos velocidade, certamente, mas o contorno desta curva terá um raio mais externo. No final da curva, a zebra – literalmente – vira pista. Existe, inclusive, uma extensão de concreto que os carros usam com grande frequência... e assim retorna-se à reta dos boxes para se completar a volta.

 

 

A entrada dos boxes é rápida, em descida e perigosa. A barreira de pneus é quase paralela à reta dos boxes. 

 

Caso o piloto vá seguir para os boxes, a entrada do mesmo é rápida, perigosa, em descida e com uma mureta que, se o seu início não é exatamente paralelo à reta como é o caso de Interlagos e era o do Autódromo de Fortaleza (que foi reformada), não se pode dizer que os riscos sejam muito menores, apesar da barreira de pneus ser mais consistente. 

 

 

A área do pit lane é grande. poderia ser melhor aproveitada em uma reforma. A grade de proteção precisa de serviços urgentes! 

 

A saída, ao contrário da entrada, é muito bem feita, permitindo que os competidores retomem velocidade de forma segura e saiam na reta do colégio militar lançados, fora do traçado normal que os carros tomam na mesma e a saída dos boxes está bem demarcada na pista.

 

 

Se a entrada é arriscada, a saída é muito boa. Os competidores saem na reta do colégio militar lançados, sem comprometer os outros. 

 

O Distrito Federal tem um autódromo com todas as características e exigências para que sejam disputadas grandes provas, em qualquer tipo de categoria do automobilismo. Em sendo feitas algumas reformas, como a ampliação das áreas de escape nas curvas rápidas (1; 2 e curva da vitória), removendo parte dos barrancos e a modernização da área dos boxes e paddock colocariam o autódromo em condições de entrar no calendário internacional.

 

É claro e evidente que um recapeamento completo seria imprescindível, mas há que se salientar que, em vista de que aquele asfalto foi colocado no início dos anos 70, temos que aplaudir quem fez o trabalho... basta vermos outros autódromos mais novos que visitamos e se formos comparar com as estradas brasileiras... melhor não entrar nesta questão.

 

O grande problema do autódromo da capital federal está na forma como o mesmo é gerido. Pelo que se pode ver no calendário de eventos (basta acessar o site da FADF), existe atividade em todos os finais de semana. Durante a semana, ainda há meios de arrecadação com o espaço sendo utilizado por fabricantes de veículos que o usam para testes.

 

 

 

A vista aérea da torre onde fica o diretor de prova mostra que para os pontos mais distantes, é difícil ver maiores detalhes sem a TV.

 

Contudo, a arrecadação do autódromo com o que é pago pelos que o locam e pelos promotores dos eventos neles realizados não ficam para a administração. O montante vai todo para o Governo do Distrito Federal (se é que mais algum esporte arrecada alguma coisa). Depois disso, o “bolo” é dividido e o autódromo recebe uma verba – que duvidamos ser maior que o valor arrecadado.

 

Em outras palavras, o autódromo, além de estar em mal estado, sofre com uma sangria em sua arrecadação, tendo que sustentar outros projetos da Secretaria de Esportes do DF. Quando estivemos lá, o secretário – Sr. Cassius Ibaê Gomes – havia sido recentemente exonerado do cargo por estar com um mandado de prisão expedido por envolvimento com tráfico de drogas!!!

 

Como substituto do Sr. Cassius Ibaê Gomes, segundo o Diário Oficial do DF, foi nomeado o Sr. Leandro do Carmo Cruz, um Auxiliar de Serviços Gerais (sic). Em contrapartida – se é que pode haver uma – o bicampeão do mundo, Emerson Fittipaldi, foi anunciado como “Embaixador de Eventos para incrementar atividades” no local. Esperamos que o Sr. Governador dê ouvidos ao nosso bicampeão do mundo de F1 e comece por onde se tem que começar: modernizando o circuito para que ele possa realmente receber eventos!

 

Como as indicações políticas são – em sua quase totalidade – um mero loteamento de cargos, o verdadeiro responsável pela adminis-tração do autódromo é o 3º vice presidente da FADF, o piloto de Rally Rodrigo Mello, que é empresário na cidade e que sacrifica boa parte do seu dia envolvido com os problemas do autódromo. Foi com ele que con-versamos sobre o que vimos e sobre o que não vimos em nossa visita.

 

NdG: Há quanto tempo você está trabalhando como gestor do autódromo de Brasília? 

 

Rodrigo Mello: Eu entrei para a FADF em 2005, a convite do atual presidente, o Napoleão Ribeiro. Eu sempre fui um entusiasta, mas minha vida estava na terra, no rally, longe do autódromo e aqui tem sido um aprendizado diário, uma experiência muito positiva e hoje eu sou um entusiasta do automobilismo de pista também. Eu estou aqui nestes seis anos por gostar realmente do que faço, abro mão de assuntos pessoais, de meu negócio, para estar aqui.

