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Dois dias inesquecíveis na companhia do Luizinho (Prova Almirante Tamandaré) PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 21 January 2012 21:10

 

 

Bem amigos, na matéria passada, nesta coluna, Primeira Fila, descrevi a aula que tive de guiar em Interlagos com o Mestre Luizinho. Aprendi muito com ele nas Mil Milhas de 1967, que começou à meia noite de  3 de dezembro 1967. 

 

Duas semanas depois, portanto em 16 de dezembro de 1967, seria realizada a Prova Almirante Tamandaré, Corrida Internacional Luso-Brasileira, agora no Autódromo do Rio. 

 

Uns dois dias após voltarmos de SP, recebi um telefonema de Giuseppe, mecânico e sócio da Equipe Jolly-Gancia. 

 

Ele, muito cortês, falou-me que seria interessante levarmos o motor da Alfa Giulia para sua oficina a fim deles fazerem uma revisão total nele, visto que eles  tinham nos vendido ela há algum tempo e acabávamos de correr as Mil Milhas,  por conseguinte,  ele sabia que o motor estava precisando disso. 

 

Assim fizemos e o motor voltou “tinindo”, (mais tarde quando falar sobre os tempos vocês entenderão melhor porque acrescentei esse fato na matéria). 

 

Lembro-me que quando estávamos lá com nossa Kombi para pegar o motor, eles perguntaram a mim e ao Wilson Marques Ferreira se não queríamos vir dirigindo cada um uma Alfa Spider para o Rio. Eles acabaram de recebê-las e iriam enviar algumas para a Mecânica Victtori, especializada em Alfa Romeo. Nós olhamos aqueles Alfas conversíveis pela primeira vez, com aquele cheirinho de carro novo e ficamos babando, mas achamos que seríamos deselegantes com o Joaquim, motorista da Kombi, deixá-lo voltar sozinho. 

 

 

Wilson Fittipaldi com o Fitti-Porsche, assim como havia feito duas semanas antes em Interlagos, nas Mil Milhas, bateu o recorde do Autódromo do Rio. Foto:Obvio

 

Bem, sábado à tarde, véspera da corrida, estávamos no autódromo treinando. Na hora de marcar tempo nossa equipe sentiu a grande melhora que havíamos obtidos com a revisão feita no motor da Alfa. Eu cravei 1 m 48s e 7/10. Larguei na 10ª. posição.   

 

Esse tempo foi recorde da Alfa Giulia TI nesse autódromo e ficou até hoje. Antes as Alfas Giulias rodavam seus melhores tempos em volta de 1 m 51 s. Meu irmão Sérgio Cardoso, também marcou um ótimo tempo com o Karman-Ghia Porsche 2.0, cravou 1m 40 s e 8/10. Largou na 4ª. posição. Atrás somente do Fitti-Porsche e de dois Lótus 47, todos eles com motor entre-eixos, e seu Karman-Ghia tinha o motor na traseira. 

 

 Cronometragem Oficial da Prova Almirante Tamandaré  -  LUSO-BRASILEIRA. Arquivo pessoal Sidney Cardoso.

 

Bem, ao final da tarde, quando estávamos nos preparando para voltar ao colégio – onde ficariam nossos carros e os dos Varanda – meu pai Ernayde Cardoso, chefe de nossa equipe, veio nos falar que a equipe dos Portugueses do Team Palma e a da Willys, do Greco, iriam ficar conosco no colégio. (deixa eu explicar o nome dele, porque muita gente acha estranho e me pergunta: Ernayde é uma mistura do nome de seu pai Ernani, com o da sua mãe Alayde). 

 

Ficamos bem contentes, pois poderíamos ver de perto todas aquelas feras. Fomos instruídos a irmos devagar à frente, pois eles não conheciam o caminho.  

 

 

Esq. p. dir. Múcio Lodi, de óculos, da Federação de Kart e comissário de Box no automobilismo, Sidney Cardoso, Luciano Palmerini, mecânico da Alfa e Roberto Antonio Dias Machado, supervisor desta equipe, todos felizes com o recorde obtido. Atrás de mim, camisa de listras na horizontal, Antonio Ferreirinha, Foto Waldir Braga, “Estrela”.

