Queridos leitores do Nobres do grid,

Neste final de semana bem no meio do mês de fevereiro (uma data bastante “precoce” quando falamos de calendário do automobilismo brasileiro) tivemos a primeira categoria com corridas em território nacional (e mesmo fora do país) com a Fórmula Truck acelerando no Autódromo Internacional de Interlagos.

A categoria que conseguiu se reconstruir depois das dificuldades que passou até seu encerramento, foi resgatada pelo empresário Gilberto Hidalgo e ano após ano, foi se reestruturando e neste final de semana levou para os boxes o impressionante número de 49 caminhões inscritos para as disputas nas categorias “Injeção Eletrônica” e “Bomba Injetora”, esta última com caminhões mais antigos e menos tecnológicos.

É inegável a que há uma diferença técnica entre as categorias, dada a expertise das pessoas envolvidas com a Copa Truck, dada a experiência dos pilotos da categoria promovida por Carlos Col para os pilotos que estão reconstruindo a Fórmula Truck. Como bom curioso, fui buscar mais subsídios sobre o tamanho desta “diferença técnica” e fiquei positivamente surpreso em constatar que a mesma não é tão grande.

Na abertura da temporada 2024, em Campo Grande-MS a pole position da Copa Truck foi conquistada por Danilo Dirani com 1m50s084. A Fórmula Truck correu em Campo Grande 3 meses depois e Pedro Muffato (com seus mais de 80 anos) marcou a pole position com 1m51s854. A diferença entre eles foi de apenas 1s770! Se considerarmos a divisão da Copa Truck nas categorias PRO e Elite (com os pilotos separados por nível técnico e experiência), o tempo de Pedro Muffato foi melhor que o de Bia Figueiredo, com 1m52s260, pole da categoria Elite. O que vejo de positivo nisso é que temos condições técnicas e econômicas de ter duas grandes categorias com equipamentos similares competindo no Brasil.

Um impressionante número de 45 caminhões inscritos para a etapa, sendo 29 na categoria injeção eletrônica e 16 na categoria Bomba injetora.

O tempo firme com sol, calor e pista seca ajudou a corrida, diferente do que aconteceu em alguns treinos. Rafael Fleck, atual campeão da categoria injeção eletrônica acabou se complicando no treino e largou apenas em 18°. A pole position foi de um veterano das corridas de caminhões, Leandro Reis, que largou muito bem e manteve a liderança, com Túlio Bendo em 2° e Pedro Muffato em 3°. Rafael Fleck veio numa grande recuperação e em poucas voltas escalou o pelotão – mas com mais apetite do que prudência – para chegar à P4, mas não sem antes acertar a traseira do companheiro de equipe (dono da equipe) Ramirez Fontanella.

Bandeira amarela e Safety Tuck com caminhão parado na entrada dos boxes. Na relargada, Túlio Bendo atacou e tomou a ponta. Rafael Fleck foi para os boxes, mas 1 volta depois, teve nova entrada dos Safety Truck. Na relargada Túlio Bendo largou bem, mas Nilton Jacobsen bateu forte no final da reta e a bandeira verde não durou 500 metros e com os danos na barreira de pneus foi dada bandeira vermelha.

Quando a corrida foi retomada, Túlio Bendo manteve a ponta, com Pedro Muffato em 2° e Leandro Reis por pouco não perdeu a P3 na relargada, mas o goiano se recuperou rápido e no laranjinha tomou a P2 de Pedro Muffato. Com isso Túlio Bendo abriu uma boa vantagem. A corrida voltou mais disputada e Ramires Fontanella ganhou a P3 e em seguida a P2. Mas com mais brigas, mais problemas e nova entrada do Safety Truck, bom pra corrida e ruim para o líder, que viu a vantagem sumir.

Na relargada, Bendo, Fontanella Muffato e Reis eram os 4 primeiros mas as brigas eram distintas, com Ramires Fontanella buscando a ponta e Leandro Reis atacava Pedro Muffato, conseguindo superar o campeão de 2023 no laranjinha. Na volta seguinte Pedro Muffato perdeu rendimento e na reta oposta e com isso, várias posições. Pouco depois foi Ramires Fontanella a ficar lento e com isso Leandro Reis assumiu a P2, com Douglas Collet na P3.

