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Alonso e sua "zona de conforto" PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 06 May 2012 04:38

 

Olá fãs do automobilismo,

 

Estou escrevendo esta coluna antes do GP da Espanha, cujo o comentário do nosso querido Toni Vasconcelos em sua coluna semanal – a Alta Velocidade – certamente virá com as melhores expectativas e análises nas quintas-feiras antes e após a corrida.

 

Na primeira semana de maio tivemos três dias de testes das equipes no autódromo de Mugello, na Itália. E entre as surpresas (na verdade, nem tanto, em virtude do que apresentaram nos dois GPs anteriores) da Sauber e da Lotus – que os meninos aqui do site insistem em chamar de ‘Nega Geni’ – o ‘beicinho’ que a McLaren fez para vir treinar na Itália, é claro que os olhos, ouvidos e corações da maioria dos profissionais de mídia presentes (locais em maioria) estavam voltados para os boxes da Ferrari e seu eterno estado de crise – ou, pelo menos, perene desde 2009.

 

Apesar de todos os rumores em torno de uma possível participação da revelação mexicana, Sergio Perez, ao volante da mal fadada ‘carruagem rossa’ (talvez alguém tenha lembrado-o do fiasco que Giancarlo Fisichella passou em 2009), nos três dias de testes, o carro foi ocupado por seus pilotos titulares: Fernando Alonso pilotou dois dias e Felipe Massa um.

 

Talvez isso fosse algo apenas normal, afinal, o espanhol é o primeiro piloto da equipe e Massa é – de longe – o segundo. Contudo, durante os testes, coube apenas à Fernando Alonso testar as inovações aerodinâmicas da F-2012. Para Felipe coube apenas pequenos detalhes.

 

Esta semana correu pela mídia uma informação(?) de que a Telmex, empresa do milionário mexicano Carlos Slim, mecenas do jovem piloto de seu país e patrocinador da Sauber, passaria a custear a “Academia de Pilotos da Ferrari”. Se a informação realmente proceder, isso pode deixar o mexicano mais perto da Ferrari... e Felipe Massa mais distante, com seu contrato não sendo renovado no final do ano.

 

Aparentemente (ou não), uma variável desta complexa equação parece não estar sendo levada em consideração: Fernando Alonso e seu apoiador, o Banco Santander!

 

 

Em 2007, Fernando Alonso apostou numa ida para McLaren para continuar vencendo e conquistar o tricampeonato. 

 

Voltemos cinco ou seis anos no tempo. Fernando Alonso, Bicampeão mundial da categoria, anunciara, com quase um ano de antecedência, sua mudança para a McLaren. Enquanto corria o ano de 2006, na GP2 um prodígio, Lewis Hamilton, cuja carreira foi bancada e acompanhada de perto por Ron Dennis desde que o menino tinha 11 anos de idade, conquistava o título da categoria de acesso à F1 e apresentava-se como o companheiro de equipe do campeão.

 

Pelo ‘script’, a coisa deveria correr de forma simples: o campeão iria se impor com sua capacidade e experiência, enquanto o novato iria – quem sabe – acompanhá-lo de perto e aprender bastante... mas não foi assim que as coisas se sucederam ao longo da temporada de 2007, como muitos dos amigos leitores devem lembrar.

 

O novato mostrou “mais serviço” que o campeão esperava... e a equipe, britânica como o jovem piloto do carro número 2, começou a se empolgar com a capacidade e a performance dele. Assim, lá estavam ‘no caldeirão Drúida de Woking’, quase 20 anos depois, os mesmos ingredientes explosivos da relação que rachou a equipe (Prost – Senna). Contudo, a diferença era maior. Senna quando chegou na McLaren não era nenhum novato, tinha 4 temporadas completas na F1, 6 vitórias e mais de 60 GPs. Hamilton era um verdadeiro calouro!

 

 

Pódio do GP de Mônaco: a expressão no rosto de Ron Dennis - bem como a de Fernando Alonso - denunciavam o clima pesado.

 

O ambiente começou a “azedar” – pelo menos aos olhos do público e de uma parte mais desavisada da imprensa – no GP de Mônaco. Durante os treinos Hamilton, visivelmente irritado, retrucou um comentário apontando para o seu carro e dizendo: “você não está vendo o número 2 pintado no meu carro?”. Detalhe: Hamilton, mesmo sem ter vencido até aquele momento, era o líder do campeonato, 2 pontos à frente de Alonso!

 

Na corrida, Alonso teve um problema com os pneus e a corrida ficou “nas mãos de Hamilton”, que largara com um composto diferente e tinha uma possível estratégia de uma parada apenas. Estranhamente, a equipe mudou a estratégia do carro do inglês e isso permitiu que Fernando Alonso se recuperasse e vencesse a corrida. No pódio, a expressão no rosto de Ron Dennis e do próprio Alonso pareciam apontar que as conversas de rádio (que na época não eram passadas na televisão) e que o que certamente iria ser falado na reunião que as equipes fazem após as corridas.