 

A quadra de nosso colégio ficou florida: 1 Lótus Cortina, 2 Lótus 47, 2 Mark I, 2 Karman-Ghia Porsche e a Alfa Giulia.  O Porsche 991 S foi para a Lemos & Brentar, de Aloísio Lemos e Albino Brentar, representante Puma e Porsche da Dacon que ficava no bairro Jardim Botânico, visto que lá teriam mais peças e ferramentas específicas. 

 

Após todos chegarem colocamos os papos em dia e fomos trabalhar enquanto conversávamos iniciando papos novos. Uma coisa de cara nos chamou a atenção: a organização da equipe Willys. Os mecânicos tinham um organograma a cumprir e faziam tudo falando muito pouco entre si. (para nós cariocas que somos conhecidos por gostar de um bate papo, acho difícil que alguma equipe daqui faça isso). 

 

 

 Todos os carros das equipes citadas sábado à noite na quadra do colégio. Foto Waldir Braga, “Estrela”.

 

 

Meu co-piloto Wilson Marques Ferreira  é filho do dono na época, dos supermercados Mar e Terra, que depois foi vendido para as Casas Sendas e depois Pão de Açúcar.  Ele é excelente anfitrião e um bom papo, logo que deu um tempinho saiu com o Joaquim na Kombi e foi no Mar e Terra mais próximo e trouxe o letrista para melhorar a pintura dos números dos carros e muitos sanduíches e refrigerantes para todos. Foi uma festa! 

 

Aylton Varanda que correu com meu irmão no Karman-Ghia Porsche 2.0 e seu primo João Varanda Filho, “Jiquica”,  que correu com o Karman-Ghia Porsche 1.6, assim como seus mecânicos Ferrari e “Passarinho”, nós já os conhecíamos bastante e sabíamos de sua grande amabilidade.

 

 

Manhã de domingo. Três Lótus, dois Mark I, Caminhonete do Greco ao fundo. Mecânicos da Willys. Acácio, zelador do colégio de camisa branca,  Roberto Dias Machado à esquerda, macacão branco. Foto Waldir Braga, “Estrela”.

 

 

Os portugueses do Team Palma, Augusto Palma, Luis Fernandes, Nogueira Pinto, Antonio Peixinho e Andrade Villar, estávamos conhecendo melhor agora e posso dizer que foram muito amáveis e prestativos. Um ano mais tarde precisamos de algumas peças para o Porsche e como eles haviam se colocado à disposição caso precisássemos de alguma encomenda, pois sabiam que era mais difícil trazer da Alemanha, fizemos e eles nos enviaram as peças.  Todos gente muito fina! 

 

A turma da Willys também era muito legal: Greco, Bird, Luizinho e os mecânicos João Mariano, Miguel, os irmãos Casado e Laerte. Bem,  depois de certo tempo Greco e Bird saíram com os portugueses para jantar a negócios no Iate Clube Rio de Janeiro, no bairro da Urca.  

 

 

Manhã de domingo. Dois Lotus 47, um Cortina e os dois Marks I. Primeiro plano esq. p dir. Laerte e Miguel, mecânico da Willys.

 

Como nossos carros estavam perfeitos – coisa rara conosco em véspera de corrida – nossos mecânicos fizeram apenas o essencial: trocaram pneus, pastilhas de freios, óleos, lubrificaram algumas peças e completaram o combustível. Infelizmente o mesmo não se deu com o Mark I de Luizinho e com o Lótus Cortina (que ficamos sabendo pelos patrícios que foi do Jim Clark)  e um dos Lótus 47. Esses apresentaram problemas nos treinos. 

 

Devido nossos carros estarem bons, sobrou-nos tempo e pudemos observar melhor como a turma da Willys trabalhava. Ficamos impressionados com a revisão geral que eles fazem após os treinos. Literalmente desmontavam o motor todo, trocavam suas juntas, suspensão, reviam a eletricidade e caixa de marchas. Cada mecânico atuando em sua especialidade. E Luizinho se mostrou um bom mecânico. Muitos já sabiam disso, mas para mim foi uma surpresa, até aquele dia não sabia que ele era o dono da Torque. 

 

 

Manhã de domingo. Dois Marks I, dois Lotus. Mecânicos da Willys: Laerte, irmãos Casado, Miguel e João Mariano. Ao fundo de óculos Sr. Paulo Moreira.