 

NdG: Rodrigo, nesta nossa visita ao autódromo pudemos ver que alguns trabalhos de manutenção estão em andamento. Até onde você tem liberdade de ação para trabalhar, uma vez que as ações administrativas dependem de um funcionário público nomeado pelo governo do DF para a secretaria de esportes?

 

Rodrigo Mello: Existe um acordo entre a Federação e a Secretaria de Esportes do DF para que façamos a gestão no local, aqui no autódromo. O secretário foi nomeado recentemente numa substituição e ainda não fomos apresentados a ele (Nota do NdG: Esta entrevista foi feita três dias após a nomeação). Depois de nos reunir com ele é que saberemos como serão os procedimentos. Cada um que entra tem a sua metodologia de trabalho e a gente tem de se adequar a ela. Contudo, alguns serviços já contratados estarão sendo continuados, como a reforma das barreiras de pneus.

 

NdG:  O antecessor deste recém nomeado, o Cassius Ibaê ficou quanto tempo?

 

Rodrigo Mello: O Cassius estava desde o início do ano...

 

NdG: E o antecessor do Cassius?

 

Rodrigo Mello: Era outro governo. Ele ficou dois anos. É assim que funciona. Mudou o governo, muda tudo, mudou o secretário, muda o sistema de trabalho.

 

NdG: E vocês, a FADF e você como gestor aqui no autódromo, estão aqui desde quando? 

 

Rodrigo Mello: Estamos aqui, instalados no autódromo, desde 2005. Nós mudamos para cá para tentar fazer uma administração melhor do autódromo uma vez que somos nós quem lidamos diretamente com o local, com os eventos que ocorrem aqui e que temos mais condições de contribuir para a boa gestão do autódromo.

 

NdG: Você ou algum outro funcionário do autódromo recebe remuneração? Quantos funcionários trabalham no autódromo?

 

Rodrigo Mello: Eu não recebo nenhum tipo de remuneração. Além do vigilante, não existe quadro de funcionários efetivos. O que temos são funcionários terceirizados que são contratados. É feito um contato com a Secretaria de Esportes e contratamos o número necessário de pessoas para atender as nossas necessidades, claro, dentro do orçamento.

 

NdG: Falando em orçamento, como funciona esta questão do orçamento? O autódromo de Brasília é auto sustentável?

 

Rodrigo Mello: Nós não temos um orçamento fixo para trabalhar. Funciona através de demanda. Sempre que temos eventos para realizar, fazemos o orçamento dos custos para este evento, apresentamos à secretaria e solicitamos a liberação da verba para a execução.

 

NdG: O que vimos em outras praças é que, quando um evento vai ser realizado, os promotores deste evento contratam o autódromo eles pagam um determinado valor. Quando uma montadora contrata o autódromo para fazer testes como os que vimos hoje, este dia é pago. Como é feita a gestão dos recursos arrecadados pelo autódromo?

 

Rodrigo Mello: Como o autódromo é do Governo do Distrito Federal e este é responsabilidade da Secretaria de Esportes e todos os valores arrecadados pelos contratos assinados são todos direcionados à ao caixa geral do governo, que só então repassa valores à secretaria de esportes. A partir daí as verbas são redirecionadas para a manutenção das estruturas esportivas e atender as necessidades de todos. Esta distribuição é feita através de emendas e assim, não há uma verba fixa anual ou mensal para custeio do autódromo.

 

NdG: Vocês assumiram o autódromo há seis anos. Ao longo deste período, quais os maiores desafios que vocês vem enfrentando?

 

Rodrigo Mello: O nosso maior desafio é, sem dúvidas, a manutenção. Como temos uma grande restrição de recursos para fazer uma manutenção preventiva, somos obrigados a fazer a manutenção corretiva, como a que está sendo feita agora nas barreiras de pneus. O ideal era termos um programa de manutenção, um planejamento de melhorias e assim poder trabalhar no todo e assim manter o autódromo em condições durante todo o ano, havendo eventos ou não, mas no presente modelo de gestão não é possível.

 

NdG: Antes de vir até Brasília nós vimos no site da FADF que o calendário de atividades do autódromo é repleto. Que há eventos em andamento mesmo durante dias da semana como os testes que uma montadora está fazendo hoje. Sendo assim, deveria haver recursos para fazer mais do que é feito hoje...

 

Rodrigo Mello: É... teríamos. Mas há também uma série de eventos em que não há geração de renda. Temos hoje mesmo um treinamento com a polícia militar. Temos também treinamentos para o governo, para as forças armadas... e estes eventos nós temos que receber aqui no autódromo.

 

NdG: Além destes eventos “sobre rodas”, o autódromo é utilizado para outros fins? Ele é locado para shows, feiras ou qualquer outro tipo de evento que não seja para atender o governo ou para competições?