 

A vida de Fernando Alonso virou um inferno dentro da equipe! Hamilton venceu as duas corridas seguintes e abriu 10 pontos de vantagem na liderança do campeonato. O ambiente estava completamente desfavorável ao espanhol, que usou de todos os seus talentos(sic) para compensar a falta de apoio dentro do time. Isso ia desde a pressão do seu patrocinador – o banco – até um relato surpreendente (para não dizer bombástico), publicado na biografia do poderoso chefe da F1, Bernie Ecclestone.

 

 

Durante os treinos para o GP da Hungria, a disputa interna entre Alonso e Hamilton foi ao extremo, com o espanhol punido. 

 

De acordo com uma biografia não autorizada de Bernie Ecclestone, escrita por Tom Bower, Fernando Alonso pediu para a McLaren sabotar carro de Lewis Hamilton no GP da Hungria de 2007. Depois de Alonso ter impedido Hamilton de regressar à pista e tentar obter a pole, o espanhol foi penalizado em cinco posições e posteriormente terá pedido a Ron Dennis que colocasse menos combustível no monolugar de Hamilton de modo a que este ficasse parado em pista. Ron Dennis recusou o pedido, Lewis Hamilton venceu em Hungaroring e Fernando Alonso foi apenas quarto.

 

O desfecho da temporada todos certamente lembram: rachada, a McLaren perdeu o título de pilotos para a Ferrari, com Kimi Raikkonen, e Fernando Alonso viu-se obrigado a retornar para a sua antiga equipe, a Renault, apesar das “pressões midiáticas” para colocá-lo na Ferrari, no lugar de Felipe Massa.

 

No ano seguinte, em 2009, finalmente Alonso e Ferrari uniram-se e um novo reinado, como um dia houve um com Michael Schumacher estava para se estabelecer. A diferença é que havia algo de podre no reino de Maranello. A equipe não era mais aquela eficiente máquina de vencer dos tempos do alemão, mas mesmo assim, Fernando Alonso mostrou porque pode ser considerado, talvez, o melhor piloto grid após a retirada do heptacampeão (e mesmo após o seu prosaico retorno).

 

 

GP da Alemanha, 2010: Após o famoso "Fernando is faster than you", aquilo que todos sabiam foi finalmente exposto. Ele manda! 

 

Seria Felipe Massa uma ameaça, por ser “quase uma cria da casa” como era Hamilton? Alonso tratou de não cometer o mesmo erro e logo procurou impor seu “modus operandis”, mesmo com uma situação totalmente adversa: a Ferrari não estava andando nada! As coisas só não ficaram mais explícitas por uma fatalidade: a mola que atingiu Felipe Massa adiou por cerca de um ano o que acabou acontecendo no GP da Alemanha de 2010, com a ordem dos boxes para que o brasileiro cedesse a liderança da prova e, consequentemente, a vitória para Fernando Alonso.

 

Depois deste fato, que foi um verdadeiro divisor de águas dentro da equipe e depois disso, a posição do espanhol ficou cada vez mais fortalecida e a de Massa, cada vez mais relegada a um segundo plano.

 

Diante disso, começaram as pressões. Fossem da imprensa italiana, dos apaixonados tiffosi, o discurso era o mesmo: Felipe Massa não está à altura da Ferrari e precisa sair!

 

O primeiro potencial substituto foi Robert Kubica, que após o acidente no Rally de Andorra tem o seu futuro no automobilismo completamente incerto. Agora, o candidato da vez é o mexicano Sergio Perez, mas este ano, após as primeiras corridas falou-se em Jarno Trulli, dispensado da Caterham  e até – pasmem – numa pesquisa de opinião de um jornal, Rubens Barrichello!

 

 

Para Fernando Alonso, Felipe Massa é um excelente companheiro de equipe e Stefano Domenicali um grande chefe. Mudar pra que? 

 

Apesar de tudo que se fala na imprensa e nas tribunas, apesar de toda crise que a Ferrari vem vivendo nos últimos anos, Fernando Alonso vem sendo um defensor constante do seu companheiro de equipe e também do chefe, Stefano Domenicalli. Segundo o espanhol, "Felipe é um dos melhores pilotos do mundo e tem mostrado isso durante toda sua carreira”, disse em resposta a um torcedor via internet.

 

Fernando Alonso tem contrato com a Ferrari até 2016 e a esperança de fazer com que a equipe reviva os seus melhores dias, como no início da década passada. Para conseguir colher todos os frutos, assim como Michael Schumacher colheu, uma coisa certamente ele considera fundamental: ter o companheiro de equipe certo.

 

Seria esse um jovem promissor, rápido e que poderia fazê-lo reviver os tormentos da temporada na McLaren ou alguém que ele já tem, digamos, “sob controle”? Fernando Alonso está numa condição que muitos chamam de “zona de conforto” dentro da equipe. De problemas, bastam os adversários das demais equipes e a equipe de projetistas da casa de Maranello, que há 4 anos não “acertam a mão” para fazer um carro decente! 

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares

 

 

 

Last Updated ( Wednesday, 16 May 2012 04:48 )