 

 

Seu Mark I ficou em cima de cavaletes e ele deitado debaixo, em cima daquele carrinho com rodas de mecânico, tentando consertar o defeito que tinha se apresentado na caixa de marchas. Sentei-me ao seu lado e conversamos muito. Ele estava meio desanimado, pois nos falou que nos treinos já havia acontecido um problema na caixa de marchas e que eles haviam trocado a peça. E com isso não havia mais peça reserva. Confidenciou-nos que tinha quase certeza de que iria largar, mas achava que a caixa não iria aguentar a corrida toda. 

 

Após fazer o que podia em seu carro, pegou o Lótus 47 dos portugueses. Infelizmente, embora tivesse detectado o problema, também não havia peça sobressalente. Quando era meia noite o Sr. Paulo Moreira, vizinho defronte do colégio e amigo da família, que estava lá conosco, teve um estalo! Falou:

- Ernayde você é bastante amigo do Gonçalves (um português que tinha uma casa de peças muito conhecida, ali perto do colégio na Av. Ernani Cardoso, a Gonçalves Auto Peças), que tal dar um telefonema pra ele e ver se ele possuí essas peças? 

 

 

Manhã de domingo. Karman-Ghia Porsche 2.0 de Sérgio Cardoso e Aylton Varanda. Esquerda para direita Sr. Luciano Palmerini e Joaquim. Foto Waldir Braga, “Estrela”. 

 

Vi um olhar de esperança no meu pai, mas logo em seguida ele olhou para o relógio e falou: - Será que ele não ficará chateado de ligarmos pra ele a essa hora? (senti que ele estava esperando que disséssemos que não, estava querendo um incentivo nosso para dividir a responsabilidade de tomar essa atitude àquela hora). E foi o que aconteceu. Nós falamos que ele era português e que se explicássemos tudo direitinho pra ele, dizendo que estaria fazendo um favor a seus patrícios ele poderia concordar em ir à loja e ver se teria as peças.

 

Bem, não tínhamos o telefone da residência dele, mas sabíamos onde morava, na Praça Seca, coisa de 5 minutos dali. E lá fomos nós Joaquim,  meu pai, Luizinho, Sérgio, “Passarinho” e eu. Tocamos a campanhia com bastante receio. O Gonçalves, de pijama, chegou à janela e perguntou  quem era. Meu pai se identificou e ele desceu. Meu pai explicou tudo, ele foi se trocar e com boa vontade nos levou à sua loja e deixou-nos muito à vontade. Ufa! 

 

 

Manhã de domingo. Dois Mark I,  três Lotus do Team Palma na quadra do colégio. Mecânicos da Willys e Sr. Paulo Moreira ao fundo. Foto Waldir Braga, “Estrela”.

 

 

Luizinho achou umas peças semelhantes, claro que não tão robustas como as de um carro de corrida, mas que daria para quebrar o galho.  Precisaria de bastante sorte. Como disse ele antes, com aquelas peças e poder largar contando com a sorte era melhor do que ficar com os dois carros de fora da corrida. 

 

Voltamos para o colégio com o Sr. Gonçalves que fez questão de ir junto conosco. Ele havia visto na TV a chamada para essa corrida. A TV Globo iria transmiti-la ao vivo, e ele queria ver aquelas jóias e os patrícios de perto. Chegando lá ficou encantado com os carros, só não viu seus patrícios porque ainda não tinham voltado do jantar. 

 

 

Manhã de domingo. Carros prontos para ir para o autódromo. Alfa Giulia com Wilson Marques Ferreira e Sidney Cardoso, Lotus Cortina, Lótus 47 e Karman-Ghia Porsche 2.0 de Aylton Varanda e Sérgio Cardoso. Foto Waldir Braga, “Estrela”.

 

Luizinho foi direto para os carros para adaptar as peças neles. 

 

Quando meu pai perguntou ao Sr. Gonçalves quanto era ele respondeu:

- O quê? Vocês não vão me pagar nada.

E disse sorrindo:

- Eu ia ver a corrida pela TV, agora vocês estão incumbidos de me dar uma credencial para eu ver de perto meus patrícios ganharem de vocês! Rs, rs,rs. 