Além da paralisação pela bandeira vermelha, a Fórmula Truck – assim como a Fórmula E – tem um sistema de compensação do tempo de prova sob regime de bandeira amarela, com acréscimo de tempo e assim a prova de 35 minutos teve quase o dobro do tempo de caminhões na pista para que Douglas Collet tomasse a P2 de Leandro Reis, mas com uma bandeira vermelha por óleo na pista, a corrida foi encerrada prematuramente, mas garantindo a vitória de Túlio Bendo, com Douglas Collet na P2 e Leandro Reis na P3.

Após a prova da Categoria Injeção Eletrônica (e com um atraso de 45 minutos) tivemos a corrida da categoria Bomba Injetora, com o grid de 16 caminhões e a pole position de Duda Conci, que fez a festa com a arquibancada lotada em frente aos boxes. Pra corrida, Conci largou bem e manteve a ponta, mas um motor estourado na primeira volta provocou a entrada do Safety Truck. Após a relargada o líder seguia tranquilo e a grande disputa era a que envolvia Thiago Bellaver, Marcio Rampon e Diego Collet, que tiveram trocas de posições e alguns three-wide em frente aos camarotes e arquibancadas.

Uma nova bandeira amarela agrupou o pelotão e na relargada a briga recomeçou, mas Diego Collet queimou o radar e saiu da briga pela P2, uma vez que eles haviam chegado em Geovane Tavares, que após algumas voltas conseguiu sair da pressão, deixando a briga pela P3 entre Thiago Bellaver e Marcio Rampon, que abusou nos minutos finais, queimou o radar e perdeu a chance de fazer um bom resultado. Duda Conci – que deu show de simpatia antes da largada – viu seu caminhão perder o rendimento na penúltima volta e Geovane Tavares tomou a ponta, Thiago Bellaver assumiu a P2 e Duda Conci teve que se contentar com o 3° lugar.

Encerrando a programação aconteceu a corrida da Copa Speedmax, com 20 minutos +1 volta, vencida por Everton Fontanella (por 105 milésimos), com Rafael Fleck na P2 e Jorginho Feio na P3.

Pílulas da semana.

Seguindo o formato já bem conhecido, vamos manter este seguimento da coluna.

- Após alguns embates bem polarizados a eleição para a presidência de CBA teve uma votação por aclamação para a reeleição de Giovanni Guerra. Ao longo de seu primeiro mandato o mandatário conseguiu conciliar divergências e reunir esforços para um segundo mandato mais tranquilo.

- No início do mês o Presidente da CBA, Giovanni Guerra e o CEO da VICAR, Lincoln Oliveira estiveram em Cuiabá, com o governador do estado para visitar o canteiro de obra do futuro novo autódromo do Brasil que tem ou projeto arrojadíssimo, com um traçado misto, com opções de circuitos e um oval. A promessa é é ter o autódromo entregue para que aconteça uma etapa da Stock Car ainda este ano.

- Seria muito bom ler mais notícias sobre as obras do Autódromo Internacional de Brasília, fechado há 11 anos e que aparece novamente no calendário de algumas categorias para receber eventos no segundo semestre. Que este ano eles concluam as obras e devolvam o autódromo para o esporte a motor.

- Ainda falando em autódromos, o Governo do Ceará desistiu do leilão do Autódromo Internacional Virgílio Távora após mais uma tentativa de venda sem lances de interessados. Infelizmente essa notícia não é boa como parece. O governo através da CearPar pretende implementar projetos de desenvolvimento urbanístico da região e imóveis alinhados à política pública de habitação estão sendo considerados. Manter o autódromo, evidentemente, está fora de questão.

- Neste final de semana tivemos (com direito a um longo break por conta da chuva) a Daytona 500, com a participação do nosso colunista, Helio Castroneves, na pista (vítima inocente do primeiro Big One). O evento que tem transmissão da Fox, canal do grupo Disney nos EUA não foi transmitido na TV brasileira, mesmo com o Grupo Disney tendo 6 canais de esportes na grade das TVs por assinatura. Lamentável.

Grande Abraço, 

Flávio Pinheiro