 

Rodrigo Mello: Nós, aqui na FADF, somos contra a realização de eventos como shows, raves e outros semelhantes no autódromo. Isso não é a finalidade de um autódromo. Este tipo de evento além de não agregar nada para o local, costumam levar uma enorme quantidade de pessoas para dentro da pista, para a área de Box, mesmo sendo feito com equipes que sabem trabalhar este tipo de eventos, eles deixam sempre uma perda para o patrimônio que é o autódromo. Apesar disso, já ocorreram eventos assim aqui. Este ano mesmo aconteceu um e o pessoal da secretaria viu o tamanho do problema que foi recolocar o autódromo em condições de uso pela quantidade de lixo que ficou nas áreas da pista com vidros, tampas de garrafa, coisas que podem cortar um pneu e causar um acidente em uma corrida. O trabalho de recuperação é grande e dispendioso. Depois deste, não ocorreram outros, inclusive alguns que estavam agendados.

 

NdG: A gente sabe que o autódromo de Brasília nunca passou por um recapeamento desde que foi construído. Contudo, na reta do colégio militar, percebemos que foi colocado um revestimento de baixa abrasividade, acreditamos que para as arrancadas. Porque só ali, como foi feito? Quem custeou?

 

Rodrigo Mello: Aquilo foi uma conquista do próprio pessoal da arrancada que, junto aos seus parceiros, conseguiram que fosse feito um trecho de 500 metros de colocação daquela camada asfáltica. Desde 2005 a gente vem tentando conseguir com que seja feito o recapeamento completo do autódromo, mas achamos que, existem outras prioridades para fazermos nas instalações como um todo do que o asfalto. Por mais que a pista tenha 37 anos de que foi feita, tirando a questão da abrasividade, o asfalto que foi feito aqui em Brasília já foi fruto de visitas e exames de engenheiros até do exterior para ver a qualidade do trabalho que foi feito aqui...

 

NdG: Quais seriam estas prioridades a serem feitas para o autódromo que você mencionou como obras a se fazer antes de um recapeamento?

 

Rodrigo Mello: Seriam questões de segurança, prioritariamente. O autódromo de Brasília tem como voltar a ter o “grau 1” da FIA. Para fazer isso seria o caso de adequar, prioritariamente, os aspectos relativos à segurança. O que nós conseguimos fazer com o pouco de recursos que conseguimos vem sendo canalizado para esta área.

 

NdG: Durante vários anos o autódromo estava arrendado para o Nelson Piquet. Mesmo estando arrendado, o bem continua sendo um bem público. Sendo um bem público, o que é que o arrendatário tem ou teria direito a fazer?

 

Rodrigo Mello: Isso é difícil de falar uma vez que eu não tive acesso ao contrato de arrendamento, assim, não teria como saber o que o arrendatário podia ou não fazer.

 

NdG: No início deste ano chegou a ser publicado por alguns jornalistas especializados que o autódromo de Brasília estaria correndo risco de ser desmobilizado, sendo a área utilizada para um outro fim. Houve algo neste sentido?

 

Rodrigo Mello: Até onde sei, para se mudar o planejamento de Brasília, que é uma cidade que é patrimônio da humanidade e assim sendo, mudanças não são tão simples, não vai ser uma coisa simples de ser feita. O autódromo de Brasília fica num ponto privilegiado. Estamos no setor poliesportivo da cidade, que fica distante apenas 1 Km do setor hoteleiro. Estamos a apenas 10Km do aeroporto. É uma situação que nenhum autódromo, acredito eu, tenha. Os estrangeiros que visitam nosso autódromo ficam surpresos pelo fato de ainda termos o autódromo aqui. Acontece que o fato do plano piloto da cidade ser tombada dificulta alterações, além do que, existem outras áreas para se fazer outros projetos. Como o autódromo está dentro da área tombada, apenas se fossemos “trocados” por outra instalação esportiva. Contudo, aqui dentro do setor poliesportivo temos o estádio, que está sendo reformado para a copa e é o mais adiantado nas obras. Temos o ginásio, o parque de piscinas... todas as instalações em condições de uso.

 

NdG: Vimos também que o espaço destinado ao público carece de melhorias. A arquibancada coberta está com seus banheiros precisando de reformas, faltam pias, nos banheiros e nos bares, cadeiras em alguns pontos da arquibancada... a Secretaria de Esportes do DF está ciente deste cenário?

 

Rodrigo Mello: A gente já fez algumas reformas naquele espaço. Já trocamos muitas cadeiras – são 1500 cadeiras – e já não são mais as mesmas que foram colocadas em 1974. Ainda há mais o que se fazer. Já fizemos uma parte do serviço necessário em dois banheiros e, dentro do que podemos fazer, vamos fazendo. O que a gente não fez e não tem como fazer é devido a não termos uma verba fixa para investir em melhorias e reformas no autódromo.

 

 

Last Updated ( Monday, 30 January 2012 00:56 )