 

 

Carros prontos para a largada da 1ª. bateria. Fitti-Porsche, Lótus 47, Karman-Ghia Porsche, dois Mark I e Alfa GTA. Foto Waldir Braga, “Estrela”.

 

Aceitamos o trato. Meu pai ficou de ligar de manhã bem cedo para o Amadeu Girão, diretor da prova, e também português. Mais tarde chegaram o Greco e Bird. Encarnamos um pouco neles, dizendo que enquanto a turma aqui estava ralando eles estavam só no bem bom. Bem, já devia ser por volta de 02:00h da madrugada e todos fomos dormir. 

 

 

Wilson Fittipaldi Jr. Com Fitti-Porsche se preparando para passar Luis Fernandes com Lótus 47 na saída da curva da “Arvorezinha”, antes de completar a segunda volta. Foto: Obvio 

 

Voltamos pelas 07:00h e já íamos arrumar os carros para ir ao autódromo. Nisso, minha avó Alayde Cardoso, que morava no colégio, só quem a conheceu sabe como era ótima anfitriã. Falou:

- Nada disso, vocês não vão sair sem antes tomar um café reforçado! 

 

Eu falei com ela que não daria tempo, que tínhamos que chegar lá às 08:00h. Mas ela insistiu e subimos todos para tomar café. 

 

 

 1ª. Bateria Berlineta-Simca Achcar, com Ricardo Achcar e Fitti-Porsche com Wilson Fittipaldi Jr. Foto Rodrigo Octávio.

 

Como esse colégio quando foi fundado por meu avô em 1905 era internato, no início, ela estava acostumada a dirigir o serviço de servir refeições a bastante pessoas. E em sua casa, contígua ao colégio,  tinha uma sala de jantar com uma mesa bem grande e logo atrás da cozinha tinha uma enorme varanda, com arcos, com outra mesa bem grande também, que acabou pegando o apelido de “Paraíso” por alguns professores e funcionários que lá faziam suas refeições, embora não fosse mais internato, mas ela insistia para que eles comessem lá. 

 

Bem, meu pai ligou para o Girão e ficou acertado que ele daria a credencial para o Gonçalves, com muito prazer. Nós os pilotos,  meu pai e o Greco, tomamos café ali na primeira sala e os mecânicos foram para o “Paraíso” fazer o mesmo. 

 

 

 1ª. Bateria Sérgio Cardoso KG Porsche 2.0, João Varanda Filho, “Jiquica”, KG 1.6 e Bird Clemente Mark I 1300. Foto Waldir Braga, “Estrela”.

 

Ligamos a televisão e estava passando ao vivo a corrida preliminar a nossa que era de Fórmula Vê. De repente, na curva Entrada do Miolo, Ricardo Moretti (que tinha participado das Mil Milhas em dupla com Antonio Carlos Scavone, em uma Berlineta), rodou. Um piloto conseguiu desviar, mas Antonio Ferreira não teve a mesma sorte e atingiu o Fórmula Vê do Moretti bem no centro...  A explosão foi imediata! Deu pra nós sentirmos que não haveria salvação tal era o tamanho do fogo que se instalou em seu carro. 

 

 

 1ª. Bateria. Nogueira Pinto com Porsche 911 S, Bird Clemente com Mark I #22 e Luiz Pereira Bueno com Mark I #21 na curva da “Arvorezinha”. Foto. Rodrigo Octavio.

 

 

Assistimos  consternados aquelas cenas dos bombeiros custarem a chegar ao local. Depois desse evento os bombeiros passaram a deixar um carro bem ali perto, na junção do anel externo. Conversa vai, conversa vem, quem está certo quem está errado. De repente me dou conta das horas e digo:

- Gente vamos embora! Pelo regulamento tínhamos que estar lá às 08:00h, daqui a dois minutos! 

 Aí Greco, com toda calma do mundo, com seu tom grave falou:

- Calma, Sidney, você assistiu a divulgação da corrida? Quais foram os carros mais divulgados? Você já se deu conta que entre os dez carros mais bem posicionados no grid de largada temos oito aqui? 

Greco continuou:

- Você acha que com todos estes carros que estão aqui na quadra alguém vai ter coragem de nos barrar? Se fizerem isto vão ganhar uma vaia do público, sem nós não haverá corrida, entendeu? D. Alayde, por favor, põe mais um cafezinho e um pão para mim.  

