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A "Interlagosdependência" PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 10 February 2012 01:27

 

 

O furdunço provocado pela nova tabela de valores para o uso do autódromo de Interlagos continua rendendo. Depois do cancelamento (adiamento... eu quero ver a corrida em agosto para acreditar no adiamento) das 24 horas de Interlagos, a CBA, as empresas promotoras, a FASP e a SPTuris parecem ter buscado um entendimento e uma nova tabela, de mais fácil entendimento, deve ser publicada no Diário Oficial até o final de fevereiro. 

 

A SPTuris, órgão da prefeitura da cidade de São Paulo responsável pela administração de Interlagos mudou de mãos. No final do ano passado, o presidente passou a ser o Sr. Marcelo Rehder, mas a gestão do autódromo continuou nas mãos dos engenheiros Octávio Guazzelli e Chico Rosa, duas pessoas que conhecem muito de automobilismo. 

 

O grande problema de Interlagos está justamente no tal do “entendimento”. O autódromo paulista foi o primeiro autódromo permanente, asfaltado, construído no Brasil e durante mais de 20 anos foi o único, até que começassem a ser construídos/asfaltados autódromos em outros estados como Jacarepaguá, Curitiba e Tarumã. 

 

 

O autódromo de Interlagos continua com a mesma área dos tempos em que a pista tinha quase 8 Km para ser administrada. 

 

Exceção feita ao automobilismo gaúcho, que teve um desenvolvimento todo particular com suas carreteras, o centro de desenvolvimento do automobilismo brasileiro foi são Paulo, com os carros adaptados dos anos 50, com as montadoras promovendo as competições nos anos 60 e o surgimento da geração dos Nobres do Grid. São Paulo, neste aspecto também, foi a locomotiva do país. 

 

O autódromo de Interlagos teve, ao longo dos seus primeiros 40/50 anos uma “função didática”. O traçado de praticamente 8 Km era uma verdadeira escola de pilotos, com suas curvas de diversos tipos, aclives, declives e que todos os pilotos que foram para a Europa confirmaram o fato de que Interlagos era uma referência. 

 

 

Os administradores de Interlagos (Chico Rosa e Octávio Guazzelli) consideram - hoje - ser inviável sua existência sem a F1. 

 

Ao longo dos anos, outros autódromos foram construídos em outros estados, mas São Paulo continuou apenas com Interlagos para receber as principais competições do país. Depois veio a reforma, a redução da pista para “salvar” a etapa brasileira da Fórmula 1 e a própria existência de Interlagos como autódromo. 

 

Setenta anos depois de sua inauguração, Interlagos continua sendo o mais importante autódromo do país, mas continua sendo o único autódromo no principal estado da federação com condições de receber competições de porte nacional e mesmo as provas de alguns dos principais campeonatos regionais. 

 

 

No município de Itatinga, Dimas de Melo Pimenta - da DIMEP - mantem um autódromo particular, mas que não recebe corridas. 

 

São Paulo possui alguns autódromos privados, como Piracicaba, mas cuja segurança precisaria ser totalmente revista para receber uma corrida maior. Não precisamos ir muito longe para lembrar a desastrada ida da Stock Car para o simpático traçado piracicabano. Xandinho Negrão decolou num barranco no final da reta (curta) do autódromo e quase foi parar na rodovia. 

 

Além de Piracicaba, um pessoal “meio pobre” tem em suas fazendinhas circuitos particulares. Um é o Dimas de Melo Pimenta, que tem um autódromo em sua propriedade em Itatinga. O outro autódromo particular pertence à família Diniz, do grupo Pão de Açúcar e fica em Indaiatuba. 

 

 

Idealizado por Alcides - Cidão - Diniz, a propriedade da família em Indaiatuba tem um excelente autódromo, mas nada de provas. 

 

Os proprietários participaram de diversas provas entre as décadas de 60 e 80, mas seus autódromos não são abertos para competições, apenas para lazer dos mesmos, seus amigos e para eventos como apresentações de carros, encontros de colecionadores e outros tipos de festividades que não impliquem em potencial risco de acidentes e/ou morte.  

 

Para se fazer uma corrida em um destes autódromos, além de se vistoriar e adequá-los as normas da FIA, os proprietários, em caso de um acidente com invalidez ou morte de um piloto, certamente estaria enrolado para o resto da vida – herdeiros inclusos – com a justiça. Mais do que lógico o fato deles sequer aventarem a possibilidade. 

 

 

Em 2011, a Stock Car fez o "shakedown" dos seus carros em Piracicaba... o acidente com Xandinho Negrão acidentou-se gravemente.  

 

Assim, justamente no estado onde ainda existem mais recursos para investimentos, mais empresas para se buscar patrocínio, mais escolas de formação de pilotos, todos ficam à mercê de uma verdadeira “Interlagosdependência”. O Rio Grande do Sul, a “terra das carreteras”, tem hoje 4 autódromos para receber competições nacionais. O vizinho Paraná tem três, com a reforma em andamento no tradicionalíssimo Zilmar Beux, em Cascavel... e São Paulo faz corrida de rua em Ribeirão Preto! 

 

Administrar um autódromo não é tarefa fácil. Fazer com que um investimento de 100 milhões de reais – ou mais – se pague ou, mais ainda, venha a dar lucro. Segundo os administradores de Interlagos, as contas do autódromo só “fecham” (ou pelo menos fechavam) com o retorno obtido com a Fórmula 1. 

 

 

Na cidade de Pinhais-PR, o AIC - 2º melhor autódromo do país - dá lucro, tem uma gestão profissional, e sem F1. Mas tem uma área menor. 

 

Numa comparação direta com o segundo mais estruturado autódromo do país, o Autódromo internacional de Curitiba, a área de Interlagos é três vezes maior! Apesar do autódromo ter sido reduzido para pouco mais de 4 Km, a área do autódromo, com o traçado antigo, o lago e tudo mais, continua lá, parte do espaço que precisa ser administrado, protegido, limpo, carpinado... e isso custa caro. 

 

A nova tabela de preços do espaço do autódromo talvez precisasse mesmo ser revista, adequada ao fato de que não se trata de uma “pistinha de lazer para pilotos amadores”. Interlagos precisa ser visto como o mais importante autódromo do país, seja pelos pilotos, seja pelos organizadores de eventos, seja pela imprensa. Mas se a administração de Interlagos quiser realmente conquistar este “status” de ser um verdadeiro “Autódromo FIA A”, vai precisar prover a quem o utilizar, o mesmo padrão de qualidade que os demais autódromos de mesmo padrão pelo mundo. 

 

 

A SPTuris tem um novo diretor. Marcelo Rehder, mesmo que não entenda de automobilismo, é responsável por Interlagos. 

 

O que não pode ser ignorado é a necessidade mais que urgente de um autódromo alternativo à Interlagos no estado de São Paulo. Todas as categorias fazem pelo menos uma, normalmente duas – ou até mesmo mais – etapas de seus campeonatos em Interlagos. Até mesmo uma salutar competição entre duas praças no mesmo estado, pode vir a criar alternativas além dos chamados “incentivos e fomentos” acenados às competições regionais, além de garantir o funcionamento do calendário em tempo integral, mesmo quando fecharem o autódromo para prepará-lo para a F1. 

 

Abraços, 

 

Mauricio Paiva 

 

 

Last Updated ( Friday, 10 February 2012 10:24 )