 

 

1ª. Bateria Sidney Cardoso Alfa Giulia no S, duas Berlinetas atrás, Alfazoni com Hélio Mazza e mais atrás KG da mesma equipe. Foto Waldir Braga, “Estrela”.

 

Bem, nos apressamos um pouco e fomos. Pra piorar mais um pouquinho o atraso, veja o que aconteceu a seguir: os outros carros foram puxados em cima das carretas, já o Lotus Cortina, os dois Mark I, o Karman-Ghia de “Jiquica” e nossa Alfa Giulia foram no chão andando na rua, comigo e Wilson na frente que  conhecíamos o caminho guiando os outros. 

 

Lembro-me que estando juntos o barulho dos carros somados ia parando todos nas calçadas para ver o que era aquilo.  Quando chegamos ao sinal – semáforo – da Praça Seca, ele ficou amarelo. Atrasados, preocupados ainda com a hora, falei para o Wilson: - Vamos acelerar que eles vêm juntos dá tempo de passar. Aí, não é que o motorista de um ônibus pra se exibir, ultrapassou o cortejo e parou no sinal atrás de nós tapando a visão dos outros... 

 

 

Amadeu Girão dando a bandeirada de vitória a Wilson Fittipaldi Jr., com seu Fitti-Porsche. Foto revista Auto Esporte fevereiro de 68.

 

Ficamos parados no acostamento da Praça,  os aguardando, nisso Bird Clemente que não conhecia bem o trajeto, entra na primeira rua à direita, por coincidência, justamente na rua onde morava o Gonçalves...  

 

Resumindo, chegamos lá atrasados. Quando o  público ansioso viu aqueles esperados carros querendo atravessar a pista e sendo impedido por um comissário deu uma bruta vaia nele. Amadeu Girão ouvindo aquele tumulto foi ver o que era e na mesma hora gesticulou rispidamente pra ele, que, sem graça, permitiu que todos nós entrássemos. Ufa! 

 

 

 Aylton Varanda Com Karman-Ghia Porsche 2.0 e Wilson Marques Ferreira com Alfa Giulia Ti. Foto Waldir Braga, “Estrela”.

 

Pois é, dos oito carros que estavam juntos na quadra do colégio,  só quatro chegaram até o décimo lugar. Como Luizinho havia previsto seu Mark I não conseguiu chegar ao final. Quebrou na segunda volta. O outro Lótus 47, o de # 98 também quebrou. Idem com o Lotus Cortina # 99. 

 

Bird Clemente com seu Mark I largou na quinta posição e chegou em quarto lugar.  Eu cheguei na mesma posição que larguei, décimo lugar. 

 

 

 Aylton Varanda na saída do S e atrás Mário Olivetti com Alfa GTA #65 atrás. Foto Waldir Braga, “Estrela”.

 

Meu irmão Sérgio Cardoso que havia largado em terceiro e estava fazendo uma boa corrida acabou rodando na curva da Ferradura,  perdeu muito tempo e chegou em sétimo lugar. (na próxima matéria no mês que vem, pretendo falar dele e mais tarde vocês entenderão o porquê dele começar a rodar nas últimas corridas).  

 

Imagino que você, leitor, esteja estranhando a bela Berlineta-Simca de Ricardo Achcar aparecer na foto durante a corrida,  visto que esse protótipo não apareceu nos treinos de classificação. Isso se deveu ao fato de Ricardo Achcar estar participando da corrida de Fórmula Vê  e essa Berlineta com motor Simca V8 entre - eixos, não ter ficado pronta na véspera. Como o carro apareceu no domingo, deu umas voltas antes da corrida e andou muito veloz,  Amadeu Girão deixou-o largar.  

 

 

                   Resultado da 1ª. Bateria. Revista Auto Esporte fevereiro 1968, cedida pelo pesquisador Ricardo Cunha.

 

Se você reparar bem, verá que nos treinos de classificação tinha apenas 27 carros. Porém pelo regulamento era permitido no Rio largar 33 carros, visto que esse traçado tinha 3.330 metros e, ficava estabelecido pelo regulamente que o limite era de um carro por cada cem metros. Entendeu agora? Não foi nenhum ato sem fundamento, apenas cumprimento do que estava escrito. Idem na foto em que apareço com a Alfa no S com duas Berlinetas atrás. Se reparar nos tempos de classificação verá que havia apenas uma Berlineta. 

 

Pena que o motor ferveu e Ricardo não pôde chegar ao fim dessa corrida. Porém na corrida de Fórmula Vê o Ricardo deu um show. Estava na liderança e só a perdeu porque foi ultrapassado quando diminuiu a velocidade ao avistar a bandeira amarela que foi sinalizada na hora do acidente fatal com Ricardo Moretti. Esse fato proporcionou uma briga danada no final, (mas isso é longo e seria papo para outra matéria mais adiante). 

 

 

Wilson Marques Ferreira com Alfa Giulia # 79 e Norman Casari com Malzoni # 96, “naquele pega” na curva do S. Foto Waldir Braga, “Estrela”.

 

Bem terminada a primeira bateria, no intervalo para trocarmos pneus e reabastecermos os carros, caiu um temporal daqueles. Por falta de sorte de Wilsinho, caiu água dentro do tanque de gasolina do Fitti-Porsche e com isso ele não pôde largar nessa bateria. Nosso ídolo Luizinho teve que continuar de fora. 

 

Pois é, como o Karman-Ghia Porsche de fibra de vidro era muito leve e os pneus para chuva encomendados não chegaram na data marcada, Aylton não pôde fazer muito. Eu experimentei guiar esse carro sem pneu de chuva e na reta ele queria rodar quando pisava no acelerador. Já a Alfa Giulia que era mais pesada (mais tração na chuva) e com pneus apropriados, permitiu a Wilson dar um verdadeiro show na chuva. 

 

 

Outra volta e o mesmo pega na mesma curva, agora por outro ângulo e já na saída do S, se preparando para a tomada da curva da “Arvorezinha”. Foto Waldir Braga, “Estrela”.

 

Outro que andou muito bem na chuva e deu show foi Bird Clemente com pneus Dunlop para a chuva, que Greco havia conseguido na véspera com os portugueses. Fora que Bird sempre foi Bird na chuva. 

 

 

Chegada da 2ª bateria: Amadeu Girão dando a bandeira quadriculada para o vencedor, Bird Clemente. Foto: Revista Autoesporte Fev/68.

 

Esclarecimento oportuno feito pelo pesquisador e amigo Ricardo Cunha a fim de que não fiquem dúvidas nesta matéria: Sérgio Cardoso foi o sétimo na primeira bateria e Mário Olivetti obteve a mesma colocação na segunda. Os dois marcaram um ponto.Na colocação final Mário Olivetti aparece em décimo, porque dizia o regulamento: “Caso dois pilotos  terminassem empatados com o mesmo número de pontos o que tivesse melhor colocação na segunda bateria ficaria na frente do outro”. 

 

 Acima: Resultado 2.ª Bateria. Abaixo: Colocação final. Revista Auto Esporte, fevereiro de 1968. Cedida por Ricardo Cunha.

 

 

Agora, querem saber da novidade? ... Perceberam que a arquibancada atrás está vazia e só aparecem duas pessoas? Pois é, com o temporal que caiu antes de começar a 2.ªBateria, a maioria do público bateu em retirada. 

 

E quem seria aquela pessoa sorridente de óculos, em pé atrás nas arquibancadas, que resistiu permanecendo até o fim? Adivinharam? Sei que será difícil para quem não o conheceu... Nada mais nada menos que o Sr. Gonçalves!!! 

 

 

 Pódio. Esquerda para direita, Nogueira Pinto, Bird Clemente, Wilson Fittipaldi Jr. E Wilson Marques Ferreira. Ao fundo, Sr. Gonçalves.

 

Aquele que levantou à meia noite e colocou sua loja à disposição pra nós e disse que iria ver seus patrícios vencerem essa corrida. 

 

Bem gente, já me estendi demais. Finalizo aqui. Procurei compartilhar com vocês como foram esses dois dias que passei na agradável companhia de Luiz Pereira Bueno. DIAS INESQUECÍVEIS! 

 

Abraços, 

 

Sidney Cardoso 

 

 

Last Updated ( Wednesday, 01 February 2012 22:05 )